Vós
Sois Lavoura de Deus
Todo ser moral na face da terra
foi “comprado por preço” (1 Co 6.20), a
fim de ser o campo do Senhor, em que sua semente “incorruptível” ou imperecível
deve crescer, ser cultivada e produzir suas maravilhas. Os cristãos são a
“lavoura” de Deus (1 Co 3.9), seu campo, seu jardim.
Um campo pertence ao seu dono.
Por isto Paulo disse: “Não sois de vós mesmos... Fostes comprados por preço” (1
Co 6.19,20). Deus está com o título do terreno. Somos totalmente dele.
Pertencemos a ele por direito de criação, e por direito de preservação. Mas o
maior fato é que lhe pertencemos por direito de redenção – pois comprou-nos por
um preço infinitamente grande a fim de sermos “lavoura” dele.
Plantando a Semente
Paulo disse aos coríntios: “Eu
plantei” (1 Co 3.6). Na parábola do semeador, Jesus disse: “A semente é a
palavra de Deus” (Lc 8.11). É a semente “incorruptível”. Deus produz suas
maravilhosas lavouras da mesma forma que os lavradores o fazem. Jesus disse:
“Eis que o semeador saiu a semear” (Mt 13.3).
É baseado na Palavra de Deus que
podemos confiar na qualidade sobrenatural desta lavoura. “Fé vem pelo ouvir”,
por sabermos qual a vontade de Deus para nós. Por ter qualidades tão
maravilhosas, Deus deseja que toda sua semente seja plantada. O propósito de
Deus em criar a semente era que fosse plantada em “boa terra”, onde pudesse
germinar, crescer, e dar muito fruto. Por isto Paulo disse: “Eu plantei”. A
semente não tem poder algum para produzir fruto se não for plantada.
O preço infinito que Deus pagou
pelo campo revela a importância de plantar a semente imperecível. Todas as
maravilhosas obras de Deus estão presentes em potencial nesta semente. Davi
disse: “Todas as suas obras são feitas com fidelidade” (Sl 33.4), isto é, com
fidelidade às suas promessas. As obras de Deus são impedidas enquanto a semente
não estiver em terra boa. Seu plano para nós é que gastemos nossa vida inteira
para possibilitar a germinação e o crescimento da semente imperecível. Nada
pode substituir a semente, nem mesmo a oração. A Palavra é a semente.
Semente Preciosa
O objetivo das promessas de Deus
é alcançar o seu cumprimento. Cada uma delas nos revela uma outra coisa que
Deus está ansioso para fazer por nós. O Espírito Santo, cuja tarefa é cumprir
as promessas, refere-se a elas, dizendo que são “preciosas e mui grandes” (2 Pe
1.4). Sua grandeza pode ser avaliada ao constatar que são perfeitamente capazes
de suprir todas nossas necessidades, e de encher todas nossas capacidades. Sua
imutabilidade remove todo motivo de dúvida, e nos oferece uma base perfeita em
que possamos basear nossa expectativa. Assim como sementes naturais, não podem
ser mudadas. Produzem seus maravilhosos resultados em qualquer época, ou em
qualquer jardim (de terra boa).
É responsabilidade do cristão
provar ao mundo, através de demonstração viva, que as promessas de Deus são tão
verdadeiras hoje quanto foram há dois mil anos atrás. Foram dadas para que
fossem conhecidas, recebidas, e cultivadas pela oração. Devem ser semeadas e
depois reivindicadas e cultivadas pela oração.
Em Romanos 4.12, Deus fala de
cristãos como aqueles que “andam nas pisadas da fé que teve nosso pai Abraão”.
Isto significa que todos devemos tratar cada uma das promessas de Deus exatamente
como Abraão o fez. Podemos aceitar que Deus seja menos real às pessoas desta
dispensação do Espírito Santo do que era àquelas que viviam apenas nas
“sombras” das coisas superiores?
Jesus disse a alguns dos judeus
da sua época: “A minha palavra não encontra lugar em vós” (Jo 8.37). Que lugar
a Palavra de Deus deve ter em nós? Eu respondo que deve alcançar e manter um
lugar íntimo e prioritário nos pensamentos, na memória, na consciência, e nos
sentimentos. Deve alcançar e manter em nós um lugar de honra, reverência, fé,
amor, e obediência. Deve alcançar e manter em nós um lugar de confiança
absoluta. Deve alcançar e manter dentro de nós um lugar de autoridade.
Milhões de pessoas cantam o
conhecido hino tradicional: “Firmes nas Promessas”. O fato é que grande parte
do povo de Deus nunca se apropriou da maioria das suas promessas. Firme nas
promessas de Deus significa vê-las se cumprirem; significa apropriar a bênção
que cada promessa revela; significa fazer a “oração da fé” em favor do seu
cumprimento.
Negligenciá-las é como se
desfizéssemos o fruto que produziriam se deixássemos que fossem cumpridas. É a
sua preciosidade que deve determinar nosso amor e estima por elas. Paulo tinha
alegria em afirmar: “Eu plantei”. Se todos os lavradores tratassem sua semente
como milhões de cristãos tratam a semente imperecível de Deus, o mundo já teria
morrido de fome.
Colhendo a Semente
Existem infinitas possibilidades
dentro da semente. É por isto que todos deveriam fazer como no princípio: “E a
grande multidão o ouvia com prazer” (Mc 12.37). No texto mais simples da Bíblia
há uma imensidão de bênçãos, assim como numa pequena sementinha há uma árvore
em potencial, um milhão de vezes maior que a semente. Um versículo da Bíblia
que for germinado num coração humano pode crescer e produzir uma colheita de
milhares de conversões, e trazer a glória eterna como conseqüência.
Um grão de trigo pode, com tempo,
multiplicar-se até cobrir um continente e alimentar nações; os resultados de
cultivar a semente imperecível são tantas vezes maiores e mais desejáveis do
que as colheitas da semente natural, quanto os céus são mais altos que a terra.
Somente a semente imperecível pode produzir resultados imperecíveis. A Bíblia
diz: “... cuja semente estava nele, conforme a sua espécie” (Gn 1.12).
Cada promessa, através das
bênçãos prometidas, revela a natureza da colheita que a semente produzirá.
Verdadeiro cristianismo é um sistema de promessas cumpridas.
Regando a Semente
Paulo disse: “Eu plantei, Apolo
regou”. Toda a semente e todas as plantas no jardim de Deus necessitam ser
regadas. Jesus disse do solo rochoso em que a semente caiu: “...secou por falta
de umidade” (Lc 8.6). Também disse: “... porque não tinha raiz, secou-se” (Mt
13.6). Se quisermos que a semente cresça, a terra precisa ser regada. É por não
serem regadas continuamente que muitas plantas de Deus estão secando-se ao
invés de crescerem. O jardim é um lugar para crescimento.
Paulo escreveu aos
tessalonicenses: “A vossa fé cresce sobremaneira” (2 Ts 1.3). Deus ordenou que todos
crescessem em graça. Por isto Deus diz a cada um dos seus pequenos jardins:
“Encha-se do Espírito – mantenha a terra úmida”. A água é o Espírito “que Deus
outorgou aos que lhe obedecem” (At 5.32). A plenitude do Espírito é a condição
da perfeita liberdade de Deus para agir.
Cada um dos 176 versículos do
Salmo 119 mostra a atitude do salmista para com a Palavra de Deus. Com alegria,
ele reconhece seu dever de guardar os preceitos de Deus diligentemente.
“Observarei os teus estatutos”, ele prometeu.
“Escondi a tua palavra no meu
coração”, ele disse para Deus. “Mais me regozijo com o caminho dos teus
testemunhos do que com todas as riquezas... Meditarei nos teus preceitos...
Terei prazer nos teus decretos... não me esquecerei da tua palavra... Escolhi o
caminho da verdade... Correrei pelo caminho dos teus mandamentos... Dá-me
entendimento, e guardarei a tua lei e observá-la-ei de todo o coração... Também
falarei dos teus testemunhos... Os teus estatutos têm sido os meus cânticos...
Apressei-me e não me detive a observar os teus mandamentos...
“Para mim vale mais a lei que
procede de tua boca do que milhares de ouro ou de prata... a tua lei é a
minha delícia... Para sempre, ó Senhor, a tua palavra permanece no céu... A tua
fidelidade estende-se de geração a geração... Não fosse a tua lei ter sido o
meu prazer, há muito já teria eu perecido na minha angústia... Nunca me
esquecerei dos teus preceitos... Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação
em todo o dia!
“Oh! Quão doces são as tuas
palavras ao meu paladar! Mais doces do que o mel à minha boca... Lâmpada para
os meus pés é tua palavra e luz para o meu caminho... Os teus testemunhos tenho
eu tomado por herança para sempre, pois são o gozo do meu coração... Inclinei o
meu coração a guardar os teus estatutos, para sempre, até ao fim... Aborreço a
duplicidade, mas amo a tua lei...
“Amo os teus mandamentos mais do
que o ouro, mais do que o ouro refinado... Por isso, tenho por, em tudo, retos
os teus preceitos todos e aborreço todo caminho de falsidade... Admiráveis são
os teus testemunhos; por isso, a minha alma os observa... Puríssima é a tua
palavra; por isso, o teu servo a estima... A minha alma tem observado os teus
testemunhos; eu os amo ardentemente... O que o meu coração teme é a tua
palavra... Alegro-me nas tuas promessas, como quem acha grandes despojos.”
Todas estas afirmações e muitas
outras estão no Salmo 119. Mostram-nos como o salmista regava a Palavra. Paulo
disse: “Ora, o que planta e o que rega são um” (1 Co 3.8). Regar a semente é
tão necessário quanto plantá-la. Deus não pode fazer a semente crescer sem que
seja regada.
Crescimento da Semente
E depois Paulo disse: “...mas o
crescimento veio de Deus” (1 Co 3.6). Deus fez suas promessas para este único
propósito. Ele sempre faz a semente crescer quando é colocada em boa terra e
depois é regada. O crescimento vem depois de ser regada.
Jesus também disse: “... e deu
fruto”. A semente sempre dá fruto. A intensidade de qualquer desejo santo se
mede pelo grau de amor divino que a pessoa possui. O desejo de Deus, portanto,
é tantas vezes maior que o nosso possa ser, quanto o seu amor é maior que o
nosso. Sua benevolência é tão grande que seus olhos “percorrem toda a terra”,
procurando continuamente oportunidades de abençoar aqueles cuja atitude de
coração lhes permite ser abençoado.
O que Deus prometeu pertence a
nós. A justiça de Deus requer que ele faça a semente crescer quando esta for
plantada e regada. João diz que ele é “fiel e justo”. A palavra “justo”
significa que Deus seria injusto se retivesse de nós o que prometeu.
Temos direito àquilo que nos foi
prometido. É um fato cem por cento comprovado que Deus faz crescer toda semente
que for plantada e regada. Todos somos prova disso. Deus é o melhor lavrador em
todo o universo. Ele nunca falha!
Sua Palavra – Sua Semente
Como a obra da semente
imperecível é sobrenatural e é somente Deus que pode fazer a semente crescer,
os frutos maravilhosos podem aparecer no mesmo dia do plantio. As promessas de
Deus são para hoje; seu tempo é sempre hoje.
“Hoje, se ouvirdes a sua
voz, não endureçais os vossos corações” (Hb 4.7). Se você adiar a aceitação das
promessas de Deus, poderá não estar vivo amanhã. As promessas de Deus pertencem
a nós hoje, e não podemos ter certeza delas para outra época.
A única maneira de estar certo
das bênçãos prometidas por Deus é aceitar o seu tempo; e isto encontramos em 2
Coríntios 6.2: “Eis aqui agora o tempo aceitável”. Como agora é o
tempo que Deus aceita, nós também devemos aceitá-lo como nosso. Ele ordena que
ouçamos sua voz hoje, e adverte que não endureçamos nossos corações por
protelar.
Em Marcos 11.24, Jesus disse:
“...crede que o tendes recebido”. Quando? Agora, “quando pedirdes em
oração”. A fé afirma, antes da resposta se manifestar: “Pai, agradeço-te que já
me ouviste”. Quando não puder ver ou sentir, diga: “Esta é a hora
de confiar”.
Os
resultados não se manifestarão até depois de crermos que nossa oração
foi ouvida, e de continuarmos crendo.
Diga
ao Senhor: “Tu agora estás agindo em resposta à minha fé. Confio na tua
fidelidade”. A questão sai das nossas mãos e passa para as mãos de Deus, no
instante em que fazemos uma entrega definida do assunto. Paulo disse: “Ele é
poderosos para guardar o meu depósito até aquele dia” (2 Tm 1.12).
Mas
Deus não promete guardar algo que não lhe foi entregue. Somente quando fazemos
a entrega é que podemos receber o que ele nos prometeu.
Se as
dádivas de Deus fossem apenas dádivas prometidas, teríamos que esperar
que aquele que prometeu cumprisse suas promessas, e a responsabilidade seria
toda dele. Mas todas as bênçãos de Deus são, além de prometidas, dádivas oferecidas,
e portanto precisam ser aceitas; desta forma, a responsabilidade também
é nossa. Evidentemente, Deus não é responsável pela falha em transferir suas
riquezas para nós.
Colhendo a Semente Regada
Qual foi o efeito da atitude de
Davi para com a Palavra de Deus – de ter regado a semente? Este garoto pastor
de ovelhas, ao regar a Palavra dentro dele, tornou-se mais sábio que todos seus
instrutores (Sl 119.99).
Sua atitude
em relação à Palavra de Deus fez dele um “homem segundo o coração de Deus”. Fez
dele o maior salmista de todos os tempos. Seus salmos já abençoaram a milhões
de pessoas durante os séculos.
Por
ter regado a semente, tornou-se um escritor divinamente inspirado. Como cada
semente plantada produz ainda mais sementes, assim as palavras de Davi nos
Salmos se transformaram em semente imperecível, que durante séculos tem
germinado em corações humanos pelo mundo inteiro. Suas palavras serviram de
texto para milhares de sermões.
Davi descobriu que a meditação é
como mastigar o alimento espiritual, é extrair a doçura e o valor nutritivo da
Palavra para nosso coração e vida. Meditação tem um poder digestivo, e
transforma verdade em nutrição espiritual. É a Palavra de Deus que, segundo
Paulo, “está operando eficazmente em vós, os que credes” (1 Ts 2.13), todas as
divinas transformações de “glória em glória”.
Davi disse: “Sou mais entendido
que os idosos, porque guardo os teus preceitos” (Sl 119.100). Por observar no
coração e na vida os preceitos do Senhor, apesar de ainda jovem, Davi passou a
compreender mais do que outros anteriormente haviam aprendido em toda uma vida
de experiência. Desta forma, obteve tal sabedoria e conhecimento que disseram
dele que era como “um anjo de Deus” para discernir entre o bem e o mal (2 Sm
14.17). No mesmo capítulo, a sua sabedoria foi comparada à sabedoria de um
anjo. Ele mesmo disse: “Tua palavra me vivifica” (Sl 119.50). Vivificou todo
seu ser ao ponto da Palavra de Deus ser cumprida nele. Sua vida se encheu de
louvor e ações de graça.
As possibilidades da
“semente imperecível” são infinitas. Nada pode ser tão proveitoso quanto ser o
campo de lavoura de Deus. Só Deus pode saber como será a colheita eterna.
Lembre-se durante toda sua vida: “Você é o campo de Deus onde deve ser
cultivada a lavoura de Deus!”
F. F. Bosworth
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