A queda de Satanás e
a queda de Adão
Creio não haver em toda a teologia, uma pergunta com resposta tão difícil de ser obtida como essa: Como pôde um ser santo, criado em santidade, cair?
Venho tratar aqui, de dois casos específicos: "A queda de Satanás", e "A queda de Adão". Ambos eram santos, em toda a plenitude, e em um determinado momento conceberam a primeira mácula em sua espécie. Quero dar um breve tratamento a cada um dos episódios:
A
queda de Satanás
Existe
uma corrente de interpretação, que não considera os textos de Is 14 e Ez 28
como sendo textos que se referem à Satanás; existe outra porém que considera, e
é nessa que eu me enquadro, portanto, nesse estudo falo com base nesse
princípio de interpretação.
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As
Escrituras tratam a queda de Satanás Como sendo um acontecimento singular.
Acontecimento sem precedentes, até mesmo porque foi dele que se originou o
mal. O texto bíblico demonstra que a queda do "Anjo de Luz" se
deu baseada no egoísmo. O "querubim ungido", em um determinado
momento "usurpou ser igual a Deus" e, foi esse sentimento de egoísmo,
onde ele deixou de olhar para Deus como objeto de adoração, e passou a vê-lo
como um obstáculo a ser vencido que, deu origem a toda essa era de pecado
na qual vivemos.
"Perfeito
eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou
iniqüidade." Ez 28.15
É neste texto bíblico que se origina, na mente do leitor, uma pergunta terrível que não consegue ser respondida de pronto:
PORQUÊ,
E COMO, SE ORIGINOU O PRIMEIRO INSTANTE DE SENTIMENTO PECAMINOSO EM UM SER
SANTO?"
É difícil compreender a possibilidade de nascimento de pecado em um ser santo. Para nós, santidade está absolutamente ligada a "probabilidade zero de pecado".
É difícil compreender a possibilidade de nascimento de pecado em um ser santo. Para nós, santidade está absolutamente ligada a "probabilidade zero de pecado".
Cremos
que um ser santo é, na verdade, um ser que impossivelmente peca. Olhamos
para Deus e imaginamos Ele como sendo alguém, em cujo ser não pode haver a
mínima vontade de cometer transgressão. Mas estudando esse tema eu vejo que
essa compreensão é completamente errônea, e enxergo mais uma das imensas grandezas
do Evangelho.
É exatamente pelo fato de Deus ser um ser pessoal, com domínio de existência, vontade, sentimento, emoção e sensibilidade que, o fato de ele não pecar é que o torna tão belo! Se Deus fosse um ser que é dominado por uma "probabilidade zero de cometer transgressão", não haveria beleza alguma em sua santidade. Pois Ele estaria apenas cumprindo com sua natureza pré-ordenada. Mas é o maravilhoso ato de, apesar de ele ser Soberano, ser ao mesmo tempo, Responsável, que o torna Santo.
Santidade não está relacionada com obediência mecânica, mas sim com obediência volitiva. Uma árvore não pode ser santa, pois ela não tem o domínio da vontade, da mesma forma não existe santidade em um cachorro, ou em uma girafa. Quando Deus chama o homem para ser santo, ele está convocando um ser pessoal a optar pela prática do bem.
É exatamente pelo fato de Deus ser um ser pessoal, com domínio de existência, vontade, sentimento, emoção e sensibilidade que, o fato de ele não pecar é que o torna tão belo! Se Deus fosse um ser que é dominado por uma "probabilidade zero de cometer transgressão", não haveria beleza alguma em sua santidade. Pois Ele estaria apenas cumprindo com sua natureza pré-ordenada. Mas é o maravilhoso ato de, apesar de ele ser Soberano, ser ao mesmo tempo, Responsável, que o torna Santo.
Santidade não está relacionada com obediência mecânica, mas sim com obediência volitiva. Uma árvore não pode ser santa, pois ela não tem o domínio da vontade, da mesma forma não existe santidade em um cachorro, ou em uma girafa. Quando Deus chama o homem para ser santo, ele está convocando um ser pessoal a optar pela prática do bem.
"Porque
somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes
preparou para que andássemos nelas." Ef 2.10
É aqui, nessa compreensão da santidade, que encontramos a resposta para a pergunta que questiona onde, e como se originou o pecado em um anjo santo.
A santidade com a qual Deus dotou os seres celestiais (e Adão, no próximo item abordado), nunca consistiu em uma "tendência a fazer o bem", mas sim em uma NATUREZA SANTA, uma origem sem passado maculado, e que, sob ordem direta de Deus deveria ser assim preservada.
O sentimento egoísta que nasceu no coração do anjo, em nenhum momento merece ser tratado como um acontecimento inesperado, pois a obediência nunca existiu sem a margem da desobediência.
Na
ocasião, todos os seres celestiais, não só Lúcifer, como também Miguel, Gabriel
e todos os que enchiam as regiões espirituais estavam livres, e passivos
a tomar decisões que concedessem continuidade ou uma ocasionassem uma ruptura,
com a natureza de glória que gozavam.
O profeta Isaías diz:
O profeta Isaías diz:
"Como
caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! como foste lançado por terra
tu que prostravas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu;
acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me
assentarei, nas extremidades do norte; subirei acima das alturas das nuvens, e
serei semelhante ao Altíssimo." Is 14.12-14
A queda de Adão
Adão também foi criado em natureza santa. A queda de Adão tem intensidade semelhante à de Lúcifer, mas diferente quanto ao princípio. Enquanto Lúcifer disse em seu coração: "eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono", Adão ouviu "é assim que Deus disse?".
Um ponto que precisa ser considerado quando se fala na origem da humanidade, é a questão da definição de "ser humano". O gênesis bíblico relata que:
"Criou,
pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os
criou." Gn 1.27
Essencial esse ponto, a humanidade não consiste no homem separado da mulher, e nem na mulher separada do homem. Esse gênesis diz que Deus soprou o fôlego nas narinas de Adão, mas não diz que Deus fez o mesmo com Eva. Isso traz à luz o fato de a criação ter início em Adão e, a partir daí se propagar através da natureza biológica do próprio ser já criado.
A
Escritura mostra que Eva foi criada a partir de uma costela de Adão, diferente
do homem que foi formado do pó da terra. Ambos consistiram em um milagre, e em
uma operação direta da parte do Criador. O homem não pode ser considerado raça
humana ausente da mulher, e nem a mulher o pode ser considerada fora de sua
origem, o homem (I Co 11.8). Essa espécie animal é que sofre a
"queda" no Jardim do Éden.
Uma
pergunta concernete ao juízo que Deus trouxe, devido o pecado de Adão:
PORQUE
UMA DESOBEDIÊNCIA TÃO INSIGNIFICANTE GEROU CAUSAS TÃO TERRÍVEIS?
Quando analisamos a ordem dada por Deus "[...]mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás", nos parece que a desobediência dessa ordem, não poderia gerar tão grande juízo, como o que foi dado, a morte.
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Talvez
até mesmo Adão tenha pensado isso, doutra forma não teria feito o que fez. Mas
a obediência à essa pequena ordem, para a humanidade que alí se originava, é
justamente o centro da questão SANTIDADE.
Considerar Deus injusto em sua sentença, é uma atitude que, com toda a certeza não pode ser tomada aqui.
Considerar Deus injusto em sua sentença, é uma atitude que, com toda a certeza não pode ser tomada aqui.
O
Livro do Gênesis mostra que Deus explicou muito bem, tanto a ordem como o
castigo que viria caso essa ordem fosse desobedecida.
"[...]porque
no dia em que dela comeres, certamente morrerás."
Gn
1.27b
Em nenhum momento o homem teve motivos para pensar como nós: "esse pecadinho não vai dar em nada...". A ordem de Deus foi tão explícita como a explicação do juízo e, se o homem não conseguiu (ou não consegue) compreender o motivo de Deus pensar assim, acerca da desobediência (por mais reles que seja), isso em nenhum momento o torna merecedor de relevação em caso de desobediência.
Acerca
da Árvore do conhecimento do Bem e do Mal
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A árvore foi dada não para servir de balança à humanidade, como muitos já disseram, parecendo que Deus precisava "testar a obediência humana", não. Quando Deus age, em conjunto com o homem fazendo "prova de sua fé", o objetivo nunca é Deus receber o resultado, mas sim o próprio homem receber o resultado. Se existe alguém que precisa ter sua fé provada, esse alguém é o homem, não Deus. Se existe alguém que precisa ser testado, e saber que é obediente, esse alguém é o homem, e não Deus.
Assim como a ocasião em que Deus ordena que Abraão sacrifique seu único filho. O verdadeiro beneficiado com toda essa história foi Abraão, que recebe a justificação pela fé demontrada em seu ato.
Deus,
pelo óbvio de sua Onisciência, em nenhum momento precisava fazer provas para
saber resultados. O homem, esse sim é beneficiado com a "prova da
fé".
No Jardim, vemos que a humanidade recebe uma oportunidade de demonstrar obediência. Alí, através daquela Árvore e daquela ordem, o homem recebe uma oportunidade de manter um vínculo de adoração e serviço ao Rei.
No Jardim, vemos que a humanidade recebe uma oportunidade de demonstrar obediência. Alí, através daquela Árvore e daquela ordem, o homem recebe uma oportunidade de manter um vínculo de adoração e serviço ao Rei.
Em
nenhum momento a Escritura dá a margem para pensarmos que, Deus por maldade ou
por inocência, colocou a pedra de tropeço no meio do Jardim. O que Deus colocou
alí era um objeto de benção para o homem, o que causou toda a desgraça
não foi a árvore em sí (prova disso é o fato de a árvore não ser má, mas dar
fruto que concede conhecimento do bem), o que causou a desgraça foi a
desobediência humana, diante da tentação do Diabo.
PORQUE
O JUIZO DE DEUS DADO AO HOMEM FOI DIFERENTE DAQUELE APLICADO AOS ANJOS?
Ao homem, diz a Escritura, o juízo foi a perda do gozo em viver aqui na Terra e a morte:
"Do
suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste
tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás." Gn 3.19
Aos anjos, a Palavra de Deus diz que o juizo foi a condenação eterna no lago de fogo e enxofre:
"Aos
anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação,
ele os tem reservado em prisões eternas na escuridão para o juízo do grande
dia." Jd 6
"[...]e o Diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados pelos séculos dos séculos." Ap 20.10
"[...]e o Diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados pelos séculos dos séculos." Ap 20.10
A diferença entre o julgamento é grande, salta aos olhos o fato de o homem receber um Messias, enquanto os anjos recebem o "lago de fogo e enxofre" como destino eterno. Ao homem é reservado uma remissão de transgressão, mas aos anjos é reservado um juízo eterno em condenação.
Essa diferença de julgamento é decidida na origem da transgresão.
"O
servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a
sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que não a soube, e fez
coisas que mereciam castigo, com poucos açoites será castigado. Daquele a quem
muito é dado, muito se lhe requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se
lhe pedirá." Lc 12.47,48
Satanás deu origem ao pecado. Nos mais altos céus "multiplicou o seu comércio" e "usurpou ser igual a Deus", aqui se dá A ORIGEM DO MAL NO UNIVERSO. Quando a raça humana é criada, o mal já está presente no cosmos, e em Adão "não se achou iniqüidade" como aconteceu com Lúcifer (c.f Ez 28.15). Adão pecou não por uma rebelião interna, mas sim por ceder a uma opressão externa. Opressão de um ser que já era mal, que já tinha sido julgado, que já tinha "criado" o pecado e, agora apenas estava passando à frente sua maldição.
Um é o Tentador, o outro é o pecador, aquele que foi chamado à santidade, mas não resistiu ao Diabo. Com absoluta certeza, se Adão tivesse resistido ao Diabo, este fugiria dele, da mesma forma que foge de nós hoje, conforme o texto de Tg 4.7
Com essa mensagem, o meu objetivo é esclarecer um pouco mais desse tema, que é tão difícil de conhecer sem se aprofundar em livros complexos de teologia, ou em estudos superficiais encontrados na .net. Espero resolver algumas dúvidas menos analisadas e, com isso edificar o leitor acerca de abordagens que talvez não tenha encontrado em outros estudos pela .net.
Autor:
Fernando
Alves
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