VIVENDO A VIDA QUE AGRADA A DEUS
Você é um filho de
Deus, e deseja ardentemente agradá-Lo. Você ama seu divino Mestre, e está
angustiado e cansado do pecado que O entristece. Você anseia por ser liberto do
poder do pecado. Tudo que você tentou até aqui
para se livrar falhou, e agora, em seu desespero, você se pergunta se
realmente é possível esta libertação, se o que essas pessoas felizes andam
dizendo, que Jesus é capaz e desejoso de libertá-lo, é verdade.
Certamente que no íntimo da sua alma, você deve saber que isso é verdade que
salvá-lo das mãos de todos os seus inimigos é, de fato, a verdadeira causa de
Jesus ter vindo. Então confie Nele. Confie-lhe sua causa sem reserva alguma, e
creia que Ele Se encarregará dela, e logo a seguir, baseado no que Ele é e no
que Ele disse, declare que está sendo salvo agora mesmo por Ele. Da mesma forma
como você creu da primeira vez que Ele o libertou da culpa do pecado porque Ele o disse, da mesma forma creia que Ele o
liberta do poder do pecado porque Ele
assim diz.
Através da fé, tome posse agora mesmo de um novo poder em Cristo. Você
creu Nele como o Salvador que morreu em seu lugar; creia Nele agora como seu
Salvador que está vivo. Da mesma forma como Ele veio para livrá-lo do juizo
futuro, também veio para livrar você do cativeiro atual. Assim como
verdadeiramente Ele veio para ser açoitado em seu lugar, também veio para lhe
dar Sua vida.
Tanto no primeiro quanto no segundo caso você é completamente impotente.
É tão difícil se livrar dos seus pecados quanto alcançar agora a sua própria
justiça prática. Cristo, e somente Cristo, pode fazer tanto uma como outra por
você, e a sua parte em ambos os casos é simplesmente entregar-Lhe a situaçao, e
crer que Ele fará o resto.
Um Presente, Não uma
Conquista
Eu diria, em primeiro lugar, que essa vida abençoada não deve ser vista,
de forma alguma, como uma conquista, e sim como um presente. Não podemos
adquiri-la, não podemos subir para alcançá-la, nem podemos conquistá-la; nada
podemos fazer a não ser pedir por ela e recebê-la. É uma dádiva de Deus em
Cristo Jesus.
E quando se trata de dádiva, a única alternativa que resta ao que recebe
é pegá-la e agradecer ao doador. Nunca dizemos de uma dádiva: “Veja o que conquistei”,
nem mesmo nos gabamos de nossa habilidade e sabedoria por a termos obtido. Mas
dizemos: “Veja o que me foi dado”, e nos gabamos do amor, riqueza e
generosidade do doador.
Tudo em nossa salvação é uma dádiva. Do início ao fim, Deus é o doador e
nós somos os receptores, e as promessas mais generosas não são para aqueles que
fazem grandes obras, mas para aqueles que “recebem a abundância da graça e o
dom da justiça”.
Portanto, a fim de se entrar em uma experiência prática desta vida
interior, a pessoa deve ter uma atitude receptiva, reconhecendo totalmente o
fato de que é um dom de Deus em Cristo Jesus, o qual não pode ser recebido
através de nossos próprios esforços e obras. Isso vai simplificar tremendamente
o assunto, e a única coisa a ser considerada a partir daí é descobrir a quem
Deus concede este dom, e como as pessoas o recebem.
A isto eu responderia, em síntese, que Ele o concede somente à
pessoa inteiramente consagrada e que é
recebido pela fé.
Consagração
A consagracão é a primeira coisa, não no sentido legal, para se
conseguir ou merecer a bênção, mas para que as dificuldades do caminho sejam
removidas e se torne possível a Deus concedê-la. Para que a massa de barro
possa ser trabalhada e se tornar um lindo vaso, é preciso que se entregue
totalmente ao oleiro, e que repouse passivamente em suas mãos.
E semelhantemente, para que uma pessoa possa ser trabalhada para se
tornar um vaso de honra para Deus, “santificado e útil ao seu possuidor,
estando preparado para toda boa obra”, ela deve se abandonar totalmente a Ele e
repousar passivamente em Suas mãos. Isto fica claro à primeira vista.
Talvez a palavra “abandono” possa expressar melhor essa idéia do que a
palavra “consagracão”, para a mente de algumas pessoas.
Mas, qualquer que seja
a palavra que usemos, queremos mostrar uma entrega total, do ser inteiro a
Deus. Espírito, alma e corpo colocados sob Seu controle absoluto, para que Ele
possa fazer conosco exatamente o que Lhe agrada. Significa que a linguagem de
nosso coração, sob quaisquer circunstâncias e diante de qualquer ato, deve ser
“Seja feita Tua vontade”. Significa a desistência de qualquer liberdade de
escolha. Significa uma vida de inevitável obediência.
Para uma pessoa que não conhece a Deus isto pode parecer duro, mas para
aqueles que O conhecem é a vida mais feliz e descansada que pode existir. Ele é
nosso Pai, nos ama, e sabe o que é melhor, e portanto, é claro que a Sua
vontade é a coisa mais abençoada que podemos receber, sob qualquer
circunstância.
Eu não entendo como tantos
cristãos ficam cegos a este fato. Mas realmente parece que os próprios filhos
de Deus temem mais à Sua vontade do que a qualquer outra coisa na vidaSua
vontade maravilhosa e amável que tão-somente traz benignidade, ternas
misericórdias e bênçãos indescritíveis para suas almas!
Desejaria poder mostrar a todos a insondável doçura da vontade de Deus.
O céu é um lugar infinitamente benaventurado, porque ali Sua vontade é
perfeitamente cumprida. Somente à medida em que Sua vontade é cumprida em
nossas vidas é que podemos participar nessa bem-aventurança. Ele nos amanos ama, eu disse e a
vontade do amor é sempre a bênção para o seu amado.
Alguns de nós sabemos o que é amar, e sabemos que se pudéssemos apenas
fazer a nossa vontade, aqueles que amamos seriam cobertos de bênçãos. Tudo o
que é bom, doce e adorável na vida derramaríamos sobre eles, se tão somente
tivéssemos o poder para cumprir neles a nossa vontade. E se essa é a nossa
maneira de amar, muito mais deve ser a de nosso Deus, que é o próprio amor em
pessoa!
Se por um momento pudessemos olhar dentro das tremendas profundezas de
Seu amor, nossos corações saltariam para ir de encontro com a Sua vontade e
abraçá-la como nosso mais precioso tesouro. Poderíamos, então, nos entregar a
ela com um entusiasmo de gratidão e alegria, por tal maravilhoso privilégio ser
nosso.
Certamente, então, é somente um privilégio glorioso que esta se abrindo
diante de você, quando lhe digo que o primeiro passo que você deve dar a fim de
entrar na vida escondida com Cristo, em Deus, é o da inteira consagração.
Peço-lhe que não olhe para isso como uma exigência dura e severa. Você deve
fazer isso com prazer, gratidão e entusiasmo. Você deve entrar no que chamo do
lado privilegiado da consagração, e posso lhe assegurar, através do testemunho
universal dos que já o experimentaram, que você verá que é o lugar mais feliz
que você jamais encontrou.
A Fé é Absolutamente Necessária
Após a entrega, a próxima coisa mais importante é a fé. A fé é um
elemento absolutamente necessário para que se receba qualquer dom. Imagine
se um amigo lhe der algo sem reserva ou restrição, mesmo assim, não será realmente seu se você não acreditar que ele
lhe deu e tomar posse do presente. Acima de tudo,
isso se aplica a dons que são puramente intelectuais ou espirituais. O amor
oferecido por outrem pode ser generoso, sem limite ou restrição, mas até que
acreditemos que somos amados, nunca realmente se tornará uma realidade para
nós.
Suponho que a maioria dos cristãos entende este princípio quando se
refere à questão de perdão. Eles sabem que mesmo ouvindo pregações sobre o
perdão de pecados através de Jesus por toda a sua vida, isso nunca se tornaria
uma realidade para eles enquanto não cressem nesta pregação, e tomassem posse
do perdão de forma bem pessoal e individual.
Mas, em se tratando de vida cristã, eles esquecem deste princípio, e
pensam que devem viver agora por obras e esforços, embora tenham sido salvos
por fé. Ao invés de continuarem a receber,
agora começam a fazer. Para eles,
dizer que é necessário entrar nesta vida escondida com Cristo em Deus somente
pela fé, parece completamente impossível para entender. Entretanto lemos
claramente que “como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele”.
Nós o recebemos pela fé, e pela fé somente; portanto, devemos andar Nele pela
fé, e pela fé somente.
E a fé que nos introduz nesta vida escondida é exatamente a mesma que
nos transportou do reino das trevas para o reino do amado Filho de Deus. É só
que agora nos apropriamos de algo diferente. No princípio, cremos que Jesus nos salvou da culpa do pecado, e de
acordo com nossa fé, nós o recebemos. Agora
devemos crer que Ele nos salva do poder do pecado, e de acordo com nossa
fé, o receberemos também.
No princípio cremos Nele para o perdão, e fomos perdoados; agora devemos crer Nele para a justiça, e seremos justificados. No princípio, nós aceitamos a Sua
salvação do castigo vindouro; agora
devemos aceitar a Sua salvação, no presente, do cativeiro de nossos pecados. No princípio, Ele foi nosso Redentor; agora Ele deve ser nossa Vida. No princípio, Ele nos tirou da cova; agora Ele nos assentará consigo nos
lugares celestiais.
Naturalmente, estou dizendo isso da perspectiva experimental e prática.
Teologicamente e legalmente, sei que todo crente recebe tudo isso junto com a
sua conversão. Mas experimentalmente nada possui até que tome posse pela fé.
“Todo lugar que pisar a planta do vosso pé vo-lo tenho dado.” Deus
“nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais
em Cristo”, mas até que a planta do nosso pé pise pela fé nestas bênçãos, na
prática não se tornam nossas. “Segundo a nossa fé”, é sempre o limite e a regra.
Mas essa fé da qual estou falando precisa ser uma fé presente. Nenhuma
fé que é exercitada apenas para uma época futura significa alguma coisa. Uma
pessoa pode crer a vida toda que seus pecados serão perdoados em algum momento
do futuro, e nunca encontrará paz. Ele precisa alcançar uma fé para agora, e dizer com uma fé que apropria
no presente: “Meus pecados estão perdoados agora”. Só assim é que a sua alma
descansará.
Da mesma forma, nenhuma fé que espera uma libertação futura do poder do
pecado, levará alguém para a vida que estamos descrevendo. O inimigo se deleita
nessa fé futura, porque sabe da sua impotência para obter quaisquer resultados
práticos. Mas ele treme e foge quando o crente ousa tomar posse de uma
libertação no presente, e crê que está livre agora de seu poder.
Talvez não haja quatro palavras num idioma que tenham mais significado,
do que estas que vou escrever a seguir. Eu gostaria que você as repetisse vez
após vez, com sua voz e com sua alma, enfatizando cada vez uma palavra
diferente:
Jesus me salva agora. É Ele
quem salva.
Jesus me salva agora. É obra
Dele salvar.
Jesus me salva agora. Sou eu quem preciso ser salvo.
Jesus me salva agora. Ele está
fazendo isso a cada momento.
Para recapitular, então a fim de
entrar na abençoada vida interior de descanso e triunfo, você tem dois passos a
tomar: primeiro, abandono total; e segundo, fé absoluta. Não importa quais
sejam as complicações de sua experiência individual, não importa quais sejam as
suas dificuldades, ou seu “temperamento peculiar”, a firme perseverança nestes
dois passos tomados certamente o levarão, mais cedo ou mais tarde, aos pastos
verdejantes e águas tranqüilas desta vida escondida com Cristo em Deus.
Você pode estar perfeitamente certo disto. E se você abandonar todas as
outras considerações, e simplesmente devotar sua atenção para estes dois
pontos, e estiver absolutamente claro e definido sobre eles, seu progresso será
rápido, e sua alma alcançará o abrigo desejado muito antes do que você
agora pensa ser possível.
Resultados na Vida Prática Diária
Os resultados de uma vida escondida com Cristo na vida prática diária
devem ser muito bem marcados, e as pessoas que tiveram o prazer de participar
dessa vida devem ser verdadeiramente um povo peculiar e zeloso de boas obras.
Meu filho, que está agora com Deus, escreveu uma vez para um amigo algo
neste sentido: que temos necessidade de ser testemunhas de Deus, porque o mundo
não irá ler a Bíblia, mas lerá nossas vidas, e que o crédito que se dará na
natureza divina da religião que possuímos dependerá em grande medida do
testemunho que dermos.
O padrão de santidade prática ultimamente está tão baixo entre os
cristãos que até o menor grau de verdadeira dedicação prática é visto com
surpresa, e até mesmo com reprovação, por grande parte da Igreja. E, na maior
parte, os seguidores do Senhor Jesus Cristo ficam satisfeitos com uma vida tão
conformada ao mundo, e tão semelhante em quase todos os aspectos, que um
observador casual não conseguiria encontrar nenhuma diferença entre eles e as
pessoas do mundo.
Mas nós que ouvimos o chamado de nosso Deus para uma vida de inteira
consagração e perfeita confiança devemos agir de modo diferente. Devemos sair
do mundo e nos separar dele; e não devemos nos conformar a ele, nem em nosso
caráter nem em nossa vida.
Devemos colocar nossas atenções nas coisas celestiais, não nas terrenas,
e procurar primeiro o reino de Deus e Sua justiça, renunciando a tudo que possa
interferir nisso. Devemos andar no mundo como Cristo andou. Devemos ter a mente
que Ele teve.
Como peregrinos e estrangeiros, devemos nos abster das concupiscências
da carne que militam contra o espírito. Como bons soldados de Jesus Cristo,
devemos nos desembaraçar interiormente dos assuntos desta vida, para podermos
agradar Àquele que nos escolheu para ser soldados.
Devemos evitar toda a aparência do mal. Devemos ser
bondosos uns com os outros, compassivos, nos perdoando uns aos outros, da mesma
forma como Deus, por amor a Cristo, nos perdoou. Não
devemos nos ressentir das injúrias ou insensibilidades, mas devemos pagar o mal
com o bem, e virar a outra face para a mão que nos fere. Devemos sempre
procurar o lugar mais humilde entre nossos semelhantes e procurar não a nossa
própria honra, mas antes a dos outros.
Devemos ser mansos, pacíficos e submissos, não lutando por nossos
próprios direitos, mas pelo direito dos outros. Devemos fazer tudo, não pela
nossa própria glória, mas para a glória de Deus. E, para resumir tudo, como
Aquele que nos chamou é santo, assim devemos ser santos em todo aspecto da
nossa vida, porque está escrito: “Sede
santos, porque Eu sou santo.”
Alguns cristãos parecem pensar que satisfazem todos os requisitos para
uma vida santa quando fazem muitas obras cristãs com sucesso, e como fazem
muito trabalho para o Senhor em público, sentem liberdade para serem
rabugentos, mal humorados e sem santificação em suas vidas particulares.
Mas este não é o tipo de vida cristã que estou descrevendo. Se vamos
andar como Cristo andou, devemos fazê-lo tanto em público quanto em particular,
em casa ou fora dela, toda hora, durante todo o dia, e não só em períodos
determinados ou em certas ocasiões fixas.
O nosso comportamento deve ser tão
cristão para nossos empregados quanto é para nosso pastor, e tão “bondoso” em
nosso escritório de contabilidade como em nosssas reuniões de oração.
É na vida cotidiana que melhor se pode mostrar uma vida santificada na
prática, e bem podemos questionar quaisquer “confissões” que falharem neste
teste.
Cristãos rabugentos, ansiosos, desanimados, melancólicos, incrédulos,
reclamadores, exigentes, egoístas, cruéis, de coração duro, de espírito
amargurado, todos esses podem ser muito sinceros em seu trabalho e podem ter
lugares de destaque na igreja, mas não
são cristãos que parecem com Jesus, e não sabem nada a respeito das verdades às
quais me refiro, não importa o quanto falem ou afirmem verbalmente.
Andar Como Cristo Andou
A vida escondida com Cristo em Deus é uma vida que tem uma fonte
secreta, mas não pode esconder seus resultados práticos. As pessoas precisam
ver que andamos como Cristo andou, se dizemos que permanecemos Nele. Devemos
provar que “possuímos” o que “confessamos”. Devemos, em resumo, ser verdadeiros
seguidores de Cristo, e não apenas em teoria.
E isso significa muito. Significa que devemos virar nossas costas, real
e totalmente, a tudo que esteja contrário à perfeita vontade de Deus. Significa
que seremos um “povo peculiar”, não apenas aos olhos de Deus, mas aos olhos de
todos ao nosso redor, e aonde quer que formos, será claramente evidente através
de nossos hábitos, nossas atitudes, nossos diálogos e nossas atividades, que
somos seguidores do Senhor Jesus Cristo, e não do mundo, assim como Ele não era
do mundo.
Não devemos mais considerar o nosso dinheiro como nosso, mas como
pertencendo ao Senhor para ser utilizado em Seu serviço. Não devemos nos sentir
em liberdade para usar nossas energias exclusivamente na atividade secular, mas
devemos reconhecer, que se procurarmos em primeiro lugar o reino de Deus e a
Sua justiça, todas as coisas necessárias nos serão acrescentadas. Devemos
sentir totalmente inibidos de procurar posições exaltadas, ou de ansiarmos por
vantagens deste mundo.
Nós não permitiremos que o nosso “eu” seja o centro de todos os nossos
pensamentos e todos os nossos propósitos, como tem acontecido até hoje. Nosso
tempo será gasto servindo ao Senhor, e não a nós mesmos, e surgirão muitas
oportunidades para suportarmos as cargas uns dos outros, e assim cumprir a lei
de Cristo. E nossos afazeres diários serão mais perfeitamente desempenhados do
que nunca, porque o que quer que façamos, faremos “não servindo à vista, como
para agradar a homeM, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade
de Deus” (Ef 6:6).
Em tudo isso seremos guiados sem dúvida pelo Espírito de Deus, se nos
entregarmos à Sua direção. Mas, a menos que coloquemos o padrão correto da vida
cristã diante de nós, a nossa ignorância pode nos impedir de reconhecer Sua
voz; e é por esta razão que desejo ser muito claro e definido em minhas
afirmações.
Tenho notado que sempre que há uma pessoa consagrada, seguindo ao Senhor
com fidelidade, várias coisas inevitavelmente acontecem cedo ou tarde.
As características da vida diária passam a ser mansidao e paz de
espírito. Manifesta-se uma aceitação submissa da vontade de Deus, conforme esta
aparece nos contínuos eventos diários; flexibilidade nas mãos de Deus para
fazer ou para aceitar toda a Sua boa vontade; doçura sob provocaçao,
tranqüilidade em meio ao tumulto e ao alvoroço; disposição de ceder aos desejos
dos outros, e uma insensibilidade ao menosprezo e às afrontas; ausência de
ansiedade e preocupação; libertação dos temores e cuidados. Tudo isso, e muitas
outras graças semelhantes, são invariavelmente os sintomas exteriores que
fluem naturalmente de uma vida interior
que está escondida com Cristo em Deus.
E com relação aos hábitos da vida: mais cedo ou mais tarde, esses cristãos sempre deixam os pensamentos
egoístas de lado, e se tornam cheios de consideração pelos outros. Vivem e se
vestem de maneira saudável e simples; renunciam aos hábitos de auto-satisfação
e desistem de todos os prazeres puramente carnais. Preferem fazer um trabalho útil
em favor de outros, e ocupações infrutíferas desaparecem da vida. A glória de
Deus e o bem-estar de Suas criaturas se tornam o deleite e a empolgação da
alma.
Dedica-se a voz a Ele, para que seja utilizada em Seus louvores. O bolso
é colocado à Sua disposiçao. A caneta é dedicada a escrever para Ele, os lábios
para falar sobre Ele e as mãos e os pés para cumprir Sua ordem. Ano após ano,
observa-se que esses cristãos crescem mais espiritualmente, são mais serenos,
sua mente se torna mais envolvida com as coisas celestiais, e eles são mais
transformados, mais parecidos com Cristo. Até mesmo os rostos expressam tanto a
beleza das suas vidas interiores, que todo aquele que olha para eles não pode
deixar de tomar conhecimento de que vivem com Jesus e que permanecem Nele...
Você não precisa ter medo de aceitar tudo o que Ele lhe pede, porque Ele
é o Seu Salvador e o Seu poder é que vai realizar tudo. Ele não pede que você
faça nada por si mesmo em sua pobre fraqueza. O que pede é que você se
entregue, para que Ele opere em sua vida e através de você pelo Seu próprio
grande poder. A sua parte é se entregar, a parte Dele é operar, e Ele nunca,
nunca lhe dará uma ordem que não seja acompanhada por poder mais que suficiente
para obedecer.
Somente se pode alcançar as alturas da perfeição cristã quando se segue
com fé o Guia que o levará até lá. Nas pequenas coisas de nossas vidas diárias,
Ele nos revela o caminho, um passo por vez, pedindo de nossa parte somente que
nos entreguemos à Sua direção. Portanto, fique perfeitamente flexível em Suas
queridas mãos, para ir onde Ele o atrair, e para abandonar a tudo quanto Ele o
fizer abominar. No momento em que estiver certo de Sua vontade, obedeça-O
inteiramente.
Não fique pensando sobre o amanhã nessas coisas, mas entregue-se a si
mesmo com confiança total no bom Pastor, que prometeu jamais conduzir Suas
próprias ovelhas por qualquer caminho, sem ir Ele mesmo à sua frente, para
tornar o caminho fácil e seguro. Dê passos pequenos à medida que Ele os torna
claros para você.
Disponha toda sua vida, em cada um de seus pequenos detalhes, para que
Ele a acerte e guie. Siga com alegria e prontidão as doces sugestões de Seu
Espírito à sua alma.
Dia após dia você verá que Ele o está transformando mais e mais de
acordo com a vontade Dele em todas as coisas, moldando e modelando você, de
acordo com o que você é capaz de suportar, para ser um “vaso para honra,
santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado paa toda boa obra” ( 2
Tm 2:21 ).
E desta forma lhe será dada a doce alegria de ser uma
“carta...conhecida e lida por todos os homens” (2 Co 3:3), e sua luz brilhará
tanto que os homens não verão você, mas a seu Pai que está no céu.
Extraído de The Christian's Secret
Of A Happy Life (O Segredo Cristão de Uma Vida Feliz ).
Por Hannah Whitall Smith
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