A VIOLÊNCIA DIANTE DE DEUS
É impossível para pessoas
que possuem um pingo de temor de Deus não se chocarem com as notícias a
respeito da violência generalizada que se instalou sobre o globo terrestre. O
impacto que temos é ainda maior quando as atitudes violentas são praticadas por
quem menos esperaríamos que as praticassem: crianças, adolescentes e jovens, às
vezes, bem nascidos e bem nutridos.
O emaranhado de causas
desse problema formam uma teia propícia para muita sorte de pecados: o fracasso
da educação familiar; o insucesso da educação formal; a perda do sentido da
vida; o desejo destes violentos chamarem a atenção sobre si; a estratégia inconsciente
de os jovens tentarem se vingar contra a sociedade e contra a família; a
banalização da vida e da morte; a instigação da mídia, entre outros.
Mas qual atitude do
cristão, particularmente, a do povo de Deus, coletivamente, enquanto corpo de
Cristo na Terra ante esse caos? Podemos refletir em pelo menos duas posições.
A VISÃO DO TODO
Uma estratégia bem antiga
de Satanás é fazer com que o ser humano perca a visão plena da realidade. Ele
planeja que olhemos parcialmente para o estardalhaço que a mídia faz com as
notícias dos crimes hediondos, para termos a impressão que Deus está inerte. A
estrutura chamada na Bíblia de "mundo" (Jo 15:18- 23) quer nos
enfeitiçar com a idéia de que somos vítimas indefesas dos seus ardis.
Quem ainda não foi atingido
pela miopia espiritual já percebeu que as representações teatrais de mal gosto
dos tão assistidos programas policiais, recriam a barbárie e fazem apologia da
violência, construindo altares para um culto diabólico e inconsciente da
desgraça humana. Com tudo isso, o arquiinimigo de Deus quer que venhamos a
diminuir nossa visão da realidade. O seu desejo é fazer-nos crer no sofisma de
que a igreja não incomoda, não salga e não brilha mais e, portanto, quer nos
levar a ilusão de que tudo está perdido.
Quando não enxergarmos
mais o poder de Deus e as Suas obras seremos amarrados com uma venda chamada
apostasia. Daí, a tendência humana do desânimo pode nos abater e acharmos que
não convém mais lutar por nada, não compensa mais denunciar o pecado porque ele
parece ser soberano. Pior: poderá alguém mesmo que inconscientemente acabar
associando-se à violência e toda sorte de mal. Entretanto, a recomendação
bíblica é explícita: "não vos associeis às obras infrutuosas das trevas,
antes, porém, condenai-as" (Ef 5.11).
Por que não se propaga o
fato de que mais de cinqüenta por cento dos jovens brasileiros trabalham oito
horas por dia e estudam à noite? Por que não se noticia as pesquisas feitas por
inúmeros jovens nas universidades de todo o mundo? Por que os jornalistas não
saem à cata de heróis anônimos que entre as idades de 15 a 20 anos lutam
arduamente para ajudar manter ou até sustentar totalmente suas famílias?
Por que não fazem um
levantamento do que os jovens cristãos têm feito por missões e assistência
social? Por que não se divulga o fato de nossos templos estarem com um número
considerável de jovens? Por que não se divulga o número de crianças,
adolescentes e jovens matriculados e freqüentes às Escolas Bíblicas Dominicais?
A resposta é simples: essas notícias não vendem jornais, porque não vendem a
idéia mentirosa e tapeadora do Diabo de que ele está vencendo!
O cristão, que tem uma
visão escatológica ponderada, é consciente de que o mundo vai de mal a pior e
que a plena paz no globo terrestre só ocorrerá com a instalação do senhorio
pleno de Cristo, por ocasião do milênio. Todavia, precisamos tentar melhorar o
nosso ambiente enquanto "embaixadores de Cristo" (2 Co 5:20). Por
isso, no que se refere ao problema da violência e a todo o mal que aflige a
Terra é preciso tomarmos atitudes objetivas, alicerçadas na Palavra de Deus.
AÇÕES EFICAZES
A primeira ação a ser
empreendida é assumirmos o ministério do sacerdócio universal que cada cristão
possui, conforme vemos em 1 Pe 2.9: "Mas vós sois a geração eleita, o
sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as
grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz". O
compromisso maior de um cristão constitui-se em uma ação vertical: ser
sacerdote. Isso significa representar as pessoas diante de Deus, o que só pode
ser feito através de uma ponte chamada intercessão.
Deus é indiscutivelmente
soberano. Ele também criou o homem para exercer domínio sobre a Terra (Gn
1:26,27; Sl 8:6). Mas, Adão caiu na astúcia do inimigo, perdendo a autoridade
que o Senhor lhe dera. É como se ele tivesse passado uma procuração para
Satanás ou como se tivesse arrendado o mundo para o inimigo. A impressão que se
tem é que Satanás teria um direito legal sobre o mundo - porque Adão lhe
transferira (Lc 4:5,6; 1 Jo 5: 19). É por isso que precisamos orar para
anularmos esse direito legal do inimigo sobre a criatura caída. O mundo grita
pedindo socorro e a primeira resposta que devemos lhe dar é a oração
intercessória por ele.
Talvez seja por isso tudo
que o Pai celeste prefira agir lá do alto, quando alguém aqui embaixo Lhe pede.
A respeito disso John Wesley declarou: "Parece que Deus é limitado por
nossa vida de oração - Parece que Ele nada pode fazer em prol da humanidade a
não ser que alguém Lhe peça". Vamos interceder pelo mundo e aniquilar as
obras do Diabo.
O segundo compromisso do
crente diz respeito a uma ação horizontal: ser testemunha de Cristo, o que só é
feito com eficácia plena, depois de recebermos a Sua virtude: "Recebereis
poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em
Jerusalém, como em toda a Judéia e Samária, e até os confins da terra" (At
1:8).
Depois de recebermos a
unção de Deus, somos capacitados pelo Senhor a mostrar para o mundo que a
violência, antes de ser um problema psicossocial é um mal de origem e natureza
espiritual e que, portanto, somente pode ser solucionado com estratégias
espirituais: "Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a
carne, pois as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus,
para demolição de fortalezas; derribando raciocínios e todo baluarte que se
ergue contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à
obediência a Cristo" (2 Co 10.4). Logo, a resposta para a violência é o
poder de Deus.
Revestidos da graça
divina, podemos mostrar que a única educação que forma integralmente o ser
humano é aquela inspirada na Palavra de Deus. Com instrumentos humanos, cheios
do Espírito Santo, o mundo verá realmente que a vida somente passa a ter
sentido quando aceitamos o compromisso com a Vida de Deus, que é Cristo,
através do novo nascimento (Jo 3.3,7). Desse modo, o problema da violência
passará a ser visto da forma como a Bíblia Sagrada apresenta: uma conseqüência
do mal uso da liberdade que o Pai celeste concedeu ao ser humano.
É tola a idéia de,
espantados, procurarmos somente nos defender dos ataques do inimigo. Na
verdade, a atitude correta é assumirmos a postura de ataque, sendo testemunhas
de Cristo, libertando as pessoas da violência pelo poder sobrenatural do
evangelho. Esse poder foi a resposta que Deus nos deu, quando outrora éramos
Seus inimigos e também agíamos com violência para com a Sua verdade.
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