ARREPENDIMENTO É DEIXAR O PECADO
Eu não me dirijo somente ao não convertido, porque sou daqueles que crêem que a igreja precisa se arrepender muito antes que muita coisa de valor possa ser feita no mundo. Acredito firmemente que o baixo padrão de vida cristã está mantendo muita gente no mundo e nos seus pecados. Se o incrédulo vê que o povo cristão não se arrepende, não se pode esperar que ele se arrependa e se converta de seu pecado. Eu tenho me arrependido dez mil vezes mais depois que conheci a Cristo, do que em qualquer época anterior, e penso que a maioria dos cristãos precisa se arrepender de alguma coisa.
Assim,
quero pregar tanto para os cristãos como para os não-convertidos, tanto para
mim mesmo quanto para aquele que nunca conheceu a Cristo como seu Salvador.
Há cinco
coisas que fluem do verdadeiro arrependimento:
1. Convicção.
2. Contrição.
3. Confissão de pecado.
4. Conversão.
5. Confissão de Cristo diante do mundo.
Convicção
Quando um
homem não está profundamente convicto de seus pecados, é um sinal bem certo de
que ainda não se arrependeu de verdade. A experiência tem me ensinado que as
pessoas que têm uma convicção muito superficial de seus pecados, cedo ou tarde
recaem em suas velhas vidas. Nos últimos anos tenho estado bem mais ansioso por
uma profunda e verdadeira obra de Deus entre os já convertidos do que em
alcançar grandes números. Se um homem confessa ser convertido sem reconhecer a
atrocidade de seus pecados, provavelmente se transformará num ouvinte
endurecido que não irá muito longe. No primeiro sopro de oposição, na primeira
onda de perseguição ou ridículo, eles serão carregados de volta para o mundo.
Creio que
é um erro lamentável conduzirmos tantas pessoas à igreja que nunca
experimentaram a verdadeira convicção de pecados. O pecado no coração do homem
é tão negro hoje quanto o foi em qualquer outra época. Às vezes penso que está
mais negro. Porque quanto maior a luz que uma pessoa tiver, maior sua
responsabilidade, e por conseguinte maior a sua necessidade de profunda
convicção.
Até que a
convicção de pecados nos faça cair de joelhos, até que estejamos completamente
humilhados, até que tenhamos perdido toda esperança em nós mesmos, não podemos
encontrar o Salvador.
Há três
coisas que nos levam à convicção: (1) A Consciência; (2) A Palavra de Deus; (3)
O Espírito Santo. Todos os três sao usados por Deus.
Muito
antes de existir a Palavra escrita, Deus tratava com o homem através da
consciência. Foi por isto que Adão e Eva se esconderam da presença do Senhor
Deus entre as árvores do Jardim do Éden. Foi isto que convenceu os irmãos de
José quando disseram: “Na verdade, somos culpados, no tocante a nosso irmão,
pois lhe vimos a angústia da alma, quando nos rogava, e não lhe acudimos. Por
isso”, disseram eles (e lembre-se, mais de vinte anos haviam se passado depois
que eles o venderam como cativo), “ por isso nos vem essa ansiedade”.
É a
consciência que devemos usar com nossos filhos antes de atingiram uma idade
onde podem entender a Palavra e o Espírito de Deus. E é a consciência que acusa
ou inocenta o ímpio.
A
consciência é “uma faculdade divinamente
implantada no homem, que o pede a fazer o que é certo”. Alguém disse que ela
nasceu quando Adão e Eva comeram do fruto proibido, quando seus olhos foram
abertos e “conheceram o bem e o mal”.
Ela julga, mesmo contra nossa vontade, os nossos pensamentos, palavras, e
ações, aprovando ou condenando-os de acordo com a sua avaliação de certo ou
errado. Uma pessoa não pode violar sua consciência sem sentir a sua condenação.
Mas a
consciência não é um guia seguro, porque freqüentemente ela só dirá que uma
coisa é errada depois de você a praticar. Ela precisa ser iluminada por Deus
porque faz parte de nossa natureza caída. Muitas pessoas fazem o que é errado
sem serem condenadas pela consciência. Paulo disse: “Na verdade, a mim me
parecia que muitas cousas devia eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno”
(At 26:9). A própria consciência precisa ser educada.
Outra
vez, a consciência freqüentemente é como um relógio despertador, que a
princípio desperta e acorda, mas com o tempo a pessoa se acostuma com ele, e
então perde o seu efeito. A consciência pode ser asfixiada. Creio que cometemos
um erro em não dirigirmos as pregações mais para a consciência.
Portanto,
no devido tempo a consciência foi suplantada pela Lei de Deus, que no seu tempo
foi cumprida em Cristo.
Neste
país cristão, onde as pessoas têm Bíblias, a Palavra de Deus é o meio que Deus
usa para produzir convicção. A Bíblia nos diz o que é certo e o que é errado antes de você cometer o pecado, e assim
o que você precisa é aprender e apropriar-se de seus ensinos, sob a direçao do
Espírito Santo. A consciência comparada à Bíblia é como uma vela comparada ao
sol lá no céu.
Veja como
a verdade convenceu aqueles judeus no dia de Pentecostes. Pedro, cheio do
Espírito Santo, pregou que “este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor
e Cristo”. “Ouvindo eles estas cousas, compungiu-se-lhes
o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos,
irmãos?” (At 2: 36, 37).
Em
terceiro lugar, enfim, o Espírito Santo convence. Algumas das mais poderosas
reuniões de que já participei foram aquelas em que houve uma espécie de
quietude sobre o povo e parecia que um poder invisível se apoderava das consciências.
Lembro-me de um homem que veio à reunião e no momento em que entrou, sentiu que Deus estava lá. Um senso de
reverência veio sobre ele, e naquela mesma hora sentiu convicção e se
converteu.
Contrição
A próxima
coisa é a contrição, o profundo sentimento de tristeza segundo Deus e
humillhação de coração por causa do pecado. Se não houver verdadeira contrição,
o homem voltará direto para o seu velho pecado. Esse é o problema com muitos
cristãos.
Um homem
pode sentir raiva e se não houver muita contrição, no dia seguinte sentirá
raiva outra vez. A filha pode dizer coisas indignas, ofensivas à sua mae,
e porque sua consciência lhe perturba
ela diz: “Mãe, sinto muito. Perdoe-me”.
Mas logo
há um outro impulso genioso, porque a contrição não foi profunda nem
verdadeira. Um marido diz palavras agressivas à sua esposa, e então para
aliviar sua consciência, compra um buquê de flores para ela. Ele não quer
enfrentar a situação como um homem e dizer que errou.
O que
Deus quer é contrição, e se não houver contrição, não há arrependimento
completo. “Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os de
espírito oprimido.” “Coração compungido e contrito não o desprezarás, ó Deus.”
Muitos pecadores lamentam por seus pecados, lamentam por não poderem continuar
pecando; mas se arrependem apenas com corações que não estão quebrantados. Não
creio que saibamos como nos arrepender atualmente. Precisamos de um João
Batista, que ande pelo país, gritando:
“Arrependam-se! Arrependam-se!”
Confissão de pecado
Se
tivermos verdadeira contrição, ela nos levará a confessarmos nossos pecados.
Creio que nove décimos dos problemas em nossa vida cristã são resultado de não
fazermos isso. Tentamos esconder e cobrir nossos pecados. Há muito pouca
confissão deles. Alguém disse: “Pecados não confessados na alma são como uma bala no corpo”.
Se você
não tiver poder, talvez seja porque há algum pecado que precisa ser confessado,
alguma coisa em sua vida que necessita ser removida. Não importa quantos salmos
você cante, ou a quantas reuniões você compareça, ou o quanto você ore e leia a
sua Bíblia, nada disso encobrirá esse tipo de problema. O pecado deve ser
confessado, e se o meu orgulho me impede de confessar, não devo esperar
misericórdia de Deus nem respostas às minhas oraçoes.
A Bíblia
diz: “O que encobre as suas transgressões, jamais prosperará” (Pv 28:13). Pode
ser um homem no púlpito, um sacerdote por trás do altar, um rei no trono _ não me importo quem ele seja. O homem está tentando
fazer isso há seis mil anos. Adão o tentou e falhou. Moisés o tentou quando
enterrou o egípcio que matou, mas falhou.
“Sabei
que o vosso pecado vos há de achar.” Por mais que você tente enterrar o seu
pecado, este tornará a aparecer mais cedo ou mais tarde, se não for apagado
pelo Filho de Deus. Se o homem nunca conseguiu fazer isso em seis mil anos, é
melhor você e eu desistirmos de tentar.
Há três
maneiras de se confessar pecados. Todo pecado é contra Deus, e a Ele deve ser
confessado. Há pecados que eu não preciso confessar a pessoa alguma no mundo.
Se o pecado foi entre mim e Deus, devo confessá-lo sozinho no meu quarto. Não
preciso cochichá-lo no ouvido de nenhum mortal. “Pai, pequei contra o céu e
diante de Ti.” “Pequei contra Ti, contra Ti somente, e fiz o que é mal perante
os teus olhos.”
Mas se
fiz algo errado a alguma pessoa, e ela sabe que a prejudiquei, devo confessar o
pecado não somente a Deus mas também a esta pessoa. Se o meu orgulho me impede
de confessar meu pecado, não preciso ir a Deus. Posso orar, posso chorar, mas
isso não adiantará. Primeiro confesse àquela pessoa, e depois a Deus, e veja
com que rapidez Ele lhe ouvirá e lhe enviará a paz. “Se pois, ao trazeres ao
altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma cousa contra
ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu
irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta.” (Mt 5: 23, 24). Esse é o caminho
bíblico.
Há outra
classe de pecados que devem ser confessados publicamente. Suponha que fui
conhecido como um blasfemador, um alcoólatra ou um depravado. Se me arrependo
de meus pecados, devo ao público uma confissão. A confissão deve ser tão
pública quanto foi a trangressão. Muitas vezes uma pessoa dirá algo maldoso a
respeito de outra na presença de terceiros, e então tentará apaziguar isso indo
somente à pessoa prejudicada. A confissão deve ser feita de forma que todos os
que ouviram a transgressão possam ouvir a confissão.
Somos
bons em confessar o pecado de outras pessoas, mas se experimentarmos um
verdadeiro arrependimento, ficaremos mais que ocupados cuidando dos nossos
próprios pecados. Quando alguém dá uma boa olhada no espelho de Deus, não
encontrará ali faltas dos outros; tem coisas demais a ver em si mesmo.
“Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados
e nos purificar de toda injustiça” ( 1 Jo 1:9 ). Obrigado Senhor pelo
Evangelho! Crente, se há algum pecado em sua vida, resolva confessá-lo, e seja
perdoado. Não deixe nenhuma nuvem entre você e Deus. Garanta o seu título para
a mansão que Cristo foi preparar para você .
Conversão
A
confissão leva à verdadeira conversão, e não pode haver uma verdadeira
conversão, até que se tenha dado esses três passos.
Agora a
palavra conversão significa duas
coisas. Dizemos que uma pessoa é “convertida” quando nasce de novo. Mas
conversão também tem um significado diferente na Bíblia. Pedro disse:
“Arrependei-vos...e convertei-vos”(At 3:19). Existe uma versão que traduz
assim: “Arrependei-vos e voltai-vos”. Paulo disse que não foi desobediente à
visao celestial, mas começou a pregar a judeus e gentios para que se
arrependessem e se voltassem para
Deus. Um certo teológo de outra época disse: “Todos nós nascemos de costas para
Deus. O arrependimento é uma mudança de trajetória. É uma volta de cento e
oitenta graus.”
Pecado é afastar-se de Deus. Como alguém disse,
é aversão a Deus e conversão para o mundo; enquanto que o
verdadeiro arrependimento significa conversão
a Deus e aversão ao mundo. Quando há
verdadeira contrição, o coração está entristecido
por causa do pecado; quando há verdadeira conversão, o coração fica liberto do pecado. Deixamos a velha
vida, somos transportados do reino das trevas para o reino da luz. Maravilhoso,
não é ?
A não ser
que nosso arrependimento inclua essa conversão, não vale muito. Se alguém
continua em pecado, é a prova de uma profissão inútil. E como bombear água para
fora do navio, sem tampar os vazamentos. Salomão disse: “Se o povo orar... e
confessar teu nome, e se converter dos seus pecados...”(2 Cr 6:26).
Oração e
confissão não seriam de proveito nenhum enquanto o povo continuasse em pecado.
Vamos prestar atenção à chamada de Deus. Vamos abandonar o velho caminho
perverso. Voltemos ao Senhor, e Ele terá misericórdia de nós, e ao nosso Deus,
porque Ele perdoará abundantemente.
Confissão de Cristo
Se você é
convertido, o próximo passo é confessar isso abertamente. Ouça: “Se com a tua
boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o
ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça,
e com a boca se confessa a respeito da salvação” ( Rm 10:9, 10 ).
A
confissão de Cristo é o clímax da obra de verdadeiro arrependimento. Devemos
isso ao mundo, aos nossos semelhantes cristãos e a nós mesmos. Ele morreu para
nos redimir, e podemos estar envergonhados ou com medo de confessá-Lo? A
religião como uma abstraçao, como uma doutrina, tem pouco interesse para o
mundo, mas aquilo que as pessoas podem testemunhar da experiência pessoal
sempre tem peso.
Ah,
amigos, estou tão cansado de cristianismo medíocre. Vamos nos entregar cem por
cento por Cristo. Não vamos dar um som inseguro. Se o mundo quer nos chamar de
tolos, que o faça. É apenas por um pouco. O dia da coroação está chegando.
Graças a Deus pelo privilégio que temos de confessar a Cristo!
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