quinta-feira, 17 de setembro de 2020

A ORAÇÃO

 Oração: O Privilégio de Falar Diretamente com Deus

Deus sempre responde às orações de seus filhos amados.

Sei que muitos de vocês imediatamente farão restrições ao subtítulo, mas ele é um fato absoluto e inegável. Deus sempre responde às orações de seus filhos, porém a definição de "resposta" é onde reside o problema para a maioria dos cristãos professos. Muitos deram ouvidos aos "pregadores da prosperidade" e, após orarem e pedirem uma BMW novinha em folha, ficaram chateados porque Deus não lhes respondeu! Mas, na verdade, a resposta instantânea foi "Não!" - e a oração egoísta caiu do telhado - porque não levou em consideração a vontade de Deus. Ele sempre responde aos nossos pedidos com um "Sim", um "Não", ou um "Espere mais um pouco", e também não tem obrigação alguma de atender aos nossos desejos.

Existe muita confusão acerca da seguinte passagem da Escritura:

"E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei." [João 14:13-14]

À primeira vista isso pode parecer uma fórmula mágica para obtermos tudo o que desejarmos. Tudo o que temos a fazer é invocar o nome de Jesus Cristo e a coisa supostamente deve acontecer! Quando não acontece (o que certamente é a norma), aqueles que ensinam tal baboseira alegam que o fiel não teve fé suficiente. Entretanto, o erro de tal ensino está na ignorância do seguinte verso:

"E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve." [1 João 5:14; ênfase adicionada]

Se pedirmos algo contrário à sua vontade, ele não ouvirá e a resposta será um automático "Não"! Você daria ouvidos ao seu filho se ele pedisse um revólver carregado para levar à escola e mostrar aos amigos? Espero que não! Deus também não irá acatar pedidos ridículos e infantis de seus filhos. Pedir algo só porque realmente queremos não tem validade pois Deus não nos mima atendendo a todos os nossos caprichos. Os pedidos só são atendidos quando coincidem com sua vontade para nossas vidas. O quanto antes entendermos isso, melhor. Deus prometeu aos filhos de Israel no Antigo Testamento que os abençoaria tanto espiritual quanto materialmente se eles obedecessem aos seus mandamentos, mas essa promessa não é reafirmada em lugar nenhum aos cristãos no Novo Testamento. Abaixo está uma das muitas dessas promessas feitas a Israel:

"Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes. E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos." [Malaquias 3:10-11]

A propósito, o dízimo não é uma exigência para os cristãos. Somos simples mordomos daquilo que Cristo confia a nós de suas próprias posses e somos enormemente abençoados por não estarmos limitados a uma porcentagem para oferta! Ele se alegra quando usamos seu dinheiro e suas propriedades para promover e avançar a causa de Cristo na terra. Deixamos de receber incontáveis bênçãos quando agimos como se esses bens fossem nossos e os usamos para propósitos puramente egoístas. (O artigo P112 discute o assunto da mordomia.)

A oração não é nada além de uma conversa com Deus e erramos grosseiramente quando tentamos padronizá-la em algum tipo de fórmula e achamos que estamos sendo muito piedosos ao fazer isso. Não era a intenção que o assim chamado "Pai Nosso" fosse uma panacéia irracional de proteção mágica para jogadores de futebol prestes a entrar em campo, ou que fosse recitada com o propósito de penitência após a confissão ou em alguma das aparentemente infinitas formas nas quais acabou sendo usado. Ele foi dado em resposta ao pedido dos apóstolos que o Senhor os ensinasse a orar, conforme vemos na seguinte passagem:

"E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos. E ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céu. Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano; e perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve, e não nos conduzas em tentação, mas livra-nos do mal." [Lucas 11:1-4; ênfase adicionada]

No entanto, não adquirimos uma compreensão completa do que ele ensinou naquela ocasião sem vermos essa oração no contexto maior daquilo que ele tinha para dizer no Sermão da Montanha:

"Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus. Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente. E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes. Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; e não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém. Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas." [Mateus 6:1-15; ênfase adicionada]

A oração que ficou conhecida como "Pai Nosso" é uma oração que Jesus Cristo mesmo nunca faria, pois ele não tinha pecado não precisava de perdão. A oração que ofereceu no jardim do Getsêmani antes de sua crucificação seria muito mais adequadamente chamada de "Pai Nosso". Mas, em todo caso, ela deveria servir de modelo aos seus discípulos enquanto eles aprendiam a orar ao Pai Celestial. As "vãs repetições" deveriam ser evitadas porque os próprios judeus caíram no hábito pagão de recitar palavras sem realmente dar atenção ao que era dito. Tentaríamos conversar com nosso pai terreno usando esses métodos? Se tentássemos, ele provavelmente nos levaria ao analista para um exame! E é exatamente tão tolo tentar falar com Deus tagarelando o equivalente espiritual às divagações infantis! FALE COM ELE!!! Seja reverente e respeitoso, mas abra seu coração a ele na linguagem diária. Conte-lhe os mais íntimos desejos do seu coração e exponha sua alma perante ele em amor e adoração. Ele sabe infinitamente mais sobre nós do que nós mesmos, portanto não estamos lhe revelando nenhum segredo - apenas concordando com ele quanto à atual condição do nosso coração e da nossa vida. É isso que a palavra "amém" significa - concordar com Deus! Use o pequeno acrônimo A.C.A.G.S. como um auxílio para aproximar-se de Deus.

Primeiro, ofereça sua Adoração. Você não se comove quando alguém - especialmente seus próprios filhos ou netos - dizem que te amam? A maioria de nós falha miseravelmente por não dizer ao Senhor Jesus Cristo muitas vezes por dia que o amamos e realmente estimamos tudo o que ele fez e ainda faz por nós. Precisamos lembrar freqüentemente o quanto devemos a ele!

Em seguida, devemos oferecer nossa Confissão. Diga ao Senhor o que você fez em violação às suas perfeições - tanto os atos pecaminosos de omissão quanto os de ação - não porque ele ainda não os conheça, mas para concordar que eles estavam errados e para expressar tristeza e arrependimento por ter agido mal. Invoque 1 João 1:9 pedindo perdão, purificando-se e, então:

Ofereça Ações de Graças pelas misericórdias e pela graça do Senhor. Assim como as expressões de amor são apreciadas, Deus se alegra quando lhe oferecemos louvor com um coração agradecido. Então, e somente então, devemos encerrar nossas orações com:

Súplicas. Muito freqüentemente cometemos a besteira de nos apresentarmos perante o trono da graça e implorarmos a Deus de forma egoísta coisas sem tomarmos tempo para reconhecê-lo adequadamente por quem ele é! Sei que muitos de nós não somos muito apegados ao conceito de realeza, mas nosso Salvador é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. Embora sejamos seus filhos amados e tenhamos o maravilhoso privilégio de nos aproximarmos dele quando quisermos, devemos a ele a reverência e o respeito compatíveis com sua exaltada e majestosa pessoa. Verdadeiramente, como dizia a letra de um antigo hino familiar: "Que privilégio é levar tudo a Deus em oração!"

Você tem feito uso adequado desse privilégio abençoado? Ou, tem de admitir que está freqüentemente diante dele buscando "sinais e maravilhas" e tentando encontrar um milagre atrás de cada arbusto? Quando Cristo comentou em Mateus 17:20 que se seus discípulos tivessem fé "como um grão de mostarda" (a menor semente que eles conheciam) poderiam "remover montanhas", o que quis dizer? Estaria criticando-os por sua falta de fé ou meramente apontando que não tinham fé alguma? A resposta reside no fato de que a fé não é inata - nós certamente não nascemos com ela e, caso devamos possuí-la em algum grau, Deus precisa fornecê-la. Esse princípio é afirmado em Romanos 12:3, que diz:

"Porque pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não tenha de si mesmo mais alto conceito do que convém; mas que pense de si sobriamente, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um." [ênfase adicionada]

Observe também que não temos todos a mesma quantidade de fé. Deus dá fé em proporção à tarefa exigida do indivíduo e se não somos capazes de "remover montanhas" é porque Deus não deseja que façamos isso. O que ele requer, ele supre. Mais tarde, os mesmos discípulos que não tinham fé receberam uma fé capaz de realizar milagres e a utilizaram para a glória de Deus, autenticando a mensagem que pregavam. Os milagres deram prova visível a uma população amplamente ignorante de que aquilo que ouviam provinha de Deus. Historicamente, os filhos de Israel sempre caminharam por vista e não pela fé (um bom exemplo é quando seguiram a gloriosa nuvem da Shekiná na saída do Egito), portanto esse era o "capítulo" final levando-os ao seu Messias prometido. Os milagres, obviamente, fizeram pouco no que se refere à vida espiritual de Israel, porque logo depois eles rejeitaram Jesus Cristo e o mataram. Durante a fundação da igreja no Pentecostes, Deus fez com que os milagres continuassem sendo realizados como um testemunho temporário aos judeus porque os salvos entre eles seriam o núcleo da igreja primitiva - mas assim que o apóstolo Paulo articulou a doutrina de que os cristãos devem andar por fé e não por vista (2 Coríntios 5:7), os milagres perderam sua relevância e cessaram. Destarte, buscar continuamente "sinais e maravilhas" nos dias de hoje, orando por eles e interpretando cada recuperação de pessoas gravemente doentes como sendo um milagre é andar por vista e não por fé. Se formos a fundo, todas as curas são divinas e um arranhão que não infecciona por si só é um milagre, considerando-se a enorme quantidade de bactérias em redor, mas colocar isso na categoria de "sinal" de Deus não é sábio.

Também devemos ser extremamente cautelosos quanto a "Deus falar conosco" em oração. Embora isso tenha ocorrido com os apóstolos durante a transição entre a Lei e a Graça, eram revelações divinas e serviram a um propósito específico. O Novo Testamento ainda estava sendo escrito e a igreja dependia da mão direta de Deus para receber instruções. Assim que o cânon das Escrituras ficou completo e disponível às diversas igrejas na forma escrita, ele se tornou a Palavra final de Deus ao homem. Tudo o que precisamos saber sobre as questões espirituais está contido em suas páginas e quando Deus fala conosco é por seu intermédio. Falamos com ele por meio da oração e ele fala conosco por meio da sua Palavra. Receber impressões de Deus durante as orações é uma coisa, mas aqueles que insistem que Deus fala com eles em voz audível estão em um terreno teológico extremamente movediço.

A enganação é a maior ameaça enfrentada pela igreja atualmente e devemos estar atentos porque Satanás está fazendo seu melhor para distorcer a visão dos fiéis e fazer com que vejam as coisas à sua maneira. O emocionalismo na adoração é uma de suas ferramentas mais eficientes e quando ele consegue ludibriar um filho de Deus a parar de pensar e começar a "sentir" - a batalha pelo controle da carne está perdida. A própria oração pode se tornar um pecado quando abandonamos o pensamento lógico e racional submetendo o intelecto ao controle das emoções. Paulo claramente nos diz que em nossa carne "não habita bem algum" [Romanos 7:18] e que ela é nossa inimiga espiritual. A emoção é tão natural quanto respirar e quando mantida sob o controle do intelecto ela não é espiritualmente ameaçadora, mas se lhe é permitido fluir livremente - nada de bom poderá surgir daí. Deus nunca é glorificado pelas exibições da nossa carne.

Somos exortados por Paulo em 1 Tessalonicenses 5:17 a "orar sem cessar". Isso significa que devemos estar de joelhos constantemente? Claro que não, mas ao longo de cada dia devemos estar atentos à presença do Espírito Santo dentro de nós e buscar sua orientação em todas as coisas. Todos os nossos pensamentos são um livro aberto para ele e precisamos garantir que esses pensamentos sejam aceitáveis à sua vista, mantendo uma atitude adequada de oração - um diálogo recíproco entre grandes amigos. 1 Tessalonicenses 5:17 diz: "Não extingais o Espírito". Para extinguir o fogo basta jogar água sobre ele! Extinguir o Espírito Santo é permitir que o pecado não confessado quebre a comunhão e a comunicação. Para restaurar a relação e restabelecer a "linha telefônica" com o céu, devemos tomar a iniciativa e reivindicar a promessa feita no seguinte verso (referido anteriormente, mas não citado):

"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça." [1 João 1:9]

Quando estamos em uma relação adequada com Deus, nossas preces são ouvidas e respondidas de acordo com sua boa e perfeita vontade. O Espírito Santo auxilia nossa compreensão das Escrituras falando aos nossos corações por meio delas. Obter orientação espiritual por qualquer outro meio é brincar com fogo! O "mistério da iniqüidade" (2 Tessalonicenses 2:7) está prestes a atingir seu auge e o ar está repleto de uma enganação espiritual tão espessa que é quase possível cortá-la com uma faca. Ore constantemente pedindo sabedoria do alto e compreenda que não podemos pôr nenhuma confiança em nossa carne. Provérbios 16:18 diz: "A soberba precede a destruição, e a altivez do espírito precede a queda." Que Deus o ajude a permanecer firme nestes dias sombrios é nossa oração.

 

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