Hoje em dia, é comum um novo convertido
ao Evangelho, e mesmo pessoas já com bastante experiência na fé, fazerem
certas perguntas: "Quais os critérios apropriados para escolhermos
determinada igreja?", ou "Como saber se a igreja que estou
freqüentando vai abençoar minha vida?" É certo que neste caso, como de
resto em inúmeras situações da vida, devemos levar em conta muitas coisas,
a fim de não tomarmos decisões erradas. Para começar, não escolha sua igreja
pela mera proximidade com a sua casa. Afinal, igreja não é supermercado! O
que se vê por aí são pessoas entrosadas em determinada comunidade e que, de
uma hora para outra, resolvem mudar de igreja, atendendo a um apelo por
mais comodidade ou mesmo economia no transporte. Tal mudança pode virar uma
tragédia. Não abra mão de sua saúde espiritual em função da localização de
um prédio.
Outro ponto importantíssimo é conhecer a doutrina praticada pela igreja que
você pretende freqüentar. Em outras palavras - no que esta igreja crê? Não
há lógica, por exemplo, em que um crente pentecostal, que aceite a
contemporaneidade dos dons espirituais, transfira-se para uma congregação
tradicional, onde a visão seja diferente. Da mesma forma, aquele irmão que
não aceita uma liturgia mais espontânea pode sentir-se desconfortável em
uma comunidade onde o clima espiritual seja mais avivado. É lógico que
estilos de culto não são essenciais para nossa vida espiritual ou salvação;
mas é a teologia da igreja que define o que somos e no que cremos.
Escolha uma igreja onde os pastores ministrem ao seu coração. É impossível
você sentir-se bem em uma igreja cujos pastores não lhe causem admiração e
não tenham legitimidade espiritual. É preciso reconhecer que Deus fala
através dos líderes. É importante, também, conhecer a vida do pastor.
Procure saber como foi sua conversão e o seu preparo para o ministério.
Como ele vive com a mulher - ou com o marido, no caso da pastora? Como lida
com os filhos? Ele, ou ela, tem um bom testemunho de vida ou deixa
"furos"? A relação de um pastor com seu rebanho é coisa complexa.
Envolve confiança, amizade, noção de autoridade, amor. O ensino da Palavra
de Deus também é ponto fundamental a ser considerado quando se procura, uma
igreja. Ultimamente, diversas igrejas não valorizam o estudo da Bíblia. É
atitude pensada - quem aprende, cresce; quem cresce, questiona; quem
questiona, cobra, e por aí vai. Um povo instruído exige igualdade, cobra
transparência. O problema é que, em diversas comunidades, não há interesse
em se formar cabeças pensantes ou crentes maduros.
Além da falta de questionamento, outra característica altamente nociva de
algumas igrejas é o sectarismo. Ensinar que somente esta igreja é
abençoada, em detrimento das outras, é um erro. O Reino de Deus é grande
demais para caber apenas numa denominação. Os milagres do Senhor não
acontecem apenas em uma instituição, mas são possíveis em qualquer lugar
onde o seu nome é pregado e exaltado. Não há uma única igreja certa.
O que aprendi nestes 25 anos de ministério pastoral é que o Evangelho não
muda. Uma igreja bíblica deve sempre pregar contra o pecado. Algumas
igrejas, para não perder freqüentadores, baixam o padrão e permitem
situações erradas. Algumas ensinam o nefasto "É proibido proibir".
É por isso que existem entre nós tantos caloteiros, pessoas de mau-caráter
e adúlteros que pulam de igreja e igreja e, mesmo excluídos de uma, são
recebidos com festa em outra.
Mas é claro que, nestes tempos de escândalos e malversações de recursos, é
o dinheiro - ou melhor, o seu uso - que causa tantos problemas nas igrejas.
Quem faz o controle dos gastos na sua igreja? Se a resposta é ninguém, isso
não significa, necessariamente, que haja desvio de dinheiro, mas pode
haver! E a simples margem para desconfiança quanto à probidade não deve
jamais ser admitida no seio de uma comunidade evangélica. A falta de
controle de recursos que dá lugar a que pastores, quase que do nada,
apareçam ostentando casas luxuosas e carros importados Os donos de igrejas
fazem o que querem com o dinheiro arrecadado na comunidade. Uma igreja tem
que ter Conselho Fiscal, prestação de contas, balancete contábil.
Há coisa de uns 20 anos, vem se disseminando, em todo o mundo e também no
meio evangélico brasileiro, a chamada teologia da prosperidade, que prega,
entre outras coisas, que o crente nasceu para ter dinheiro no bolso, um bom
emprego, enfim, ser próspero. Não se pode negar que Jesus quer sempre nos
prosperar, mas ele ensina a buscarem primeiro lugar o Reino de Deus e a sua
justiça. O problema das "igrejas da prosperidade" é que elas
priorizam as "demais coisas" em detrimento do Reino. Esta
doutrina machuca os pobres, ofende as pessoas de classe social mais baixa,
além de ser causa de frustração para os ingênuos - gente que compra a idéia
do "é dando que se recebe", faz todas as entregas, participa de
todos os desafios e, mesmo assim, fracassa nas finanças. Milhares de
pessoas não querem nem ouvir falar de igreja evangélica, simplesmente
porque sentiram-se enganadas por tais ensinos. Que lástima!
Por último, observe se, na sua igreja, está havendo mudanças de vida. O
Evangelho muda a vida das pessoas. Transforma-as, liberta e cura. Nossa
igreja é nossa família e o melhor é nunca abandonarmos nossa congregação,
como é o costume de alguns. Contudo, se concluirmos que determinada igreja
é doentia, ficamos doentes também, caso permaneçamos nela. E a doença
espiritual pode levar-nos à morte espiritual.
Que Deus nos ajude e nos abençoe, para que escolhamos bem!
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Kátia Xavier
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