Os Frutos do
Espírito
Nada demonstra
isso mais do que nosso relacionamento uns com os outros. Se cobiçarmos a
vangloria (se nos tornarmos jactanciosos, com ambição excessiva), provocamos e
invejamos uns aos outros (Gálatas 5.26). Se formos espirituais (vivendo no
Espírito, andando no Espírito, vivendo em comunhão ativa com Ele), seremos
humildes. Em vez de rebaixarmos nosso próximo, de buscarmos nossa própria
vontade, levemos as cargas uns dos outros e sejamos solícitos em restaurar o
irmão caído (6.1,2).
Realmente, essa é
uma ilustração do fruto do Espírito que começa com o amor e que se resume no
amor. É chamado fruto do Espírito, porque brota do Espírito. Não cresce
naturalmente do solo da nossa carne humana.(u) O amor é idêntico ao que Deus
demonstrou no Calvário, quando Ele enviou seu Filho para morrer por nós,
enquanto ainda éramos pecadores (Romanos 5.8).
É descrito em 1 Coríntios 13.4-7
como sofredor (paciente com os que nos provocam e nos lesam), benigno (que paga
o mal com o bem), livre de inveja (inclusive a malícia, a má vontade), humilde,
sem se encher de sua própria importância, sempre cortês, nunca egoísta nem
cobiçoso, nunca irritável nem facilmente provocado, nunca levando em conta os
danos que sofre, nem se alegra nas falhas ou nas desgraças alheias. Suporta firme
com fé e esperança todas as circunstâncias da vida. Não é de se admirar que
nunca fracassará, nunca cessará!
O gozo é algo que
o mundo não conhece. Muitos estão numa corrida louca atrás dos prazeres. Alguns
acham certa medida de felicidade ou satisfação. Mas nem sequer poderão imaginar
a experiência de ter o gozo profundo e ininterrupto que é o fruto do Espírito.
Esse gozo brota em nós, à medida que o Espírito Santo torna Jesus e sua obra de
salvação cada vez mais real para nosso coração. É expressado num regozijo ativo
no Senhor (Filipenses 3.1).
Mas está presente, nutrido pelo Espírito, quer
sejam alegres as circunstâncias exteriores, quer não. (Ver também Romanos
14.17; 15.13; 1 Tessalonicenses 1.6; Filipenses 1.25).
A paz verdadeira
somente vem do Espírito Santo. Inclui um espírito tranqüilo, mas é mais do que
isso. É a consciência de que estamos num relacionamento certo com Deus; é um
senso de bem-estar espiritual. Inclui a garantia de que podemos confiar em
Deus, para suprir todas as nossas necessidades "segundo as suas riquezas
em glória, por Cristo Jesus" (Filipenses 4.19 ARA). Além do amor e do
gozo, é necessária a ajuda do Espírito para o desenvolvimento do restante do
fruto.
Longanimidade é
ter paciência com as pessoas que delibera-damente procuram magoar-nos ou
causar-nos dano. Os incrédulos talvez façam o possível para nos lesar ou nos
deixar irados. Mas o Espírito nos ajuda a agüentar tudo com amor, com o gozo no
Senhor. Não há, portanto, tentação para a vingança (Efésios 4.2; Tiago 1.19;
Romanos 12.19).
A benignidade é a
generosidade que procura ver as pessoas da melhor maneira possível. É
compassiva e dá a resposta branda que, segundo disse Salomão, desvia a ira, ou
evita explosões de raiva (Provérbios 15.1).
A bondade dá a
idéia do desenvolvimento de um caráter bom, reto, fidedigno, sem deixar de ser
generoso e amigável com o próximo. É isso que nos transforma na nobreza de
Deus. A melhor maneira de descrevê-lo é sermos semelhantes a Jesus. (Ele
incorporou todo o fruto do Espírito em sua vida e seu ministério).
A fé, como fruto
do Espírito, é freqüentemente distinguida da que traz a salvação e a que opera
milagres.(12) A fé, tanto no Antigo Testamento como no Novo, inclui a
fidelidade e a obediência.
Aqui, posto que a palavra é um complemento e parte
constituinte do amor, e está contrastada com as obras da carne, a ênfase recai
sobre a fidelidade, não somente para com Deus, mas também com o próximo. Mesmo
assim, esse fato não a deixa diferente da fé salvífica, pois ela envolve tanto
a confiança como a obediência. O fruto do Espírito precisa crescer. A fé também
deve crescer e desenvolver-se dentro de nós.
A mansidão não é
auto-rebaixamento ou fazer pouco de si mesmo. Pelo contrário, é uma humildade
genuína que não se considera importante demais para realizar as tarefas
humildes. Não assume ares de grandeza ou imponência no sentido de deixar de ser
cortês, atencioso e gentil com todas as pessoas. É modesta, mas bem disposta a
dar sua contribuição quando algo precisa ser feito.
A temperança não
é apenas moderação. É controle próprio. O verbo correspondente é usado para os
atletas que precisam se controlar em tudo, para serem vitoriosos (1 Corintios
9.25). O Espírito nem sempre remove todos os desejos da carne, e, certamente,
nem todos os impulsos e tendências da carne. Mas parte do seu fruto é que Ele
nos ajuda a desenvolver o auto-controle que domina esses desejos, impulsos,
paixões e apetites.
O auto-controle
não aparece automaticamente. O que o Espírito faz é ajudar-nos a disciplinar a
nós mesmos. O medo é outra coisa que pode surgir da carne. Mas, conforme disse
Paulo a Timóteo: "Deus não nos deu o espírito de temor [covarde]; mas de
[tremendo] poder, e de amor, e de moderação [auto-disciplina]"
(2 Timóteo
1.7).
Não é sentados diante do Sol, ou bebendo a água das chuvas, que nos
livraremos desses temores que nos impedem de testemunhar do Senhor ou de
praticar a sua vontade. Precisamos saber o que é certo a ser feito, e então
fazê-lo. Noutras palavras, precisamos cooperar com o Espírito, ao disciplinarmos
a nós mesmos, pois é assim que cresce o fruto do auto-controle.
Essa cooperação
com o Espírito é necessária para o crescimento e o desenvolvimento do fruto do
Espírito. Alguns supõem que pelo fato de termos vida no Espírito, ou sermos
batizados com o Espírito Santo, o fruto aparecerá sozinho. Mas tudo o que
cresce sozinho, na maioria dos jardins, é erva daninha. Se o fruto é desejado,
deve ser cultivado. Deus faz parte dessa obra (João 15.1).
Mas temos a nossa
parcela de contribuição.(13)
Pedro, tratando
do mesmo fruto do Espírito, nos conclama a aplicar toda a diligência para
acrescentar a virtude à nossa fé (2 Pedro 1.5-7). Isso significa que
fornecemos, através de nossa fé, virtude (força moral). Ou, melhor, significa
que devemos exercer a nossa fé de tal maneira que produzamos todas as demais
virtudes de uma só vez: conhecimento, temperança (controle próprio), paciência
(perseverança diante das dificuldades), piedade (na adoração e na religião
prática), na bondade fraternal e na caridade (o amor que é o fruto do
Espírito). Esse é o verdadeiro andar no Espírito, e corresponde com sua
orientação, através da obediência e da fé.
Paulo afirma que
se essas coisas estão em nós em abundância, não seremos ociosos nem
infrutíferos no conhecimento (pessoal) de nosso Senhor Jesus Cristo. Se, porém,
tais coisas faltarem em nós, estamos em perigo (2 Pedro 1.8-10). Ele acrescenta
que se satisfizermos nossa carne, colheremos dela a corrupção (a destruição
eterna), ao passo que se vivermos no Espírito, ceifaremos dele a vida eterna
(Gálatas 6.8). Em seguida, Paulo dá uma palavra de encorajamento: "A seu
tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido".
Com a ajuda do Espírito,
o fruto crescerá e dará uma colheita abundante. E não esperaremos até o fim,
para saborear o fruto. Enquanto cresce e se desenvolve, experimentemos o amor e
a alegria que jorra em nós mediante o Espírito. Sintamos a realidade da paz
interior, mesmo quando a morte nos ameaça. Apoiemos todo o nosso peso no
Espírito Santo e recebamos sua ajuda, quando as coisas desandarem e outros se
aproveitarem de nós. Sigamos o caminho da paz, quando outros procuram contendas
e divisões. Assim, o fruto não será algo secreto e oculto que não evidencia sua
presença. Podemos saber se ele está se desenvolvendo em nós. E os que estão ao
nosso redor também o saberão (Mateus 12.33)
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