A
OMISSÃO DE PILATOS
Logo no início procurei deixar claro
que o julgamento não existiu; na verdade foi uma farsa. Estou dizendo que o que
se entende por julgamento, que é analisar justa e imparcialmente uma causa e
defendê-la com justiça, transparência e integridade, não aconteceu. É lógico
que como evento histórico ele existiu e a Bíblia atesta isto. Ele também se
repete em nossas vidas num perfeito paralelo espiritual e cada um de nós tem de
decidir o que fazer de Jesus chamado Cristo.
Mas o governador romano não agiu como
deveria, e quero alertá-lo para que não siga seu exemplo e possa decidir bem.
Fora isto, ele tinha quase tudo o que cada tribunal num julgamento tem: o juiz,
o réu, os acusadores, platéia, só não teve quem o defendesse. E o único que
poderia ter feito isto - Pilatos - não fez.
Mas Jesus poderia ter feito sua
própria defesa, e não fez. E hoje o paralelo continua se repetindo. Ele não vai
aparecer para você em nenhum sonho ou visão para tentar convencê-lo de que é
Rei e deve ser seguido. Cristo apenas afirmou a Pilatos que para isto nasceu e
veio ao mundo: para ser rei.
Também disse que seu reino não é daqui
mostrando a natureza espiritual e não física do reino (embora haja claras
promessas na Bíblia de que Jesus virá novamente a este mundo para estabelecer
seu reino numa dimensão física); mas em momento nenhum tentou convencer Pilatos
a nada. Ele não se defendeu naquela ocasião há dois mil anos atrás e não vai
defender-se hoje. No livro do profeta Isaías, no velho Testamento, encontramos
centenas de anos antes da manifestação do Cristo, uma profecia que já mostrava
esta característica em Jesus:
"Ele
foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao
matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a
boca."
Isaías 53:7.
Sua decisão também não contará com a
autodefesa de Cristo. Você deve analisar muito bem esta questão, e decidir prá
valer. Mas decida amigo, decida por você mesmo!
Permita-me mostrar-lhe neste capítulo
que o grande erro de Pilatos foi sua omissão na decisão. Ele deixou que
decidissem por ele e não fez O QUE SÓ ELE DEVERIA FAZER: tomar sua própria
decisão e emitir seu próprio juízo! E é importantíssimo entender o que o levou
a isto para que nós não sejamos igualmente induzidos a transferir a responsabilidade
de julgar e decidir.
Existe um ensino enganoso por aí que
diz que é Deus quem decide quem vai e quem não vai ser salvo, e que nada
podemos fazer a respeito. Isto é distorção da Bíblia, pois Deus nunca escolheu
uma pessoa para salvação e outra para perdição; as Escrituras são claras quando
afirmam que "Deus deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao pleno
conhecimento da verdade" (I Tm.2:5). Quem decide o que fazer com a
salvação que Deus oferece por meio de Jesus, somos nós. E tudo começa com uma
decisão: o que fazer de Jesus chamado Cristo. Foi Jesus mesmo quem ensinou
isto:
"Porque
Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo
o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.".
João 3:16
A expressão "todo o que nele
crê" mostra que é quem crê em Jesus que recebe a vida eterna. E crer no
Senhor Jesus é uma decisão que pertence a cada um.
A NECESSIDADE DE DECISÃO
Há vários textos na Palavra de Deus
que mostram que ao homem é facultado o direito de escolha. É o que chamamos de
auto-determinação ou livre arbítrio.
O Pai celestial não nos criou como se
fôssemos robôs programados para fazer só a sua vontade. Deu-nos o direito de
escolha e, ainda que isto nos pudesse fazer voltar-se contra ele, capacitou-nos
com o poder de escolha e decisão, o que valoriza a atitude de amor e obediência
de nossa parte porque não é imposta.
Desde o início da relação Deus-homem
apresentada na Bíblia, no jardim do Éden, o homem é visto com o direito de
escolha. O Senhor lhe disse o que deveria fazer: lavrar e guardar o jardim
(Gn.2:15); e também a única coisa que não poderia fazer: comer da árvore do
conhecimento do bem e do mal (Gn.2:16,17). E por favor, não diga que era um pé
de maçã, pois não suporto ouvir isto!
A Bíblia diz que era uma árvore
espiritual, com o poder de afetar espiritualmente a vida do homem. Até ser
separado de Deus pelo pecado o homem convivia livremente com as duas dimensões:
o reino natural e o espiritual. Enfim, Deus disse o que não podia e porque não
podia, mas não impediu o homem de desobedecer. Boas escolhas trariam boas
conseqüências, e más escolhas trariam más conseqüências, mas quem tinha que
pesar as coisas e decidir era o homem, e isto nunca foi inibido por Deus.
Um texto que mostra nitidamente que o
Senhor nos faculta a escolha, encontra-se no Pentateuco, uma das primeiras
porções escritas da Bíblia:
"Vê
que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal; se guardares o mandamento
que hoje te ordeno, que ames o SENHOR, teu Deus, andes nos seus caminhos, e
guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, então,
viverás e te multiplicarás, e o SENHOR, teu Deus, te abençoará na terra à qual
passas para possuí-la.
Porém,
se o teu coração se desviar, e não quiseres dar ouvidos, e fores seduzido, e te
inclinares a outros deuses, e os servires, então, hoje, te declaro que,
certamente, perecerás; não permanecerás longo tempo na terra à qual vais,
passando o Jordão, para a possuíres."
Deuteronômio 30:15-18.
Note que o Senhor Deus não apenas diz
que há dois caminhos, mas é justo em advertir quais as conseqüências de cada
caminho. Depois, na continuação da mesma palavra, Ele enfatiza a escolha e
opina qual a escolha correta:
"Os
céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a
morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua
descendência, amando o SENHOR, teu Deus, dando ouvidos à sua voz e apegando-te
a ele; pois disto depende a tua vida e a tua longevidade; para que habites na
terra que o SENHOR, sob juramento, prometeu dar a teus pais, Abraão, Isaque e
Jacó."
Deuteronômio 30:19,20.
Durante a história de Israel (o
primeiro povo a quem Deus se revelou, fazendo uma aliança com os patriarcas da
nação), muitas vezes esse povo misturava suas crenças com as dos outros povos
que não temiam a Deus, e em vez de escolhas, faziam misturas. Ainda hoje isto
acontece muito; em vez de escolherem entre Deus e o pecado, as pessoas tentam
misturar os dois e ficar com um pouco de cada.
Um exemplo vivo disto é o carnaval,
onde depois de vários dias de festa, imoralidade, bebedeira, drogas e tantas
outras coisas nocivas ao ser humano, a religião ainda sustenta que tudo deve
terminar numa quarta-feira de cinzas e "arrependimento"! Planeja-se o
pecado e seu posterior arrependimento antes de tudo acontecer. Isto é uma forma
de não ter que escolher, mas poder misturar as duas coisas... Só que o detalhe
é que Deus não aceita isto. Nunca aceitou e jamais aceitará! Cada vez que isto
aconteceu com o seu povo, o Senhor exigiu uma postura, uma decisão. Quero
mostrar isto em dois textos que refletem esta exigência em duas ocasiões
distintas:
"Agora,
pois, temei ao SENHOR e servi-o com integridade e com fidelidade; deitai fora
os deuses aos quais serviram vossos pais dalém do Eufrates e no Egito e servi
ao SENHOR.
Porém,
se vos parece mal servir ao SENHOR, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos
deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses
dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao
SENHOR."
Josué 24:14,15.
Estas palavras são de Josué, o
sucessor de Moisés e quem fez o povo entrar na terra prometida. Note que ele
usa a palavra "escolhei". As seguintes são de Elias, profeta que
confrontou muito sua geração por seus pecados:
"Então,
Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis entre dois
pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o. Porém o povo nada
lhe respondeu."
I Reis 18:21.
Inicialmente o povo nada respondeu, embora
depois de terem visto uma grande manifestação de Deus tenham se prostrado e
declarado que o Senhor era Deus e não Baal. Mas este silêncio mostra que as
pessoas não somente tem uma tendência às misturas (em vez de escolhas), como
teimam em permanecer nelas! Precisamos aprender a decidir, e decidir bem.
A OMISSÃO DE PILATOS
A grande e principal falha de Pilatos foi não ter
usado seu direito e também dever de decisão. Ele não culpou nem absolveu
Cristo, deixou o povo fazer isto.
Mencionamos a pressão política na qual
ele se encontrava. Os judeus o pressionaram publicamente com estas palavras:
"Se soltares a este, não és amigo de César; todo aquele que se faz rei é
contra César" (Jo.19:12). Mas não era apenas o temor de se indispor com Roma,
mas também o de perder a influência sobre os judeus; ele precisava agradar,
manter sua popularidade e um confronto e desgaste tinha que ter uma razão muito
séria, o que ele não via no julgamento de Jesus. Além disto havia o lado
pessoal; inocentar Jesus publicamente implicava em parecer-se com um seguidor
dele; implicava em estar admitindo que Jesus era rei, e isto lhe custaria caro,
não só politicamente como também para seu próprio orgulho.
No meio de toda esta pressão,
parecia-lhe mais sábio não decidir. Mas uma decisão tinha que ser tomada,
afinal de contas era um julgamento! Que fazer, então? E aí que ele toma a
atitude de decidir sem ter que decidir. Ou seja, apenas administrar a decisão
coletiva, transferindo a responsabilidade ao povo e deixando que eles conduzissem
a situação.
O governador queria fazer isto sem
parecer que estava fazendo. Ele sabia que o povo estava contra Cristo, e não o
entregou assim abertamente aos acusadores. Pilatos tentou uma saída mais
clássica, soltar Jesus sem parecer que o soltava por achá-lo inocente. Era
comum perdoar e soltar um preso (culpado e julgado como tal) na páscoa, uma
data religiosa no calendário judeu. Então, em vez de defender a inocência de
Jesus, o que não seria aceito pelos judeus, ele propõe soltar Jesus como se
fosse um preso sendo perdoado.
Com isto ele estaria condenando Jesus
e ao mesmo tempo aplacava sua consciência ao soltá-lo. Só que Pilatos não
queria fazer isto tendo a decisão sobre si. Ele faz o povo escolher entre o que
lhe parecia ruim e o pior. O ruim era ter Jesus tão perto da prisão e vê-lo
solto, mas aos olhos de Pilatos, o que ele lhes propõe em seguida parecia ser
pior: soltar Barrabás, um preso notório da época condenado à pena de morte por
sedição e homicídio.
O governador achou que o povo morderia
a isca, e preferiria soltar Jesus em vez de Barrabás, mas não deu certo! O povo
escolheu o homicida e pediu a morte de Jesus. Pilatos tentou contra-
argumentar, mas somente tentando mudar a opinião da multidão, sem tomar sua
própria decisão. Foi em vão. Vendo que não conseguia manipular o povo,
entregou-se à vontade da maioria e condenou Jesus, fazendo um teatro para sua
própria consciência – lavar as mãos e dizer com isto: eu sou inocente e vocês
culpados. Mas o que ele não parecia perceber era que sua omissão significava
CUMPLICIDADE; ou seja, o governador lavou as mãos, mas elas permaneceram sujas
com sangue inocente.
O grande erro de Pilatos foi não
decidir. Ele deixou que os outros fizessem isto por ele. Deus espera que você
decida, mas não pense que você está assim tão distante de sofrer a pressão que
sofreu o governador romano, só pelo fato de não ser um político. O problema de
Pilatos não era a política, mas um sentimento que vive na carne de todo ser
humano, e que eu chamo de transferência de responsabilidade. A humanidade é
assim desde o princípio. A Bíblia relata que desde que o primeiro casal pecou
já passou a existir este comportamento:
"Quando
ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia,
esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as
árvores do jardim.
E
chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi
a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi.
Perguntou-lhe
Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que
não comesses?
Então,
disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu
comi.
Disse
o SENHOR Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente
me enganou, e eu comi."
Gênesis 3:8-13.
Observe que quando Deus pergunta a
Adão o que ele fez, não há uma admissão de culpa, mas uma transferência de
responsabilidade. Ele diz: "A mulher que o Senhor me deu foi quem me deu
de comer". Com isto ele está praticamente dizendo duas coisas: 1) Se o
Senhor não tivesse me arrumado a mulher, nada teria acontecido; 2) Se alguém
tem que ser punido não sou eu, é ela. Com isto ele transferiu parte da culpa
(de modo indireto) a Deus e o resto à sua esposa. E ela, por sua vez, ao ser
questionada, também nada admitiu, mas transferiu a responsabilidade para a
serpente: "A serpente me enganou, e eu comi"; com isto ela estava
dizendo que errou não porque quis, mas porque foi enganada e pressionada a
isto.
Todo ser humano sofre disto e ainda
tem que lutar com sua necessidade de aceitação, porque é um ser social e não
consegue viver isolado, o que leva a ceder muitas vezes à pressão da maioria.
Pilatos ouviu dois tipos de vozes: a advertência divina que veio pelo sonho de
sua esposa e a voz do povo, da maioria.
A primeira voz, a advertência divina,
veio sem pressão e sem cobrança, apenas como um aviso, como um conselho. É
assim que Deus muitas vezes tem falado ao seu coração de muitas maneiras. Pode
ser por uma pregação, pelo testemunho de alguém que já tem se decidido quanto
ao senhorio de Jesus, pode ser por leituras bíblicas, e creio que nesta hora
Ele está usando esta literatura como um canal para que a advertência divina
chegue ao seu coração... São muitos os meios e maneiras que Deus usa, mas o
fato é que Ele continuamente está enviando sua advertência a cada um de nós:
"Veja bem o que você vai decidir; decida bem".
A segunda voz que o governador ouviu,
a voz da maioria, também chega a nós constantemente; mas, diferente da advertência
divina, ela vem fazendo pressão, vem com cobranças e até com deboches: "Se
o soltares não és amigo de César... você está reconhecendo-o como rei?"
Esta voz se manifesta todos os dias, nas casas, lugares de trabalho, salas de
aula, entre os amigos, em todo lugar! Cada vez que alguém tentar ouvir a
advertência divina, ela estará lá dando contra. Ela não dá sossego a ninguém e
confronta continuamente. A mentalidade da maioria das pessoas está contra o
verdadeiro evangelho. Até aceitam um pouco de religião, mas ao evangelho em sua
essência e pureza, com seu alto nível de compromisso chamam de fanatismo,
exagero, e coisas assim. Cristo nos advertiu que seria assim:
"Se
o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim. Se
vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do
mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia."
João 15:18,19.
Pôncio Pilatos fraquejou e não teve
coragem de encarar a maioria. E se você decidir corretamente e aceitar o
senhorio de Cristo, estará nadando contra a correnteza, estará andando na
contra-mão do sistema. Terá de enfrentar a oposição de muita gente, e isto não
acontece quando alguém se emociona com Jesus, mas quando se DECIDE por Ele. A
decisão é algo racional e envolve fé e determinação; precisa de perseverança
para não se ficar no meio do caminho. Mas temos uma promessa: "Aquele,
porém, que perseverar até o fim, esse será salvo." (Mt.24:14).
Muita gente deixa de decidir e acaba
permitindo que outros decidam por elas. Querem seguir a Cristo, mas não sabem
lidar com a zombaria dos amigos que vão intitulá-lo como "careta" e
"crente". Não conseguem encarar a pressão e cobrança dos familiares
por ferir a tradição. Mesmo que a maioria nem pratique o que herdou dos
ancestrais vivem dizendo: "Eu nasci assim e vou morrer assim". E se
alguém levar muito a sério a fé em Jesus vai parecer fora do normal!
Mas você não pode se espelhar em
Pilatos, tem que fazer a diferença, tem que confrontar se for necessário, mas
tem que decidir. Quase ninguém rejeita Cristo porque pondera a respeito e acha
de fato melhor ficar sem ele; a verdade é que quem não se submete ao senhorio
de Cristo está deixando os outros decidirem em seu lugar; a pessoa pode até
estar querendo, mas não tem coragem de se decidir por Jesus!
Não vá no embalo da maioria, tome sua
própria decisão e deixe que os outros tomem as deles. E não se esqueça: no que
diz respeito à salvação de sua alma eterna, a omissão é seu pior inimigo. Foi o
de Pilatos e será o seu.
Podemos
cair no engano de pensar que a omissão é mais amena do que ir contra, mas é a
mesma coisa; é cumplicidade. E o Senhor Jesus posicionou-se acerca disto,
ensinando um princípio para o qual devemos atentar:
"Quem
não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha."
Mateus 12:30.
Se você não se posiciona decidindo-se
por Jesus, ainda que esteja apenas deixando que outros escolham em seu lugar,
você está em falta. Se não está defendendo ao Senhor Jesus como rei que é,
então você está contra. Se não está ajuntando, então está espalhando. E se você
acha radical, eu concordo, mas é assim, e quem decidiu que fosse assim foi o
próprio Cristo. Se alguém tentar amenizar esta mensagem estará indo contra
Cristo e a autoridade de sua Palavra. Não há desculpas, não há justificativas,
temos que decidir o que fazer de Jesus chamado Cristo. E uma vez tomada a
decisão, sustentá-la.
Já nos dias de Jesus havia aqueles que
criam nele mas não tinham coragem de enfrentar a maioria para não perderem sua
aceitação no meio dos judeus. A psicologia de grupo falava mais alto do que a
fé do coração:
"Contudo,
muitos dentre as próprias autoridades creram nele, mas, por causa dos fariseus,
não o confessavam, para não serem expulsos da sinagoga; porque amaram mais a
glória dos homens do que a glória de Deus."
João 12:42,43.
Não me admira que isto tenha ocorrido
entre as autoridades! O orgulho sempre leva o homem a esforçar-se para parecer
o que não é. Quanta pose, quanto fingimento, quanta falsidade! Que falta de
caráter, de identidade! Crer e fingir que não se crê a fim de não perder
privilégios. Deus não aceita isto. Jesus disse que se alguém não quiser
experimentar AS RENÚNCIAS, não pode ser seu discípulo.
Omissão – este foi o erro de Pilatos.
Ele tinha uma decisão pessoal no coração, mas não teve coragem de sustentá-la.
O mesmo ocorreu com estas autoridades em Israel. Criam em Jesus mas não tinham
coragem de sustentar sua fé para não sofrer perda de privilégios.
Precisamos aprender não com estes, mas
com os que fizeram as escolhas certas, ainda que custosas, como Moisés, por
exemplo:
"Pela
fé, Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó,
preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres
transitórios do pecado; porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores
riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão.
Pela
fé, ele abandonou o Egito, não ficando amedrontado com a cólera do rei; antes,
permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível."
Hebreus 11:24-27.
Este homem de Deus trocou o palácio em
que crescera e fora educado, para estar entre os escravos de seu povo. Depois
abandonou o Egito, passando anos no deserto. E sabe por que Ele fez estas
trocas? O texto diz que foi porque contemplava o galardão. Há uma recompensa
para todo o que crê e sustenta sua fé, e é isto que tornava para Moisés a
vergonha de Cristo (da perseguição por causa da fé) mais valiosa que os
prazeres do palácio. A Bíblia ainda diz que ele ficou firme "como quem vê
o invisível". Ninguém via o que ele via, mas ele não se importava e nem
ligava para o que os outros achavam ou deixavam de achar; o que interessava é
que ele sabia o que tinha escolhido. Isto é decisão e não omissão!
Pilatos figura a omissão que se deriva
da falta de conhecimento e Moisés figura a decisão firme daquele que decide
conhecendo o motivo e a recompensa de sua decisão. O conselho divino é que nos
espelhemos na atitude de Moisés e procedamos de igual maneira.
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