O MAIOR JULGAMENTO DA HISTÓRIA – PARTE 01
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Recordo-me claramente de uma das aulas
de direito que tive em meu colegial. O professor declarou que o julgamento de
Jesus diante de Pilatos foi muito debatido em seus dias de faculdade, por ter
sido considerado"o maior julgamento da História". Até hoje não sei
porquê, mas aquela afirmação marcou-me. Não sei qual o motivo dela ter me
tocado tanto, mas tocou e nunca me esqueci do que ouvi.
Contudo, descobri anos depois,
repassando os detalhes bíblicos, que o julgamento não existiu; foi uma farsa.
Pilatos estava lá como Governador da Judéia e tinha toda autoridade que o
Império romano lhe delegara como tal, mas não julgou nada. Apenas transferiu a
responsabilidade que lhe cabia como juiz sobre os judeus, e os deixou decidir o
que seria feito de Jesus. Ele não foi justo, não foi ético, não foi nada!
Sua omissão denigre de tal maneira o
episódio, que não lhe deixa nenhuma razão para ser intitulado o maior
julgamento da História, exceto pelo fato de que o réu foi a pessoa mais
importante da História. O que faz especial este julgamento não é o fato dele
ter ou não ocorrido como deveria e nem tampouco a justiça ou não do veredicto
final, mas a grandeza do acusado. E mais: o paralelo que há entre a decisão de
Pilatos do que fazer de Jesus chamado Cristo, e a decisão que cada um de nós
tem que tomar hoje em relação ao mesmo Jesus.
Permita-me convidá-lo a ler com
atenção a transcrição da narrativa bíblica do evangelista Mateus, de como foi o
tribunal nesta ocasião:
"Jesus
estava em pé ante o governador; e este o interrogou, dizendo: És tu o rei dos
judeus? Respondeu-lhe Jesus: Tu o dizes. E, sendo acusado pelos principais
sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu. Então, lhe perguntou Pilatos: Não
ouves quantas acusações te fazem? Jesus não respondeu nem uma palavra, vindo
com isto a admirar-se grandemente o governador.
Ora,
por ocasião da festa, costumava o governador soltar ao povo um dos presos,
conforme eles quisessem.
Naquela
ocasião, tinham eles um preso muito conhecido, chamado Barrabás. Estando, pois,
o povo reunido, perguntou-lhes Pilatos: A quem quereis que eu vos solte, a
Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo? Porque sabia que, por inveja, o tinham
entregado.
E,
estando ele no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas com esse
justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito.
Mas
os principais sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo a que pedisse Barrabás
e fizesse morrer Jesus.
De
novo, perguntou-lhes o governador: Qual dos dois quereis que eu vos solte?
Responderam eles: Barrabás! Replicou-lhes Pilatos: Que farei, então, de Jesus,
chamado Cristo? Seja crucificado! Responderam todos. Que mal fez ele? Perguntou
Pilatos. Porém cada vez clamavam mais: Seja crucificado!
Vendo
Pilatos que nada conseguia, antes, pelo contrário, aumentava o tumulto,
mandando vir água, lavou as mãos perante o povo, dizendo: Estou inocente do
sangue deste [justo]; fique o caso convosco!
E
o povo todo respondeu: Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!
Então,
Pilatos lhes soltou Barrabás; e, após haver açoitado a Jesus, entregou-o para
ser crucificado.
Logo
a seguir, os soldados do governador, levando Jesus para o pretório, reuniram em
torno dele toda a coorte. Despojando-o das vestes, cobriram-no com um manto
escarlate; tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e, na mão
direita, um caniço; e, ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo:
Salve, rei dos judeus! E, cuspindo nele, tomaram o caniço e davam-lhe com ele
na cabeça.
Depois
de o terem escarnecido, despiram-lhe o manto e o vestiram com as suas próprias
vestes. Em seguida, o levaram para ser crucificado."
Mateus 27:11-32.
A responsabilidade que estava sobre os
ombros de Pilatos não era pequena; imagine você no lugar dele, tendo que decidir
o que seria feito de Jesus!
TROCANDO DE LUGAR COM
PILATOS
Coloque-se no lugar dele nesta hora e
tente imaginar você tendo que decidir o que fazer de Cristo. Por um lado você
sabe que está lidando com alguém sem igual, cujos milagres e ensino arrebanhava
as multidões, e dele se dizia ser o Filho de Deus. De outro, você tem uma
multidão alvoroçada por seus líderes que exige a morte dele. A acusação contra
Jesus, de que ele era o Rei dos judeus, não apenas confrontava a autoridade de
Herodes, rei dos judeus, e a de Pilatos, Governador da Judéia, como também
poderia trazer problemas quanto à autoridade do próprio César e gerar problemas
dentro da estrutura de governo de Roma.
Só que Pilatos sabia que o homem era
inocente, e que o entregaram por inveja. Mas por outro lado, para que comprar
briga com a multidão que ele, como político, deveria agradar em vez de
contrariar, se isto somente colocaria sua cabeça a prêmio? Mas o juiz não quer
ser injusto, principalmente porque tem que lidar não somente com sua
consciência, como também com o aviso que sua mulher lhe mandara de não se
envolver na questão de tal justo...
Desde a primeira vez em que,
mentalmente, troquei de lugar com Pilatos, assombrei-me com o peso da sua
responsabilidade. Não se tratava apenas de decidir o futuro de um homem, mas o
mundo todo seria afetado diretamente pelo resultado daquele tribunal; não só na
dimensão natural, mas principalmente na espiritual. A grandeza do que ocorria
ali era tamanha que as preocupações políticas e religiosas dos judeus e romanos
tornavam-se insignificantes.
Você gostaria de estar ali, no lugar
deste governador?
Quando nos transportamos para o que
realmente era a situação, creio que ninguém gostaria de trocar de lugar com
Pilatos, exceto talvez pelo fato de que iríamos querer defender Jesus pela luz
e conhecimento que hoje possuímos.
Mas o que tenho aprendido com as
Sagradas Escrituras é que cada um de nós terá de enfrentar o papel exercido por
Pilatos. Não num tribunal romano, mas onde vivemos. Não diante dos judeus, mas
dos nossos familiares e amigos. Não fisicamente, mas espiritualmente. Pois o
tribunal se repete nos dias de hoje e na vida de cada um de nós.
O JULGAMENTO SE REPETE
Permita-me provar-lhe pela Bíblia que
eventos da história podem voltar a ocorrer hoje. Logicamente, não se trata de
um círculo natural de repetição, mas espiritual. Por exemplo, a crucificação de
Jesus é um evento histórico que data quase dois milênios; é algo inegavelmente
passado, mas que pode se repetir espiritualmente na vida daqueles que agem à
semelhança dos que um dia o crucificaram. Veja o que diz a Palavra de Deus:
"É
impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom
celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa
palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível
outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão
crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia."
Hebreus 6:4-6.
Observe a frase: "visto que, de
novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à
ignomínia". Não quero fazer nenhuma análise teológica do texto, apenas
mostrar que é possível repetir, hoje, a crucificação de Cristo. E se é possível
crucificá-lo novamente, então também é possível repetir o mesmo tribunal que o
condenou à cruz!
Quando a Bíblia fala sobre crucificar
Jesus de novo, ela está falando em figura da repetição da rejeição que os
judeus tiveram para com ele. E está também nos mostrando que esta rejeição
começou diante de Pilatos com uma decisão e um julgamento. E este julgamento,
por sua vez, também se repete em nossos dias e nas nossas vidas a partir do
momento que exercemos o direito de escolha que Deus nos concedeu, também
chamado de livre arbítrio ou autodeterminação, para tomarmos nossa decisão
pessoal sobre Cristo.
Pode ser que como eu, você nunca quis
estar no lugar de Pôncio Pilatos, mas preciso comunicar-lhe que você tem que
tomar a mesma decisão. O julgamento está se repetindo em sua vida, e agora é a
sua vez de decidir o que fazer de Jesus, chamado Cristo.
Há um perfeito paralelo entre o que
aconteceu naquele dia em Jerusalém e o que acontece atualmente, não importa
onde estejamos. Este paralelo não é só o da decisão propriamente dita, mas de todo
o "pacote", por assim dizer. Pois o que experimentamos hoje são os
mesmos medos, temores e receios que Pilatos também experimentou. Nesta hora de
decisão provamos da mesma pressão que o governador da Judéia provou, seja por
parte do conceito do povo, dos religiosos, ou mesmo dos demais governantes.
Portanto, convido você a examinar
comigo os detalhes deste julgamento; sejam aqueles que estão mais ligados ao
juiz, ou aqueles que o pressionam no momento de decidir. Não há como
separá-los. Cada um é parte de um cenário que se repete, não importa se tem a
ver com a pessoa que julga ou com o que ocorre à sua volta. Estes detalhes são
contemporâneos; não são apenas parte de uma história envelhecida por cerca de
vinte séculos. Ao examiná-los você conferirá o quanto são atuais!
POR QUE Jesus FOI
JULGADO? -
De nada adianta enfatizarmos que o
tribunal onde Cristo foi julgado volta a repetir-se hoje, se não compreendermos
cada detalhe do que ocorreu ali. Sem estas informações, podemos partir de conceitos
errados e julgar mal; mas com elas, nossa visão se ampliará e a possibilidade
de repetirmos o erro do governador diminuirá.
A pergunta mais importante que
deveríamos nos fazer como ponto de partida, é: "Por que Jesus foi
julgado?" Qual a verdadeira razão dele ter sido levado a juízo?
Da boca do próprio Pilatos encontramos
a resposta. Basta observar a tentativa de interrogar Jesus: "Jesus estava
em pé ante o governador; e este o interrogou, dizendo: És tu o rei dos judeus?
Respondeu-lhe Jesus: Tu o dizes." (Mt.27:11).
A acusação contra o Mestre era a de
que Ele era o Rei dos judeus, o que também se percebe claramente quando vemos o
relato da crucificação:
"Por
cima da sua cabeça puseram escrita a sua acusação: ESTE É JESUS, O REI DOS
JUDEUS."
Mateus 27:37.
E quero ainda chamar sua atenção para
um outro texto, mais rico em detalhes, e registrado pelo apóstolo João, que
demonstra o quanto Pilatos fez questão de deixar claro qual era o motivo da
acusação terminada em morte (ou execução) contra Jesus Cristo:
"Pilatos
escreveu também um título e o colocou no cimo da cruz; o que estava escrito
era: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS. Muitos judeus leram este título, porque
o lugar em que Jesus fora crucificado era perto da cidade; e estava escrito em
hebraico, latim e grego. Os principais sacerdotes diziam a Pilatos: Não
escrevas: Rei dos judeus, e sim que ele disse: Sou o rei dos judeus. Respondeu
Pilatos: O que escrevi, escrevi."
João 19:19-22.
Todo o julgamento de Jesus tinha a ver
com o fato de ele ser ou não Rei. Há detalhes na narrativa do evangelho segundo
João, que Mateus não forneceu, mas eles se complementam. Creio que é
importantíssimo analisá-los:
"Depois,
levaram Jesus da casa de Caifás para o pretório. Era cedo de manhã. Eles não
entraram no pretório para não se contaminarem, mas poderem comer a Páscoa.
Então,
Pilatos saiu para lhes falar e lhes disse: Que acusação trazeis contra este
homem? Responderam-lhe: Se este não fosse malfeitor, não to entregaríamos.
Replicou-lhes,
pois, Pilatos: Tomai-o vós outros e julgai-o segundo a vossa lei.
Responderam-lhe os judeus: A nós não nos é lícito matar ninguém; para que se
cumprisse a palavra de Jesus, significando o modo por que havia de morrer.
Tornou
Pilatos a entrar no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos
judeus?"
João 18:28-33.
Até aqui percebemos que o caso só foi
levado para ser julgado por Pilatos no Pretório porque a intenção dos judeus
era a morte de Jesus, e caso o julgassem segundo suas próprias leis isto de
maneira alguma aconteceria. E o próprio governador compreendeu que a grande
polêmica estava na questão de Jesus ser visto como rei. Mesmo quando o termo
"rei" não era usado claramente, ele era inferido, pois o termo grego
"Cristo" é equivalente ao termo hebraico "Messias", e ambos
significam "Ungido", que por sua vez era uma alusão profética das
Escrituras ao descendente de Davi que viria para reinar com poder e justiça e
estabelecer a paz. Esta era a acusação contra Jesus, e Pilatos tentou conversar
sobre isto:
"Tornou
Pilatos a entrar no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos
judeus? Respondeu Jesus: Vem de ti mesmo esta pergunta ou to disseram outros a
meu respeito? Replicou Pilatos: Porventura, sou judeu? A tua própria gente e os
principais sacerdotes é que te entregaram a mim. Que fizeste?
Respondeu
Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus
ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus;
mas agora o meu reino não é daqui.
Então,
lhe disse Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que sou rei. Eu
para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade.
Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.
Perguntou-lhe
Pilatos: Que é a verdade? Tendo dito isto, voltou aos judeus e lhes disse: Eu
não acho nele crime algum."
João 18:33-38.
Ao ser indagado por Pilatos se era ou
não rei, Jesus lhe faz uma pergunta direta: "Você me pergunta isto por ser
sua opinião, ou somente por causa do que lhe disseram?" E isto deve nos
fazer lembrar que nossa decisão pessoal sobre o que fazer de Jesus, chamado
Cristo deve ser com base na nossa própria opinião e não na dos outros!
O Senhor Jesus também deixou claro em
seu diálogo com Pilatos, que não apenas era chamado rei, mas que nascera e
viera ao mundo para isto! Esta era sua missão celestial, estabelecer o Reino de
Deus, e ele revela a amplitude do seu reinado quando diz: "meu reino não é
deste mundo". Ou em outras palavras, ele dizia: "Enquanto vocês se
preocupam comigo se vou assumir ou não um reinado físico, quero que saibam que
meu reino é espiritual".
Ao dizer que seu reino era de outro
mundo, Jesus enfatizou a dimensão espiritual do Reino de Deus. Mais do que
governar uma nação ou reino físico, Deus está interessado nos nossos corações!
Por isso, Cristo já vinha ensinando os seus discípulos e até opositores que não
criassem uma expectativa da expressão meramente física do Reino de Deus, pois
antes de mais nada o que o Pai Celestial queria atingir era o íntimo dos
homens:
"Interrogado
pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não
vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está!
Porque o reino de Deus está dentro de vós."
Lucas
17:20,21.
Então, na conversa com Pilatos, fica
esclarecido que Jesus realmente havia vindo ao mundo para reinar, mas que como
o reino que ele estava estabelecendo era numa outra dimensão - a espiritual -
nada daquilo, nem mesmo a morte poderia atrapalhar o plano divino. E Jesus ainda
afirma que se quisesse, colocava os anjos todos para fazerem guerra e
defendê-lo, mas que isto não era preciso. Vamos continuar analisando o texto.
Pilatos oferece um preso para ser solto:
"É
costume entre vós que eu vos solte alguém por ocasião da Páscoa; quereis, pois,
que vos solte o rei dos judeus?
Então,
gritaram todos, novamente: Não este, mas Barrabás! Ora, Barrabás era
salteador."
João 18:39,40.
O julgamento de Jesus não existiu, o
que ocorreu lá foi politicagem, injustiça e abuso de poder. E violência, muita
violência:
"Então,
por isso, Pilatos tomou a Jesus e mandou açoitá-lo.
Os
soldados, tendo tecido uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e
vestiram-no com um manto de púrpura.
Chegavam-se
a ele e diziam: Salve, rei dos judeus! E davam-lhe bofetadas.
Outra
vez saiu Pilatos e lhes disse: Eis que eu vo-lo apresento, para que saibais que
eu não acho nele crime algum.
Saiu,
pois, Jesus trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Disse-lhes
Pilatos: Eis o homem!"
João 19:1-5.
Não apenas espancaram e machucaram
Jesus, mas o humilharam publicamente com cuspidas e escárnios; e debocharam
dele vestindo-o como rei, com um manto escarlate e uma coroa, mas não a coroa
da qual ele era digno; foi uma zombaria de coroa, feita com espinhos que lhe
perfuravam a testa e a cabeça. Açoitaram-no também. Mas nenhuma tortura ou mal
que lhe fizeram roubaram seu amor, doçura, mansidão e dignidade! E sua
inocência continou transparecendo, bem como o fato de ele ali estar se devia às
"acusações" de ser ele rei.
E um novo diálogo aconteceu. Nele o
governador tentou intimidar Jesus reconhecendo que em suas mãos (que ele lavou
depois) estava o poder de soltá-lo ou matá-lo; mas Cristo demonstrou que estava
seguro e confiante nos desígnios divinos, e que a autoridade e reinado de Deus
estava muito acima do reinado humano, que por sua vez está em submissão ao
primeiro, mesmo que nem saiba! Acompanhe a narrativa:
"Ao
verem-no, os principais sacerdotes e os seus guardas gritaram: Crucifica-o!
Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós outros e crucificai-o; porque eu
não acho nele crime algum.
Responderam-lhe
os judeus: Temos uma lei, e, de conformidade com a lei, ele deve morrer, porque
a si mesmo se fez Filho de Deus.
Pilatos,
ouvindo tal declaração, ainda mais atemorizado ficou, e, tornando a entrar no
pretório, perguntou a Jesus: Donde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta.
Então, Pilatos o advertiu: Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade
para te soltar e autoridade para te crucificar?
Respondeu
Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada; por
isso, quem me entregou a ti maior pecado tem."
João 19:6-11.
E então João encerra sua descrição do
evento comprovando não somente a preocupação de Pôncio Pilatos com a repercussão
política do assunto, como também que toda acusação e argumentação ocorrida no
pretório girava em torno de uma só questão: se Jesus era ou não rei:
"A
partir deste momento, Pilatos procurava soltá-lo, mas os judeus clamavam: Se
soltas a este, não és amigo de César! Todo aquele que se faz rei é contra
César!
Ouvindo
Pilatos estas palavras, trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no
lugar chamado Pavimento, no hebraico Gabatá.
E
era a parasceve pascal, cerca da hora sexta; e disse aos judeus: Eis aqui o
vosso rei. Eles, porém, clamavam: Fora! Fora! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos:
Hei de crucificar o vosso rei? Responderam os principais sacerdotes: Não temos
rei, senão César!
Então,
Pilatos o entregou para ser crucificado."
João 19:12-16.
E O NOSSO JULGAMENTO?
Diante de todos, naquele pretório,
Pilatos teve que decidir o que fazer de Jesus chamado Cristo. Se o reconheceria
como rei ou se o rejeitaria, mandando-o assim para a cruz. E infelizmente ele
decidiu mal.
Mas
a história se repete num verdadeiro paralelo espiritual. E agora é sua vez de
decidir o que fazer de Jesus chamado Cristo. Mas lembre-se, o que está em
questão é se Jesus é ou não rei. Não perca isto de vista e não julgue por
outras razões.
Há muita gente que se simpatiza com
Jesus. O próprio Pilatos ficou impressionado com Jesus; ele não se defendeu de
seus acusadores, não abriu sua boca, antes permaneceu como ovelha muda em toda
tortura que recebeu. Todo o seu histórico atestado pelo povo, era somente de
amor e caridade, e some-se a isto os milagres e prodígios que Ele realizou.
Pilatos viu sua inocência e justiça e balançou diante do Senhor Jesus. Mas
admiração não basta!
Muita gente hoje acha Jesus uma pessoa
maravilhosa, acham seus ensinos lindos, seus milagres mais ainda; dizem crer
nele e tudo o mais, mas quando olhamos para as suas vidas, percebemos que
Cristo pode ser tudo para elas, menos rei! E ao não aceitá-lo como rei, estão
rejeitando a razão de sua vinda à terra, pois ele mesmo disse que nasceu e veio
a este mundo para ser rei. Se você não aceita que Jesus é rei, pode até
admirá-lo, mas será uma admiração assassina, como a do governador da Judéia,
que mesmo admirando-o, mandou-o para a cruz. Será uma fé incompleta que o
crucificará de novo.
Quando a Bíblia fala de reino, está
falando de governo, de senhorio. Está dizendo que Jesus deve controlar nossas
vidas, que Ele terá autoridade completa e soberana sobre nossa vida.
COMPREENDENDO O SENHORIO
Um termo muito usado nas Escrituras é
"senhor". Fala do amo que governava seu escravo. Senhor era aquela
pessoa que tinha um servo obediente, e podia também ser vista como
"dono". Portanto, cada vez que a Palavra de Deus usa estes termos,
mostra uma relação de completa submissão ao Senhor Jesus Cristo.
Quando olhamos para o ensino da
salvação, vemos uma coisa vinculada à outra; é necessário compreender e
submeter-se ao senhorio de Jesus:
"Se,
com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que
Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
Porque
com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da
salvação.
Porquanto
a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será confundido.
Pois
não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos,
rico para com todos os que o invocam.
Porque: Todo aquele que invocar o nome
do Senhor será salvo." Romanos 10:9-13.
O que lemos neste texto? Que o coração
tem que crer em Jesus; mas note que não é um tipo de fé genérica, que crê que
Ele existe e só; é um tipo de fé bem específica que crê em Jesus como SENHOR.
Depois a Bíblia enfatiza que Deus é SENHOR de todos os que o invocam, e termina
dizendo que quem invocar o nome do SENHOR será salvo. Não há salvação para alma
alguma que não reconheça a Jesus como Senhor. Não interessa se ela simpatiza
com Jesus, se vai à igreja, se é religiosa, se faz boas obras; nada disto tem
valor quando Jesus não é reconhecido como Senhor!
Se em seu julgamento você decidir que
ele é de fato rei e abrir seu coração para servi-lo e seguí-lo fielmente, você
será salvo, Mas se o rejeitar e mandá-lo de novo para a cruz... não há
salvação. Portanto cuidado. Sua decisão é séria demais.
Existe uma diferença muito grande
entre começar a seguir Jesus e segui-lo até o fim. Há os que começam a edificar
sua vida cristã e tentam viver de uma forma correta mas depois não agüentam as
pressões e acabam sucumbindo e desmoronando na fé. O que os diferencia daqueles
outros que permanecem inabaláveis, aconteça o que acontecer? É exatamente a
forma como edificaram suas vidas, se estavam ou não baseados no SENHORIO de
Cristo. Jesus ensinou sobre isto:
"Por
que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?
Todo
aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei
a quem é semelhante.
É
semelhante a um homem que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda vala e
lançou o alicerce sobre a rocha; e, vindo a enchente, arrojou-se o rio contra
aquela casa e não a pôde abalar, por ter sido bem construída.
Mas
o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sobre a
terra sem alicerces, e, arrojando-se o rio contra ela, logo desabou; e
aconteceu que foi grande a ruína daquela casa."
Lucas 6:46-49.
As palavras de Jesus foram diretas.
Não adianta chamá-lo de Senhor e não fazer o que Ele manda. Tê-lo como Senhor é
obedecê-lo. Tem muita gente por aí dizendo que crê em Cristo, e não obedece sua
Palavra, não faz nada do que Ele manda através da Bíblia. A ordem que Jesus deu
aos apóstolos na ocasião em que foi assunto aos céus foi de fazer discípulos de
todas as nações e ensinar-lhes a guardar todas as coisas que Ele havia ensinado
(Mt.28:19).
Discípulo é aquele aprendiz que
obedece seu senhor, que guarda e pratica seus ensinos. Seguir a Cristo é estar
totalmente comprometido com Ele e sua Palavra. Não é ter uma fé nominal apenas.
Não é dizer que é um cristão não-praticante como tanta gente diz nestes dias;
ou você é praticante ou não é cristão! Quem constrói sua casa espiritual sem
ser praticante, vai vê-la desabar quando vierem as tempestades da vida. Mas
aquele que é obediente e comprometido em praticar a Palavra de Deus e vive
verdadeiramente sob o senhorio de Jesus Cristo, este ficará firme e inabalável
na hora da adversidade.
Isto é um fato: Jesus não só não
reconhece como discípulo aquele que não pratica seus ensinos, como ainda
declarou que se a pessoa insistir em parecer ser discípulo, sem contudo ter o
vínculo da obediência, ela não agüentará ir além das tempestades e oposições
que virão contra sua fé. O que nos faz verdadeiramente discípulos é a submissão
ao SENHORIO de Cristo. É reconhecê-lo como Senhor, Amo, Dono, Governante de
nossas vidas. E isto é um compromisso de alto nível!
ALTO NÍVEL DE
COMPROMISSO
Pilatos não aceitou Jesus como Rei; se
o tivesse feito, teria que submeter-se a um compromisso de alto nível, e ele,
como governante que era, sabia muito bem disto. Mas se você que quer a vida
eterna e a salvação que vem por meio de Jesus, optar pelo único meio que o
levará a isto, que é reconhecê-lo como Senhor, então terá que submeter-se a um
compromisso de alto nível. Ele ensinou sobre isto:
"Grandes
multidões o acompanhavam, e ele, voltando-se, lhes disse: Se alguém vem a mim e
não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a
sua própria vida, não pode ser meu discípulo.
E
qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu
discípulo."
Lucas 14:25-27.
Deus exige que o coloquemos em
primeiro lugar, antes mesmo dos relacionamentos de maior vínculo como é o caso
de nossos familiares. Jesus não disse haver a possibilidade de dois tipos de
discípulo: um comprometido e outro não. De jeito nenhum! Ele afirmou
taxativamente que ou a pessoa assume o alto nível de compromisso renunciando
até a si mesma, ou NÃO PODE ser discípulo! Esta é uma declaração forte: não
poder ser discípulo. Ou a pessoa veste a camisa e submete-se mesmo ao senhorio
de Jesus, ou não será aceita. E não é uma questão de ser ou não aceita por um
grupo ou igreja; não se trata de aceitação humana, mas divina. É Jesus quem não
aceita!
E sabe porque o Mestre disse isto? O
texto bíblico começa dizendo que as multidões o seguiam. E Jesus sabia que eles
não estavam entendendo o que era segui-lo. Enquanto Ele estava operando
milagres, curando os enfermos, libertando os oprimidos, o povo estava lá; mas o
evangelho não é apenas isto. Não é só bênçãos e milagres; não é apenas a
provisão de necessidades, mas há o lado da submissão ao senhorio de Jesus!
Não importa quais sejam as
circunstâncias, boas ou ruins; não importa qual seja o clima, se faz sol ou
chuva, frio ou calor, dia normal ou de eclipse, temos que seguir sempre a
Jesus. Muita gente o abandona na primeira dificuldade. Outros seguem-no desde
que isto não lhes crie problemas. Mas o que o Senhor espera de nós é entrega
total; é alto nível de compromisso. É colocá-lo acima de nós mesmos e de nossos
familiares.
A cruz era um símbolo de morte
naqueles dias, pois era onde o império romano executava muitos condenados.
Tomar a cruz, nas palavras de Jesus, significava decidir morrer; significava
voluntariamente entregar-se à morte. É claro que não se trata de morte física,
mas de morrer para si mesmo, para os sonhos, desejos e vontades pessoais, se
necessário.
Antes de seguirmos a Cristo precisamos
entender claramente o que é isto. Temos que calcular o custo do compromisso e
saber se iremos até o fim, caso contrário é melhor nem entrar nele. As duas
alegorias que Jesus conta nos versículos que vem imediatamente após estas
palavras de renúncia que transcrevemos, ilustra com perfeição isto:
"Pois
qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para
calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir?
Para
não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os
que a virem zombem dele, dizendo: Este homem começou a construir e não pôde
acabar.
Ou
qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para
calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil?
Caso
contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo
condições de paz.
Assim,
pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser
meu discípulo."
Lucas 14:28-33.
Temos aqui dois tipos de empreendimentos:
um é construir uma torre e o outro é guerrear contra um outro reino. Jesus diz
que tanto em um como outro, é melhor calcular o quanto isto custará e ver se
dará para ir até o fim; caso contrário, é melhor nem começar. Seguir Jesus é
como edificar esta torre, pois há toda uma vida de crescimento espiritual que
será vivida e não podemos parar no meio da construção. Seguir Jesus também é
semelhante a entrar numa guerra, e saiba que é isto o que acontecerá mesmo; as
pessoas se colocarão contra você, às vezes até mesmo os familiares e amigos. É
guerra contra o pecado, contra alguns desejos da carne, contra o sistema
maligno que domina este mundo e é guerra contra os poderes das trevas e do
inferno.
Precisamos pegar papel e caneta e
alistar o quanto nos custa para ver se podemos ir até o fim, e o que Jesus está
fazendo é nos mostrar o quanto custa. Custa tudo o que você tem. Custa tudo o
que você é. Ele passa a ser prioridade total. Custa tomar a cruz e negar-se a
si mesmo. Custa RENUNCIAR a familiares e a amigos se isto comprometer sua
obediência a Cristo. Não falo de deixar de relacionar-se com eles, mas de ter
confrontos. Custa caro! E você deve calcular para decidir com consciência. E
tendo decidido deve ficar firme até o fim!
À semelhança de Pôncio Pilatos você
tem que decidir. Não se Jesus é ou não inocente, pois o governador sabia que
Jesus tinha sido entregue por inveja, e o sonho de sua mulher havia sido bem
claro em alertar: Ele era justo. Nestas questões Pilatos foi bem em reconhecer
as coisas como eram. Lavou as mãos dizendo estar inocente do sangue de um
justo, e até aí ele foi bem. Mas não reconheceu Jesus como o Cristo, o Ungido
de Deus. Não o reconheceu como Rei, como Senhor a quem prestar obediência.
A maioria das pessoas decide bem em
sua repetição do tribunal de Cristo, só até aí. Reconhecem Jesus como justo e
inocente. Falam de seu ensino como algo lindo. Crêem nele e até o adoram e
reverenciam. Mas na hora de obedecer e viver sua Palavra e seus ensinos não o
fazem. Na hora de reconhecerem-no como Rei e Senhor não o fazem. Então, não
interessa se o acharam inocente e justo, se não o reconhecem como Senhor a
ponto de prestar obediência e submissão, então, estão condenando-o à cruz como
Pilatos fez. Estão crucificando-o de novo e expondo-o à vergonha novamente.
Estão rejeitando-o, embora não admitam isto.
E
você, amigo? O que fará de Jesus, chamado Cristo?
Vai reconhecê-lo como Senhor e Rei e
viver uma nova vida de fé e submissão a Ele, experimentando o gozo do reino de
Deus, ou só vai reconhecê-lo como justo e inocente e ainda assim crucificá-lo
de novo? Pois ajuntar-se com os que crucificaram a Jesus, por rejeição,
corresponde a crucificá-lo de novo, aos olhos de Deus.
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