terça-feira, 14 de setembro de 2021

O PURGATÓRIO E O SANGUE DE JESUS

 

O PURGATÓRIO E O SANGUE DE JESUS

 

Nenhuma doutrina ou tradição pode subsistir sem o respaldo da inerrante Palavra de Deus. O discurso do Purgatório parece haver perdido nos últimos tempos seu colorido, sua preferência no púlpito romano. Todavia, esse esdrúxulo ensino está vigente, como veremos a seguir na palavra oficial do Vaticano:

* "Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu. A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no Concílio de Florença e de Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura (1 Coríntios 3.15), a tradição da Igreja fala de um fogo purificador. No que concerne a certas faltas leves, deve se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem no presente século nem no século futuro (Mateus 12.32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro. Este ensinamento apoia-se também na prática da oração pelos defuntos, da qual já a Sagrada Escritura fala: "Eis por que ele [Judas Macabeu] mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos de seu pecado" (2 Macabeus 12.46). Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em especial o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, eles possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos: Levemo-lhes socorro e celebremos sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai (Jó 1.5), por que deveríamos duvidar de que nossas oferendas em favor dos mortos lhes levem alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer nossas orações por eles" (Catecismo da Igreja Católica, pg. 290).

 

O presente estudo objetiva dirimir dúvidas dos recém-convertidos ao Senhor Jesus, os quais, provindos da Igreja de Roma, ficam, certamente, a meditar na conveniência ou não de orar ou oferecer qualquer tipo de sacrifício em favor de seus familiares falecidos. Sem o propósito de fazer proselitismo, serve também à reflexão dos romanos, principalmente dos que, por falta de recursos financeiros ou por esquecimento, não providenciaram a celebração de praxe, com vistas a socorrer as almas sofredoras.

 

ANÁLISE DO DOGMA

 

* Lemos acima os argumentos apresentados pelo catolicismo em defesa do dogma do Purgatório. A Igreja de Roma admite que, "embora tenham garantida sua salvação eterna" passam por uma purificação aqueles que "não estão completamente purificados". A essência desse dogma está definida nessas palavras: a salvação está garantida, mas os crentes em Jesus, responsáveis por "faltas leves", precisam sofrer algum tipo de ajuste. Noutras palavras, estão salvos do fogo eterno, mas não salvos do fogo do purgatório. O Dicionário Aurélio assim define o Purgatório: "Lugar de purificação das almas dos justos antes de admitidas na bem-aventurança". A Igreja de Roma cita três textos bíblicos na exposição do seu dogma: 1 Coríntios 3.15; Mateus 12.32, e 2 Macabeus 12.46. Analisemos:

 

* 1 Coríntios 3.15:"Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo". Nem no texto, nem no contexto, tal passagem sugere a existência do purgatório. Se a obra de algum obreiro não passar conveniente pela justa avaliação de Deus, tal obra será considerada queimada, insuficiente, indigna. Em razão disso, o obreiro negligente, sofrerá perdas (vergonha, perda de galardão, perda de glória e de honra diante de Deus) por ocasião do tribunal de Cristo (Romanos 14.10; 1 João 4.17; Hebreus 10.30b). Vejam: "A obra de cada um se manifestará; na verdade, o Dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta" (1 Coríntios 3.13). A expressão "todavia como pelo fogo" pode ser entendida como escapando por um triz, escapando com perdas e danos, tal como se escapa de uma casa pegando fogo. Note-se: "como pelo fogo", ou seja: de forma semelhante a quem escapa do fogo. O ministério vai abaixo porque não suportou o fogo da Palavra; a obra se perde, não prospera, "mas o tal será salvo". Nada que indique que iremos para o fogo.

 

* Mateus 12.32: "E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro"(ARC). Na tradução Revista Atualizado (RA) diz "... nem neste mundo nem no porvir". Na Bíblia Linguagem de Hoje: "... nem agora nem no futuro". A Igreja de Roma vê aqui a possibilidade de pecados serem perdoados após a morte, e se vale de 2 Macabeus 12.46, que sugere expiação pelos mortos. O versículo nos diz que rejeitar de forma contínua e deliberada a salvação que Cristo nos oferece, pelo testemunho do Espírito Santo, resulta numa situação irreparável. O versículo enfatiza que blasfêmia contra o Espírito Santo nunca será perdoada, em nenhuma época. Marcos 3.28 esclarece melhor: "Na verdade vos digo que todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e toda sorte de blasfêmias, com que blasfemarem. Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo". Nada indica sobre a possibilidade de, no Purgatório, as almas serem perdoadas. Ademais, o texto fala que TODOS OS PECADOS serão perdoados (qualquer tipo de pecado), não havendo chance de os arrependidos levarem consigo "faltas leves" para serem queimadas.

 

* 2 Macabeu 12.46: "É logo um santo e saudável pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados"((Bíblia, edição católico-romana, tradução do padre Antônio Pereira de Figueiredo, 1964). Macabeu e mais seis livros e quatro acréscimos apócrifos (não genuíno, espúrio) foram aprovados em 18 de abril de 1546 pela Igreja Romana, depois de acirrados debates, "para combater o movimento da reforma Protestante", pois esses livros sem valor doutrinário davam sustentação à idéia do Purgatório, da oração pelos mortos e da salvação mediante obras. Macabeu, como os demais apócrifos, nunca foi citado por Jesus, nem por qualquer livro canônico. Como diz Antonio Gilberto, "a aprovação dos apócrifos pela Igreja Romana foi uma intromissão dos católicos em assuntos judaicos, porque, quanto ao cânon do Antigo Testamento, o direito é dos judeus e não de outros. Além disso, o cânon do Antigo Testamento estava completo e fixado há muitos séculos". Noutras palavras, o livro de Macabeu não é considerado de inspiração divina, não servindo, portanto, para o conhecimento da verdade e crescimento espiritual. Ademais, os apócrifos foram escritos entre Malaquias e Mateus, ou seja, entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento, período em que cessou a revelação de Deus.

 

* O dogma do Purgatório não explica com nitidez qual o objetivo das rezas em favor das almas em estado de purificação. Ora, se houvesse Deus estabelecido um período para purificação dos que cometeram "faltas "leves" (o que podemos entender por "faltas leves? Quais?), antes de ingressarem no Céu, vale dizer que esse estágio seria pra valer e deveria ser totalmente cumprido. Se não cumprido, se não cumprida a etapa, não haveria expiação nem purificação. Se a intenção é abreviar a permanência da alma no estágio ou amenizar seu sofrimento, a atitude, embora com as melhores intenções, estaria contrariando os planos divinos e dificultando, quem sabe, a rápida recuperação das almas ali confinadas. Raciocínio idêntico se aplica à situação dos espíritos desencarnados que, segundo ensino kardecista, necessitam viver outras vidas e morrer outras mortes para obterem purificação. Assim, não se deveria amenizar ou suspender o sofrimento desses espíritos porque estaríamos interrompendo o processo de sua purificação.

 

* De outra parte, a intercessão dos vivos em favor das almas no Purgatório não objetiva abrir-lhes as portas do céu, porque, como o próprio dogma define, a salvação delas está garantida. Ora, se estão salvas, estão na paz do Senhor. Se a passagem pelo fogo é indispensável, o Purgatório não é uma maldição, mas uma bênção. O Purgatório seria a porta de entrada do céu, a sala de espera. O Purgatório seria certeza de salvação! O dogma diz isso. Então, fica a pergunta: faz alguma diferença rezar ou não rezar pelos entes queridos que padecem no Purgatório? Com reza ou sem reza não irão para o céu? Com ou sem reza, esmolas, penitências ou velas não estão salvos? Tem algum cabimento orarmos por almas que já estão com passagem comprada para o céu? Os fiéis economizariam milhões de dólares diariamente se as rezas do sétimo dia fossem suspensas.

* A Igreja Romana diz: "No que concerne a certas faltas leves, deve se crer que existe antes do juízo um fogo purificador". Perguntamos qual o juízo a que está sujeito o salvo? Os salvos comparecerão ao tribunal de Cristo (Romanos 14.10), após o arrebatamento da Sua Igreja, para avaliação/julgamento de nossas boas obras (Efésios 6.8), atos (Marcos 4.22). "Todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas (Hebreus 4.13).

 

* Ainda que admitida a hipótese de que a Igreja de Roma esteja se referindo ao tribunal de Cristo (2 Coríntios 5.10), ficam mais frágeis os argumentos em defesa do Purgatório diante da seguinte situação: Cristo virá "arrebatar" a Igreja (1 Tessalonicenses 4.16-17); os salvos irão se encontrar com Cristo, irão diretamente para o céu; os que forem arrebatados não passarão por nenhum estágio, por nenhuma purificação, por nenhum fogo purificador. Vejam: "Depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles [os mortos em Cristo] nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor" (1 Tessalonicenses 4.17). A Bíblia não fala da existência de qualquer estágio entre o arrebatamento e o céu. Pergunta-se: Por que esses serão arrebatados sem a obrigação de passar pelo fogo, enquanto os mortos em todos os séculos passam, necessariamente, pelo estágio da purificação, segundo a crença romanista? Dois pesos e duas medidas no plano de Deus?

 

O QUE DIZ A BÍBLIA SAGRADA

 

* "Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito" (Romanos 8.1). O apóstolo Paulo aqui nos fala da vitória sobre o pecado. O Espírito Santo que em nós habita nos liberta do poder do pecado. Quem anda em pecado não está liberto; não experimentou o novo nascimento, não se converteu; continua andando conforme o mundo. Para estes não há Purgatório que dê jeito. Para se libertar precisa conhecer a Verdade, e a Verdade é Jesus Cristo (João 8.32, 36). Para quem morre em Cristo não será condenado a estagiar no sofrimento do Purgatório.

 

* "Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo seu Filho, nos purifica de todo pecado" (1 João 1.7). "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1 João 1.9). Se estivermos em Cristo, na fé e na obediência, não sobram pecados "leves" para nos levar ao fogo do Purgatório. O sangue de Jesus nos purifica de TODO pecado, de qualquer pecado. TODOS os pecados ser-nos-ão perdoados.

 

* "Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não crê no unigênito Filho de Deus" (Palavras de Jesus, João 3.18). Quem ama, crê e obedece a Jesus não será condenado ao fogo purificador.

 

* "Em verdade vos digo que hoje estarás comigo no Paraíso" (Lucas 23.43). Esta foi a resposta que Jesus deu ao ladrão que se mostrou arrependido e clamou por salvação. Ora, aquele ladrão com certeza carregava o peso de muitos pecados, pecados leves e pesados. Se houvesse um estágio, como um terminal rodoviário em que os passageiros ficassem a espera de prosseguir a viagem, a resposta de Jesus talvez fosse diferente. A entrada daquele recém-convertido no céu estaria condicionada a uma temporada no Purgatório. Não foi assim porque não há condenação para os que morrem em Cristo Jesus.

 

* Jesus contou a história de um homem que era rico, e de outro, chamado Lázaro, que era pobre. O homem rico morreu e foi para um lugar de tormentos. Lázaro, pobre e temente a Deus, foi para o Seio de Abraão (Paraíso), e não para o Purgatório. Se naquela época existisse o dogma do Purgatório, e por Lázaro seus familiares tivessem rezado, seria o mesmo que chover no molhado. Por outro lado, Abraão não esboçou qualquer possibilidade de mudar a situação do rico. Indagado, Abraão disse que os irmãos do rico poderiam livrar-se do tormento se dessem ouvidos a Moisés e aos Profetas, ou seja, se dessem crédito à Palavra de Deus iriam para o Paraíso, viver na Paz do Senhor; iriam para o mesmo lugar onde estava Lázaro. Não se fala em Purgatório (Lucas 16.20-31).

* "Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor" (Filipenses 1.23; 2 Coríntios 5.8). Paulo foi um severo e cruel perseguidor de cristãos. Ao encontrar-se com ele, Jesus perguntou: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" E adiante: "Eu sou Jesus, a quem tu persegues" (Atos 9.1-8). Esse homem teria razões de sobra para imaginar que, antes de estar com Cristo, passaria por um fogo purificador, e bota fogo nisso. O apóstolo Paulo nem desconfiava que cinco séculos mais tarde a Igreja Romana iniciaria o ensino do dogma do Purgatório!

 

* "Sou o que apago as tuas transgressões e de teus pecados não mais me lembro" (Isaías 43.25). "Ainda que vossos pecados sejam vermelhos como o carmesim se tornarão brancos com a lã" (Isaías 1.18). Se Deus mandasse alguém para o fogo purificador estaria se lembrando dos pecados que foram perdoados. Deus estaria indo de encontro à sua Palavra Ora, se Ele perdoa os pecados mais pesados ("vermelhos como carmesim"), não perdoaria os mais leves? Deus passa uma esponja no quadro negro de nossos pecados, quando buscamos a Sua face com sincero arrependimento. Deus apaga as nossas transgressões. Apagar significa extinguir. Não há como, portanto, carregarmos faltas leves após morrermos em Cristo Jesus. O perdão de Deus não é condicional.

 

* "Perdoa-nos as nossas dívidas" (Mateus 6.12). A oração do Pai Nosso foi ensinada por Jesus. Deus perdoaria, mas ficaríamos devendo? Não oramos a um Deus surdo, mudo e paralítico. Oramos a Deus Todo-poderoso, que ouve, vê, sente, ama, cura, perdoa e salva. E vejam o que Ele afirmou: "Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e PERDOAREI OS SEUS PECADOS, e sararei a sua terra"(2 Crônicas 7.14).

 

* "Pois pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é Dom de Deus" (Efésios 2.8) "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor (Romanos 6.23). Dar-se-ia o caso de Deus prometer vida eterna como um dom gratuito, mas depois exigir alguma espécie de pagamento? Se temos a fé em Cristo, temos a graça e a salvação. Junto viria o Purgatório? Ora, o sacrifício de Jesus foi exatamente para levar consigo nossas dores, pecados e sofrimentos. A Sua morte expiatória nos proporcionou vida eterna. Jesus nos prometeu "vida com abundância" (João 10.10), isto é, vida plena de paz; vida com certeza da salvação; uma vida que anseia encontrar-se com Ele. Uma vida cheia de incertezas, de lembranças do fogo purificador; uma vida que sabe da existência de um sofrimento no além, não é uma vida abundante.

 

* "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres" (João 8.36). Estaríamos livres apenas dos pecados maiores, mas não totalmente livres das faltas leves? E por essas leves faltas iríamos para o fogo do Purgatório? Verdadeiramente livres da escravidão do pecado, porém não livres das labaredas purificadoras? É evidente que os salvos não sofrerão as penas do Purgatório. Jesus sofreu esse "Purgatório" por nós; carregou sobre si as nossas dores, sofreu nossos sofrimentos, "para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3.16). O diabo adoraria ver um filho de Deus no fogo brando do Purgatório!

 

 

* "Mas este [Jesus], havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à destra de Deus" (Hebreus 10.12). O sacrifício de Jesus foi único e suficiente para nos conceder graça, perdão, justificação e salvação. Nada mais precisamos fazer. O pecado foi vencido no Calvário, e "em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou" (Romanos 8.37).

 

É importante registrar que à página 351 do seu Catecismo a Igreja de Roma declara que "pelo Batismo todos os pecados são perdoados: o pecado original e todos os pecados pessoais, bem como todas as penas do pecado. Com efeito, naqueles que foram regenerados não resta nada que os impeça de entrar no Reino de Deus: nem o pecado de Adão, nem o pecado pessoal, nem as seqüelas do pecado, das quais a mais grave é a separação de Deus". E adiante declara: "O Batismo não somente purifica todos os pecados, mas também faz do neófito uma criatura nova..." Com relação às criancinhas fica difícil imaginar que já carreguem pecados pessoais. Mas o que desejamos dizer é que, na doutrina do batismo, a Igreja de Roma concorda que Deus perdoa TODOS os pecados, e as penas resultantes. Já na doutrina do Purgatório os pecados não são totalmente perdoados. Uma incongruência!

 

Como vimos, o dogma do Purgatório não encontra qualquer amparo nas Sagradas Escrituras. Se Deus não criou o Purgatório, quem o inventou? Eis a resposta: "A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no Concílio de Florença e de Trento" (Igreja de Roma, Catecismo, pg. 290). Então, o lugar chamado Purgatório foi invenção de homens. "SEMPRE SEJA DEUS VERDADEIRO, E TODO HOMEM MENTIROSO" (Romanos 3.4). Ainda bem que Jesus derramou seu sangue por nós, e o Seu sangue nos lava e purifica de todo pecado.

 

 

O PADRÃO MORAL, ÉTICO E ESPIRITUAL DO PASTOR

 

O PADRÃO MORAL, ÉTICO E ESPIRITUAL DO PASTOR

 

 

 
I Timóteo 3.1-7

 

1. Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja.

2. É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar;

3. não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento;

4. e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito

5. (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?);

6. não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo.

Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo.

 

Introdução

 

Este trabalho é uma pesquisa séria e sem preconceitos ou tendências. O objetivo é fazer uma exposição do texto escolhido I Timóteo 3:1-7, dando assim oportunidade ao leitor de fazer sua própria avaliação, utilizando-se da correlação do padrão moral, ético e espiritual desejado por Paulo e exigido a todos àqueles que almejam esta excelente obra o "episcopado".

De modo especial, Paulo procura lembrar a Timóteo que a eleição e a ordenação de um presbítero é um assunto que requer um exame maduro e sério.

Quanto mais exemplar for a vida de um pastor, tanto mais florescerá a vida da comunidade.

Mesmo diante de um contexto histórico caótico, ainda assim Paulo ressalta as qualificações de um ministro, qualificações essas eu não podem ser esquecidas ou negligenciadas, para o próprio bem estar da Igreja de Cristo.

Passemos ao estudo do texto, e façamos nós mesmos uma análise daqueles ao qual denominamos Pastor em nossos dias.

 

 

ÍNDICE
Introdução

1. Exegese Gramatical
1.1 Texto em Língua Original Grega e Tradução em Português
1.2 Significado das Palavras Isoladas
1.3 Tradução Interpretada Oriunda da Designação
1.4 Traduções Encontradas em Português
1.5 Análise de Palavras Importantes do Texto
1.6 Contexto Literário
1.7 Forma de Linguagem Utilizada Pelo Autor
1.8 O Uso Figurado de Palavras

2. Exegese Histórica
2.1 O Contexto Histórico
2.2 O Autor
2.3 Data de Composição
2.4 Local de Composição
2.5 Propósito do Autor

3. Exegese Teológica
3.2 Comparando Textos de Outros Autores Bíblicos
3.3 Correntes Filosófico-Teológicas Existentes na Época
3.4 Doutrina Combatida e/ou Defendida no Texto

Conclusão

Bibliografia

Referências Bibliográficas

1.3. Tradução interpretada oriunda da Designação

 

Texto: I Timóteo 3:1-7

1 - Fiel esta palavra : Se alguém aspira para si o episcopado, excelente obra deseja.

2. É necessário, portanto o bispo seja de reputação irrepreensível, o marido viver para esposa, sóbrio, prudente, modesto, hospitaleiro e apto ao ensino.

1. Não dado ao vinho, não afeito as brigas, mas amável, não contencioso, não amante ao dinheiro.

2. Digno do próprio lar, liderando os filhos na obediência preservando todos com respeito.

3. Mas se alguém não sabendo estar à frente do próprio lar, como cuidaraá da Igreja de Deus?

4. Jamais neófito, para nunca encher-se de orgulho, caindo na condenação do diabo.

5. Pelo contrário é necessário ter bom testemunho a partir dos que estão de fora, a fim de nunca cair em descrédito, isto é na armadilha do diabo.

 

 

5. Traduções encontradas em Português

 

2. A Bíblia Anotada Versão Almeida, Revista e Atualizada 1ª edição brasileira impressa em agosto de 1991.

1. Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja.

2. É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar,

3. não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigos de contendas, não avarento;

4. e que governe bem a sua própria casa, criando os filhos sob disciplina e respeito.

5. (pois se alguém não sabendo governar a sua prórpia casa, como cuidará da igreja de Deus?)

6. não seja neófito, para suceder que se ensoberbeça, e incorra na condenação do diabo.

7. Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo.

 

2. Bíblia Apologética traduzida em português por João Ferreira de Almeida edição Corrigida e revisada Fiel ao texto Original.

1. Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.

2. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar.

3. Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, não contencioso, não avarento;

4. Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia

5. (Porque se alguém não governar a sua própria casa, terá cuidado da Igreja de Deus?)

6. Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo.

7. 7- Convém, também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo.

 

1.4.3 Bíblia Thompson – Tradução de João Ferreira de Almeida Edição Contemporânea

1 – Fiel é esta palavra: Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja.

2 – É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, vigilante sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;

3 – Não dado ao vinho, não espancador, mas moderado, inimigo de contendas, não ganancioso,

4 – que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos sobre disciplina, com todo respeito

5 – (pois se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?)

6 – não neófito, para que não se ensoberbeça e caia na condenação do diabo.

7 – Também é necessário que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em opróbrio, e no laço do diabo.

 

1.4.4 A Bíblia de Jerusalém – Nova edição revista.

1 – Fiel é esta palavra: se alguém aspira ao episcopado, boa obra deseja.

2 – É preciso, porém, que o epíscopo seja irrepreensível, esposa de uma única mulher, sóbrio, cheio de bom senso, simples no vestir, hospitaleiro, competente no ensino,

3 - Nem dado ao vinho, nem briguento, mas indulgente, pacífico, desinteresseiro.

4 – Que ele saiba governar bem a sua própria casa, mantendo os seus filhos na submissão, com toda dignidade.

5 – Pois se alguém não sabe governar bem a própria casa, como cuidará da Igreja de Deus?

6 – Que ele não seja um recém- convertido, a fim de que não se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo.

7 – Além disso, é preciso que os de fora lhe dêem um bom testemunho, para não cair no descrédito e nos laços do diabo.

 

1.4.5 João Ferreira de Almeida Edição Revista e Corrigida edição de 1995.

1 – Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.

2 – Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar.

3 – não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento;

4 – Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda modéstia.

5 – (porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da Igreja de Deus?)

6 – Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo.

7 – Convém, também, que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo.

 

1.4.6 A Bíblia Viva

1 – É um dito verdadeiro que, se um homem deseja ser pastor, tem uma bom ambição.

2 – Porque um pastor deve ser um homem bom, contra cuja vida não possa se possa falar nada. Deve ter apenas uma mulher, e deve ser trabalhador incansável, cuidadoso, ordeiro, e cheio de boas obras. Deve ter prazer em receber hospedes em casa, e deve ser um bom mestre em Bíblia.

3 - Não deve ter o vício da bebida, nem ser um valentão, mas sim deve ser amável e bondoso, e não ter amor ao dinheiro.

4 – Deve ter uma família bem educada com filhos que obedeçam depressa e com docilidade.

5 – Porque se um homem não consegue fazer com que sua própria família, que é pequena, se comporte bem, como pode ajudar a igreja toda?

6 – O pastor não deve ser um cristão novato, pois poderia ficar orgulhoso de ter sido escolhido tão depressa, e o orgulho vem antes duma queda (a queda de Satanás é um exemplo).

7 – De igual modo ele deve ser bem conceituado entre as pessoas de fora da igreja, aqueles que não são cristãos, a fim de que Satanás não o enlace com muitas acusações e o deixe sem liberdade para guiar seu rebanho.

 

1.4.7 Bíblia de Estudo de Genebra

1 – Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja.

2 – É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar,

3 – Não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento;

4 – e que governe bem a sua própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito

5 – (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus)

6 – Não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo.

7 – Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo.

 

1.4.8 A Bíblia Vida Nova Edição Revista e Atualizada no Brasil

1 – Fiel é a palavra: Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja.

2 – É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar;

3 – Não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento;

4 – e que governe bem a sua própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo respeito,

5 – (pois se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?)

6 – Não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça, e incorra na condenação do diabo.

7 – Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo.

 

1.4.9 Bíblia de Estudo Vida Almeida Revista e Atualizada

1 – Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja.

2 – É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar,

3 – Não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento,

4 - E que governe bem a própria casa, criando os filhos sob a disciplina, com todo o respeito,

5 – (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?)

não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo.

6- Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia em condenação do diabo.

7- Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo.

 

1.4.10 A Bíblia na Linguagem de Hoje – 1989

1-Este ensinamento é verdadeiro: Se alguém quer muito ser bispo na Igreja, está desejando trabalho excelente.

2-O bispo deve ser um homem que ninguém possa culpar de nada. Deve ter somente uma esposa, ser moderado, prudente e simples. Deve estar disposto a hospedar pessoas na sua casa e ter capacidade para ensinar.

3-Não pode ser chegado ao vinho nem briguento, mas deve ser pacífico e calmo. Não deve amar o dinheiro.

4- Deve ser um bom chefe da sua própria família e saber educar os seus filhos de maneira que eles lhe obedeçam com todo o respeito.

5- Pois, se alguém não sabe governar a sua própria família, como poderá cuidar da Igreja de Deus?

6- O bispo não deve ser alguém convertido há pouco tempo; se for, ele ficará cheio de orgulho e será condenado como o Diabo foi.

8. É preciso que o bispo seja respeitado pelos de fora da Igreja, para que não fique desmoralizado e não caia na armadilha

 

1.4.11 Vulgata

1 fidelis sermo si quis episcopatum desiderat bonum opus desiderat

2 oportet ergo episcopum inreprehensibilem esse unius uxoris virum sobrium prudentem ornatum hospitalem doctorem

3 non vinolentum non percussorem sed modestum non litigiosum non cupidum

4 suae domui bene praepositum filios habentem subditos cum omni castitate

5 si quis autem domui suae praeesse nescit quomodo ecclesiae Dei diligentiam habebit

6 non neophytum ne in superbia elatus in iudicium incidat diaboli

7. oportet autem illum et testimonium habere bonum ab his qui foris sunt ut non in obprobrium incidat et laqueum diaboli

 

 

6. Análise de Palavras Importantes do Texto

1.5.1 Episkopon

Conforme Colin pg 302, a palavra Episkopon aparece apenas cinco vezes no N.T. em quatro ocasiões como líder da comunidade (At 20:28, Fp 1:1, I Tim 3:2, Tt 1:7), enquanto I Pe 2:25 se refere a cristo como protetor da alma.

Os empregos de Episkopon atingem seu auge em I Pe 2:25, onde Jesus Cristo é descrito como "Pastor" (poimen) e Bispo (episkopós) aqui protetor das vossas almas.

A necessidade da supervisão pastoral para conservar a igreja no caminho da fé era, originalmente um dever obrigatório para todos os membros, e parece que assim era em Heb 12:15, mas a supervisão logo se tornou uma tarefa especial, conforme se vê em 20:28.

 

3. einai miav gunaikov

4. De todas as exegeses observadas optei por Calvino em seu livro as Pastorais na pg 84, onde menciona que nunca devemos interpretar como pastor de uma só igreja. Outra interpretação é que o bispo não deve ter casado mais de uma vez, e, portanto uma vez que sua esposa tenha morrido, ele não seria mais um homem casado. Mas tanto aqui como no primeiro capítulo de Tito, as palavras de Paulo eqüivalem "que é marido", não "que foi marido", e, finalmente, no capítulo cinco, quando trata expressamente das viúvas, ele usa no tempo passado o particípio que aqui está no tempo presente. Além disso se essa fosse sua intenção, ter-se-ia contraditado ao que diz em I Coríntios 7.35, que não desejava pôr um laço desse gênero às suas consciências. Calvino cita que a única exegese correta é de Crisóstomo, que o considera como expressão proibida de poligamia na vida de um bispo, numa época quando ela era quase legal entre os judeus. Tal coisa se originou em parte na perversa imitação dos antigos pais - pois liam que Abraão, Jacó, Davi e outros foram casados com mais de uma esposa, concomitantemente, e assim criam que lhes era permitido proceder da mesma forma, e em parte ela era uma corrupção aprendida dos povos circunvizinhos, porquanto os homens orientais nunca observaram o matrimônio conscienciosa e fielmente. Mas ainda que fosse assim a poligamis era muito comum entre os judeus, e era mui oportuno que Paulo insistisse em que um bispo deveria ser uma pessoa isenta de tal fato.

Concordo com Calvino em sua interpretação que Paulo apenas está proibindo aos bispos a prática da poligamia por ser ela o estigma de um homem impudico que não observa a fidelidade conjugal. O fato de que ela é expressamente proibida aos bispos não significa que a mesma seja livremente permitida aos outros, porquanto não pode haver dúvida de que em cada caso Paulo condenaria algo que fosse contrário à eterna lei de Deus.

 

5. paroinon

Conforme Champlim pg 309 o termo grego "paroinos’ é aqui usado, sendo usado somente nesse versículo e em Tito 1:7. A passagem de I Tm 5:23 mostra-nos que o autor não se oponha ao uso moderado do vinho. Ele apela em favor da moderação. A total abstinência, entretanto, é a conduta ideal para um ministro do evangelho, pois isso evitará críticas, tentações e suspeitas. Ele não deveria ser, nem deveria arriscar-se a ser, "viciado no vinho" conforme o termo grego aqui usado indica.

 

2. neofuton

Mais uma vez utilizando a abordagem de Calvino em seu Livro as Pastorais pg. 90, naquele tempo, muitos homens de extraordinária habilidade e cultura estavam sendo conduzidos à fé. Paulo, porém, proíbe que se façam bispos aos que recentemente tenham professado a cristo. Ele mostra quão danoso seria tal expediente. Pois é evidente que os neófitos na fé, geralmente são fúteis e dominados pela ostentação, de modo que a arrogância e a ambição facilmente os levam a se desertarem. O que Paulo diz aqui podemos confirmar evocando nossa própria experiência, pois os neófitos não são simplesmente ousados e impetuosos, mas também inchados de néscia confiança em si próprios, como se fossem capazes de fazer o que nunca experimentaram. Portanto não é sem razão que sejam eles excluídos de honra ao episcopado até que com o passar do tempo suas noções extravagantes sejam subjugadas.

 

7. Contexto Literário

É evidente que a luz das palavras de Paulo, que havia naquele tempo alguns que faziam esplendida exibição de si próprios e não se submetiam a ninguém, e viviam tão inchados de ostentosa ambição, que não deixavam restrição alguma à possibilidade de causarem devastação à Igreja caso alguém mais poderoso do que Timóteo não interviesse. Timóteo era jovem e não possuía ainda suficiente autoridade para refrear os homens altivos que se levantassem contra ele.

Havia muita coisas em Éfeso que requeriam organização e que demandavam a orientação de Paulo, bem como a autoridade de seu nome. Sua intenção era aconselhar Timóteo acerca de muitas coisas, mas era também fazer uso do que lhe comunicava para ministrar conselhos também a muitas outras pessoas.

Paulo aborda a excelência do ofício de Bispo e prossegue esboçando um quadro do genuíno bispo, enumerando as qualidades que deles são requerida. Em seguida descreve as qualidades necessária que devem estar presentes nos diáconos, bem como nas esposas de bispos e diáconos. Para que Timóteo fosse o mais diligente e cônscio possível na observância de todas as instruções, ele lembra que o mesmo está envolvido no governo da Igreja, a qual é a casa de Deus e a coluna da verdade.

 

8. Forma de linguagem utilizada pelo Autor

Conforme Champlim pg 269 a construção das sentenças é simples, os pensamentos são simples, expressos sem adornos, tudo de acordo com regras e com suavidade, mas sem impulso e ser cor, Paulo utiliza-se de um discurso.

 

9. O Uso Figurado de Palavras

Paulo não se utiliza de palavras figuradas no texto em análise.

 

2. Exegese Histórica

 

3. 2.1 O contexto Histórico

4. Segundo o Manual Bíblico pg 558 , foi em Éfeso que Paulo realizou o seu maior trabalho, por volta de 54-57 d.C., At 19. Uns quatro anos depois de sair dali de sua prisão romana escreveu a Epístola à igreja dessa cidade, cerca de 62 d.C. Agora, pouco tempo depois, provavelmente cerca de 65 d.C., dirigiu esta epístola a Timóteo a respeito do trabalho em Éfeso. Mais tarde, nesta cidade veio a residir João, onde escreveu seu Evangelho, suas Epístolas e o Apocalipse.

Quando Paulo se despedia dos presbíteros de Éfeso, disse-lhes que não veriam mais seu rosto, At 20:25. Mas ao que parece, sua longa prosão fê-lo mudar de plano e, uns seis ou sete anos mais tarde, depois de solto, tornou a visitar Éfeso.

Da narrativa em Atos 19, parece que conseguiu ali, grande multidão de convertidos. Nos anos seguintes, o número deles continuou aumentando. Dentro dos cinquenta anos subsequentes, os cristãos na ásia Menor tornaram-se numerosos que os templos pagãos quase ficaram abandonados. Dentro da geração apóstolica, éfeso veio a ser um centro de cristandade, tanto em número como pela posição geográfica, região onde o cristianismo conquistou seus primeiros louros.

Não havia edíficios para as igrejas. Casas dedicadas ao culto cristão só começaram a ser edificadas duzentos anos depois da época de Paulo, e não se generalizaram senão quando Constantino pôs fim às perseguições aos cristãos. Nos dias de Paulo, as igrejas se reuniam, na maioria dos casos, em residências de cristãos. Assim os muitos milhares de convertidos, em éfeso e seus arredores, reuniam-se não em um ou em poucas congregações centrais, mas em centenas de pequenos grupos em várias casas, cada congregação sob a direção de seu pastor.

Paulo prevenira, ao deixar Éfeso sete anos antes, que lobos vorazes assolariam o rebanho de cristãos efésios, At 20:29-30. Agora, eles apareceram em toda a fúria e se constituem o principal problema de Timóteo. Parece que se tratava de gente da marca daqueles de Creta, aos quais Tito enfrentou, e que baseavam doutrinas estranhas em lendas judaicas apócrifas relacionadas com genealogias do A . T.

 

2.2 O Autor

Paulo é o escritor, uma vez que o seu nome aparece na saudação de cada uma e as observações autobiográficas se encaixam na vida de Paulo, conforme: I Tim 1:12,13; II Tim 3:10,11; 4:10.

A Igreja sempre os aceitou como paulinos, não houve vozes discordantes até os tempos modernos.

Há evidência externa, primitiva e bastante forte, em apoio disto, não havendo evidencia igual contra esse fato. A incerteza de hoje em dia sobre esse ponto deve-se inteiramente a considerações internas e teóricas: estas considerações são de pouco proveito, visto não levarem a uma conclusão e apenas criarem hesitação e desconfiança. Embora o seu tema e, ainda mais, o seu vocabulário possam usar-se em argumento contra a possibilidade da autoria de Paulo, nenhum desses raciocínios é decisivo. Muito ainda se pode dizer sobre o outro lado da questão, e muitos eruditos de responsabilidade têm ainda aceitado a autoria paulina.

A epístola apresenta incidentalmente muitos traços pessoais que assentam em Paulo e se apropriam às suas circunstâncias, de modo que não pode deixas de ser genuína.

Quanto a mim Luciana aceito como paulina, e desejo com o auxílio de Deus procurar entendê-la deste modo.

 

4. Data de Composição

5. Conforme Kelly , concorda-se geralmente ser impossível colocar estas epístolas nos limites da vida de Paulo, segundo a conhecemos dos Atos dos Apóstolos. Para que tenham explicação, elas requerem a aceitação da hipótese, da qual com efeito fornecem a evidência mais decisiva, de que Paulo foi solto da prisão referida nos fim de Atos (cfr. Fil. 2:24; Filem. 22); teria permissão de empreender, por certo tempo, viagens de intenso trabalho missionário, antes de ser outra vez preso e levado a Roma, para agora enfrentar o martírio. A data de mais informações torna impossível fixar com certeza, como alguns têm procurado fazer, a cronologia e a ordem dos acontecimentos desses últimos anos do Apóstolo. È claro que estas epístolas foram escritas entre mais ou menos 62 A . D. e a data do martírio de Paulo, que deve ter ocorrido entre 65 e 68 A . D.

 

6. Local de Composição

7. Conforme Comentário Champlin pg 271, se Paulo realmente escreveu a epístola de I Timóteo, devemos situá-la juntamente comas as outras "epistolas da prisão", como a epístola aos Filipenses (escrita em cerca de 64 D.C.), e a cidade de Roma teria sido o local de sua composição. Ou poderíamos aceitar a tradição, preservada no fragmento muratoriano e nos dizeres de alguns dos pais da igreja, no sentido que Paulo foi solto da prisão, durante o qual período as epístolas aos Filipenses e a outros foram escritas, tendo passado algum tempo em liberdade, embora não saibamos dizer quanto tempo. (Isso é comentado em Atos 28:31). Se realmente esse foi o caso, então, mui provavelmente, a primeira epístola a Timóteo e a epístola a Tito foram escritas primeiro, sem importar qual das duas foi a primeira, e depois teria sido escrita a segunda epístola a Timóteo. ( conforme vemos relatado I Tim 3:14; Tito 3:12 quanto ao fato que Paulo pode ter estado em liberdade quando escreveu essas citadas epístolas, pois vê-se que não estava sob ameaça de morte imediata). A passagem de II Tito 4:6 e ss., entretanto, indica que ele esperava o martírio para breve. Que a segunda epístola a Timóteo deve ser encarada como a última das epístolas do apóstolo aos gentios, pouca dúvida resta; mas é difícil dizer se antes foi escrita a epístola a Tito ou a primeira epístola a Timóteo. Seja como for, todas essas três epístolas devem ter sido escritas depois de 64 d.C., mas até 68 d.C., o mais tardar.

 

8. Propósito do Autor

Segundo Champlim pg. 306, Timóteo é usado como representante do supervisor ou bispo que presidia não meramente uma congregação ( a tradição diz que ele era pastor da igreja em Éfeso), mas como representante de um pastor que tinha autoridade sobre certa área, incumbido de nomear outros pastores e líderes eclesiásticos. Mas a verdade é que não podemos definir exatamente qual fosse a função de um ‘bispo" ou "supervisor", no governo da primitiva igreja cristã, e é provável, a julgar pelas evidências de que dispomos, que o governo eclesiástico diferia de localidade para localidade, porquanto a igreja cristã se foi espalhando por extensa área geográfica. O que um supervisor pode ter sido em um lugar, talvez não tenha sido em outro.

João Calvino em seu livro as Pastorais na pg. 81 (4), diz que Paulo afirma que essa não é uma obra comum que qualquer pessoa ousasse empreender, significando que as cousas que são excelentes são igualmente árduas e difíceis. E assim ele conecta dificuldade com excelência, ou, melhor, argumenta que o ofício de bispo não pertence a todo e qualquer homem, visto ser o mesmo algo valiosíssimo. O sentido geral consiste em que é indispensável que tal discriminação seja exercida na admissão de bispos, visto ser o mesmo um ofício laborioso e difícil os que o aspiram devem ponderar prudentemente se são capazes de suportar uma responsabilidade tão pesada.

A fim de conter tal ousadia na busca do ofício episcopal, Paulo primeiramente afirma que ele não é uma profissão rendosa, e , sim, uma obra, e em seguida, que ele não é qualquer gênero de obra, e, sim, que é uma obra excelente, e portanto espinhosa e saturada de dificuldades, como na verdade o é.

 

Exegese Teológica

3.1 Comparando textos do mesmo Ator Bíblico

O perfil mencionado do presbítero-bispo por Paulo, evidentemente diz respeito aos mesmos líderes mencionados em Romanos 12:8 e I Tessalonicenses 5:12, e aos pastores de Efésios 4:11, e os ministérios de socorro e presidência de I Coríntios 12:28.

 

3.2 Comparando Textos de outros autores Bíblicos

Como resultado do caráter geral da lista de qualificações, pode-se determinar bem exatamente o papel dos presbíteros-bispos ou diáconos na época de Paulo. A semelhança do título funcional episcopos com o do supervisor ou superintendente essênio (mebaqquer) levou J.N.D. Kelly a aventar a teoria de que "este termo, e o sistema asministrativo que ele representa, passaram para a igreja provindos do judaísmo heterodoxo" Os deveres do supervisor incluíam o exame de novos membros, a direção de finanças, ensino disciplina, arbitração de disputas entre os membros, direção reuniões públicas e pretação de um ministério pastoral geral. Algumas dessas mesmas funções são pelo menos sugeridas nas listas de qualificações das Pastorais. Atos 20:17 e ss e I Pedro 5:1 e ss enfatizam o papel pastoral dos presbíteros-bispos. I Pedro 2:25 retrata o próprio Cristo como "Pastor e Bispo das vossas almas".

 

4. Correntes Filósofico-Teológicas Existentes na Época

 

5. Judaizantes: Os seus expoentes professam ser "mestres da lei" (I Tim 1:7). Em Creta um grupo deles são chamados de "os da circuncisão" (I Tim 1:10). Dedicam-se a disputas acerca da lei, mas a doutrina destes era ascética, envolvendo a renúncia do casamento e a abstinência de certos tipos de alimentos, possivelmente também vinho (I Tim 4:3 5:23)

 

Gnosticismo: Aqui ele aparece ainda de uma maneira mais sutil do que no segundo século, porém já é grandemente pernicioso. Para os gnósticos havia uma diferença entre o espiritual e o material. O espírito não era atingido pelo que acontecia com o corpo, motivo pelo qual havia grande imoralidade entre eles. Por este motivo não criam que Cristo tivesse encarnado, mas que veio ao mundo em espírito e o que o seu sofrimento foi apenas no espírito e não no corpo. O corpo sendo mal não poderia abrigar a Jesus, o Filho de Deus, o próprio Deus.

Os mitos e as genealogias eram provavelmente ensinamentos gnósticos o proto-gnósticos. O gnosticismo tinha dois extremos: ascetismo como em 4:3 e licenciosidade antinominiana, como o texto insinua.

 

6. Doutrina Combatida e/ou defendida no texto

A desordem que os judaístas ameaçavam estabelecer em Éfeso requeria que Paulo desse orientações também concernentes ao ministério. Suas instruções atestam a data primitiva destas cartas, de duas maneiras: (1) Há prescrições para dois ofícios apenas: presbíteros-bispos e diáconos. O episcopado monárquico que se levantou no segundo século é desconhecido, "uma das principais evidências da data antiga das Pastorais" (scott). (2) As listas têm um caráter geral, dependendo muito das listas éticas populares que eram usadas para ofícios públicos.

Conforme Comentário Bíblico Broadman volume 11 pg 363, a I carta a Timóteo encontra-se no mesmo contexto das pastorais, e a heresia ali atacada não era definitivamente marcionismo ou gnosticismo do segundo século. A citação de I Timóteo por Policarpo, só virtualmente eliminia a tese antimarcionita. A referência à "antítese de gnosis assim chamada falsamente", em I Timóteo 6:20, pode ser uma adição textual posterior. As alusões precisas não mostram sinal de uma cristógica docética, que era uma marca registrada do gnosticismo. As demais evidências apontam para alguma espécie de inclinação jadaística. No melhor das hipóteses, temos um judaísmo gnosticizado, acarretando ainda uma oposição à missão gentílica. Esses hereges dividiam a comunidade mediante "contentas de palavras" (I Tim. 6:4, II Tim 2:14,16,23; 3:8), definida mais precisamente como "querelas acerca da lei"(I Tim 1:7) e haviam fabricado "fábulas judaicas" (Tito 1:14) e "genealogias", tudo isto indicando as especulações judaicas a respeito do Velho Testamento, e não especulações gnósticas a respeito do aeon. Eles ainda tinham conexão com o "partido da circuncisão" (Tito 1:10)

Os seus ensinos específicos eram: (1) possíveis ensinamentos a respeito de espíritos e demônios errantes, (2) proibição de casamento, (3) proibição de certos alimentos (I Tim 4:1-3) e (4) a crença de que a ressurreição já havia acontecido (II Tim 2:18). A crença nos demônios e espíritos malignos era universal naquela época, por isso, esta doutrina não propicia um indício definido quanto à identidade da oposição. Os essênios pode ter-se juntado a igreja no seu início. A proibição de certos alimentos fazia parte da lei ritual judaica, e era um dos principais pontos de contenda na controvérsia judaizante. Os gnósticos helênicos tendiam a (1) negar a ressurreição (2) espiritualizá-la em termos de batismo. Pode ser que Paulo esteja aludindo à mesma teoria em Filipenses 3:9-11, onde admite que ainda não alcançará a ressurreição.

 

Conclusão

Concluindo o meu trabalho exegético posso dizer quão longe estamos do perfil desejado por Paulo aos que aspiram ao episcopado. Quão desastroso é um neófito na prática do ministério, leva as pessoas a crerem numa inverdade defendida com unhas e dentes para um beneficiamento próprio. De quem é a responsabilidade? De Deus? Certamente que não, a responsabilidade por tal fato é da igreja local que recomenda ao seminários "crentes" desprovidos de maturidade cristã, vidas consumidas por pecados não confessados, insolentes e anti éticos, que vivem resguardados atrás de um livro de capa preta. Legalistas, donos da verdade que estão longe do perfil que Paulo demonstra a Timóteo.

Paulo lutava contra as correntes filosóficas existentes na época os gnósticos e os judaizantes, pessoas que inicialmente estavam cheios de "boa intenção" mas escravizam sob a alegação de serem "doutores da lei", estavam no seio da Igreja mas traziam consigo o fardo pesado do pecado, de uma vida não piedosa e sem nenhuma graça de Cristo. Uma comunidade estéril e ecumênica é contra o que Paulo lutava.

Passaram-se quase dois mil e contra o que temos lutado hoje? Contra a mesma comunidade estéril e ecumênica vivida em outra época.

Diante de tudo o que temos assistido das lideranças cristãs da última década, podemos afirmar que temos pastores com o perfil citado por Paulo? Quero crer que sim. Mas não tem sido fácil dizer e ver tal fato. A igreja sofre por um produto que ela mesma tem permitido existir.

"Pastor", quanta responsabilidade é levar esse título. Mas essa tem sido a questão, não tem passado de um mero título, vazio de vida, de compromisso, de voz ativa, de passo a frente, de fidelidade, de profecia, de vida no altar.

Igreja do Senhor, façamos uso das instruções deixadas pelo Apóstolo Paulo servo de nosso Senhor Jesus Cristo, e deixemos nossa vida ser instruída pela palavra eficaz de nosso Deus.

 

Luciana Lucas Segantine