Arrependimento Sincero ou Falso?
Deus está nos chamando para nos arrependermos da natureza
que nutre o pecado. "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a
vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos
nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu
nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos
conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais
a iniquidade" (Mt 7.21-23).
Note que Jesus disse: "Eu nunca vos conheci, apartai-vos de
mim vós que praticais a
iniquidade!" A palavra-chave nessa declaração é praticar. O apóstolo
João disse: "Todo aquele que pratica o pecado também transgride a
lei, porque o pecado é a transgressão da lei... Filhinhos, não vos deixeis
enganar por ninguém; aquele que pratica
a justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que pratica o pecado procede do diabo..." (1 Jo 3.4, 7, 8)
Agora leia
cuidadosamente os versos seguintes sobre o que as obras das trevas são. Note a
palavra "praticar". "Ora,
as obras da carne são conhecidas e
são: prostituição, impureza, lascívia,
idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias,
dissenções, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a
estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que
não herdarão o reino de Deus os que
tais coisas praticam" (Gl
5.19-21).
Vamos definir a palavra "praticar". Algumas das
definições são: "fazer
frequentemente ou como regra; fazer sempre para aprender; ensinar através de
constante repetição; fazer algo habitualmente".
A pessoa que "pratica o pecado" é aquela que peca
sem deixar que seja convencida do erro, mesmo que seja uma vez por semana ou
poucas vezes num mês. Diz algo assim para justificar: "Ah, é apenas uma fraqueza minha. Eu sou
melhor do que muitos irmãos em minha igreja. Se Deus perdoou aquelas pessoas,
Ele certamente vai me perdoar porque, afinal de contas, ninguém é perfeito, e
eu sou muito melhor do que elas". Não há um arrependimento genuíno. Ele
não está sentido por ter ferido o coração de Deus.
Na igreja
nós classificamos o pecado. Colocamos pecados como embriaguês, adultério e
homossexualidade numa categoria, e pecados como ódio, fofoca, contenda e outros
numa categoria diferente. Decidimos que
as pessoas que estão na primeira categoria de pecados estão em perigo
infernal, mas aquelas que estão na segunda são apenas fracas. Essa é uma
mentira religiosa de auto-justificação. Deus não classifica os pecados, mas
coloca-os numa mesma categoria. Ele declara que todos que praticam essas coisas
não herdarão o Reino de Deus!
Deus coloca
os pecados como ódio, ira, inveja, ambição egoísta e ciúmes junto com adultério
e assassinato. Se as pessoas soubessem que Deus vê o ódio e o egoísmo na mesma
base que adultério e assassinato, elas não seriam tão rápidas em se renderem
ao pecado e se desculparem deles.
Essa tolerância e prática de pecado por homens e mulheres que
professam ser cristãos traz uma decepção amarga.
Essa forma
de pensar tem feito a Igreja se tornar dura e judicial. Eles olham para aqueles que estão amarrados pelo
homossexualismo e pelos vícios de álcool e de drogas julgando-os, enquanto
fazem vista grossas para os pecados de falta de perdão, contenda, fofoca e
orgulho. Seus corações têm-se tornado insensíveis à voz do Espírito Santo.
O problema é
que nossa sociedade, encorajada pela
religião, classifica os pecados. Então, aqueles considerados
"bons" estão debaixo do engano de que precisam apenas de pouca
graça. Precisamos
perceber que pecado é pecado, não importa o tipo. Aqueles que tolerarem
qualquer pecado estarão em
perigo de ouvir o Mestre dizer-lhes: "Afastai-vos de Mim..."
Tristeza do mundo, ou tristeza segundo Deus?
"Agora,
me alegro não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para
arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus, para que, de nossa
parte, nenhum dano sofrêsseis. Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento
para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz
morte" (2 Co 7.9, 10).
Paulo
escreveu isso para a Igreja, não para o mundo. Arrependimento é para o mundo
tanto quanto o é para a Igreja. Nessa passagem, "arrependimento" significa "mudança da mente". Deus
não está procurando somente arrependimento de pecados, mas uma mudança de mente
e de coração através do processo de pensamento que tolera essa maneira de
viver. Ele quer que nos arrependamos do caráter que alimenta o pecado.
Quando Saul pecou e percebeu que não havia ninguém mais para
ele culpar, respondeu: "Pequei;
honra-me, porém, agora, diante dos anciãos do meu povo e diante de Israel; e
volta comigo, para que adore o Senhor, teu
Deus" (1 Sm 15.30).
Ele reconheceu seus
pecados como muitos fazem quando são apanhados em flagrante. Entretanto, era
uma tristeza do mundo, pois ele estava preocupado com a exposição de seu pecado
diante dos líderes e dos homens de Israel, não porque ele havia pecado contra
Deus. Sua resposta era para guardar sua reputação e o seu reino, e seu motivo
era a ambição egoísta. Como resultado, o reino que ele tentou proteger
duramente da sua própria maneira foi
tirado dele. Ele temeu o homem mais do
que temia a Deus. Essa é a motivação daqueles que buscam seus próprios
interesses!
Agora veja o
rei Davi. Ele cometeu um adultério com Bate-Seba, esposa de Urias, o heteu, o
servo fiel de Davi. Quando Davi menos esperava, ela estava grávida como
resultado de seu pecado; mas seu esposo não quis dormir com ela enquanto os
seus homens estavam no campo de batalha. Davi, então, colocou Urias na linha de
frente da batalha e deu ordens a Joabe, o capitão, para retirar os homens de
detrás dele para que os inimigos o matassem. Davi cometeu um adultério e premeditou
um assassinato para cobrir o seu pecado. Então, ele foi confrontado pelo
profeta Natã e, quando seu pecado foi exposto, "disse Davi a Natã: Pequei contra o Senhor" (2 Sm 12.13).
Saul e Davi
confessaram que haviam pecado, mas Davi compreendeu sobre contra quem ele
havia pecado e caiu com a face no chão em arrependimento.
Davi não estava preocupado com o que seus líderes ou os
homens de Israel poderiam pensar dele; ele se preocupou apenas com o que Deus
pensava sobre ele, pois sabia que havia machucado o coração de Deus. Ele
clamou, dizendo: "Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante os
teus olhos..." (Sl 51.4) Davi era um homem segundo o coração de
Deus, enquanto Saul tinha seu coração em seu próprio reino. Davi foi sustentado
pelo seu amor a Deus; Saul foi destruído pelo seu amor próprio.
Arrependimento é o pré-requisito para libertação
Na Igreja, muitos querem ser libertos sem perceber que o
arrependimento é um pré-requisito. Analise estas palavras de Jesus ao enviar
os doze discípulos: "Chamou Jesus os doze e passou a enviá-los de dois a
dois, dando-lhes autoridade sobre os
espíritos imundos, Ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, exceto
um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro... Então, saindo eles, pregavam
ao povo que se arrependesse; expeliam
muitos demônios e curavam numerosos enfermos" (Mc 6.7, 8 e 12, 13).
Jesus enfatizou o arrependimento demonstrando que este cria uma
atmosfera para a libertação. Há muitos
que vêm ao pastor nas filas nas igrejas, e até em particular, para receberem
oração, desejosos de serem livres do tormento de alguns pecados
particulares, mas não estão desejosos de mudar sua atitude com respeito ao
pecado. Eles têm prazer com o pecado, mas não gostam das consequências ou da
culpa que experimentam depois. Se eles pudessem continuar sendo cristãos,
permanecendo envolvidos com seus pecados, eles o fariam, pois têm prazer nisso!
Enquanto você gostar de seu pecado, você
não será liberto dele. Precisará aprender a odiar o pecado como Deus odeia.
Como posso aprender a odiar algo de que minha carne gosta?"
Primeiro, compreenda que foi o pecado que pregou Jesus na
cruz: "Carregando ele mesmo em seu
corpo, sobre o madeiro...'' (1 Pe 2.24) A segunda coisa que precisamos
compreender é que o pecado nos separa de Deus: "Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso
Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça
" (Is 59.2). A terceira coisa que precisamos compreender é que o
pecado é um veneno revestido com mel: "Assim,
pois, irmãos, somos devedores, não à carne como se constrangidos a viver
segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a
morte..." (Rm 8.12, 13)
Note que Paulo está escrevendo para os "irmãos",
não para os incrédulos. Ele adverte sobre o trágico resultado de alguém viver
na carne e tolerando o pecado. O pecado pode ser agradável por algum tempo, mas
no final sempre produz morte. O pecado é agradável à carne, mas esse prazer
dura apenas um período curto.
O fruto do
arrependimento
"Produzi,
pois, frutos dignos de arrependimento... " (Lc 3.8, 9)
Quantas
vezes temos visto homens e mulheres ouvirem uma mensagem de Deus e, sob a
convicção do Espírito Santo, responderem ao apelo do pregador e fazerem a
oração de arrependimento no altar, mas a obra do arrependimento não é
completada porque nenhum fruto é apresentado?
Eles são libertos temporariamente pela oração, mas logo voltam
ao estilo de vida original. Arrependimento não é uma oração de libertação feita
uma única vez, é uma maneira de viver! É uma decisão do coração para mudança. A
obra de arrependimento não é completa até que o fruto da justiça apareça. A
oração de arrependimento é apenas um começo.
As pessoas ficam imaginando por que alguns crentes são tão
zelosos e diligentes. A razão é que eles não têm nada no coração que os
distraia de seu propósito. Quase sempre tentamos viver em dois mundos. O mundo
da carne esfria o fogo do mundo do espírito. Vamos estudar brevemente os sete
frutos:
1. Diligência - Quando o coração
está focalizado, você será diligente. Nós somos ensinados que "quem se aproxima de Deus precisa crer
que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam (Hb 11.6 - NVI). Se alguém vacilar para frente e
para trás, vivendo no mundo natural e no mundo do espírito, será preguiçoso
espiritualmente. Somos ordenados a "não
sermos remissos, mas fervorosos de espírito, servindo ao Senhor" (Rm
12.11).
2.
Ansiedade para estarem ausentes de culpa
- Muitos vivem debaixo do peso da culpa. Jesus veio para nos libertar
da culpa do pecado. Se o arrependimento é genuíno isso produz uma limpeza da
consciência que não pode ser produzida de outra forma.
3. Indignação - O arrependimento
vai produzir um ódio pelo pecado. Deus Pai disse a Jesus: "Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso, Deus, o teu
Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros" (Hb
1.9). Muitos amam a justiça, mas não odeiam o pecado. A unção é, portanto,
fraca. Quando alguém odeia o pecado, percebe um acréscimo de unção na sua vida.
4. Temor - Um livro inteiro
poderia ser escrito sobre esse assunto. Somos ensinados que devemos "aperfeiçoar a nossa santidade no temor
de Deus" (2 Co 7.1), porque o
"temor do Senhor consiste em
aborrecer o mal; a soberba, a arrogância, o mau caminho... O temor do Senhor é o princípio da
sabedoria..." (Pv 8.13 e 9.10)
5. Desejo veemente - Desejo é a vida
de oração, criando um clima para receber de Deus o que você quer. Jesus disse: "Por isso, vos digo que tudo quanto em
oração pedirdes, crede que recebestes,
e será assim convosco" (Mc 11.24). Se a sua vida de oração é sem vida,
é porque o seu desejo não é forte. O arrependimento vai produzir um desejo
veemente.
6. Zelo - O dicionário define
esta palavra como "estar ávido ou entusiasmado". Quando Jesus
expulsou os cambistas do templo, seus discípulos se lembraram do que estava
escrito: "O zelo da tua casa me
consumirá" (Jo 2.13-17). Jesus exortou a Igreja morna a que se
arrependesse (Ap 3.19).
7. Vindicação — O dicionário define essa palavra como "defesa,
justificação". A Bíblia diz: "Sujeitai-vos,
portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" (Tg 4.7).
A maneira de resistir ao Diabo é submeter-se a Deus! Esta é uma vindicação
perfeita. Sua maior arma contra o Diabo não é sua boca, mas a sua humildade e
seu estilo de vida santo! O
arrependimento produzirá essas qualidades piedosas, que são o fruto que Jesus
nos ordenou produzir. Deus está chamando seus filhos para uma vida santa. As
pessoas que toleram o pecado não verão a Deus, porque Ele disse que devemos
seguir "a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hb 12.14).
A santidade
é obra de sua graça e não da carne. Essa obra inicia-se em nosso coração
através da avenida do arrependimento.Muitos têm tentado viver um estilo de vida
santo nas suas próprias forças e terminaram amarrados pelo legalismo. O caminho
para a santidade é através da auto-humilhação em arrependimento. Porque ele dá
graça ao humilde, e graça é o que nos capacita a andar na verdade.
* John Bevere
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