Deus: o Senhor da sua vida
O segredo para
interpretar o Antigo Testamento é analisar os fatos narrados à luz daquela
época, tirando lições práticas e aplicáveis à vida cristã de hoje.
Neste capítulo,
analisarei a atitude de Isaías diante de Deus e suas conseqüências, mostrando
que, assim como o Senhor revelou Sua glória e Seu poder ao profeta, a partir da
postura deste, o Todo-poderoso deseja revelar-se a você, mas está à espera de
seu posicionamento correto ante Ele e a missão que tem para sua vida. Você está
pronto para dizer: "Eis-me aqui, Senhor"?
Impedimento à
glória de Deus
No ano em que
morreu o rei Uzias, eu vi ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e
o seu séquito enchia o templo. Os serafins estavam acima dele; cada um tinha
seis asas: com duas cobriam o rosto, e com duas cobriam os pés, e com duas
voavam. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o SENHOR
dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória. E os umbrais das portas
se moveram com a voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então, disse
eu: ai de mim, que vou perecendo! Porque eu sou um homem de lábios impuros e
habito no meio de um povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o SENHOR
dos Exércitos! Mas um dos serafins voou para mim trazendo na mão uma brasa
viva, que tirara do altar com uma tenaz; e com ela tocou a minha boca e disse:
Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e purificado
o teu pecado. Depois disso, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei,
e quem há de ir por nós? Então, disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim. Então,
disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em
verdade, mas não percebeis.
Isaías 6.1-9
O texto citado
começa assim: No ano em que morreu o rei Uzias... Este rei foi muito
poderoso; um dos maiores de sua época (veja 2 Crônicas 26). Ele foi um dos
monarcas que mais tempo permaneceu no trono; mais de cinqüenta anos.
A nação de
Israel desfrutou de uma prosperidade incrível durante o reinado de Uzias. Ele
foi maravilhosamente cuidado e ajudado pelo Senhor, e tornou-se forte. No
entanto, o final de sua vida foi catastrófico. Ele se esqueceu de que a bênção
vinha de Deus, corrompeu-se, deixando que a soberba e a arrogância tomassem
conta do seu coração.
A Bíblia conta
que, nos últimos anos de vida, Uzias ficou leproso1, justamente por
desobedecer ao Todo-Poderoso, oferecendo sacrifícios a Ele no altar — função
que era exclusiva dos sacerdotes.
Após a morte de
Uzias, o profeta Isaías conseguiu ver a manifestação da glória de Deus. Por
quê? Porque o pecado foi removido, a iniqüidade foi retirada. Essa é a
primeira lição: o pecado separa o homem do Senhor, mas quando é expiado, o
poder do Criador se manifesta.
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¹ Na Bíblia, a lepra
normalmente é um símbolo do pecado, pois esta infecção crônica produz sérias
lesões na pele, nas mucosas e nos nervos periféricos, tirando a sensibilidade
na área afetada, provocando o apodrecimento dos tecidos e levando a pessoa à
morte lentamente.
Faça uma rápida
reflexão sobre sua conduta cristã e suas prioridades, e responda: o que está
impedindo na sua vida a manifestação da glória de Deus?
O profeta
Isaías, no capítulo 59.1,2, afirma que a mão do Senhor não está encolhida nem
os Seus ouvidos fechados:
Eis que a mão do
Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido agravado,
para não poder ouvir. Mas as vossas iniqüidades fazem divisão entre vós e o
vosso Deus: e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não
ouça.
Como no passado,
nos dias atuais, o que afasta o homem de Deus são as iniqüidades. Não é o
Senhor quem está longe ou não gosta de você. É o pecado que fere a santidade do
Altíssimo, que aparta o homem do seu Criador.
Mais uma vez reflita:
o que impede Deus de manifestar-se a você com poder, glória e autoridade? É
hora de o pecado ser confessado e banido, para que o Senhor possa agir e
modificar a sua história.
A experiência de
Isaías com Deus
Profeta do
Senhor que viveu durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias e foi conselheiro
desses reis, Isaías teve uma experiência pessoal com Deus e anunciou a
mensagem do Criador ao povo.
No início do seu
ministério, Isaías pregou acerca do juízo divino sobre Israel e as demais
nações. Mais tarde, passou a falar de esperança, assegurando que o povo de Deus
seria restaurado com o advento do Messias.
O profeta Isaías
viu a glória de Deus, e isto fez toda a diferença em sua vida e em seu
ministério. Experiências com o Senhor trazem resultados significativos. Ninguém
pode ter intimidade com o Pai e manter o mesmo estilo de vida. É impossível!
Três coisas
incríveis aconteceram com Isaías a partir da sua experiência pessoal com o Rei
dos reis. O profeta reconheceu a sua condição de pecador e identificou a sua
iniqüidade; admitiu que convivia com pessoas que praticavam transgressões,
ferindo os preceitos divinos; e que, se continuasse assim, seria destruído,
tendo em vista a santidade de Deus.
Isaías disse: Ai
de mim, que vou perecendo! Porque eu sou um homem de lábios impuros e habito
no meio de um povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o SENHOR dos
Exércitos! (Isaías 6.5)
O profeta
declarou seu pecado, a sua condição miserável e rendeu-se aos pés do Senhor:
"Estou vivendo em pecado, errado, vou ser destruído, pois não sou nada
diante desse Deus e da Sua glória".
Quando você tem
uma experiência pessoal com o Senhor, o seu estilo de vida vem à tona. Você é
confrontado, reconhece o seu estado pecaminoso e deseja mudar de vida.
Quando toma a
mesma atitude de Isaías, Deus começa a trabalhar em seu interior, porque você
reconhece que é pecador e dependente totalmente da Sua graça e da Sua
misericórdia para mudar a sua condição de vida.
Experiência
pessoal
No ano em que
morreu o rei Uzias, eu vi... (Isaías 6.1). Nesse texto há um
detalhe interessantíssimo: o profeta diz: eu vi. Ninguém contou para
Isaías. Ele presenciou, vivenciou o fato.
É de extrema
importância que o cristão tenha experiências pessoais com Deus. A vivência dos
outros é gratificante, edificante. Entretanto, a nossa é fundamental e
marcante, pois permite que renovemos o nosso compromisso pessoal com o Senhor.
Quantos
testemunhos, relatos fantásticos do que Deus fez na vida dos meus irmãos, já
ouvi ao longo da minha trajetória de vida cristã? Todos me alegraram. Mas não
tenho condições de lembrar de cada um. No entanto, as minhas experiências
pessoais com Deus, podem passar dez, vinte, trinta anos, que não serão
esquecidas.
É imprescindível
que cada um de nós tenha um encontro pessoal com Deus. Ninguém pode ter vida
cristã a partir da vivência de terceiros!
Deus é o Deus do
universo, de toda a terra, da Igreja, dos meus irmãos, da minha família. Mas
Ele precisa ser o meu Deus. Eu preciso conhecê-lo; ter intimidade com
Ele.
Maria Madalena
foi uma mulher que tinha uma ligação estreita com Jesus. Mas isso só foi
possível graças à sua postura e ao seu comprometimento com o Filho de Deus.
Ela teve sua vida transformada ao encontrar com Jesus face a face e permanecer em
Sua presença.
Maria Madalena
vivia sob possessão demoníaca, mas um dia teve um encontro com Jesus, foi
liberta por Ele e passou a ser sua fiel seguidora (Lucas 8.2).
A vida dela foi
restaurada por Cristo; e mesmo quando todos os discípulos fugiram de medo após
a prisão do Mestre, Maria permaneceu firme ao lado dele até a crucificação,
porque tinha consciência quanto a quem estava servindo.
A fidelidade de
Madalena teve recompensa: ela foi a primeira pessoa a ver Jesus após a
ressurreição (Marcos 16.9), sendo a responsável por anunciar aos discípulos que
Ele havia vencido a morte.
Experiências com
Deus geram aproximação dele, intimidade, que conseqüentemente traz bênçãos e
vitórias!
Também foi assim
com Daniel. Posto à prova várias vezes, sua intimidade com o Senhor permitiu
que ele não hesitasse quando proibido de fazer qualquer petição que não fosse
ao rei (Daniel 6).
Outro exemplo
relevante de fé e de intimidade com o Altíssimo na Bíblia é Abraão.
Comprometido com seu Deus, ele caminhava conforme o direcionamento divino, e
mesmo diante da grande prova de oferecer seu filho Isaque em sacrifício, o
patriarca de Israel não vacilou em obedecer à ordem do Senhor, pois conhecia-o
intimamente e confiava em Seu amor, Sua fidelidade e em Seu poder, crendo que
Ele proveria o escape (Gênesis 22.8), ou se preciso fosse, ressuscitaria o
filho da promessa (Hebreus 11.17-19).
Somente aqueles
que têm experiência com Deus podem afirmar o que o apóstolo Paulo disse em 2
Timóteo 1.12:
Por cuja causa
padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e
estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia.
O apóstolo Paulo
quis dizer: "Conheço o Deus em quem creio". E nós? E a nossa geração?
O que está acontecendo? Está faltando intimidade com o Criador. E sabe por que
não há vida particular com o Senhor? Porque existe carência de conhecimento e
de experiência com Deus.
Uma geração
longe do Criador
Observe o que o
Senhor disse ao profeta Oséias sobre a falta de conhecimento sobre Ele:
O meu povo foi
destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento,
também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que
te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.
Oséias 6.4,6
No livro de Juízes
2.7,10, temos o relato de que uma geração inteira se perdeu depois que Josué
morreu, porque ela não conhecia ao Senhor nem a obra que Ele fizera a Israel. O
povo não teve mais experiências com Deus.
E serviu o povo
ao Senhor todos os dias de Josué e todos os dias dos anciãos que prolongaram os
seus dias depois de Josué e viram toda aquela grande obra do Senhor, a qual ele
fizera a Israel. E foi também congregada toda aquela geração a seus pais, e
outra geração após eles se levantou, que não conhecia o Senhor, nem tampouco a
obra que fizera a Israel.
A época atual
que vivemos também é de superficialidade quanto ao conhecimento sobre o
Criador. É um tempo no qual as pessoas não conhecem realmente o Deus em quem
afirmam crer e ao qual dizem servir.
Deus continua
agindo com misericórdia e graça apesar da frieza espiritual de alguns, mas é
importante lembrar que o desconhecimento sobre Ele e Sua lei gera a
desobediência, e esta traz conseqüências nefastas; enquanto a obediência
resulta em bênçãos (veja Deuteronômio 28). Sendo assim, cabe a cada um decidir
obedecer-lhe; consciente de que sujeitar-se à vontade do Senhor implica
vivenciar a Sua glória, o Seu poderio e a Sua firmeza no propósito de
restaurar e salvar o Seu povo.
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