quinta-feira, 22 de abril de 2021

O ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO

 

O Espírito Santo

no Antigo Testamento

Gênesis 1: 1-31

 

Os estudiosos da Bíblia Sagrada dividem os fatos a respeito da doutrina do Espírito Santo em dois períodos que são chamados de pré-pentecoste e pós-pentecoste. No primeiro, o Espírito pré-existia como terceira pessoa da Trindade, Gn 1: 2. Ele descia sobre os homens temporariamente, a fim de capacitá-los para algum serviço especial e deixava-os assim que a tarefa fosse cumprida. O segundo período teve início com a descida do Espírito Santo no dia de pentecoste, At 2: 2.

Estudaremos neste artigo, o Espírito Santo no Antigo Testamento. Embora muitos achem que o Espírito tenha começado a agir apenas depois da ascensão de Jesus, na verdade ele sempre atuou de forma poderosa em toda a história bíblica, inclusive nos dias do Antigo Testamento.

I - NO PERÍODO DA CRIAÇÃO

Quando a Bíblia diz que no princípio criou Deus os céus e a terra, não quer dizer que neste ato agiu apenas uma das pessoas da divindade. Pai, Filho e Espírito estavam envolvidos na obra da criação. Colossenses 1: 16 afirma que todas as coisas foram criadas em Jesus, “por meio dele e para ele”. O próprio Jó reconhece que o Espírito de Deus dá vida, 33: 4. “O Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”, Gn 1: 2.

a) Deus, o Pai - A palavra criar aparece três vezes no primeiro capítulo de Gênesis, vv. 1, 21 e 27. Deus criou o mundo do nada, pelo poder de sua palavra, Sl 33: 6. “Disse Deus: haja luz, e houve luz”, v. 3.

b) Deus, o Filho - O Evangelista João (1: 1-4), falando sobre a criação, diz que o Deus Filho estava com o Deus Pai na criação do mundo.

c) Deus, o Espírito - De acordo com o texto de Gênesis 1: 2, a terra era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. Aqui está a ação do Espírito na criação. “Com o sopro de sua boca Deus estabeleceu tudo”, Sl 33: 6. Na sua profunda sabedoria, Jó afirmou: “Pelo seu sopro os céus se aclararam”, 26: 13.

Gênesis 1: 2 afirma:  “E o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas”. Este texto indica a atuação do Espírito do Senhor na criação do universo. A expressão “pairava sobre a face das águas” poderia ser literalmente traduzida “continuava cobrindo-a”, como faz a ave ao chocar seus ovos. O Espírito  traz ordem onde há o vazio, abrindo caminho para a poderosa atuação do Deus Criador. Vemos então que no início Ele estava ao lado de Deus Pai e de Cristo, Jó 26: 13; Jo 1: 1-3.

II - NO PERÍODO ANTEDILUVIANO

Primeiro houve a criação do universo e dos seres viventes. Só depois Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, 1: 26. Mais tarde Ele deu ao homem uma auxiliadora, 2: 22. Deus os colocou no Jardim do Éden, dando-lhes uma ordem que deveria ser obedecida, 2: 16 e 17. Vencidos pelo golpe do diabo, Adão e Eva desobedeceram a Deus e foram expulsos do Jardim, 3: 23. A raça humana se multiplica a cada dia, e com isso também a maldade do seu coração, 6: 5. Então Deus se arrepende de ter criado o homem e decide consumi-lo da face da terra, enviando sobre ela um dilúvio, 6: 7 e 17.

O espaço de tempo entre a criação e o dilúvio é chamado  de período antediluviano. Nesse período, vemos claramente o Espírito agindo para que o plano de Deus se realizasse, da seguinte forma:

a) Avisando, Gn 6: 13 - A palavra “Deus” neste versículo, no original hebraico, está no plural (Elohim). Isso mostra que a Trindade estava presente quando Deus avisava Noé sobre o dilúvio;

b) Contendendo, Gn 6: 3 - Aqui está uma referência ao ministério do Espírito Santo no Antigo Testamento semelhante ao que Ele realiza no Novo. A geração daqueles dias estava pervertida, e somente Noé e sua família permaneciam fiéis a Deus. O Espírito Santo continuou agindo nos corações durante 120 anos, e só então Deus pronunciou a sentença de destruição de toda a raça humana;

c) Orientando, Gn 6: 13-22 - Novamente a pessoa do Espírito está presente na forma hebraica Elohim, orientando Noé na construção da arca.

III - NO PERÍODO PÓS-DILUVIANO

Este período vai desde o dilúvio até a descida do Espírito Santo no dia de Pentecoste, At 2: 2. O Espírito continuou operando ativamente, habilitando temporariamente os servos de Deus na execução de algumas tarefas importantes.  Vejamos alguns exemplos:

a) José, Gn 41: 38 - Somente pela habilitação do Espírito de Deus José pôde interpretar os sonhos de Faraó e chegar à posição privilegiada de governador do Egito;

b) Bezalel, Êx 31: 3-5 - Deus o encheu do Espírito, dando-lhe talentos, habilidade, inteligência, conhecimento em todo o artifício, para inventar obras artísticas, e trabalhar em ouro, prata e bronze, para lapidação de pedras preciosas, para entalho de madeira, para todo tipo de lavores;

c) Moisés e os 70 anciãos, Nm 11: 17-25 - Ele foi o homem mais manso (humilde) de sua época, 12: 3. Isto nos ensina que o Espírito de Deus habitava sua vida e lhe concedia esta virtude que é tão importante para nós, Gl 5: 23. O Espírito também repousou sobre os 70 anciãos;

d) Sansão, Jz 14: 6 - A presença do Espírito do Senhor na vida de Sansão fez com que ele realizasse grandes prodígios, 14: 19 e 15: 14. O Espírito Santo concede poder, At 1: 8;

e) Saul e Davi, I Sm 16: 13,14 - Deus confirmou o chamado de Davi para assumir o reinado no lugar de Saul, não somente pela unção recebida de Samuel, mas pela habitação do Espírito em sua vida. Percebe-se no verso 14 que o Espírito se retirou de Saul depois que ele insistiu em desobedecer a Deus;

f) Os profetas, 2 Pe 1: 21. Foram homens que falaram inspirados pelo Espírito do Senhor. É o caso de Natã, II Sm 12: 1, Elias e Eliseu, I Rs 17: 1, 2, II Rs 2: 15, Jaaziel, II Cr 20: 14, etc. Ezequiel, pelo Espírito do Senhor, teve a visão do vale dos ossos, cap. 37, que fala com tanta clareza sobre a ação do Espírito na renovação de vidas.

A SOBERANIA DO ESPÍRITO

Como pessoa da divindade, o Espírito tem os atributos de Deus. Ele é onipresente. O salmista, como que num grande espanto, exclama: “Para onde fugirei do teu Espírito?”, Sl. 139: 7. Além disso, Ele também é soberano, agindo como quer e quando quer: “Quem guiou o Espírito do Senhor?”, Is 44: 13. Outra evidência bíblica da divindade do Espírito é que pode ocorrer de o homem  pecar contra Ele, Sl 106: 33. O salmista fala da rebeldia do povo na travessia do deserto e da precipitação de Moisés.

 

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