O CULTO A DEUS: AUXÍLIO AO DIRIGENTE
Algumas pessoas não acham válido haver na igreja alguém
responsável pela direção das reuniões, com receio de que o culto seja produto
do gosto pessoal do dirigente. Esse perigo é bem latente nas congregações
renovadas, onde não há mais uma ordem pré-estabelecida para as reuniões, o que
dá lugar à predominância de gosto pessoal, onde tendem a se destacar aqueles de
personalidade mais forte. Mas também não deixa de haver um certo perigo quando
as reuniões têm livre curso, onde todos têm liberdade de opinar, pedir cânticos
e testemunhar, pois alguns irmãos de ânimo mais forte tendem a dominar o culto.
Isto é comum em reuniões nos lares ou de pequenos grupos. Pode até mesmo
ocorrer quando o dirigente acha que deve haver liberdade para que os irmãos
peçam seus cânticos. O gosto pessoal de cada um acaba predominando e alguns
cânticos são solicitados no momento impróprio.
Por isso sou da opinião de que a direção do culto, sempre
que possível, deve ser plural. Vários irmãos se aconselham mutuamente, e um
deles toma a frente, sempre assessorando pelos demais, que podem a qualquer
momento usar da palavra, sem que o dirigente se sinta ofendido. Assim, qualquer
irmão que dirija a reunião disporá de conselho e orientação segura. Partindo do
pressuposto de que alguém deve ser responsável pela direção das reuniões da
igreja, segue aqui algumas sugestões ao dirigente.
Em primeiro lugar, há fundamento escriturístico para que
haja liderança ou alguém dirigindo uma reunião. Nesse sentido, creio, não será
necessário tecer comentários e, sim, usar de alguns exemplos bíblicos já
mencionados neste livro. É o caso de Miriã, que saiu liderando as mulheres em
danças e louvor a Deus, logo após a passagem pelo mar vermelho. Outro exemplo é
o de Davi instituindo uma ordem de culto em Israel que perdurou por centenas de
anos. No culto a Deus, por menor que seja o número de pessoas, é bom haver
alguém coordenando, do contrário os louvores serão dispersos e os cânticos
serão cantados conforme cada um deseja. Às vezes costumo perguntar numa reunião
pequena que cântico soou durante aquele dia no coração de cada um. As respostas
são diferentes. Uma pessoa passou todo o dia com um cântico de júbilo no
coração, outra com um cântico de contrição. Além disso, há pessoas que têm os
seus hinos preferidos que são solicitados nas horas impróprias. Assim, um irmão
deve coordenar, mesmo num pequeno grupo, os louvores, e ser, diante da
congregação e diante de Deus, o responsável pelo andamento da reunião.
Em segundo lugar, uma pessoa que não adora a Deus não pode
levar outros a adorarem. Existe uma maneira de correta de nos chegarmos a Deus.
A adoração deve fazer parte da vida de toda pessoa que tem responsabilidade
congregacional, seja na direção do culto, liderança de grupos e,
principalmente, na vida daquele que ministra diante do Senhor na congregação. O
dirigente do louvor e adoração é, pois, uma pessoa que ministra ao povo de
Deus. Ministra ao povo quando, recebendo de Deus, conduz a congregação à sua
presença. Ministra ao Senhor, porque esse é o conteúdo de todo o serviço e
adoração. Aquele que não possui uma vida intensa de comunhão e adoração, não
poderá guiar outros na adoração e louvores ao Senhor. Como saber se a pessoa é
um adorador? Ela transmite vida não só à frente da reunião, mas também na sua
vida íntima e pessoal.
O DIRIGENTE DO CULTO
1) O dirigente do culto deve estar bem
preparado - corpo, alma e espírito. Quando ele está fisicamente cansado, o
cansaço poderá transparecer e afetar a congregação. Da mesma forma, se sua alma
e espírito não estiverem íntegros e retos diante do Senhor, isto afetará o
louvor congregacional. Muitas vezes temos que ser sinceros e dizer aos nossos
colegas de ministério que não estamos preparados nesse dia para levar o povo à
presença de Deus. Se o dirigente bocejar, apoiar-se no púlpito e descansar
sobre uma das pernas, toda a congregação notará. Com seu físico descansado e
seu espírito avivado, ele ajudará os que estão cansados e abatidos a terem um
encontro com Deus, no louvor e adoração.
2) Em segundo lugar, o dirigente da
reunião não pode estar nervoso. Se discutiu em casa, no trabalho, ou se algo
não está bem com ele, isto poderá deixá-lo sem condições de dirigir a reunião.
Deve ter uma boa disposição bem antes do início do culto. Se seu estado de
saúde não o favorece, como uma dor de dente, dor de cabeça ou canseira, é
melhor ser bem sincero e pedir que os presbíteros ou, na ausência destes,
outros irmãos ministrem a ele, para então ter condições de ministrar ao povo.
Muitas vezes o dirigente ou os músicos podem estar sob opressão maligna e, ao
serem ministrados antes de ministrarem aos outros, ficarão libertos e
purificados de todo o mal.
3) Em terceiro lugar, o dirigente da
reunião deve ser uma pessoa sensível ao Espírito Santo, procurando saber dele o
que mais agradará ao Rei Jesus naquele dia. A Bíblia diz que o Espírito
glorifica a Jesus. Assim, o Espírito sabe se o Pai quer júbilo ou prostração.
Se o Senhor quer ser exaltado como Rei ou como um pai amoroso, como Deus forte,
como um guerreiro ou um amigo. O Espírito é quem dirigirá o louvor nesta ou
naquela direção. A adoração é o “alimento” de Deus, disse certo pregador. E ele
poderá conduzir a reunião, através do dirigente, a profundas experiências.
4) Outrossim, o dirigente deve pensar
previamente como começar, tendo em vista que o início é muito importante. O
primeiro cântico é a chave que abre a reunião. Se a unção de Deus na reunião é
para levar a congregação a glorificar a Jesus como Rei e o primeiro cântico
apresenta como Salvador, no seu amor, na obra da cruz, então o dirigente
demorará um pouco a direcionar a reunião para cumprir a vontade do Espírito.
Muitas vezes, somente depois do terceiro ou quarto cântico é que se descobre a
“mente” do Espírito. Quando procuramos, contudo, saber a vontade do Espírito,
podemos entrar em adoração logo no primeiro cântico. Se o dirigente não está
certo do que o Espírito quer para a reunião, deve procurar seus colegas
pastores, e, na falta destes, os irmãos mais chegados, e perguntar-lhes com que
cântico ou de que maneira deve-se começar uma reunião. Nunca é recomendável
começar uma reunião com adoração, principalmente quando a reunião tem caráter
público, isto é, aberta a pessoas não cristãs. Quando todos somos comprometidos
com Cristo, a adoração flui logo, tal a unidade de espírito e fé. Ao contrário,
quando há a presença de muitos incrédulos, é necessário começar com louvor e
júbilo, e assim todo o espírito de incredulidade será dominado na reunião. A
experiência tem mostrado que, muitas vezes, é ainda necessário parar o louvor,
e a congregação, como um todo, numa oração de autoridade, repreender toda a
potestade maligna.
É muito comum ficarmos, mesmo os
crentes, contaminados pela “fuligem” do mundo, do ambiente da escola, do trabalho,
dos coletivos urbanos, dos meios de comunicação, etc. Daí a necessidade de uma
purificação de nossa vida diante do Senhor. Isto também poderá ser feito
começando-se a reunião com pequenos grupos de oração, de forma que um irmão
ministre a outro, e assim sejam todos mutuamente purificados nos amor, paz e
relacionamento com Cristo. Com isso o caminho para a adoração fica livre.
A Palavra de Deus diz que devemos ter
“intrepidez para entrar no Santo dos Santos” (Hb 10:19). Intrepidez significa
ousadia, com força, coragem e sem temor. Assim, uma reunião pode ser iniciada
com todos orando em grupos ou todos saudando uns aos outros.
5) O dirigente deve sempre incentivar os
irmãos à santificação. “Animador” de culto não existe. O animador está nos
clubes, emissoras de rádio e TV. No culto há o ministro. Seu papel é motivar e
exortar os irmãos a uma vida de santificação. Animador de corinhos para
“esquentar” o ambiente é obra puramente carnal. Os irmãos devem ser ajudados e
exortados a se santificarem para uma adoração profunda diante do Senhor.
6) O dirigente deve facilitar as
manifestações simultâneas e espontâneas das pessoas. Nem sempre isso é
necessário, pois há momentos quando a congregação espontaneamente expressa seu
louvor e adoração. Não é preciso pedir. Elas fluem. Irmão após outro irrompe em
expressões de agradecimento, de júbilo, de contentamento, de engrandecimento do
nome do Senhor. Mas cabe ao dirigente facilitar essas expressões. Quando o
dirigente do culto se limita a cânticos após cânticos, sem parar, inibe as
expressões espontâneas. O dirigente que somente se preocupa em cantar com o
povo e a falar todo o tempo, limita o louvor aos cânticos. Depois de algum
tempo de louvor, o dirigente poderá ficar em atitude de adoração, ou com as
mãos levantadas ou de cabeça baixa. A congregação se acostumará aos gestos do
dirigente e saberá que é o momento para se expressarem diante do Senhor, não
somente em palavras e frases curtas, mas também em cântico espiritual.
7) O dirigente deve também cuidar do
comportamento congregacional. Ele deve sentir o ambiente e o povo. Pode ser que
o dirigente queira adorar, mas o clima entre o povo é de júbilo e de danças. Ou
poderá ser que o dirigente queira jubilar-se e louvar a Deus, mas o ambiente na
congregação é de adoração e de prostração. Se ele não sentir a reação do povo,
demorará muito a entrar num fluir dinâmico do Espírito. Isto não quer dizer que
o estado emocional da congregação é que deve ditar o rumo do culto. Muitas
vezes, contudo, quem está dirigindo a reunião precisa ouvir o Espírito através
da congregação.
8) Depois de descobrir o fluxo do Espírito
no culto, o dirigente deve procurar a nota dominante da reunião. Esta pode ser
sobre o amor, cura, libertação, exaltação da santidade de Deus, etc. Uma vez
conhecido o tema, dirigir a reunião com segurança e firmeza. Um dirigente que
fica titubeando, que deixa transparecer indecisão, transmite tudo à
congregação. Esta se sente segura, quando o dirigente é firme e seguro. Ele
deve ser prudente para não dar a palavra ao pregador depois que o povo já ouviu
muitos testemunhos e teve um longo tempo de louvor. Muitas vezes ficamos
comprometidos com pregadores que têm de falar ao povo. Mas, se na reunião houve
louvor e adoração, testemunhos, palavra profética e ministração individual,
quando o pregador for pregar o povo se sentirá cansado. Se o pregador convidado
à reunião for uma pessoa compreensiva, também entenderá que não há lugar para
uma pregação longa. Podemos limitar a obra de Deus num culto, quando
comprometidos em dar a palavra a pregadores convidados. Recordo-me de uma
ocasião, quando o louvor e adoração fluíram no meio do povo com muitas palavras
proféticas, e tínhamos um pregador de uma outra cidade que nos fora recomendado
por colegas. Por estar fora da sintonia da reunião e interessado em divulgar
seu programa de evangelização, o culto tomou uma direção contrária à que todos
esperavam.
Quando os pastores da congregação
acompanham o fluxo da reunião, aquele que será o pregador saberá ficar calado e
deixar o culto tomar os rumos que Deus deseja. Os pregadores precisam ser
restaurados, para saberem quando devem falar e quanto tempo devem usar.
9) O dirigente deve atuar em fé. Ele deve
conduzir as pessoas a Deus. Muitas vezes, o muito falar prejudica o fluir do
Espírito na reunião. Há dirigentes que costumam ficar falando durante um
período de silêncio e adoração ou mesmo no meio júbilos. Deve-se falar para
levar pessoas a Deus, mas somente o necessário. Falar demais torna a reunião
cansativa.
Também é necessário que ele inspire fé.
No meio dos louvores e da adoração poderá ocorrer salvação, cura, batismo no
Espírito, distribuição de dons entre os irmãos, etc. Basta uma palavra de fé do
dirigente para que Deus transforme muitas vidas.
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