O fato e o ato
"Conjuro-te, pois, diante de Deus e de
Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu
reino; prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende,
exorta, com toda a longanimidade e ensino. Porque virá tempo em que não
suportarão a sã doutrina; mas tendo coceira nos ouvidos, cercar-se-ão de
mestres, segundo as suas próprias cobiças; e se recusarão a dar ouvidos à
verdade, voltando às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições,
faze a obra de um evangelista, cumpre bem o teu ministério" (2 Timóteo
4.1-5).
Após haver exortado o jovem pastor Timóteo a
ser firme e perseverante na chamada que havia recebido; e após, igualmente,
haver alertado sobre a corrupção que reinaria nos dias finais; encorajado,
ainda, a manter a doutrina, Paulo estimula seu jovem pupilo a ser incansável na
proclamação do evangelho. Isso o apóstolo o fará dentro de um plano bem
simples: fala acerca da pregação (vv.1 e 2) e acerca do pregador (v.5). Entre
esses dois fatos, utiliza ele o elo de uma nova descrição dos erros teológicos,
doutrinários e ideológicos , trazidos pelos profetas de um falso evangelho
(vv.3 e 4). Diz o apóstolo:
"Conjuro-te, pois, diante de Deus e de
Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu
reino" (v.1).
Não é um novo apelo. O apóstolo já o havia
feito com outras palavras em ocasiões variadas desta mesma carta. Paulo chama a
Deus Pai, e a Jesus Cristo como testemunhas . É Jesus, o juiz de vivos e de
mortos; é Jesus, o conquistador que retorna; é Jesus, o Rei. E mencionando
essas verdades, fala o apóstolo de Sua epifania, de Seu juízo, da plenitude de
Seu reino. É Jesus nosso alvo de vida, para Quem Paulo encoraja Timóteo a
olhar, como também para o mundo do seu tempo, e para ele, Paulo, pastor mais
experimentado, sofrido, calejado nas lides ministeriais.1 (vv.6-8)
A PREGAÇÃO (vv.2-4)
O Quérigma: "Prega a Palavra" (v. 2
a)
O ministro do evangelho não tem o direito de
escolher o que pregar. A ordem é dada em voz de comando, porque o pregador há
de ser como o porta-voz do seu rei. Esse é o padrão: o mesmo para o mensageiro
deste fim de século. É o da pregação que nasce da consciência de ser um arauto
do Rei dos reis, do que anuncia, faz conhecido em voz, razão porque a pregação
cristã é igualmente chamada "proclamação" ou "anúncio".
Prega-se a Jesus Cristo. Paulo o diz: "nós pregamos a Cristo crucificado"; anuncia-se o evangelho; proclama-se o reino. Devemos pregar a "Cristo crucificado"; anuncia-se o evangelho; proclama-se o reino. Devemos pregar a fé, a esperança e o amor; devemos pregar o Calvário e o túmulo vazio; devemos anunciar a reconciliação e a inauguração do reino do Senhor.
O pregador do evangelho não pode esquecer três relevantes e imprescindíveis realidades: Jesus Cristo é o Senhor do universo, do cosmos; é o Senhor da igreja, Seu corpo; e é seu Senhor, de sua vida, de sua esperança. Jesus Cristo é o começo da proclamação, e o cumprimento desse abençoado anúncio e promessa de salvação para todo o que crê.
Há, porém, espaço para essa pregação hoje? Radicais dizem que os pregadores devem jogar fora as suas Bíblias. Igrejas existem que, ao invés de estudar as Escrituras, preferem analisar nas suas "Escolas Bíblicas" (?!) documentos de conteúdo político e teses outras! E já que o mundo de nossos dias tem se tornado tão exigente, não seria melhor usar de formas outras para apresentar a mensagem? Que tal o teatro? O balé? As artes plásticas? Por que não o debate em torno de filmes, a leitura de uma peça? . É. São mil e uma as propostas para uma "apresentação contemporânea do evangelho", mas, nada, nada mesmo substitui a pregação . Como bem colocou Emil Brunner:
Prega-se a Jesus Cristo. Paulo o diz: "nós pregamos a Cristo crucificado"; anuncia-se o evangelho; proclama-se o reino. Devemos pregar a "Cristo crucificado"; anuncia-se o evangelho; proclama-se o reino. Devemos pregar a fé, a esperança e o amor; devemos pregar o Calvário e o túmulo vazio; devemos anunciar a reconciliação e a inauguração do reino do Senhor.
O pregador do evangelho não pode esquecer três relevantes e imprescindíveis realidades: Jesus Cristo é o Senhor do universo, do cosmos; é o Senhor da igreja, Seu corpo; e é seu Senhor, de sua vida, de sua esperança. Jesus Cristo é o começo da proclamação, e o cumprimento desse abençoado anúncio e promessa de salvação para todo o que crê.
Há, porém, espaço para essa pregação hoje? Radicais dizem que os pregadores devem jogar fora as suas Bíblias. Igrejas existem que, ao invés de estudar as Escrituras, preferem analisar nas suas "Escolas Bíblicas" (?!) documentos de conteúdo político e teses outras! E já que o mundo de nossos dias tem se tornado tão exigente, não seria melhor usar de formas outras para apresentar a mensagem? Que tal o teatro? O balé? As artes plásticas? Por que não o debate em torno de filmes, a leitura de uma peça? . É. São mil e uma as propostas para uma "apresentação contemporânea do evangelho", mas, nada, nada mesmo substitui a pregação . Como bem colocou Emil Brunner:
"Onde há verdadeira pregação; onde, em
obediência a fé, é proclamada a palavra, ali, apesar de todas as aparências
contra, é produzido o acontecimento mais importante que pode ter lugar na
terra".
A pregação, em si, é o elemento central do
culto. É um ato de adoraçào; é oferta feita a Deus pelo pregador. Lutero chegou
ao ponto de dizer ser o próprio cerne do culto cristão, e que não haveria culto
se não houvesse sermão. É essa palavra dinâmica (Hb 4.12), a palavra de Deus, a
palavra do evangelho, que sempre é criativamente aplicada em diferentes níveis.
Essa é a pregação da esperança que a pregação de Jesus Cristo anunciou e vem
anunciando até a parousia do Senhor. O evangelho não só é sobre Jesus, mas É
Ele mesmo. Os primeiros pregadores declaravam
- que
a época do cumprimento das promessas, a plenitude dos tempos, havia
chegado;
- que
através da ressurreição, Jesus foi exaltado à destra de Deus;
- que
a presença do Espirito Santo na igreja é a evidência do poder e da glória
de Cristo;
- que
a era messiânica terá sua consumação na parousia.
Realmente a
mensagem sobre o que o Senhor disse e fez pela salvação da pessoa humana é a
única sobre o único caminho de salvação que é Seu Filho: "Em nenhum outro
há salvação, pois também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os
homens, pelo qual devamos ser salvos".2 Para essa mensagem, a Bíblia usa
denominações variadas:
- "o
evangelho do reino de Deus" ("Depois disto andava Jesus de
cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho
do reino de Deus"3);
- "a
palavra de reconciliação" ("Deus estava em Cristo reconciliando
consigo o mundo, não imputando aos homens os seus pecados, e nos confiou a
palavra da reconciliação",4);
- "o
evangelho de Cristo" ("Deveis portar-vos dignamente conforme o
evangelho de Cristo. Então, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça
acerca de vós que estais firmes em um mesmo espírito, combatendo
juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho",5).
Sim, o
pregador do evangelho está na linha de sucessão dos profetas que anunciam esta
extraordinária palavra que nunca volta vazia, razão porque não pode mutilá-la
ou modificá-la. Seu dever de obediência é comunicar a Palavra de Deus que lhe
foi confiada.
Há quem deseje um evangelho sem cruz, sem maiores compromissos, o evangelho da facilidade e sem conflitos. É o evangelho do Cristo desfigurado. Diferente daquele que o pregador cristão é convocado a anunciar, o do Cristo crucificado6. O evangelho do Cristo desfigurado é o do "espetaculoso" (mistura do "espetáculo"com "horroroso"), evangelho tão do gosto dos evangelistas e missionários de porta de esquina, o do povo que pede sinais, o da-concupiscência-dos olhos. O evangelho do sucesso, o da soberba da vida, da vitória sem cruz, da coroa sem sofrimento, dos valores materiais, dos atalhos . O pregador evangélico, no entanto, é o que anuncia a palavra da cruz sem a qual não pode existir proclamação de boas novas,
"porque nós não somos falsificadores da palavra de Deus, como tantos outros; mas é com sinceridade, é da parte de Deus e na presença do próprio Deus que, em Cristo, falamos" 7.A Didaquê
Há quem deseje um evangelho sem cruz, sem maiores compromissos, o evangelho da facilidade e sem conflitos. É o evangelho do Cristo desfigurado. Diferente daquele que o pregador cristão é convocado a anunciar, o do Cristo crucificado6. O evangelho do Cristo desfigurado é o do "espetaculoso" (mistura do "espetáculo"com "horroroso"), evangelho tão do gosto dos evangelistas e missionários de porta de esquina, o do povo que pede sinais, o da-concupiscência-dos olhos. O evangelho do sucesso, o da soberba da vida, da vitória sem cruz, da coroa sem sofrimento, dos valores materiais, dos atalhos . O pregador evangélico, no entanto, é o que anuncia a palavra da cruz sem a qual não pode existir proclamação de boas novas,
"porque nós não somos falsificadores da palavra de Deus, como tantos outros; mas é com sinceridade, é da parte de Deus e na presença do próprio Deus que, em Cristo, falamos" 7.A Didaquê
1."insta
a tempo e fora de tempo"(v.2b)
A pregação
da mensagem de Jesus Cristo não depende de circunstâncias. Haja ou não
perseguição, percam-se ou não vantagens pessoais, nada deve influenciar nosso
ministério. Paulo o pontua: "Vós vos tornastes imitadores nossos e do
Senhor, acolhendo a palavra com a alegria do Espírito Santo, apesar das
numerosas tribulações".8 A expressão básica da carta a Timóteo apresenta
um bem feito jogo de palavras: "fica de prontidão em tempo oportuno
(eukairos) e, em sendo o caso, também em tempo inoportuno (akairos)". Seja
ou não em situações favoráveis. Kairos, ensinam os léxicos, é o tempo
oportunidade, o tempo de Deus. Atender a essa hora signifivativa é abraçar a
salvação; rejeitá-la é ruina. O pregador não pode perder a visão da urgência.
John Stott enfatizou muito bem ao pronunciar "O sermão deve dar descanso
após incomodar".
2."admoesta"
Há um crescendo nas palavras: insta, admoesta, repreende, exorta. Até podemos falar em níveis de pregação. O apóstolo fala em admoestação, uma abordagem intelectual usando-se a argumentação. Jesus Cristo ordenou que ensinássemos os crentes "a guardar todas as coisas" que Ele havia mandado. A proclamação admoestadora é a confrontação da pessoa com a realidade dinâmica da palavra anunciada; é a pregação da esperança. Deve levar a confissão do pecado ou a sua convicção porque proclamar o evangelho , instar em tempo oportuno, é confrontar. Hoje quando o antinatural é vendido como natural, e o pecado parece ter desaparecido, a Igreja de Jesus Cristo deve conduzir à salvação dos perdidos e a santificação dos salvos. É a didaquê.
Há um crescendo nas palavras: insta, admoesta, repreende, exorta. Até podemos falar em níveis de pregação. O apóstolo fala em admoestação, uma abordagem intelectual usando-se a argumentação. Jesus Cristo ordenou que ensinássemos os crentes "a guardar todas as coisas" que Ele havia mandado. A proclamação admoestadora é a confrontação da pessoa com a realidade dinâmica da palavra anunciada; é a pregação da esperança. Deve levar a confissão do pecado ou a sua convicção porque proclamar o evangelho , instar em tempo oportuno, é confrontar. Hoje quando o antinatural é vendido como natural, e o pecado parece ter desaparecido, a Igreja de Jesus Cristo deve conduzir à salvação dos perdidos e a santificação dos salvos. É a didaquê.
3."repreende"
A repreensão tem pontuação moral. Jesus Cristo deixou-nos o mandamento sobre promover a reconciliação de vidas, o perdão no aconselhamento com vistas ao arrependimento. Dr. Wayne Oates, professor de Psicologia Pastoral do The Southern Baptist Theological Seminary (em Louisville, EUA) ensina que como homem de Deus, como representante divino, o pastor se torna uma consciência visível. E essa é a razão porque pode admoestar, repreender e exortar com sabedoria e compaixão. A repreensão movida pelo amor de Cristo Jesus e pelo calor do Espírito dá ao pregador autoridade da qual o seu rebanho precisa.
A repreensão tem pontuação moral. Jesus Cristo deixou-nos o mandamento sobre promover a reconciliação de vidas, o perdão no aconselhamento com vistas ao arrependimento. Dr. Wayne Oates, professor de Psicologia Pastoral do The Southern Baptist Theological Seminary (em Louisville, EUA) ensina que como homem de Deus, como representante divino, o pastor se torna uma consciência visível. E essa é a razão porque pode admoestar, repreender e exortar com sabedoria e compaixão. A repreensão movida pelo amor de Cristo Jesus e pelo calor do Espírito dá ao pregador autoridade da qual o seu rebanho precisa.
4."exorta"
É encorajamento, é conforto. O ministério da paráclese tinha lugar destacado na Igreja apostólica. Era uma missão especial dos profetas. É encorajamento à vida justa, perfeita, à ética. As cartas paulinas trazem com muita freqüência passagens de exortação.
É encorajamento, é conforto. O ministério da paráclese tinha lugar destacado na Igreja apostólica. Era uma missão especial dos profetas. É encorajamento à vida justa, perfeita, à ética. As cartas paulinas trazem com muita freqüência passagens de exortação.
O Modo De
Fazer (v.2c)
"Com
loganimidade e ensino", diz Paulo. Com paciência, com perseverança , sem
cansaço, sem irritação, apesar das tentações do aborrecimento e da impaciência
com certas ovelhas de cabeça dura e miolo mole.
O pregador há de ter boa doutrina, que é a base do ensino cristão.
O pregador há de ter boa doutrina, que é a base do ensino cristão.
O TEMPO E OS
MITOS ( vv. 3,4 )
O tempo
(v.3)
Sem dúvida,
estamos vivendo esses dias. É um momento em que a ortodoxia será posta de lado
por não ser suportada. São os "tempos penosos" do capitulo 3, verso
1. O momento quando teorias maléficas são propagadas por movimentos
ideológicos, filosóficos, religiosos e místicos. E, porque há quem se deixe
levar (cf. "não suportarão a sã doutrina", "grande desejo de
ouvir coisas agradáveis", "desviarão os ouvidos da verdade",
"voltar-se-ão às FÁBULAS", vv.3,4), há, igualmente, necessidade da
admoestação, repreensão e exortação referidas no versiculo 2. É nossa
oportunidade missionária e pastoral, é o kairós, o momento marcado por Deus, o
chamado da hora. Afinal, a mensagem do evangelho é eugênica, hígida, sadia.
"Para
os devassos, os sodomitas, os roubadores de homens, os mentirosos, os perjuros,
e para tudo que for contrário à sã doutrina." 9 e assim o pregador é
exortado a reter "...firme a palavra fiel, que é conforme a doutrina, para
que seja poderoso, tanto para exortar na sã doutrina como para convencer os
contradizen-tes" 10, ou seja, o pregador não há de dar ao povo o que o
povo aprecia (que não caia nessa tentação!), mas o de que o povo precisa. Paulo
lembra que têm "grande desejo de ouvir coisas agradáveis" (no
original, têm "coceira nos ouvidos", prurido, comichão), fome de
novidades.11
A palavra mágica de nossa época parece ser liberdade. Realmente, qualquer causa tem algo que com ela se relaciona. Fala-se em "Frente Nacional de Libertação", em "livre empresa", "imprensa livre", "liberação feminina", "amor livre", "liberdade sexual", "liberação gay". É; essa palavra é muito apreciada. A Bíblia se pronuncia sobre o assunto: "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres".12 Jesus Cristo pôs a marca da liberdade no seu ministério: "O espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração de vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor". 13
A palavra mágica de nossa época parece ser liberdade. Realmente, qualquer causa tem algo que com ela se relaciona. Fala-se em "Frente Nacional de Libertação", em "livre empresa", "imprensa livre", "liberação feminina", "amor livre", "liberdade sexual", "liberação gay". É; essa palavra é muito apreciada. A Bíblia se pronuncia sobre o assunto: "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres".12 Jesus Cristo pôs a marca da liberdade no seu ministério: "O espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração de vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor". 13
Sim! A
mensagem cristã é um brado de "Independência ou Morte!": "Porque
a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da
morte" .14Liberdade de uma situação para outra. Liberdade da derrota
moral, do desespero da morte, das tentativas de auto-salvação , do julgamento
final para crescer à estatura do ser humano perfeito, para servir ao Senhor, e
viver a vida do Espírito.
O ser humano, nosso alvo de pregação, tem seus problemas peculiares: a secularização, a ideologia da tecnocracia, a busca desenfreada de lucro, o ateísmo, o hedonismo, a sacralização dos fenômenos naturais, a deificação da sua própria obra, a ansiedade, o sentimento de culpa, a revolução interior no lugar do equilíbrio, da qual o gadareno15 é seu retrato. São tempos dificeis: há um rápido aumento da parceria homossexual, dos casamentos abertos, e (pasme-se!) a criação de Igrejas gays como a Metropolitan Community Church, cisma da Igreja Metodista Unida dos EUA e espalhada pelos Estados Unidos e Canadá. Karl Barth alerta com muita propriedade ao pregador de nossos dias que tenha numa das mãos o jornal diário para ler o mundo e suas circunstâncias, e na outra a palavra de Deus para falar profeticamente a esse mundo (cético), irreligioso, ao tempo que sofrido e amargurado (e em desespero). De Erasmo:
O ser humano, nosso alvo de pregação, tem seus problemas peculiares: a secularização, a ideologia da tecnocracia, a busca desenfreada de lucro, o ateísmo, o hedonismo, a sacralização dos fenômenos naturais, a deificação da sua própria obra, a ansiedade, o sentimento de culpa, a revolução interior no lugar do equilíbrio, da qual o gadareno15 é seu retrato. São tempos dificeis: há um rápido aumento da parceria homossexual, dos casamentos abertos, e (pasme-se!) a criação de Igrejas gays como a Metropolitan Community Church, cisma da Igreja Metodista Unida dos EUA e espalhada pelos Estados Unidos e Canadá. Karl Barth alerta com muita propriedade ao pregador de nossos dias que tenha numa das mãos o jornal diário para ler o mundo e suas circunstâncias, e na outra a palavra de Deus para falar profeticamente a esse mundo (cético), irreligioso, ao tempo que sofrido e amargurado (e em desespero). De Erasmo:
"O
ministro se acha no ápice de sua dignidade quando do púlpito alimenta o rebanho
do Senhor com sã doutrina".
Os mitos
(v.4)
Paulo diz
que "não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às
fabulas". A propósito, Paulo encoraja outro jovem pastor a repreender com
severidade objetivando a saúde da fé, "não dando ouvidos a fábulas
judaicas, nam a mandamentos de homens que se desviam da verdade".16
Afinal, a função do quérigma inclui uma luta contra os mitos, as
"fábulas" das traduções bíblicas. Isso é o que diz Harvey Cox.
Comblin, referindo-se aos mitos do homem contemporâneo, menciona o que chama
"mitos do passado", os "sonhos da noite" de acordo com
Ernest Bloch, e os "mitos do futuro", a projeção da vida presente no
futuro. Aliás, segundo alguns, o ser humano de nosso tempo teria feito uma
grande descoberta: que é possível viver sem Deus, dando como conseqüência que a
pessoa humana não tem necessidade de Deus para viver e trabalhar. Aí pessoas
com tal idéia na cabeça "...se desviaram, e se entregaram a discursos
vãos", e "...já... se desviaram, indo após Satanás". Por razões
deste tipo, necessário é que o pregador viva "não dando ouvidos a fabulas
judaicas, nem a mandamentos de homens que se desviam da verdade" .17
Verdade Viva
Senhor,faze-nos
compreender que uma verdade é muito mais viva quando ela se move,
quando ela evolui e traz novos frutos em cada estação. Quando muda diante de nossos olhos com a hora do dia, com a idade do homem, com o passo dos séculos, mas permanece, em substância, para todos: séculos e homens, sempre iluminadora, sempre vivificadora, alimentando-nos a cada dia e levando-nos à nossa perfeição! Senhor, dá-nos a inteligência!
quando ela evolui e traz novos frutos em cada estação. Quando muda diante de nossos olhos com a hora do dia, com a idade do homem, com o passo dos séculos, mas permanece, em substância, para todos: séculos e homens, sempre iluminadora, sempre vivificadora, alimentando-nos a cada dia e levando-nos à nossa perfeição! Senhor, dá-nos a inteligência!
A PREGAÇÃO E O PREGADOR II
O fato e o ato
Walter Santos Baptista
O fato e o ato
Walter Santos Baptista
"Conjuro-te,
pois, diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos,
na sua vinda e no seu reino; prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo,
admoesta, repreende, exorta, com toda a longanimidade e ensino. Porque virá
tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas tendo coceira nos ouvidos,
cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças; e se recusarão a dar
ouvidos à verdade, voltando às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as
aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre bem o teu ministério" (2
Timóteo 4.1-5).
A primeira
parte deste estudo teve como tema central A PREGAÇÃO como missão cristã, como
proclamação e ensino autorizado das doutrinas, princípios e leis espirituais
deixados por Jesus Cristo. Nesta segunda parte, será analisada a figura do
Proclamador, do mensageiro da mensagem do evangelho.
O PREGADOR
(v. 5a)
"Tu,
porém, sê sóbrio em tudo" (v. 5 a)
O preparo da
mensagem começa com o preparo do mensageiro, lembrando que sua força vital é a
mencionada em Mateus 10.20:
"...não
sois vós que falais, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós".
Não é fácil
ser pastor. Humanamente falando, é uma tarefa complexa pelo fato que lida com
missões tão amplas e, por vezes, tão divergentes. É preciso dependência de
Deus, e de Sua graça e de Sua energia espiritual.1 Para ser ministro da palavra
é preciso
- salvação
pessoal, chamada divina porque se for de homens, o pastor não resiste,
- fidelidade
à palavra de Deus, convicção de que fora de Jesus Cristo não há salvação,
- convicção
da existência do diabo (o candidato a pastor no concílio de exame disse
não crer no diabo. Suspensão do concílio, e um pastor idoso disse aos
colegas, "não se preocupem; basta um mês no pastorado e ele vai se
convencer)
- dedicação
ao Espírito Santo.
Bushell
afirmou com muita propriedade:
"A
pregação não é outra coisa senão a explosão de uma vida que primeiramente se
abasteceu de poder nas regiões onde o próprio Deus está entre os alicerces da
alma"2
A primazia é
que o pregador ame o Senhor3, por isso Paulo pode dizer,
"O
Senhor esteve ao meu lado e me fortaleceu, para que por mim fosse cumprida a
pregação..." 4
É isso que
lhe dará integridade, da parte de Deus o shalom, palavra que quer dizer, inteireza,
plenitude, totalidade, paz, saúde, salvação.
Do pregador
é esperado que seja um "homem de Deus"5 e um "embaixador de
Cristo"6. Há um poder, um peso simbólico no pastor/pregador, como disse
Dr. Oates, que tem sido hoje altamente contestado, até porque há os
defraudadores de evangelho7. Espera-se, ainda, que seja a encarnação da
mensagem em conduta e estilo de vida. Que não haja contradição entre fatos e
palavras, a "Síndrome de Apocalipse"8: aparência de cordeiro e voz de
dragão.
O pregador
há de ser sóbrio, sensível, vigilante, com mente sadia, auto-controlado,
palavras, alíás, que se referem ao relacionamento das crenças e da estabilidade
emocional do candidato ao ministério. Calvino deixou claro que "o ministro
não pode ser escravo do seu estômago e da sua carteira".
"Sofre
as aflições" (v. 5b)
E nem se
pode fugir porque aquele que é chamado ao sofrimento pelo amor de Jesus Cristo
padecerá perseguições".9 E também,
"Eu de
muita boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas".10
Nossa geração
está preocupada em evitar a dor . Há todo um imenso capítulo sobre o uso de
analgésicos e anestésicos. Para alívio da dor, desde a popular aspirina até a
codeína, para a insensibilidade total ou parcial do corpo o éter, o
clorofórmio, a benzocaína. Já o cristão entende haver um momento para o
sofrimento:
"se
filho (é o salvo) também herdeiro, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo;
se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos
glorificados" .11
Existe base bíblica para uma teologia do sofrimento. Romanos 5.3 menciona uma glória nas tribulações, e essa glória decorre do fato de as aflições são vistas como a experiência do dia a dia do cristão. É um sinal de que Deus considerava os que as suportavam como dignos do Seu reino.12
Existe base bíblica para uma teologia do sofrimento. Romanos 5.3 menciona uma glória nas tribulações, e essa glória decorre do fato de as aflições são vistas como a experiência do dia a dia do cristão. É um sinal de que Deus considerava os que as suportavam como dignos do Seu reino.12
Não há
glória sem sofrimento, isso, porém, nào quer dizer qualquer dor, mas, sim, o
sofrimento com Cristo, não é uma enxaqueca, uma mialgia ou mesmo um malígno
câncer. Não é morbidez ou masoquismo do cristão. Assim, devemos sofrer com
Cristo. Como foi, então, o Seu sofrimento? Que ou quem O fez sofrer? Foram
pessoas , suas necessidades, tragédias, dores, resistência, má vontade e
abandono. Jesus Cristo sofria com as pessoas. Chorou quando elas choraram.13
Sofreu por elas.14 Do mesmo modo, o pregador da Palavra há de sofrer com e pela
igreja que lhe foi confiada, e pelo seu apostolado no mundo:
"Agora
me regozijai no meio dos meus sofrimentos por vós, e cumpro na minha carne o
que resta das aflições de Cristo por amor do seu corpo, que é a igreja"
.15
O ministro
da palavra deve sofrer as aflições por causa da verdade, visto que a pregação
do evangelho sempre demanda exaustào e perseguição, e envolve a participação
nos sofrimentos do Salvador, como tão bem coloca o apóstolo:
"Agora
me regozijo no meio dos meus sofrimentos por vós, e cumpro na minha carne o que
resta das aflições de Cristo, por amor de seu corpo, que é a igreja; da qual eu
fui constituído ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida
para convosco, a fim de cumprir a palavra de Deus".16
O pregador
da palavra divina convive com qualidades variadas de problemas: solidão,
tensões familiares, dificuldades da obra, onde o pior é que, em muitos casos, o
conflito se desenvolve dentro do seio do povo de Deus (decepções, deslealdade,
críticas ferinas, incompreensão, indiferença) George Whitefield até exclamou:
"Não estou cansado da obra de Deus, mas, sim, na obra de Deus". É
verdade , o cansaço pode trazer experiências divergentes: o estresse espiritual
(algo seriísimo!) ou maior maturidade17. Que não se caia no pecado da
reclamação contra o povo do Senhor, na "Síndrome de Moisés", o qual
exclamava,
"Concebi
eu porventura todo este povo? dei-o à luz, para que me dissesses: Leva-o ao teu
colo..." ;18
nem no
pecado da "síndrome de Elias" que à ameaça do perigo fugia e não
confiava19. Paulo, ao contrário dos seus colegas de vocação, escreve um
verdadeiro "Hino ao Apostolado" onde se humilha e posiciona diante do
Deus Soberano que chama, habilita e protege.20 O ministro da palavra há de ser
veludo por fora e aço por dentro em todas as circunstâncias, cordato e afetuoso
não se deixando oxidar nem quebrar. Ou como afirma o apóstolo,
"ao
servo do Senhor não convém contender, mas sim ser brando para com todos, apto
para ensinar, paciente; corrigindo com mansidão os que resistem, na esperança
de que Deus lhes conceda o arrependimento para conhecerem plenamente a
verdade".21
"Se Por
Acaso..."
Se por acaso
perdeste a motivação do trabalho, E os deveres te pesam; Se perdeste uma série de amigos, E a solidão te castiga;
Se por acaso perdeste o último raio de luz,
E andas no escuro; Se teus objetivos parecem cada vez mais distantes, E o ânimo de prosseguir desfalece; Se alimentas as melhores intenções, E, assim mesmo, te criticam;
Se teus pés feridos ostentam a marca Das jornadas infinitas em busca de soluções
Que o tempo ainda não trouxe; Se tuas mãos se alongam trêmulas na ânsia De segurar outra mão que não podes reter Porque não é tua; Se teus ombros se alargam, e a cruz
Ainda não cabe. porque é ardua demais; Se ergues os olhos, e o céu não responde
Às suplicas que fizeste; Se amas o chão firme, e tens a impressão de afundar no pântano da insegurança; Se queres mar alto, e areias seguram o navio dos teus onhos;
E andas no escuro; Se teus objetivos parecem cada vez mais distantes, E o ânimo de prosseguir desfalece; Se alimentas as melhores intenções, E, assim mesmo, te criticam;
Se teus pés feridos ostentam a marca Das jornadas infinitas em busca de soluções
Que o tempo ainda não trouxe; Se tuas mãos se alongam trêmulas na ânsia De segurar outra mão que não podes reter Porque não é tua; Se teus ombros se alargam, e a cruz
Ainda não cabe. porque é ardua demais; Se ergues os olhos, e o céu não responde
Às suplicas que fizeste; Se amas o chão firme, e tens a impressão de afundar no pântano da insegurança; Se queres mar alto, e areias seguram o navio dos teus onhos;
Se falas, se
gritas até, e o vazio não devolve o eco à sua voz; se gostarias de ser inteiro, total, e te sentes parcelado,
repartido, fragmentado, um trapo de gente, talvez;
Se os nervos
afloram, e beiras os limiares do abismo da estafa; Se a fé parece onversa fiada, e nada do eterno te traz ressonância;
Se choraste tanto que já não descobres
as estrelas no alto. Então, levanta o olhar para a cruz, fixando Cristo bem nos olhos.
No lenho do Calvário, encontram-se todas as respostas para aqueles que sofrem
e perdem a vontade de sorrir, de lutar, de viver. Ajoelha-te aos pés de Cristo Ressuscitado, como Tomé, o apóstolo incrédulo, e repete com ele: "Meu Senhor e meu Deus!"
as estrelas no alto. Então, levanta o olhar para a cruz, fixando Cristo bem nos olhos.
No lenho do Calvário, encontram-se todas as respostas para aqueles que sofrem
e perdem a vontade de sorrir, de lutar, de viver. Ajoelha-te aos pés de Cristo Ressuscitado, como Tomé, o apóstolo incrédulo, e repete com ele: "Meu Senhor e meu Deus!"
"Faze a obra de um
evangelista" (V. 5c)
A palavra "evangelista" só três vezes aparece no Novo Testamento.22 Qual a obra do evangelista? Quem eram eles? Não precisamos nos cansar para verificar que a resposta imediata é que os apóstolos são evangelistas e tinham como qualificação especial estar com o Mestre e pregar.23 Após a ressureição, a principal preocupação deles tornou-se a pregação, e de tal modo que outros homens foram selecionados para cuidarem de outros assuntos relevantes porém mais terra-a-terra.24
Extraordinários homens esses evangelistas! Paulo aponta Jesus Cristo como tema único do seu ministério apostólico/evangelístico,25 a pregação da esperança, da alegria, da perseverança, o entusiamo que era passado aos ouvintes. O evangelista é, deste modo, um portador de boas notícias, não um agoureiro ou profeta da desgraça, mas um otimista, um apocalíptico no real sentido da palavra.
A palavra "evangelista" só três vezes aparece no Novo Testamento.22 Qual a obra do evangelista? Quem eram eles? Não precisamos nos cansar para verificar que a resposta imediata é que os apóstolos são evangelistas e tinham como qualificação especial estar com o Mestre e pregar.23 Após a ressureição, a principal preocupação deles tornou-se a pregação, e de tal modo que outros homens foram selecionados para cuidarem de outros assuntos relevantes porém mais terra-a-terra.24
Extraordinários homens esses evangelistas! Paulo aponta Jesus Cristo como tema único do seu ministério apostólico/evangelístico,25 a pregação da esperança, da alegria, da perseverança, o entusiamo que era passado aos ouvintes. O evangelista é, deste modo, um portador de boas notícias, não um agoureiro ou profeta da desgraça, mas um otimista, um apocalíptico no real sentido da palavra.
A única
munição que o evangelista leva consigo é a autoridade de Cristo, que através do
Seu Espirito concede esse dom especial da sua graça.26 O Novo Testamento
oferece modelos da pregação evangelística: é o testemunho, quando o crente em
Jesus Cristo não só conta a história, mas a sua parte naquela história;27 a
proclamação, que é, como já visto, fazer o papel de porta-voz,28quando sempre
se aguarda uma resposta;29 o ensino, pois que na prática não se deve dissociar
a evangelização do ensino: o evangelista deve saber ensinar, e o mestre,
evangelizar.30 Jerônimo até disse que "ninguém , deve se arrogar o título
de pastor se não puder ensinar os que apascenta".31
Evangelização
sem o "ensinar a guardar" resulta em crentes superficiais e nanicos.
Ensino sem a pregação do arrependimento é ancilose. Não era o que acontecia na
Igreja-dos-Primeiros-Dias conforme o declaram Atos 5.42 e 20.20. Perfeito
exemplo de integração de ensino e pregação evangelistica se encontra em Atos
8.26-38, terminamos o texto por dizer qie Filipe o evangelizou e ouviu a
pergunta que todo evangelista pede em oração para ouvir com maior freqüência,
"que impede que eu seja batizado?" (v. 36b). Outro modelo é o convite
no teor do Salmo 34.8, "provai, e vede que o Senhor é bom";32; a vida,
posto que temos um ministério espetacular como o ensino de Paulo em 2Coríntios
3.18. Sim, mesmo a nossa luz33 é de menor grandeza refletindo a grandeza de
primeira da luz do Senhor.34 É o desafio de viver como cristão de que fala o
apóstolo em Romanos 12.1,2.
"cumpre
bem o teu ministério" (v.5b )
O que há de
ser feito com sinceridade e dependência do Espírito Santo com a dignidade da
chamada que recebeu. Dennis Kinlaw salienta que o aspecto mais importante na
pregação não é o preparo da mensagem, mas o do mensageiro. Isso significa que
nossa prioridade máxima é ter momentos de comunhão com Jesus Cristo, pois
chamou Jesus aos apóstolos "para que estivessem com ele" .35 E aos
chamados levitas não foi designado, entre outros encargos "estar diante do
Senhor servindo-o" ?36
Os ministros da Nova Aliança, como os profetas do Antigo Testamento, agem cheios do Espírito do Senhor, e Lucas insiste nisso: com respeito aos Doze, , a Pedro, aos Sete, a Estevão, a Filipe, a Saulo, a Barnabé e Paulo. 37
Os ministros da Nova Aliança, como os profetas do Antigo Testamento, agem cheios do Espírito do Senhor, e Lucas insiste nisso: com respeito aos Doze, , a Pedro, aos Sete, a Estevão, a Filipe, a Saulo, a Barnabé e Paulo. 37
A comunhão
de Jesus Cristo e Seu Espírito capacitará o ministro da palavra a ver as
pessoas e os fatos como Cristo os vê . Sim, as previsões divinas são
inesgotáveis,
"Quem
permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis
fazeis" .38
Isso explica
João 14.23-26; 15.26,27; 16.7-13.
O ministro
da palavra vive rodeado de perigos e tentações , razão porque necessita ser
energizado pelo poder do Alto. Afinal, não é um mero profissional, nem um mero
conselheiro, não é um mero orador. É , sim , um ministro da Nova Aliança, da
Palavra e das ordenanças.39
A palavra
"ministro"tem uma origem interessante. Era o perfeito contrário de
"magistrado" e de "mestre" para os antigos romanos.
Magister era o encarregado de administrar a justiça porque havia nele algo mais
que os outros, os quais não tinham esse magis, essa competêncai além. Por sua
vez , minister era o que tinha um minus, algo menos que os outros porque a
serviço dos outros, das autoridades e dos senhores. É mesmo. O pastor é um
paradoxo: é mestre porém ministro; possui um magis, o ser pastor-mestre,40 e um
minus, seu ministério, ou como coloca Paulo "sou o menor..." 41
Precisamos
de lábios ungidos pela brasa do altar, tanto quanto nossos ouvidos, mãos , pés
e olhos.42 Nossa vida interior vai se refletir no púlpito. É nesse ponto que
vale a pena citar Lutero o qual dizia que três coisas fazem o pastor: a oração,
a meditação e a tentação, visto que as três lhe abrem a consciência para
compreeder as grandes , magníficas, abençoadas verdades espirituais.43
Para bem
cumprir seu apostolado, o ministro evangélico precisa estudar. Ele que já
conhece o poder transformador de Deus, precisa estudar para bem manejar a
Escritura. Jesus Cristo o ressaltou,
"Errais,
não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus" 44
O pregador é
intérprete da Bíblia, razão porque há de ser homem de estudo, de oração e
profundamente inserido no tempo. Há de ter preparo teológico através das
ciências bíblicas e teológicas, versado na Teologia Bíblica, na Teologia
Sistemática, na Hermenêutica; homem de conhecimentos gerais, leitor de
publicações especializadas, dos jornais diários, das revistas de comentário, da
história. Há de ter preparo, e permanecer se preparando: é um homem sempre em
formação, estudante perene da Bíblia, pesquisador de bons e variados
comentários, estudante da teologia e profundo na doutrina.
O pregador
da Palavra de Deus há de se alimentar constantemente da meditação das
Escrituras, como na ordem a Ezequiel : "Filho do homem...come este rolo, e
vai fala à casa de Israel,"45 ou na experiência de Jeremias:
"Acharam-se as tuas palavras eram para mim o gozo e alegria do meu
coração" 46
É uma
contradição (seria melhor dizer aberração?) a pregação não-teológica. Seria o
mesmo que falar em mecanismo não-mecânico, ou medicina não-médica, motivo pelo
qual não é possível desvincular o preparo teológico de um ministério bem
cumprido.
O apóstolo
Paulo faz a Timóteo alguns apelos de cunho pessoal. Diz por exemplo:
"...(que)
pelejes a boa peleja, conservando a fé, e uma boa cosciência.". 47
"Exercita-te
a ti mesmo na piedade" .48
"Aplica-te
à leitura, à exortação, e ao ensino.."49
"Conjuro-te...
que sem prevenção guardes estas coisas, nada fazendo com parcialidade" .50
"Segue
a justiça, a piedade, a fé , o amor , a constância, a mansidão" .51
"...
guarda o depósito que te foi confiado, evitando as conversas vãs e profanas e
as oposições da falsamente chamada ciência" .52
"Conserva
o modelo das sãs palavras..." 53
"Procura
apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro de que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" ,54
e outros
tantos, e tantos outros de atualíssima aplicação na vida do obreiro do século
atual.
De onde vem
a força do pastor? Com atribuições tão variadas , e por vinte e quatro horas à
disposição do seu rebanho, as suas forças espirituais, emocionais e físicas
provém de, pelo menos, duas fontes:
Deus
("Posso todas as coisas naquele que me fortalece" 55) Aquele que
chamou também o sustenta. Na experiência de chamada de algumas das personagens
bíblicas, há um senso de inadequação, de estar aquém da vocação. Não foi assim
com Amós?56 Com Jeremias?57 Com Ezequiel?58 Mas pelo poder do Senhor, a voz
interior continua a falar: o desejo forte, continuado de fazer do ministério a
ocupação suprema da vida:
"Se
anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, porque me é imposta essa
obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!" 59
Outra fonte
é a sua igreja, por causa de duas importantes razões:
- o
conceito do Sacerdócio dos Crentes porque, precisando o pastor das orações
do seu rebanho, espera que ele tome parte ativa na intercessão pelo seu
ministério. Como o apóstolo aos gentios rogou: "Irmãos, orai por
nós" .60
- O
outro conceito é o de Igreja Ministrante, a dimensão pastoral da igreja
como um todo. O ministro dá e recebe forças: pastoreia e é pastoreado.
Bendito feedback.!...
Se para o
ministro jovem a palavra encorajadora é "ninguém despreze a tua
mocidade..." ,61 para o pastor já experimentado nas lides do apostolado
persiste a alegria de dizer com Paulo , "combati o bom combate, acabei a
carreira e guardei a fé" .62
Utiliza-nos
Senhor, tu nos chamaste.
A inquietude que nos sobrevém
quando ouvimos tua palavra, o comprova.
Tu conheces nossa fraqueza.
Tu sabes com que vacilidade perdemos nosso ânimo.
Tu sabes como caminhamos com medo.
Nisto confiamos.
Trabalha em nós, se for a tua vontade.
Utiliza-nos e faze-nos úteis.
Não sabemos se resultará algo
de tudo o que fazemos em teu nome.
Mas a ferramenta não precisa temer
Pelo sentido da obra.
Nós somos teus instrumentos.
Tu nos tomaste em tua mão.
Utiliza-nos;
Dá o que tu queres,
quando tu queres e quando tu queres.
Faze comigo a tua vontade,
como melhor te agradar,
e assim que te reconhecemos em tua obra.
Coloca-me onde tu queres,
E dispõe de mim livremente.
Estou em tua mão.
Volta-te e envia-me para onde tu queres.
Sou teu servo.
Estou preparado para tudo.
Pois não quero viver para mim, e sim para ti,
e isto, totalmente
e de tal maneira que seja digno para ti.
A inquietude que nos sobrevém
quando ouvimos tua palavra, o comprova.
Tu conheces nossa fraqueza.
Tu sabes com que vacilidade perdemos nosso ânimo.
Tu sabes como caminhamos com medo.
Nisto confiamos.
Trabalha em nós, se for a tua vontade.
Utiliza-nos e faze-nos úteis.
Não sabemos se resultará algo
de tudo o que fazemos em teu nome.
Mas a ferramenta não precisa temer
Pelo sentido da obra.
Nós somos teus instrumentos.
Tu nos tomaste em tua mão.
Utiliza-nos;
Dá o que tu queres,
quando tu queres e quando tu queres.
Faze comigo a tua vontade,
como melhor te agradar,
e assim que te reconhecemos em tua obra.
Coloca-me onde tu queres,
E dispõe de mim livremente.
Estou em tua mão.
Volta-te e envia-me para onde tu queres.
Sou teu servo.
Estou preparado para tudo.
Pois não quero viver para mim, e sim para ti,
e isto, totalmente
e de tal maneira que seja digno para ti.
( Thomas von
Kempen )
Walter Santos Baptista
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