sexta-feira, 8 de outubro de 2021

O CASAMENTO

 

O casamento é uma instituição de Deus ou apenas uma invenção humana?

 

Com a desvalorização do casamento em nossa cultura, junto com a relativização dos valores morais e a tendência contra tudo aquilo que é estabelecido, muitos cristãos nutrem esta ideia curiosa de que a Bíblia não ensina sobre o casamento, o qual se resume num acordo mútuo de duas pessoas viverem juntas.

Pronto! Estão casadas diante de Deus.

Com isso, não é pequeno o número de evangélicos que tem uma vida sexual ativa.

Alguns anos passados, ficamos impressionados com uma estatística publicada por uma revista evangélica após entrevistas feitas com jovens evangélicos de 22 denominações. Esses jovens, a grande maioria composta de solteiros, haviam nascido em lar evangélico e eram frequentadores regulares de igrejas. De acordo com a pesquisa, 52% deles já haviam tido sexo.

Destes, cerca da metade mantinha uma vida sexual ativa com um ou mais parceiros. A idade média em que perderam a virgindade era de 14 anos, para os rapazes, e 16, para as moças. Essa reportagem foi publicada em setembro de 2002, mas desconfiamos que os números são ainda mais estarrecedores se forem atualizados para os dias atuais.

Não vamos, aqui, ocupar muito espaço defendendo o que, acreditamos, a maioria dos nossos leitores já sabe, que é nossa posição: sexo é uma bênção a ser desfrutada somente no casamento. Namorados que praticam relações sexuais estão pecando contra a Palavra de Deus.

Mesmo que não tenhamos um versículo que diga: “É proibido o sexo pré-marital” (desnecessário à época em que a Bíblia foi escrita, visto que, na cultura do antigo Oriente, não existia namoro, noivado, ficar, etc.), é evidente que a visão bíblica do casamento é de uma instituição divina, da qual o sexo é uma parte integrante e essencial.

Alguns textos que mostram que contrair matrimônio e casar era uma instituição oficial entre o povo de Deus, e o ambiente próprio para desfrutar o sexo:

• “Nem contrairás matrimônio com os filhos dessas nações” (Dt 7.3).

• “Aumentai muito sobre mim o dote e a dádiva, e darei o que me disserdes; dai-me somente a moça por mulher” (Gn 34.12).

• “... e lhe dará uma jovem em casamento...” (Dn 11.17).

• “Respondeu-lhes Jesus: Podem, acaso, estar tristes os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles?” (Mt 9.15).

• “... nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento...” (Mt 24.38).

• “Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galileia, achando-se ali a mãe de Jesus. Jesus também foi convidado, com os seus discípulos, para o casamento” (Jo 2.1,2).

• “Estás livre de mulher? Não procures casamento” (1Co 7.27).

• “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência, que proíbem o casamento...” (1Tm 4.1-3).

• “Se um homem casar com uma mulher, e, depois de coabitar com ela, a aborrecer, e lhe atribuir atos vergonhosos, e contra ela divulgar má fama, dizendo: Casei com esta mulher e me cheguei a ela, porém não a achei virgem...” (Dt 22.13,14).

• “Qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério” (Mt 5.32).

• “Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar” (Mt 19.10).

• “Caso, porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor casar do que viver abrasado” (1Co 7.9).

• “Mas, se te casares, com isto não pecas; e também, se a virgem se casar, por isso não peca” (1Co 7.28).

• “A mulher está ligada enquanto vive o marido; contudo, se falecer o marido, fica livre para casar com quem quiser, mas somente no Senhor” (1Co 7.39).

• “Ao que lhe respondeu a mulher: Não tenho marido. Replicou-lhe Jesus: Bem disseste, não tenho marido; porque cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade” (Jo 4.17,18).

• “Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes” (Tt 1.6).

• “Quanto ao que me escrevestes, é bom que o homem não toque em mulher; mas, por causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido.” (1Co 7.1,2)

• “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros” (Hb 13.4).

Essas passagens (e haveria muitas outras) mostram que casar, ter esposa, contrair matrimônio é o caminho prescrito por Deus para quem não quer ficar solteiro ou permanecer viúvo. O casamento era sim uma instituição oficial para o povo de Deus. As relações sexuais fora do casamento nunca foram aceitas, quer em Israel, quer na Igreja primitiva, a julgar pela quantidade de leis contra a fornicação e a impureza sexual e pelas normas e exemplos que fortalecem o casamento como instituição para o povo de Deus em todas as épocas.

O ônus de provar que namorados podem ter relações sexuais como uma coisa normal é dos libertinos. Alguém pode se justificar biblicamente diante de Deus por viver com sua namorada como se ela fosse sua esposa, não sendo casados? Como tal pessoa lidaria com a evidência massiva de que o casamento é a alternativa bíblica para quem não quer ficar solteiro ou viúvo?

O que existe, na verdade, é aquilo que Judas menciona em sua carta, sobre pessoas ímpias que transformam a graça de Deus em libertinagem (Jd 4). Os argumentos do tipo: “Quem casou Adão e Eva?” demonstram o grau de má vontade e a disposição do coração de continuar na prática da fornicação, mesmo diante da resposta: “O caso de Adão e Eva não é nosso paradigma, a não ser que você tenha sido feito diretamente do barro por Deus e sua namorada tenha sido tirada de sua costela. Se não foi, então, você deve se sujeitar ao paradigma que Deus estabeleceu para toda a raça humana, para os descendentes de Adão e Eva, que é contrair matrimônio, casar-se, assumindo, assim, um compromisso público diante das autoridades civis”.

Os demais argumentos, como este, por exemplo, “é melhor que os namorados cristãos tenham sexo responsável entre si do que procurar prostitutas”, entre outros, nem merecem resposta. O que falta realmente é domínio próprio, castidade, submissão à vontade de Deus, amor à santificação.

Chegamos a tal ponto que rapazes e moças cristãos têm vergonha de dizer, até mesmo em reuniões de mocidade e adolescentes, que são virgens. Temos compaixão dos jovens e adolescentes de nossas igrejas, mas sentimos uma santa ira contra os libertinos, que pervertem a graça de Deus, pessoas ímpias, que desviam nossa juventude para este caminho.


O caso de Isaque e Rebeca serve de base para se viver junto sem casamento?

 

Alguns queridos amigos têm apelado para o episódio do encontro de Isaque com Rebeca como base para a posição de que, na Bíblia, o casamento é a decisão de duas pessoas de se unirem diante de Deus e terem relações sexuais. Não precisa de cerimônia pública, compromisso formal, testemunhas, pais, parentes, autoridades, etc. A passagem é a seguinte:

“E Isaque trouxe-a para a tenda de sua mãe, Sara, e tomou a Rebeca, e foi-lhe por mulher, e amou-a. Assim, Isaque foi consolado depois da morte de sua mãe” (Gn 24.67).

O argumento é que o casamento de Isaque e Rebeca foi simplesmente terem tido relações na tenda, sem nenhuma formalidade. Entendemos que os defensores desta tese adotaram o versículo errado, como sempre, empregando um texto fora do contexto (embora não haja na Bíblia um versículo sequer que proporcione fundamento para se defender o casamento nesses termos). Basta lermos o capítulo 24 de Gênesis integralmente para percebermos que, na verdade, quando Isaque e Rebeca se encontraram, e tiveram relações sexuais na tenda, já eram casados. Casados!

Abraão mandou seu servo ir até a casa de seus parentes na Mesopotâmia para, de lá, “tomar uma esposa” para seu filho Isaque (Gn 24.4). Para isso, ajuramentou o servo, que foi como seu representante, ou procurador (Gn 24.2-4,8,9). Naquela época, os casamentos, geralmente, eram arranjados pelos pais e, por vezes, se usava a figura de um representante legal. Aliás, até hoje, é possível casamento por procuração.

O servo-procurador fez seu percurso orando para que Deus mostrasse quem seria a esposa para Isaque (Gn 24.12-14). Quando ficou claro que era Rebeca, o servo-procurador lhe entregou presentes, que já apontavam para um pedido oficial de casamento (como alianças de noivado, por exemplo), e pediu para conhecer a família dela (Gn 24.22-26).

A família era composta da mãe e do irmão Labão, o patriarca da família (o pai havia morrido), o que, naquela época, significava aquele que fazia o papel do líder religioso e civil. É só verificar o episódio mais adiante, em que ela casa as suas duas filhas, Lia e Raquel, com Jacó (Gn 29).

Voltando ao relato. Diante da mãe e do irmão de Rebeca, o servo-procurador fez a proposta de casamento, repetindo a missão que lhe fora dada: achar uma esposa para Isaque (Gn 24.28-49). Houve a permissão da mãe e do irmão (Gn 24.50,51) e, em seguida, perguntaram a Rebeca: “Queres ir com este homem?”. Ao que ela respondeu: “Irei” (Gn 24.57,58). Algo bastante parecido com: “Você aceita este homem como seu legítimo esposo?”. Resposta: “Sim. Aceito”. E não faltou nem a bênção: Labão, como patriarca da família, abençoou Rebeca na saída: “E abençoaram a Rebeca, e disseram-lhe: Ó nossa irmã, sê tu a mãe de milhares de milhares, e que a tua descendência possua a porta de seus aborrecedores!” (Gn 24.60). A frase, “ó nossa irmã”, sugere que foi Labão quem deu esta bênção. Mais casados do que isto, impossível.

Portanto, quando, depois da longa viagem, Rebeca encontra Isaque, e o servo-procurador relata tudo o que aconteceu (Gn 24.61-66), quem Isaque leva para a tenda para ter relações sexuais é sua legítima esposa e não uma jovem que ele havia encontrado vagando pelo campo.

Logo, o episódio envolvendo Isaque e Rebeca é, na verdade, mais uma evidência de que o casamento em Israel não era simplesmente ir para uma tenda ter relações.



escrito por Augustus Nicodemus

 

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