ESTABELECENDO LIMITES NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS
(Provérbios 29.15)
"Crianças-problema
não surgem do nada. Geralmente, toda criança-problema tem um ambiente
problemático; não se consegue limites saudáveis quando o ambiente não é
propício. Como naturalmente lutamos contra os limites desde o nascimento, é
preciso muita ajuda para desenvolvê-los."
Na verdade, cabe aos pais estabelecer os limites que influenciaram a formação
educacional, moral e espiritual da criança, devendo-se iniciar logo nos
primeiros seis anos de vida.
Os primeiros seis anos de vida são os mais importantes porque a criança está
mais aberta e, com certeza, há de inculcar melhor os parâmetros que lhe são
ensinados, podendo também aproveitar melhor as experiências espirituais a que
são submetidas.
Logo, é nossa responsabilidade estabelecer os limites que nortearão a conduta
de nossos filhos por toda a vida. É certo que não há garantias de que não se
desviarão. Mas imagine se não tiverem limite nenhum? Com certeza, neste caso,
não temos garantia nenhuma sobre nada.
1. O que nos diz Provérbios 29.15?
O livro de Provérbios se destaca pela valorização da disciplina, entre outras
questões. Disciplina, que na visão do escritor bíblico, não é panacéia, mas
também não ser exercida com rigorismo castrador.
O recurso principal para que os pais exerçam a disciplina é a instrução a
partir da Lei, para que de forma construtiva se estabeleça limites claros e
benfazejos para que as crianças se desenvolvam em um ambiente propício ao
equilíbrio emocional e espiritual.
A Lei, que em Provérbios se refere ao Decálago Sinaítico, deveria ser ensinado
com persistência amorosa a fim de que as crianças definam seus direcionamentos
existenciais, desenvolvendo hábitos sábios de pensamento e de ação que, ao
invés de escravizar o indivíduo, capacita-o para que encontre de modo certeiro
os caminhos de sua conduta e a honradez que o distinguirá na sociedade.
O verso em questão é claro e especifica que quando a criança não tem nenhum
limite para se orientar terminará, com certeza, envergonhando a sua mãe.
O termo envergonhar tem o sentido de "cair em desgraça", ou de ter
sido lançado em situação de desgraça extremada, normalmente gerada por um
fracasso, quer de si mesmo ou de algo em que se confiava ou em que investira
recursos.
Neste caso, conforme o Texto Sagrado, mais especificamente em Provérbios, a
vergonha é o resultado de uma atitude imprudente ou imoral, mas também pode ser
devido a culpa de se ter feito algo de errado.
Em última análise, percebemos que a responsabilidade pela conduta fracassada,
imprudente ou imoral dos nossos filhos recai sobre nós, que deveríamos ter
estabelecido limites bem definidos e baseados na Palavra de Deus para que eles
desenvolvessem habilidades existenciais, decidindo pautar as suas vidas na
honestidade, verdade, respeitabilidade, humildade e espiritualidade sadia.
Somos os responsáveis pelos limites que nortearão os nossos filhos por toda a
vida e não devemos renunciar a este compromisso que nos é delegado pelo próprio
Deus, que nos abençoa com os filhos, Salmo 127.3.
2. Conselhos práticos para o estabelecimento de limites para os nossos
filhos:
Neste tópico poderíamos desenvolver algo tipo um tratado teológico sobre o
tema, mas creio que conselhos práticos serão de muito mais valia.
Na verdade, não estou inventando nada e nem mesmo, para escândalo de alguns,
tomando por base qualquer literatura evangélica. Estou apenas transmitindo algo
que a Bíblia preceitua há séculos, que a igreja tem negligenciado, que as
escolas têm percebido a falta que faz e que a sociedade está redescobrindo, que
foi publicado na revista Veja dias atrás. Vejamos.
a) As atitudes do dia-a-dia são mais importantes do que os conselhos - Os
nossos filhos aprendem muito mais observando o nosso comportando do que nos
ouvindo.
b) Demonstre afeto incondicional, porém, sem mimar seus filhos - É extremamente
saudável abraçar e beijar os nossos filhos, independente da idade deles.
c) Envolva-se com a vida de seu filho - A falta de monitoramento aumenta os
riscos de eles se envolverem com drogas, álcool e delinqüência, bem como de uma
gravidez extemporânea.
d) Trate seus filhos de acordo com as etapas de crescimento dele - A técnica
que funciona em uma idade pode ser um desastre em outra.
e) Estabeleça regras e limites desde cedo - Com o tempo, tais regras e limites
ajudarão os nossos filhos na administração do próprio comportamento.
f) Encoraje seu filho a se tornar independente - Busca de independência não é
rebeldia, desobediência ou desrespeito, se bem direcionada pelos pais e se os
limites estão bem definidos.
g) Seja coerente - Não mude as regras todos os dias ou apenas para atender a
uma situação específica, pois serão esquecidas ou negligenciadas e a culpa pelo
mau comportamento dos filhos é toda dos pais, neste caso.
h) Evite castigos físicos violentos ou agressões verbais - A punição é
necessária, mas a violência e os xingamentos sempre têm efeitos nocivos. Sempre
que punir, explique claramente as razões e seja cauteloso no método e com as
palavras.
i) Explique bem as regras e decisões, mas ouça o ponto de vista de seu filho -
Eles aceitarão e acatarão as ordens com mais facilidade se perceberem que são
lúcidas e bem embasadas e que estão sendo valorizados como pessoa e em suas
opiniões.
j) Respeite seu filho - A criança aprende a lidar com os outros e a tratar as
pessoas observando a maneira como os seus pais a tratam e se tratam entre si.
Não há novidade, nem segredo e muito menos uma fórmula mágica para a educações
dos filhos. Porém, é preciso coragem, firmeza e participação ativa, que deverão
estar associadas ao tempo dedicado e aos bons conselhos oferecidos, a fim de
que as regras estabelecidas sejam bem definidas e bem entendidas. Só assim
temos autoridade suficiente para aplicar a punição ou o corretivo necessário
nas ocasiões em que nossos filhos nos confrontarem.
Conclusão:
Uma pergunta importante que os pais fazem sobre os limites na educação dos
filhos é a seguinte: "será que já não é tarde para demais pensar
nisso?". Os pais que lutam contra problemas graves de conduta em filhos
adolescentes ou já adultos às vezes ficam desesperados e desanimados. Porém,
nunca é tarde demais para começar a fazer o que é certo.
Porém, quanto mais nova a criança, mais fácil será para estabelecermos os
limites como normas. Quanto mais tempo a criança passar na ilusão de que é
Deus, mais difícil será para ela desistir desse mundo maravilhoso e irreal que
existe em sua cabeça.
Uma parte de seu filho precisa de que você se envolva, ignore todos os seus
protestos e assuma o controle. Não raro, ele próprio fica assustado com suas
próprias atitudes e comportamentos inconseqüentes e precisa de alguém mais
forte que o ajude a se conter e a estruturar a sua vida. Lidar com a
resistência e a insolência dos filhos faz parte do processo educacional e, de
certa forma, os nossos filhos sabem disso.
É possível que tenhamos de nos contentar com um resultado abaixo do esperado.
Um adolescente de dezesseis anos que demonstra uma falha de comportamento a
vida inteira dificilmente mudará da noite para o dia. Mas ele pode aprender
lições muito importantes que irão ajudá-lo a crescer nos últimos anos antes de
entrar para a vida adulta.
O problema é que às vezes os pais são desorientados e necessitam de tratamento,
de alguém que lhes imponha limites. Quem não aprendeu a obedecer jamais será
capaz de orientar objetivamente os limites necessários para os seus filhos. Mas
mesmo assim, inicie o processo de reversão em sua vida e família, à luz da
Palavra de Deus. Muitas vezes os nossos filhos, percebendo a nossa luta
interior para nos tornarmos melhores, passam a fazer exatamente o que lhes
ensinamos nos últimos anos antes de saírem de casa e começam a aplicar os
limites indicados em suas vidas.
Não desista de seu filho. Aproveite cada oportunidade. Nós pais somos os únicos
pais que ele têm; ninguém mais no mundo tem tanto poder de influência sobre
eles quanto nós.
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