segunda-feira, 5 de julho de 2021

O VALOR DA MEMORIZAÇÃO DAS ESCRITURAS

 

O Valor da Memorização das Escrituras

 

Vamos dar atenção a algumas razões básicas para se fazer um depósito interior das Escrituras em nosso coração e mente.

Em primeiro lugar, devemos memorizar as Escrituras porque Deus nos ordena a fazê-lo.

Deus falou ao seu povo no Monte Sinai, do meio do fogo, e o povo respondeu, dizendo: “Eis aqui o Senhor, nosso Deus, nos fez ver a sua glória e a sua grandeza, e ouvimos a sua voz do meio do fogo; hoje, vimos que Deus fala com o homem, e este permanece vivo” (Dt 5.24).

O povo percebeu que o grande e glorioso Deus se expressa em palavras que podem ser compreendidas.

Logo depois, Deus disse: “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração” (Dt 6:6). Deus explicou ainda que deveriam dedicar o esforço necessário para colocar suas palavras no coração deles: “Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma; atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontal entre os olhos” (Dt 11.18).

Deus especificamente nos ordena a memorizar sua Palavra para que esta esteja no nosso coração. Esta é sua vontade e seu plano para nós. Não podemos escapar disso. Não ousamos dizer-lhe: “Não tenho tempo”, ou “Não consigo memorizar”.

A segunda razão por que devemos memorizar as Escrituras, é que simplesmente não podemos realmente “viver” sem isto. Em Deuteronômio 8, lemos como Deus trata com seu povo, como o disciplina, como o humilha e o exalta, a fim de que soubesse “que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor viverá o homem” (Dt 8.3).

De fato, podemos existir sem a sua palavra, mas não podemos “viver” sem ela.

 

Por Que Memorizar?

Já que temos a Palavra de Deus convenientemente impressa num livro que podemos carregar conosco para onde quer que formos, por que é necessário gastar todo o esforço que faz parte da memorização? De fato, lembro-me de como um pregador conhecido, certa vez, anunciou diante de uma grande audiência que não tinha costume de memorizar as Escrituras. Justificou-o, fazendo comparação ao horário de partida de uma passagem de trem.

“Por que hei de memorizar o horário do trem, quando tenho a passagem no meu bolso?”, ele perguntou, cheio de razão.

Entretanto, não está escrito: “Escondi o horário do trem no meu coração, para eu não pecar contra ti”!

O horário do trem pode ser necessário para nós durante cinco minutos ou mais durante a semana, mas a palavra do Deus vivo é urgentemente necessária durante 10.080 minutos por semana, e se a tivermos no coração e na mente, nos estará acessível instantaneamente e a todo tempo.

Sim, de fato, leia a Palavra de Deus diariamente, medite nela diariamente, e seu espírito será exposto diariamente ao coração e à mente de Deus.

Ainda mais proveito será adquirido quando se pesquisa e estuda as Escrituras seguindo algum método sistemático. Martinho Lutero comparava o estudo da Bíblia a apanhar maçãs. Primeiro sacode-se a árvore inteira – ou seja, leia a Bíblia de capa a capa, como se lê qualquer outro livro. Depois sacode-se cada galho individualmente, estudando livro por livro. Em seguida, sacode-se os ramos menores, dando atenção a cada capítulo. Finalmente, sacode-se cada broto dos galhos, estudando cuidadosamente os parágrafos e frases, e há de ser grandemente recompensado aquele que olhar embaixo de cada folha, buscando o significado de cada palavra.

Ao estudar a Palavra, não estamos buscando eloqüência, e sim a verdade; não queremos argumentos sagazes, porém a vida; e acima de tudo, ansiamos encontrar a Pessoa de Cristo nas páginas sagradas.

E a maneira mais eficaz de assimilar a Palavra de Deus é pela memorização. Assim, não será um acontecimento passageiro, como um visita que passa uma hora e já vai embora para seguir seu caminho; pelo contrário, a Palavra de Deus é convidada a permanecer em nós, a se estabelecer em nós, a fazer sua morada na nossa alma interior e a habitar nos recessos mais profundos do nosso ser.

A Justificativa

Por que eu deveria memorizar a Escritura?

Há alguns anos, uma pessoa com cargo elevado numa denominação cristã escreveu-me uma carta sobre o assunto de memorização das Escrituras. Disse que muitos dos seus membros estavam sugerindo que se estimulasse mais a memorização das Escrituras, mas que ainda não tinham nem ao menos uma justificativa de motivos elaborada para isto. Perguntou se eu tinha tal justificativa e se podia passar-lhe um fundamento para memorização, do ponto de vista bíblico, educativo, e psicológico.

Fiquei bastante chocado e entristecido por ver que um líder tão proeminente de um grupo tão grande de cristãos nem soubesse dizer qual o valor ou as razões básicas por que se deve memorizar as Escrituras. Mas desde então, tenho constatado que tal situação não era um caso isolado, mas é bem mais geral do que gostaríamos de imaginar.

Orei, e ponderei bastante sobre a melhor maneira de responder a este homem, e depois de alguns dias escrevi-lhe mais ou menos assim: “Com o risco de ser um tanto simplista, posso lhe dizer que de fato temos uma justificativa para a memorização das Escrituras, e que a mesma foi estabelecida pelo próprio Deus há muito, muito tempo. É a seguinte: 1) A tua palavra – este é o ponto de vista bíblico. É a Palavra de Deus, infalível e eterna, com que estamos lidando. 2) Escondi no meu coração – esta é a parte educativa ou disciplinar da questão. Exige-se um esforço verdadeiro para guardar a Palavra de Deus na mente e no coração, mas é extremamente proveitoso. 3) Para eu não pecar contra ti (Sl 119.11) – aí está o aspecto psicológico ou espiritual da questão.”

Concluí a carta dizendo: “Tua palavra – é a melhor possessão; escondi no meu coração -  este é o melhor lugar; para eu não pecar contra ti – este é o melhor propósito.

Memorizamos as Escrituras porque são as palavras vivas de Deus. Desejamos ter suas palavras nas nossas mentes, a fim de saber em cada encruzilhada da nossa vida qual a sua vontade para nós.

Uma razão por que as pessoas não levam a Palavra de Deus muito a sério é que questionam a veracidade de Deus, como o fez Satanás primeiro em Gênesis 3.1: “É assim que Deus disse?”.

A Bíblia é um livro milagroso! Veio sobrenaturalmente através de revelação divina (1 Co 2.10). Deus moveu sobre certos homens chamados apóstolos e profetas de um modo especial, e mostrou-lhes sua vontade e palavras. Escreveram estas palavras “...não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito” (1 Co 2.13).

Paulo nega a idéia de que os homens tenham colocado os pensamentos de Deus nas suas próprias palavras, ou em palavras sugeridas por conhecimento humano. E Pedro o confirma quando diz: “Homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2 Pe 1.21). A Bíblia veio para nós da parte de Deus.

A Bíblia é superior a todos os demais escritos. Sua excelência é infinitamente superior, assim como “os céus são mais altos do que a terra” (Is 55.9). Os próprios autores inspirados se maravilhavam da sua incalculável grandeza. “Quão grandes, Senhor, são as tuas obras! Os teus pensamentos, que profundos!” (Sl 92.5).

“Como telescópio, a Bíblia alcança além das estrelas, e penetra as alturas do céu e as profundidades do inferno. Como microscópio, revela os detalhes mais minuciosos do plano e propósito de Deus, como também os segredos escondidos do coração humano” (L. S. Chafer).

Portanto, a Palavra age com eficácia quando é recebida e apropriada pessoalmente como aquilo que é: a verdadeira Palavra de Deus ( 1 Ts 2.13). Um famoso cirurgião e também defensor infatigável da Bíblia como a Palavra infalível de Deus, Dr. Howard Kelly, descreveu a realidade prática do seu ponto de vista da seguinte forma: “A Bíblia tem um atrativo especial para mim, como médico, pois é um remédio sobremodo excelente; nunca deixou de curar um paciente sequer, desde que fosse tomado fielmente de acordo com a sua receita. No campo de tratamento espiritual é precisamente aquilo que tanto gostaríamos de encontrar para nossos males físicos: um remédio universal.”

 

A Palavra de Deus é Indispensável    

Deus quer que reconheçamos que sua Palavra não só é importante, mas também totalmente indispensável em cada área da nossa vida (Dt 8.3).

Deus pretende que o crente viva pela Palavra diariamente e a cada momento. Sua vida interior deve ser sustentada por ela; suas atividades guiadas por ela. Em cada circunstância a palavra vivificadora de Deus deve ser seu conforto e consolação. Carregado de tristeza por causa das suas perdas e desilusões com os amigos, Jó encontrou consolo e sustento na Palavra de Deus, a respeito da qual ele disse: “As palavras da sua boca prezei mais do que o meu alimento” (Jó 23.12).

A Palavra de Deus é essencial para nos guardar do fracasso (Js 1.8). A revelação de Deus não deve ser apenas tratada com alta estima, mas deve estar continuamente no nosso coração e nos nossos lábios, durante todo o dia e durante as horas da noite também. O homem cujo “prazer está na lei do Senhor”, de tal forma que medita nela “de dia e de noite”, será como “árvore plantada junto a corrente de águas”, crescendo e florescendo, e “tudo quanto ele faz será bem sucedido” (Sl 1.2,3).

“Os homens nunca são realmente habilidosos”, dizia Calvino, “exceto na medida em que se permitem ser governados pela Palavra de Deus.”

A Palavra de Deus é essencial para nos guardar do erro (Mt 22.29). Os saduceus erravam, Cristo dizia, por duas razões: 1) Não conheciam as Escrituras; 2) Subestimavam seriamente o poder de Deus. Sabiam argumentar e filosofar brilhantemente a respeito das questões da vida no céu, mas estavam errados porque não percebiam o significado das Escrituras do Velho Testamento.

A Palavra de Deus é essencial para nos guardar do pecado (Sl 119.11). A palavra que ilumina deve ser entesourada no nosso coração a fim de ser uma fonte de poder e vida no interior. Em outro lugar o salmista disse: “No coração, tem ele a lei do seu Deus; os seus passos não vacilarão” (Sl 37.31).

Todo dia precisamos deixar a Palavra de Deus sondar os recessos mais profundos do nosso ser, a fim de descobrir o mal escondido lá dentro, de encontrar cada falha, e de restringir cada tendência de praticar o mal. “Além disso, por eles se admoesta o teu servo; em os guardar, há grande recompensa” (Sl 19.11). A Palavra de Deus constantemente na mente e no coração é a proteção mais eficaz que existe, tanto para nossas motivações como para nossas ações.

A Palavra de Deus é essencial para nos guardar de crescimento mirrado ou raquítico (1 Pe 2.2). Onde não houver um coração que anseia pelo leite divino, logo virá declínio espiritual, o que resulta em crescimento espiritual raquítico. A Palavra, como leite, é alimento nutritivo, e é gostoso ao paladar; por ela crescemos, e provamos a graciosidade de Deus.

Vivemos numa época em que Bíblias são acessíveis por todas as partes, e ao mesmo tempo, há por toda a terra, como Amós profetizou, “fome... não de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor” (Amós 8.11).

O homem parece não ouvir a bendita Palavra de Deus dirigindo-se às profundezas da sua vida; antes, vai seguindo seu próprio caminho, irrequieto, vagando de mar a mar, almejando algo novo, uma nova sensação, sem ouvidos para a voz do céu. Como é extremamente necessário para o homem aceitar a autoridade da lei de Deus, e submeter-se ao domínio soberano do Espírito Santo na sua vida!

Este é o convite e a súplica de Deus naquela chamada dramática do profeta Jeremias: “Ó terra, terra, terra! Ouve a palavra do Senhor!” (Jr 22.29).

 

 

N. A. Woychuk

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