segunda-feira, 3 de maio de 2021

A VERDADE SOBRE OS LIVROS APÓCRIFOS DO NOVO TESTAMENTO

 

A verdade sobre os Livros Apócrifos do Novo

Testamento

 

Jesus..., um misterioso e celestial ET disfarçado de humano". A frase em destaque foi publicada pela revista Época na edição nº 202 de

01/04/2002.

 

Uma das mais respeitadas publicações da imprensa

nacional, a Época procura numa tentativa frustrada e recheada de

argumentos ocos, conjecturar como seria o cristianismo se os livros

canônicos fossem substituídos pelos apócrifos.

 

Lamentavelmente, a falta de conhecimento teológico do colega

jornalista ou sua necessidade de produzir algo vendável, o faz trilhar por

caminhos já percorridos por outros aventureiros da "arte" que buscam

fama e dinheiro criando invencionisses a partir de declarações

expeculativas dos livros apócrifos.

A exemplo do cineasta Martin Scorsese, de A Última Tentação de Cristo,

que, baseado no livro do escrito grego Nikos Kazantzakis, apresenta

Jesus como um freqüentador de prostíbulo, demente e esquizofrênico

sexual. Um Cristo que vive sonhando aventuras sexuais com inúmeras

mulheres, entre elas as irmãs de Lázaro e a própria Maria Madalena.

Ou ainda o Jesus líder de uma seita de homossexuais, segundo o livro

Corpus Christi de Terrence McNally. Ou mesmo como o best seller

internacional de 1992, Holy Bloond Holy Grail (O santo Sangue o Santo

Graal) que especula que Jesus se casou com Maria Madalena e juntos

tiveram seis filhos.

Impressionante como as viagens alucinógenas sobre a figura de Jesus

sempre permeiam a sua sexualidade !!! Acho que Freud, para isto, tem

a resposta... Na verdade, esse é o único caminho que sobrou para se

tentar pegá-Lo em algum fraude.

Quem se arrisca julgar ou interpretar Jesus sobre outra visão acaba

abortando obras bizarras, como a do semita John Allegro. No livro The

Sacred Mushroom and the Cross (O Cogumelo Sagrado e a Cruz) o

infame diz que Jesus não é uma pessoa histórica, mas uma espécie de

nome em código aludindo ao uso de uma droga alucinógena feita com o

cogumelo de cabeça vermelha, Amanita Muscaria.

Já os escritores do Novo Testamento eram supostamente membros de

um antigo culto da fertilidade que colocaram seus segredos num

elaborado criptograma, o próprio Novo Testamento.

Nessa visão de Alegro, temos que admitir, nem os apócrifo são tão

competentes.

O escritor do Novo Testamento, o erudito inglês, R.T. France em seu

livro The Evidence for Jesus de 1986, diz o seguinte sobre as novidades

sobre o Jesus Histórico:

"Todas essas reconstruções de Jesus têm necessariamente em comum

um extremo ceticismo com relação à evidência principal relativa à Ele,

os evangelhos canônicos, que são considerados como uma distorção

deliberada da verdade , à fim de oferecer à adoração cristã um Jesus

adequado.

Em vez disso, eles procuram insinuações de "evidência suprimida", e

dão o lugar central a detalhes históricos incidentais e a tradições

apócrifas tardias conhecidos dos eruditos bíblicos tradicionais, mas que

tem sido geralmente considerados como periféricos na melhor das

hipóteses e, em muitos casos, bem pouco confiáveis.

credulidade com a qual é aceita esta "evidência suprimida", que recebe

um lugar de honra na reconstrução do verdadeiro Jesus, é ainda mais

notável quando contrastada como excessivo ceticismo mostrado em

relação aos evangelhos"

Trazer à tona o que dizem os livros apócrifos sobre o Jesus da história

na intenção de fazer uma releitura ou de negar os livros canônicos, é

uma profunda perda de tempo. Não pelo fato de estes são os únicos

considerados inspirados por Deus, mas pelo simples fato de que os

apócrifos não se sustentam em suas narrativas e nem podem ser

comparados com os escritos das testemunhas oculares e seguidoras fiéis

de Jesus e do cristianismo.

A acusação de que os apócrifos foram escritos por pessoas humildes e

por isso não foram aceitos, é prova da falta de informação (ou má fé) do

escritor. Gostaria de lembrar ao colega que os apóstolos Pedro e João,

autores de 7 dos 27 livros do Novo Testamento, eram rudes pescadores.

Outro detalhe crucial: a afirmação de que os livros rejeitados pela igreja

foram escritos por pessoas que conviveram com Ele também não

procede, uma vez que seus registros datam a partir do século 1º.

Mas o que realmente são os livros apócrifos

Honestamente, o que os céticos questionam é a veracidade do cânon

neo-testamentário. Porque somente eles contêm a verdade de Jesus?

Esta é a pergunta chave.

A indagação só vem à tona por pura ignorância histórica e teológica. O

termo "apócrifo" vem do grego e significa coisas ocultas. Quando se fala

em apócrifo, normalmente, se faz alusão aos catorze ou quinze livros do

Velho Testamento (VT), mas no caso da matéria em questão, o autor se

reporta aos escritos do Novo Testamento (NT).

Assim como no caso do VT, os apócrifos do NT também não são aceitos

devido a sua autoridade e autenticidade duvidosas. Mas como, então, os

livros chegaram à seleção que conhecemos hoje? Quem deu o veredito?

A resposta: o Canôn. Esta palavra é uma transliteração de um termo

grego com o sentido principal de bastão ou regra. Nos primórdios da

igreja cristã, teve o sentido de regra de fé, mais tarde, representaria a

lista dos livros neo-testamentários.

O Cânon do NT não surgiu arbitrariamente do dia para a noite. Os livros

de história registram que em 393 a.D. o Concílio da Igreja da época,

denominado de O Sínodo de Hippo, listou os 27 livros que compõem o

NT, e quatro anos mais tarde, a decisão foi reafirmada no Terceiro

Sínodo de Cartago.

Contudo, e é aqui que se encontra o cerne da questão, o que a igreja

fez foi apenas conferir uma autoridade que os livros já possuíam. Muitos

anos antes da reunião dos concílios, os presbíteros das igrejas locais do

1º século colecionavam, avaliavam e decidiam quais dos escritos de

seus dias tinham a autoridade dos apóstolos.

Como declara um dos mais importantes apologetas do nosso século,

autor de prestigiados livros sobre a historicidade de Jesus, o inglês, Josh

MacDowell, os registros que mereciam mais atenção eram exatamente

aqueles que continham relatos e atos de Jesus. "O Cristo, para eles,

tinha a mesma conotação divina atribuída a autoridades importantes do

Velho Testamento, como a dos profetas. Isto porque Ele era considerado

e aceito como o Messias de Deus, daí a opção".

Outro fator de grande relevância diz respeito à data em que os

documentos foram escritos. Os que fazem parte hoje do Cânon foram

produzidos antes do fim do primeiro século, como afirmam alguns

pesquisadores, entre eles, o renomado arqueólogo bíblico William

Albright em seu livro Recent Discoveries in Bible Lands "Já podemos

dizer enfaticamente, que não há mais nenhuma base sólida para datar

qualquer livro do Novo Testamento depois de 80 a.D." A única dúvida

paira sobre o livro de apocalipse, que outros historiadores acreditam ter

sido escrito por volta do ano 95 a.D.

Este fato, segundo os estudiosos da história bíblica, possibilitou àqueles

que selecionavam os textos o acesso a testemunhas oculares. Dessa

forma, eles poderiam, oralmente, conferir a veracidade do que havia

sido escrito. À medida em que os apóstolos iam morrendo, a

necessidade de se preservar seus relatos fazia com que suas epístolas

fossem valorizadas ainda mais.

Quanto mais antigo fosse o escrito, menos confiança e mais cautela

havia para se avaliar sua autenticidade. O interessante é que

praticamente todos os escritos apócrifos são reconhecidos

historicamente como sendo do primeiro, segundo e até do 3º século,

outros ainda de quase mil após: O Evangelho de Tomé (140 a.D);

Evangelho para os Hebreus (cerca de 170 a.D.); O Tratado da

Ressureição (meados ou fim do 2º século); Evangelho de Pedro (200

a.D.); O Evangelho de Filipe (século 3º a.D) Evangelho Pseudo-Mateus

(séculos 8º ou 9º a.D.).

Dessa forma, por terem sido escrito muito tarde oferecem pouca, ou

nenhuma evidência histórica confiável de Jesus. Além disso, detalhes em

desacordo com os preceitos cristãos são facilmente encontrados nesses

livros.

Como é o caso do Evangelho de Pedro. Aparentemente baseado nos

evangelhos canônicos, sua narrativa é condenada por apresentar

detalhes que se arranjam para satisfazer ao propósito do autor. Além de

ser doceta (conceito herético de que o corpo de Jesus não era de carne

e sangue reais), ele também argumenta fortemente a favor da inocência

de Pilatos e culpa apenas os judeus pela crucificação.

Já o Evagelho de Tomé, foi condenado pelos eruditos por conter claras

evidências de gnosticismo (uma tentativa de explicar todas a coisas pela

razão), o que é uma afronta à fé genuína cristã.

Muitas outras contradições e tiros no escuro sobre Jesus são disparados

pelos apócrifos que parecem ter atingido alguns predestinados a duvidar

do Jesus histórico.Mas não quero terminar argumentando a favor da

história, afinal de contas, "A canonicidade é determinada ou fixada

autoritariamente por Deus, sendo, simplesmente descoberta pelo

homem" (Norman Geiler e William Nix - A General Introduction to the

Bible, 1986).

 

Gevan Oliveira gdoliveira@sfiec.org.br

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