quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

O OBJETIVO DA SALVAÇÃO

 

O Objetivo da Vinda de Jesus

Mateus 11: 25-30

 

I - A META DA SALVAÇÃO

Antes de entender Jesus na sua difícil missão pela terra, precisamos entender primeiro o desígnio do Pai ao enviá-lo.

a) O propósito eterno. Nos planos de Deus estavam traçadas todas as características que esta meta deveria ter. Era restaurar o estado de vida eterna perdida no Éden, Gn. 3: 22; redimir a raça humana do estado de pecaminosidade vivido desde a queda, Rm. 8: 23; conduzir o homem já redimido ao estado de santificação gerado pelo Espírito Santo, Rm. 8: 14-17 e, enfim, capacitar-nos para perseverar até que tudo se cumpra, II Tm. 2: 4.

b) O alvo de Deus.  O “mundo” de que o evangelista fala e que foi objeto do amor de Deus compreende os povos, ou seja, todos os homens da terra. A razão que inspirou Deus a mover sua destra salvadora em nosso benefício foi seu grande amor, Jo. 3: 16.

Observe que, no contexto, para cada obra feita, a afirmativa era: “E viu Deus que isto era bom”, sendo que, após ter feito o homem, passando as ordens de seu domínio e usufruto, declara: “Viu Deus tudo quanto fizera e eis que era muito bom”. A palavra tudo dá idéia de complemento, significando que a obra criadora de Deus só se tornou completa quando o homem foi feito, o que pode ser visto na ênfase e no contentamento de Deus expressivamente narrado (“muito bom”).  Infelizmente, foi nesse mesmo ambiente que o homem pecou, afastou-se dos propósitos de Deus e se encaminhou para a morte. Foi, portanto, necessário  o plano da salvação, através de Jesus.

II - BUSCAR E SALVAR

A missão de Jesus está basicamente registrada em Lc. 19: 10. Dois verbos apontam o objetivo de Jesus e sua estratégia de resgate do pecador. Para salvar, é preciso primeiramente buscar, e para buscar tem que haver o interesse de salvar.

Para salvar o homem, Jesus identificou-se no contexto profissional da época; fez a alegria de uma festa de casamento, evitando o vexame de não se ter o vinho, mantendo o clima em estado de alegria, Jo. 2: 9-10; demonstrou, na purificação do templo, a preservação do objetivo, para o qual fora edificada a casa do Pai, Jo. 2: 13-16; curou diversos enfermos físicos que lhe eram trazidos, Mc. 6: 55-56; acalmou a tempestade que afligia os seus discípulos, Mt. 8: 23-27.

Estas citações exemplificam o interesse de Jesus em nossa procura. Ele tentou dizer que estava em nossa busca, no nosso encalço para nos salvar.  

Vive na casa de Zaqueu não um simples e ocasional encontro para diálogo, mas afirma a chegada da salvação por meio dEle, Lc. 19: 9.

III - JESUS VIVENDO A MISSÃO SALVADORA

Na plenitude dos tempos, ou seja, quando o mundo estava preparado para recebê-lo, Deus enviou seu Filho para cumprir a missão salvadora.

a) O ponto basilar da missão de Jesus foi resgatar o homem. Jesus cumpriu integralmente sua missão salvadora. Vejamos o que João registrou na oração sacerdotal, cap. 17. Nesse preciosíssimo texto está a proclamação da vitória da missão vivida por Jesus, dita por Ele mesmo. Veja o verso 4: “Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer”.

Na oração sacerdotal, uma oração que só Ele poderia fazer, cuidou de pedir ao Pai a guarda e proteção aos seus Jo. 17-11, mostrando entender a necessidade que tínhamos e que continuamos tendo dEle conosco, Jo. 17: 15.

b) O ponto culminante da missão salvadora de Jesus foi a cruz, Hb. 12: 2. Nela ficou registrada toda a redenção pretendida pelo Pai. Isaías, o profeta messiânico, declara que, no episódio da crucificação, Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, as nossas dores, a nossa má reputação, o nosso desprezo e a nossa rejeição, Is. 53: 2-5. E, graças a Deus, foi até o fim sem hesitar.

 

CONCLUSÃO

Lucas, no cap. 3: 23, afirma que Jesus tinha cerca de trinta anos quando começou seu ministério, e isto abre entendimento para crermos em uma vida curta enquanto na terra. Jesus mostrou que a vida humana depois do pecado não deve ser vista como a mais importante uma vez que a vida eterna é dádiva divina, Rm. 6: 23. Mostrou também que um homem pode viver pouco fisicamente, e fazer muito espiritualmente, construindo e edificando onde nem a traça e nem a ferrugem podem estar, Mt. 6: 20, e nem ladrões podem minar. Mostrou competência mesmo na tenra idade, vivendo entre os “anciãos” da lei apesar de rejeitado por eles, Lc. 9: 22, e ao mesmo tempo revelando que a idade pode não ser tão importante assim, se formos honestos e leais em nossa forma de vida.

 

O JEJUM

 

 O Jejum

O jejum é a abstinência total ou parcial de alimentos por um período definido e propósito específico. Tem sido praticado pela humanidade em praticamente todas as épocas, nações, culturas e religiões. Pode ser com finalidade espiritual ou até mesmo medicinal, visto que o jejum traz tremendos benefícios físicos com a desintoxicação que produz no corpo. Mas nosso enfoque é o jejum bíblico.

Muitos cristãos hoje desconhecem o que a Bíblia diz acerca do jejum. Ou receberam um ensino distorcido ou não receberam ensinamento algum sobre este assunto. Creio que a Igreja de hoje vive dividida entre dois extremos: aqueles que não dão valor algum ao jejum e aqueles que se excedem em suas ênfases sobre ele. Penso que Deus queira despertar-nos para a compreensão e prática deste princípio que, sem dúvida, é uma arma poderosa para o cristão.

Não há regras fixas na Bíblia sobre quando jejuar ou qual tipo de jejum praticar, isto é algo pessoal. Mas a prática do jejum, além de ser recomendação bíblica, traz consigo alguns princípios que devem ser entendidos e seguidos.

 

1) A BÍBLIA ORDENA O JEJUM?

Não. No Velho Testamento, na lei de Moisés, os judeus tinham um único dia de jejum instituído: o do Dia da Expiação (Lv.23:27), que também ficou conhecido como "o dia do jejum" (Jr.36:6) e ao qual Paulo se referiu como "o jejum" (At.27:9). Mas em todo o Velho e Novo Testamento não há uma única ordem acerca de jejuarmos. Contudo, apesar de não haver um imperativo acerca desta prática, a Bíblia esta cheia de menções ao jejum. Fala não apenas de pessoas que jejuaram e da forma como o fizeram, mas infere que nós também jejuaríamos e nos instrui na forma correta de faze-lo.

Muitos ensinadores falharam de maneira grave ao dizer que, por não haver nenhuma ordem específica para o jejum, então não devemos jejuar. Mas quando consideramos o ensino de Jesus sobre o jejum, não há como negar que o Mestre esperava que jejuássemos:

"Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuardes, unge a cabeça e lava o rosto, com o fim de não parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará." (Mt.6:16-18).

Embora Jesus não esteja mandando jejuar, suas palavras revelam que ele esperava de nós esta prática. Ele nos instruiu até na motivação correta que se deve ter ao jejuar. E quando disse que o Pai recompensaria a atitude correta do jejum, nos mostrou que tal prática produz resultados!

Algumas pessoas dizem que se as epístolas não dizem nada sobre jejuar é porque não é importante, e desprezam o ensino de Jesus sobre o jejum. Isto é errado! Jesus não veio ensinar os judeus a viverem bem a Velha Aliança, Ele veio instituir a Nova Aliança, e todos os seus ensinos apontavam para as práticas dos cidadãos do reino de Deus. Quando estava para ser assunto ao céu, deu ordem aos seus apóstolos que ensinassem as pessoas a guardar TUDO o que Ele tinha ordenado (Mt.28:20), inclusive o modo correto de jejuar!

O próprio Jesus praticou o jejum, e lemos em Atos que os líderes da Igreja também o faziam. Registros históricos dos pais da igreja também revelam que o jejum continuou sendo observado como prática dos crentes muito tempo depois dos apóstolos. O jejum, portanto, deve ser parte de nossas vidas e praticado de forma equilibrada, dentro do ensino bíblico.

Embora o próprio Senhor Jesus tenha jejuado por quarenta dias e quarenta noites no deserto, e muitas vezes ficava sem comer (quer por falta de tempo ministrando ao povo - Mc.6:31, quer por passar as noites só orando sem comer - Mc.6:46), devemos reconhecer que Ele e seus discípulos não observavam o jejum dos judeus de seus dias (exceto o do dia da Expiação). Era costume dos fariseus jejuar dois dias por semana (Lc.18:12), mas Jesus e seus discípulos não o faziam. Aliás chegaram a questionar Jesus acerca disto:

"Disseram-lhe eles: Os discípulos de João e bem assim os fariseus freqüentemente jejuam e fazem orações; os teus, entretanto, comem e bebem. Jesus, porém, lhes disse: Podeis fazer jejuar os convidados para o casamento, enquanto está com eles o noivo? Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; naqueles dias, sim, jejuarão." (Lc.5:33-35).

O Mestre mostrou não ser contra o jejum, e disse que depois que Ele fosse "tirado" do convívio direto com os discípulos (voltando ao céu) eles haveriam de jejuar. Jesus não se referiu ao jejum somente para os dias entre sua morte e ressurreição/reaparição aos discípulos (ao mencionar os dias que eles estariam sem o noivo), e sim aos dias a partir de sua morte. Contudo, Jesus deixou bem claro que a prática do jejum nos moldes do que havia em seus dias não era o que Deus esperava. A motivação estava errada, as pessoas jejuavam para provar sua religiosidade e espiritualidade, e Jesus ensinou a faze-lo em secreto, sem alarde.

Sabe, o jejum pode ser uma prática vazia se não for feito de maneira correta. Isto aconteceu nos dias do Velho Testamento, quando o povo começou a indagar:

"Por que jejuamos nós, e não atentas para isto? Por que afligimos a nossa alma, e tu não o levas em conta?" (Is.58:3a).

E a resposta de Deus foi exatamente a de que estavam jejuando de maneira errada:

"Eis que, no dia em que jejuais, cuidais dos vossos próprios interesses e exigis que se faça todo o vosso trabalho. Eis que jejuais para contendas e para rixas e para ferirdes com punho iníquo; jejuando assim como hoje, não se fará ouvir a vossa voz no alto." (Is.58:3b,4).

Por outro lado, o versículo está inferindo que se observado de forma correta, Deus atentaria para isto e a voz deles seria ouvida.

 

2) O PROPÓSITO DO JEJUM

Gosto de uma afirmação de Kenneth Hagin acerca do jejum: "O jejum não muda a Deus. Ele é o mesmo antes, durante e depois de seu jejum. Mas, jejuar mudará você. Vai lhe ajudar a manter-se mais suscetível ao Espírito de Deus". O jejum não tornará Deus mais bondoso ou misericordioso para conosco, ele está ligado diretamente a nós, à nossa necessidade de romper com as barreiras e limitações da carne. O jejum deixará nosso espírito atento pois mortifica a carne e aflige nossa alma.

Jesus deixou-nos um ensino precioso acerca disto quando falava sobre o jejum:

"Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos." (Mc.2:22).

O odre era um recipiente feito com pele de animais, que era devidamente preparada mas, com o passar do tempo envelhecia e ressecava. O vinho, era o suco extraído da uva que fermentava naturalmente dentro do odre. Portanto, quando se fazia o vinho novo, era sábio colocá-lo num recipiente de pele (o odre) que não arrebentasse na hora em que o vinho começasse a fermentar, e o melhor recipiente era o odre novo. Com essa ilustração Jesus estava ensinado-nos que o vinho novo que Ele traria (o Espírito Santo) deveria ser colocado em odres novos, e o odre (ou recipiente do vinho) é nosso corpo. A Bíblia está dizendo com isto que o jejum tem o poder de "renovar" nosso corpo. A Escritura ensina que a carne milita contra o espírito, e a melhor maneira de receber o vinho, o Espírito, é dentro de um processo de mortificação da carne.

Creio que o propósito primário do jejum é mortificar a carne, o que nos fará mais suscetíveis ao Espírito Santo. Há outros benefícios que decorrerão disto, mas esta é a essência do jejum.

Alguns acham que o jejum é uma "varinha de condão" que resolve as coisas por si mesmo, mas não podemos ter o enfoque errado. Quando jejuamos, não devemos crer NO JEJUM, e sim em Deus. A resposta às orações flui melhor quando jejuamos porque através desta prática estamos liberando nosso espírito na disputada batalha contra a carne, e por isso algumas coisas acontecem.

Por exemplo, a fé é do espírito e não da carne; portanto, ao jejuar estamos removendo o entulho da carne e liberando nossa fé para se expressar. Quando Jesus disse aos discípulos que não puderam expulsar um demônio por falta de jejum (Mt.17:21), ele não limitou o problema somente a isto mas falou sobre a falta de fé (Mt.17:19,20) como um fator decisivo no fracasso daquela tentativa de libertação. O jejum ajuda a liberar a fé! O que nos dá vitória sobre o inimigo é o que Cristo fez na cruz e a autoridade de seu nome. O jejum em si não me faz vencer, mas libera a fé para o combate e nos fortalece, fazendo-nos mais conscientes da autoridade que nos foi delegada.

Mas apesar do propósito central do jejum ser a mortificação da carne, vemos vários exemplos bíblicos de outros motivos para tal prática:

a) No Velho Testamento encontramos diferentes propósitos para o jejum:

Consagração – O voto do nazireado envolvia a abstinência/jejum de determinados tipos de alimentos (Nm.6:3,4);

Arrependimento de pecados – Samuel e o povo jejuando em Mispa, como sinal de arrependimento de seus pecados (I Sm.7:6, Ne.9:11);

Luto – Davi jejua em expressão de dor pela morte de Saul e Jônatas, e depois pela morte de Abner. (II Sm.1:12 e 3:35);

Aflições – Davi jejua em favor da criança que nascera de Bate-Seba, que estava doente, à morte (II Sm.12:16-23); Josafá apregoou um jejum em todo Judá quando estava sob o risco de ser vencido pelos moabitas e amonitas (II Cr.20:3);

Buscando Proteção – Esdras proclamou jejum junto ao rio Ava, pedindo a proteção e benção de Deus sobre sua viagem (Ed.8:21-23); Ester pede que seu povo jejue por ela, para proteção no seu encontro com o rei (Et.4:16);

Em situações de enfermidade – Davi jejuava e orava por outros que estavam enfermos (Sl.35:13);

Intercessão – Daniel orando por Jerusalém e seu povo (Dn.9:3, 10:2,3)

b) Nos Evangelhos

Preparação para a Batalha Espiritual – Jesus mencionou que determinadas castas só sairão por meio de oração e jejum, que trazem um maior revestimento de autoridade (Mt.17:21);

Estar com o Senhor – Ana não saía do templo, orando e jejuando freqüentemente (Lc.2:37);

Preparar-se para o Ministério – Jesus só começou seu ministério depois de ter sido cheio do Espírito Santo e se preparado em jejum (prolongado) no deserto (Lc.4:1,2);

c) Em Atos dos Apóstolos vemos a Igreja praticando o jejum em diversas situações, tais como:

Ministrar ao Senhor – Os líderes da igreja em Antioquia jejuando apenas para adorar ao Senhor (At.13:2);

Enviar ministérios – Na hora de impor as mãos e enviar ministérios comissionados (At.13:3);

Estabelecer presbíteros – Além de impor as mãos com jejum sobre os enviados, o faziam também sobre os que recebiam autoridade de governo na igreja local, o que revela que o jejum era um princípio praticado nas ordenações de ministros (At.14:23).

d) Nas Epístolas só encontramos menções de Paulo de ter jejuado (II Co.6:3-5; 11:23-27).

 

3) DIFERENTES FORMAS DE JEJUM

Há diferentes formas de jejuar. As que encontramos na Bíblia são:

a) Jejum PARCIAL. Normalmente o jejum parcial é praticado em períodos maiores ou quando a pessoa não tem condições de se abster totalmente do alimento (por causa do trabalho, por exemplo). Lemos sobre esta forma de jejum no livro de Daniel:

"Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas. Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho entraram em minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que se passaram as três semanas." (Dn.10:2,3).

O profeta Daniel diz exatamente o quê ficou sem ingerir: carne, vinho e manjar desejável. Provavelmente se restringiu à uma dieta de frutas e legumes, não sabemos ao certo. O fato é que se absteve de alimentos, porém não totalmente. E embora tenha escolhido o que aparentemente seja a forma menos rigorosa de jejuar, dedicou-se à ela por três semanas. Em outras situações Daniel parece ter feito um jejum normal (Dn.9:3), o que mostra que praticava mais de uma forma de jejum. Ao fim deste período, um anjo do Senhor veio a ele e lhe trouxe uma revelação tremenda. Declarou-lhe que desde o primeiro dia de oração o profeta já fora ouvido (v.12), mas que uma batalha estava sendo travada no reino espiritual (v.13) o que ocorreria ainda no regresso daquele anjo (v.20). Aqui aprendemos também sobre o poder que o jejum tem nos momentos de guerra espiritual.

b) Jejum NORMAL. É a abstinência de alimentos mas com ingestão de água. Foi a forma que nosso Senhor adotou ao jejuar no deserto. Cresci ouvindo sobre a necessidade de se jejuar bebendo água; meu pai dizia que no relato do evangelho não há menção de Cristo ter ficado sem beber ou ter tido sede (e ele estava num deserto!):

"Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto, durante quarenta dias, sendo tentado pelo Diabo. Nada comeu naqueles dias, ao fim dos quais teve fome." (Mt.4:2).

Denominamos esta forma de jejum como normal, pois entendemos ser esta a prática mais propícia nos jejuns regulares (como o de um dia).

c) Jejum TOTAL. É abstinência de tudo, inclusive de água. Na Bíblia encontramos poucas menções de ter alguém jejuado sem água, e isto dentro de um limite: no máximo três dias. A água não é alimento, e nosso corpo depende dela a fim de que os rins funcionem normalmente e que as toxinas não se acumulem no organismo. Há dois exemplos bíblicos deste tipo de jejum, um no Velho outro no Novo Testamento:

Ester, num momento de crise em que os judeus (como povo) estavam condenados à morte por um decreto do rei, pede a seu tio Mardoqueu que jejuem por ela:

"Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais, nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia; eu e as minhas servas também jejuaremos. Depois, irei ter com o rei, ainda que é contra a lei; se perecer, pereci." (Et.4:16).

Paulo, na sua conversão também usou esta forma de jejum, devido ao impacto da revelação que recebera:

"Esteve três dias sem ver, durante os quais nada comeu, nem bebeu."(At.9:9).

Não há qualquer outra menção de um jejum total maior do que estes (a não ser o de Moisés e Elias numa condição diferente que explicaremos adiante). A medicina adverte contra um período de mais de três dias sem água, como sendo nocivo. Devemos cuidar do corpo ao jejuar e não agredi-lo; lembre-se de que estará lutando contra sua carne (natureza e impulsos) e não contra o seu corpo.

 

4) A DURAÇÃO DO JEJUM

Quanto tempo deve durar um jejum? A Bíblia não determina regras deste gênero, portanto cada um é livre para escolher quando, como e quanto jejua.

Vemos vários exemplos de jejuns de duração diferente nas Escrituras:

1 dia - O jejum do Dia da Expiação

3 dias - O jejum de Ester (Et.4:16) e o de Paulo (At.9:9);

7 dias - Jejum por luto pela morte de Saul (I Sm.31:13);

14 dias - Jejum involuntário de Paulo e os que com ele estavam no navio (At.27:33);

21 dias - O jejum de Daniel em favor de Jerusalém (Dn.10:3);

40 dias - O jejum do Senhor Jesus no deserto (Lc.4:1,2);

OBS: A Bíblia fala de Moisés (Ex.34:28) e Elias (I Re.19:8) jejuando períodos de quarenta dias. Porém vale ressaltar que estavam em condições especiais, sob o sobrenatural de Deus. Moisés nem sequer bebeu água nestes 40 dias, o que humanamente é impossível. Mas ele foi envolvido pela glória divina. O mesmo se deu com Elias, que caminhou 40 dias na força do alimento que o anjo lhe trouxe. Isto é um jejum diferente que começou com um belo "depósito", uma comida celestial. Jesus, porém, fez um jejum normal com esta duração.

Muitas pessoas erram ao fazer votos ligados à duração do jejum... Não aconselho ninguém fazer um voto de quanto tempo vai jejuar, pois isso te deixará "preso" no caso de algo fugir ao seu controle. Siga o conselho bíblico:

"Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes. Melhor é que não votes do que votes e não cumpras". (Ec.5:4,5)

É importante que haja uma intenção e um alvo quanto à duração do jejum no coração, mas não transforme isto em voto. Já intentei jejuns prolongados e no meio do caminho fui forçado a interromper. Mas também já comecei jejuns sem a intenção de prolongá-lo e, no entanto, isto acabou acontecendo mesmo sem ter feito os planos para isto.

 

5) O JEJUM PROLONGADO

Há algo especial num jejum prolongado, mas deve ser feito sob a direção de Deus (as Escrituras mostram que Jesus foi guiado pelo Espírito ao seu jejum no deserto – Lc.4:1). Conheço irmãos que tem jejuado por trinta e até quarenta dias, embora eu, pessoalmente, não tenha feito um jejum tão longo. Cada um deles confirma ter recebido de Deus uma direção para tal.

Vale ressaltar também que certos cuidados devem ser tomados. Não podemos brincar com o nosso corpo. Uma dieta para desintoxicação do organismo antes do jejum é recomendada, e também na quebra do jejum prolongado (mais de 3 dias). Procure orientação e acompanhamento médico se o Senhor lhe dirigir a um jejum deste gênero. Há muita instrução na forma de literatura que também pode ser adquirida.

 

6) PODEMOS FALAR QUE ESTAMOS JEJUANDO ?

Algumas pessoas são extremistas quanto a discrição do jejum, enquanto outras, à semelhança dos fariseus, tocam trombeta diante de si. Em Mateus 6:16-18, Jesus condena o exibicionismo dos fariseus querendo parecer contristados aos homens para atestar sua espiritualidade. Ele não proibiu de se comentar sobre o jejum, senão a própria Bíblia estaria violando isto ao contar o jejum que Jesus fez... Como souberam que Cristo (que estava sozinho no deserto) fez um jejum de quarenta dias? Certamente porque Ele contou! Não saiu alardeando perante todo mundo, mas discretamente repartiu sua experiência com os seus discípulos.

Eu, particularmente, comecei a jejuar estimulado pelo relato das experiências de outros irmãos. Depois é que comecei (aos poucos) a entender o ensino bíblico sobre o jejum. E louvo a Deus pelas pessoas que me estimularam! Sabe, precisamos tomar cuidado com determinadas pessoas que não tem o que acrescentar à nossa edificação e somente atacam e criticam. Lembro-me que o primeiro jejum que fiz na minha adolescência: cortei só o almoço mas tomei um refrigerante para não "sofrer" muito; fiz isto para orar por um amigo que queria ver batizado no Espírito Santo. Aquele rapaz já havia recebido tanta oração, mas nada havia acontecido ainda. Portanto, jejuei e orei em seu favor. Hoje sei que não foi grande coisa mas, na época, foi o meu melhor. Pois bem, alguém ficou sabendo e me ridicularizou, disse que jejum de verdade era ficar o dia todo sem comer nada e bebendo no máximo um pouco de água; esta pessoa disse que eu estava perdendo meu tempo e que só fizera um "regimezinho", pois o verdadeiro jejum não admitia nem bala açucarada na boca, quanto mais um refrigerante!... mas naquele dia meu amigo foi cheio do Espírito Santo e preferi acreditar que o jejum funcionava.

Depois ouvi outros irmãos comentarem sobre jejuar mais de um dia e "fui atrás" , e assim, aos poucos, fui aprendendo (a jejuar e sobre o jejum) aquilo que não aprendi na igreja ou na literatura cristã. Penso que de forma sábia e cuidadosa podemos estimular outros à prática do jejum, basta partilharmos nossas experiências e incentiva-los.

 

CONCLUSÃO

Haverá períodos em que o Espírito Santo vai nos atrair mais para o jejum, e épocas em que quase não sentiremos a necessidade de faze-lo. Já passei anos sem receber nenhum impulso especial para jejuns de mais de três dias e, mesmos estes, foram poucos. E houve épocas em que, seguidamente sentia a necessidade de faze-lo. Porém, penso que o jejum normal de um dia de duração é algo que os cristãos deveriam praticar mais, mesmo sem sentir nenhuma "urgência" espiritual para isto.

Quando meu filho Israel estava para nascer, o Senhor trouxe um profundo peso de oração e intercessão ao meu coração. Sabia que devia jejuar; era uma "urgência" dentro de mim. Não ouvi uma voz sobrenatural, não tive nenhuma visão ou sonho a respeito, simplesmente sabia que tinha de jejuar até romper algo, e o fiz por seis dias. Ao final soube que havia alcançado uma vitória. Na ocasião do parto, minha esposa teve uma complicação e quase perdemos nosso primeiro filho; contudo, a batalha já havia sido ganha e o poder de Deus prevaleceu. Devemos ser sensíveis e seguir os impulsos do Espírito de Deus nesta área. Isto vale não só para começar a jejuar mas até para quebrar o jejum. Já fiz jejuns que queria prolongar mais e senti que não deveria faze-lo, pois a motivação já não era mais a mesma...

Encerro desafiando-o a praticar mais o jejum, e certamente você descobrirá que o poder desta arma que o Senhor nos deu é difícil de se medir com palavras. A experiência fortalecerá aquilo que temos dito. Que o Senhor seja contigo e te guie nesta prática!

 

 Luciano Subirá

O ESPÍRITO SANTO NA IGREJA

 

O Espírito Santo na Igreja


A obra do Espírito Santo é tão necessária quanto a obra de Cristo. Talvez isto surpreenda você. Mas Jesus diz: ‘É necessário que eu vá: pois se eu não for, o Consolador não virá para vós outros’ (João 16.7). Isto seria um desastre terrível. O ministério do Consolador é essencial. Nos tempos do Velho Testamento a vinda de Cristo era prometida e era intensamente antecipada. E quando Ele por fim veio, prometeu e ensinou o Seu povo a ansiar a vinda do Espírito. Tendo morrido pelos pecados do Seu povo e assim tendo satisfeito as exigências da justiça divina, Jesus ressuscitou ao terceiro dia, ascendendo aos céus no quadragésimo dia após a Sua ressurreição, enviando o Espírito Santo dez dias depois.

A vinda do Espírito prova que Cristo completou gloriosamente a Sua obra redentora. O Espírito continua e aperfeiçoa a obra de salvação que Cristo iniciou. Ele assim o faz como o braço de Cristo.

João Batista disse: "Eu na verdade batizo com água para arrependimento, porém Aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mat. 3.11). A maioria dos estudos sobre a obra do Espírito trata da sua atividade como indivíduo. A Bíblia, no entanto, vai além da abordagem (atomística) em partes e fala também da obra corporativa do Espírito Santo e é disto que gostaríamos de tratar neste artigo.


1. O Espírito na Origem da Igreja


Em certo sentido a Igreja já existia no Velho Testamento. Estevão fala da ‘igreja no deserto’ (Atos 7.38). A Igreja consiste no povo de Deus, nascido de novo do Espírito, e salvo pela fé no Messias. Nos tempos do Velho Testamento assim como no Novo, o Espírito aplica a redenção comprada por Cristo aos indivíduos. Existe a Igreja exterior, Israel, e existe a igreja invisível, o verdadeiro Israel, entre os quais não há hipócritas.

Ainda assim algo especial aconteceu no dia de Pentecostes. Naquele dia começou a era do Espírito, e nasceu a Igreja do Novo Testamento, uma Igreja para o mundo inteiro. O ministério público de Jesus foi inaugurado com o Seu batismo com o Espírito. Da mesma forma os seus discípulos têm de esperar até que recebam o batismo do Espírito, que os fará uma Igreja poderosa pronta para ministrar para Deus no mundo. O Espírito veio naquele dia como um som de um vento impetuoso, línguas como fogo pairavam sobre os fiéis, e novos poderes a serem comunicados em línguas estranhas lhes foram dados.

O povo de Deus se tornou uma Igreja que fervia para o Senhor, corajosa, sábia, poderosa e zelosa. Pecadores eram convencidos dos seus pecados e convertidos em larga escala; 3.000 no primeiro dia. Jesus disse "Ele fará obras ainda maiores que estas" (João 14.12), e agora esta difícil palavra de Cristo se torna clara, ao serem muito mais pessoas convertidas do que com a pregação de Cristo. A parábola do grão de mostarda se torna uma realidade quando um pequeno grupo de seguidores se torna uma grande Igreja. O ingrediente vital neste desenvolvimento espetacular é o derramar do Espírito. Apesar de Ele ter trabalhado na Igreja do Velho Testamento, era de uma forma muito mais limitada e restrita. Havia poucos fora de Israel aos quais vinha a graça de Deus. Mesmo em Israel, obviamente, muitos eram não regenerados. Agora, no entanto, Cristo havia morrido, a redenção foi consumada, o dom do Espírito havia sido dado e a Igreja do Novo Testamento começa, equipada para sua grande tarefa de evangelizar o mundo e preparar o povo de Deus para a glória.


2. O Espírito Santo Equipa a Igreja

Que diferença a vinda do Espírito fez no dia de pentecostes! Os fracos, confusos e amedrontados se tornaram poderosos e destemidos pregadores. Nos tempos do Velho Testamento o Espírito equipou indivíduos para várias tarefas: juízes para julgar (Juízes 6.34); reis para governar (1 Sam. 10.9-10); profetas para profetizar (Ezequiel 2.2); Bezalel construiu o Tabernáculo (Ex. 31.3) etc. No Novo Testamento o Espírito é dado à Igreja, Ele equipa crentes individualmente para sua função dentro do grupo.

A Igreja toda é comparada a um corpo e os indivíduos são membros ou partes diferentes deste corpo. "A um é dada pelo Espírito a Palavra de sabedoria; a outro, a palavra de conhecimento pelo mesmo Espírito", etc (1 Cor. 12.8-9). O Espírito (1Cor 12.11) assegura que a Igreja está plenamente equipada para sua tarefa. Os dons extraordinários passaram, pois o Senhor não os vê mais necessários para a Sua Igreja, mas tudo que se requer para o bem da Igreja é um evangelismo de sucesso eficaz.

Paulo nos diz que Cristo, tendo ascendido aos céus, "deu uns para apóstolos; e outros para profetas; e outros, como evangelistas; e outros, como pastores e mestres; para o aperfeiçoamento dos santos, para o trabalho do ministério, para a edificação do corpo de Cristo" (Ef 4.11-12). Ele o faz dando o Seu Espírito no dia de pentecostes. O Espírito dá a indivíduos os dons necessários, que eles precisam para cumprir o papel vital dentro do corpo.


3. O Espírito Santo Ensina a Igreja


"Toda Escritura é dada por inspiração divina" (1 Tim 3.16). "Homens santos de Deus falaram ao serem movido pelo Espírito Santo" (2 Pe 1.21). Deste modo as Escrituras são o produto do Espírito por meio do qual Ele ensina a Igreja. No entanto, o Espírito não apenas dá a Bíblia, mas também abre mentes e corações às suas verdades. Deus dá à Sua Igreja o "espírito de sabedoria e revelação no seu conhecimento: tendo sido iluminados os olhos do vosso entendimento" (Ef 1.11-18). Jesus declara: "O Espírito da verdade vos guiará a toda a verdade..., há de receber o que é meu e vo-lo há de anunciar" (João 16.13-15); "... e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito" (Jo 14.26); "... esse dará testemunho de mim" (Jo 15.26). O Espírito certifica a Igreja da verdade das Escrituras. Ele nos capacita a dizer "Abba, Pai" (Rom 8.15). João afirma sobre o povo de Deus: "Vós tendes a unção do Espírito Santo e sabeis todas as coisas."

Se cada crente individualmente soubesse todas as coisas, não haveria a necessidade de ter pastores ou comentários da Bíblia. Este versículo deve estar falando da Igreja coletivamente. O corpo de Cristo como um todo e em todas as épocas não precisa de alguém de fora para ensiná-lo. Tudo o que ele precisa saber está na Bíblia, e o Espírito ajuda a Igreja a entendê-la. O Espírito guiou a noiva de Cristo através de várias controvérsias, trinitarianas, cristológicas, etc. A Igreja hoje não deve ignorar o que ela aprendeu no passado, mas sim, construir sobre o que aprendeu. Louvamos a Deus por Ele ter dado um grande mestre à Igreja.


4. O Espírito Santo Governa a Igreja

Cristo é o cabeça e Rei da Igreja. Cristo, porém, está nos céus. É através do Seu Espírito que Ele governa a Igreja. O Espírito dá dons e equipa indivíduos para ofícios e guia a Igreja para que aponte tais indivíduos. Quando os profetas e mestres de Antioquia ministraram e jejuaram ao Senhor, "o Espírito Santo disse: Separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado" (At 13.2). Dirigindo-se aos presbíteros de Éfeso, Paulo disse: "Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus" (At 20.28). O Espírito também está guiando ativamente o desenvolvimento da obra. Paulo numa certa altura "tendo sido impedido pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia; defrontando Mísia tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu" (Atos 16.6-7).

Foi da vontade do Espírito que o Evangelho fosse pregado na Europa. O Espírito governava e guiava a Igreja naqueles dias de maneira sobrenatural. Hoje em dia Ele trabalha através da Bíblia, da providência e dos pensamentos do seu povo ao orarem pedindo direção. O Espírito também é ativo no exercício da disciplina da Igreja. "O que ligardes na terra será ligado nos céus... pois onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles" (Mateus 18.19-20). Nós ligamos esta "presença" em primeiro lugar ao culto, mas a sua primeira referência é à disciplina.


5. O Espírito Unifica a Igreja

O movimento ecumênico tenta unir as igrejas, mas o melhor que ele consegue é apenas uma unidade organizacional, que apenas "passa um verniz" sobre as verdadeiras diferenças. O Espírito, no entanto, verdadeiramente, une todos os cristãos em uma só Igreja. Nesta Igreja não existem hipócritas. A entrada é através de Cristo, a porta. O Espírito trabalha do lado de fora desta união trazendo as pessoas para dentro de maneira irresistível. "Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus" (João 3.5). Este novo nascimento ou regeneração acontece quando o Espírito entra no indivíduo e, habitando nele, assim como ressuscitando-o de um estado de morte espiritual, une-o a Cristo. Estando todos unidos a Cristo, assim estamos também unidos uns aos outros. "Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito" (1 Cor 12.13).

Assim como "o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros , sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo" (1 Cor 12.12). Esta unidade que o Espírito produz não é uma unidade mental, mas sim uma unidade real. É uma unidade mística tal como a da Trindade. Jesus ora por esta unidade dentro da Sua Igreja: "que eles sejam um, assim como nós somos um" (João 17.11). Por causa desta unidade essencial, os cristãos devem tentar "esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. Há somente um corpo e um Espírito" (Ef 4.3-4). Indivíduos dentro da Igreja "como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual" (1 Pe 2.5), "uma habitação de Deus por meio do Espírito" (Ef 2.22). Unidade verdadeira unifica a Igreja invisível e os cristãos têm o dever de dar expressão visível disto ao buscarem unidade profunda na vida e na doutrina.


6. O Espírito Capacita a Igreja a Cultuar

O culto corporativo é parte vital da vida da Igreja. Como cristãos nós devemos cuidar para que "não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns" (Hb 10.25). Nesta reunião Cristo está presente através do Seu Espírito (Mat.18.20). A congregação confessa a Cristo. "Ninguém pode dizer: Senhor Jesus! Senão pelo Espírito Santo" (1 Cor. 12.3). O louvor é parte fundamental do culto. O material a ser cantado é descrito como "cânticos espirituais", isto é, cânticos inspirados pelo Espírito (Ef 5.19). A oração também é essencial ao culto. Ela deve ser sempre "no Espírito" (Ef 6.18), de outra forma Deus não vai entendê-la. O papel do Espírito no culto congregacional é expresso por Paulo nas seguintes palavras: "Orarei com o Espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o Espírito, mas também cantarei com a mente" (1 Cor 14.15). Deste modo "se tu bendisseres apenas em Espírito" e o indouto presente na congregação dirá "amém depois da tua ação de tua ação de graças" (1 Cor 14.16).

De modo semelhante a pregação deve ser em poder, e no Espírito Santo e em plena convicção (1 Tess. 1.5). O culto é morto sem o Espírito. "A letra mata, porém o Espírito vivifica" (II Cor 3.6).

No tempo da Reforma havia muita discussão sobre a natureza da presença de Cristo na Ceia do Senhor. A Igreja Católica Romana argumentava em favor da transubstanciação, isto é, que o pão e o vinho se tornavam o próprio corpo e sangue de Cristo.

A Igreja Luterana ensinava a consubstanciação, isto é, que o corpo de Cristo está com, sob e no pão e no vinho. Por causa da presença corpórea de Cristo, aonde quer que o seu povo esteja tomando parte da ceia os luteranos teriam que argumentar também em favor da onipresença do corpo físico de Cristo, isto é, que ele pode estar presente em mais de um lugar ao mesmo tempo, fisicamente.
A posição reformada é de que o Corpo de Cristo está nos céus e sendo humano pode apenas estar em um lugar de cada vez. Ele está presente na mesa do Senhor através do Seu Espírito. O Espírito Santo é quem nos capacita a louvarmos a Deus de maneira aceitável como congregação do seu povo.


7. O Espírito Santo na Evangelização

Antes de subir aos céus Cristo deixou a grande comissão com a Sua Igreja: "Ide portanto e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século" (Mat. 28.19-20). Cristo prometeu estar sempre com a Sua Igreja. Ele estava subindo aos céus. A única maneira pela qual Ele pode estar presente é pelo Seu Espírito. No relato dado no livro de Atos Ele diz para que os discípulos não se ausentem de Jerusalém, mas que "esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias" (At 1.4-5). A grande missão de evangelizar o mundo só poderia ser assumida com o poder do Espírito Santo. Quando Ele veio no dia de pentecostes, três mil almas foram convertidas. O "vermezinho de Jacó" trilhará os montes, e reduzirá os outeiros a palha (Isa. 41.14-15).

O Espírito Santo convence os homens do pecado, da justiça e do juízo vindouro (João 16.8). "O vento sopra onde quer" e quando ele toca nas pessoas, levanta-as dos mortos (João 3.8). Os Tessalonicenses se voltaram dos ídolos para servir o Deus vivo e verdadeiro. "...porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas sobretudo em poder, no Espírito Santo e em plena convicção" (1 Tess. 1.5). Cristo disse: "E sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mateus 16.18). Ele faz isso por meio do Espírito Santo, que é vital para o programa de evangelização da Igreja.


8. O Espírito Santo Reaviva a Igreja

"É claramente observável que desde a queda do homem até nossos dias, a obra da redenção em seu efeito tem sido levada adiante principalmente por meio de comunicações extraordinárias do Espírito de Deus. Mesmo que haja uma influência mais constante do Espírito de Deus sempre em alguma medida aguardando as Suas ordenanças, ainda assim, o meio através do qual as maiores coisas têm sido feitas no sentido de concretizar esta obra, sempre foi por meio de efusões extraordinárias em períodos especiais de misericórdia." Esta foi a conclusão de Jonathan Edwards (História da Redenção, Período I, parte 1).

Num reavivamento, uma Igreja seca e sem vida é despertada. O Espírito Santo traz novo arrependimento, oração e zelo. Deste modo ele reanima os membros que esmorecem e às vezes realmente começa um fogo (como de uma floresta em chamas). O Espírito é entristecido pelo pecado. Ele retira a Sua presença por causa dos ídolos, materialismo, mundanismo e falta de oração que vê na Igreja. Ele permanece fora até que o povo de Deus se arrependa. Nós não nos arrependeremos até que Ele volte como o Espírito da graça e de súplicas (Zacarias 12.10). Aí, sim, a Igreja de fato se arrepende e experimenta "a vida após ter estado morta" que é a essência do verdadeiro reavivamento (Rom. 11.15). Os cristãos são separados do mundo. A evangelização se torna efetiva. O temor de Deus desce sobre comunidades inteiras.

É disto que precisamos hoje, sem dúvida. Estamos no primeiro século desde a Reforma durante o qual não tem havido um reavivamento de grande escala na Grã-Bretanha e no Reino Unido (muito menos no Brasil – nota do editor). Nosso dever é de estarmos conscientes da nossa necessidade de que o Espírito reavive a Igreja, equipando-a para sua tarefa, instruindo, governando, unificando o corpo e trazendo verdade ao nosso culto e sucesso à nossa evangelização. A pregação da Palavra de Deus precisa ser "em demonstração do Espírito e de poder".

 

por

William Macleod

SEXO E PECADO

 SEXO E  PECADO

      "Geralmente, se ouve que há entre vós fornicação e fornicação tal, qual nem ainda entre os gentios como é haver quem abuse da mulher de seu pai". (1 Co 5).

 

   "Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula, pois aos devassos e adúlteros Deus os julgará"(Hb 13.4).

 

   A relação sexual ENTRE NÃO CASADOS é pecado, ainda que sejam namorados, noivos ou comprometidos.

 

O ADULTÉRIO, proibido pelo sétimo Mandamento (Êx 20.14), abrange os vários tipos de imoralidade e pecados sexuais. 

 

Homens e mulheres, adolescentes, jovens e adultos, devem  permanecer puros, abstendo-se de qualquer atividade sexual que não seja no compromisso do matrimônio.  “Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo, mas o que se prostitui peca contra seu próprio corpo”. (1 Co 6.18).

 

   Os jovens devem  seguir o caminho estreito que leva à vida eterna. A mídia, os amiguinhos, os ímpios, os entrevistadores televisivos sem compromisso com a Palavra,    afirmam que o sexo entre jovens é normal, principalmente quando há  compromisso  formal. Esta é a palavra do mundo. Os cristãos verdadeiros não fazem parte desse sistema mundano.  Somos guiados, orientados e conduzidos pela palavra de Deus.

 

   Deus considera ilícito o ato sexual realizado entre não casados, e a isto dá-se também o nome de imoralidade ou impureza sexual. Não só o ato sexual propriamente dito deve ser evitado por quem  deseja consagrar-se a Deus e crescer em santidade; as carícias que envolvem toques e outras  práticas impuras não são compatíveis com a vida cristã.

 

   No mundo atual o sexo é banalizado  e não raro confundido com amor. Daí  a expressão “fazer amor” referindo-se a um relacionamento íntimo.  A prática sexual entre jovens está de tal forma disseminada que os líderes religiosos, desavisados, negligentes, claudicantes,  fracos na fé,    ficam por vezes confusos e titubeantes no aplicar corretamente  a Palavra, no transmitir a orientação correta. Sucumbem diante da  avalanche de depravação e das práticas imorais. Casos há em que eles próprios deixam-se levar pelo grito da carne.   Tais desvios chegam ao ponto em que  denominações  que se dizem cristãs acolherem homossexuais  em suas fileiras, não para os evangelizá-los; não para lhes combater a imoralidade; não para indicar-lhes o caminho da santidade, mas para acariciar seus pecados; para tolerar a perversão sexual que praticam.

 

   Homens e mulheres, da Igreja de Cristo, devem permanecer castos, livres da impureza sexual, até o casamento.   Sei que essas palavras soam como uma aberração nos ouvidos da maioria. As palavras do destemido João Batista também soaram esquisitas aos ouvidos do rei Herodes: “Não te é lícito possuir a mulher do seu irmão Filipe” (Mt 14.3-4).  O precursor de Jesus  foi encarcerado e perdeu a vida, mas cumpriu a missão de anunciar a verdade, sem recuo, sem medo, sem fraqueza, sem covardia.

 

   O exemplo de João Batista deve ser seguido. Não devemos temer o esvaziamento da congregação, a saída daqueles que não aceitam a correção. Os que assim se comportam não são Igreja, não são Corpo. O que importa é dizermos a verdade.  

 

   Programas de televisão, danças sensuais,  peças teatrais,  revistas e filmes pornográficos de várias  formas produzem nos jovens uma erotização tal que aos 13 ou 14 anos – ou em até menos idade – são despertados para a prática do sexo. Daí decorrem os abortos, as doenças, as crises conjugais e existenciais.   A televisão apresenta todos os dias programas especiais sobre sexo, ditos de orientação sexual, ensinando aos adolescentes a livre prática sexual, a liberdade total, com quem quiser, como quiser, desde que usem camisinha.  Essa é a voz do mundo depravado.

 

   Todos os dias, também, devemos ensinar em nossas igrejas que a Palavra de Deus mostra caminhos diferentes.  Deixemos que o mundo, dominado pelo deus deste século, proceda conforme a vontade de seu senhor.  Mas nós, cristãos, devemos fazer a vontade do nosso Senhor. E o Senhor Jesus disse: “Qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mateus 5.28). Deus recomenda que o ato sexual seja praticado entre casados. “A imoralidade e a impureza sexual não somente incluem o ato sexual ilícito, mas também qualquer prática sexual com outra pessoa que não seja seu cônjuge. O adultério, a fornicação, o homossexualismo, os desejos impuros e as paixões degradantes são pecados graves aos olhos de Deus por serem transgressões da lei do amor” (Bíblia de Estudos Pentecostal, pg 1921). Vejam as advertências:

 

   “Esta é a vontade de Deus para vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra; não no desejo da lascívia, como os gentios, que não conhecem a Deus” (1 Ts 4.3-5).

 

   “Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn 2.24).  O sexo é permitido, então, somente quando ambos, homem e mulher, estão unidos pelo matrimônio, formando uma só carne.

 

   “Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis:  nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas...herdarão o reino de Deus” (1 Co 6.9). “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; é abominação”(Lv 18.22; 20.13).

 

 

 

 

Homossexualismo

 

   O homossexualismo é assim denunciada por Paulo: “Por causa do que essas pessoas fazem, Deus as entregou às paixões vergonhosas. Pois até as mulheres trocam as relações naturais pelas que são contra a natureza. E também os homens deixam as relações naturais com as mulheres e se queimam de paixão uns pelos outros. Homens têm relações vergonhosas uns com os outros e por isso recebem em si mesmos o castigo que merecem por causa da sua maldade” (Bíblia na Linguagem de Hoje, Rm 1.26).

 

   Deus criou HOMEM e MULHER  e lhes dotou de órgãos específicos e especialmente destinados à reprodução da espécie, chamados órgãos sexuais ou genitais. “Assim Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou. MACHO e FÊMEA os criou”  (Gênesis 1.27).

 

   Homem e mulher possuem genitália apropriada à reprodução. Notem que Deus não criou meio termo, não criou um ser humano que em determinado momento pudesse assumir funções híbridas. Deus não criou um homem com possibilidades sexuais de desempenhar o papel da mulher no ato sexual, e vice-versa. Ocorre que a natureza pecaminosa em função da queda no Éden coloca o homem em rebeldia contra Deus. Pela influência do diabo, o homem continua se rebelando contra o Criador e Sua palavra. Daí as perversões na área sexual.

 

             A homossexualidade surgiu em decorrência dessa rebeldia.   Se o homem assume postura própria de mulher; se a mulher assume funções próprias do homem no ato sexual, caracteriza-se um comportamento contrário à vontade do Criador. Deus  nos criou para uma relação heterossexual. Dizer que quem nasce gay morre gay; quem nasce lésbica morre lésbica; que se trata de uma opção sexual válida; que o homossexualismo é uma opção dentre outras; que tudo é permitido desde que  satisfaça as partes envolvidas; que não existe pecado; que tudo é válido quando existe amor; que o homossexualismo  é genético e por isso irreversível; que a única saída para os pais é aceitar a opção sexual de seus filhos, e tantos  outros argumentos semelhantes,  são vozes de pessoas que não vivem segundo os preceitos de Deus. São pessoas que estão sob o senhorio do mundo; são servos do mundo; fazem a vontade do deus-diabo, que cegou-lhes o entendimento.

 

Airton Evangelista da Costa