terça-feira, 9 de junho de 2020

MODISMOS E MOVIMENTOS X IGREJA



MODISMOS E MOVIMENTOS  X  IGREJA

            Mas levantando-se no Sinédrio um fariseu, chamado Gamaliel,  mestre da lei, acatado por todo o povo,  mandou tirar os homens por um pouco, e lhes disse:  Israelitas, atentai bem no que ides fazer a estes homens. Porque antes destes dias se levantou Teudas, insinuando ser ele alguma cousa,  ao qual se agregaram cerca de quatrocentos homens; mas ele foi morto, e todos quantos lhe prestavam obediência se dispersaram e deram em nada. Depois desse, levantou-se Judas, o galileu, nos dias de recenseamento, e levou muitos consigo; também este pereceu, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos. Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, deixai-os; porque se este conselho ou esta obra vem de homens perecerá; mas se é de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra Deus. E concordaram com ele (Atos 5:34-39).

            Todos estamos convencidos de que a Igreja é o agente de Deus na terra. Ela é responsável pela obra da evangelização, pela edificação do corpo de Cristo, e, acima de tudo, pela glorificação do nome de Deus.
            Essas funções não são do Estado; não são dos políticos; e nem dos movimentos, quer sejam sociais ou religiosos. Elas são privilégios e deveres da Igreja. Portanto, no seu trabalho, devemos colocar o melhor de nós; toda nossa força, amor e entendimento. Além disso, foi nela que nos convertemos, que fomos batizados, que aprendemos a Palavra do Senhor; e  é nela que desfrutamos da comunhão do corpo de Cristo. Assim sendo, o crente sincero deve temer a  possibilidade de ser encontrado em oposição à obra do Senhor  e da Sua Igreja.
            Contudo, alguns desvios vêm-se manifestando nas últimas décadas, trazendo grande confusão para um número razoável de crentes. E o nosso propósito aqui, é o de analisar esses desvios com uma perspectiva de um interesse maior: O reconhecimento de que a Igreja é o agente do Reino de Deus.

I - Movimentos Passageiros
              há algum tempo, modismos doutrinários e litúrgicos vêm afetando até mesmo as Igrejas mais fiéis. Quem não se lembra do fenômeno do “dente de ouro”? do  incitamento para que cada vez mais pessoas  o buscassem, até se tornar uma “febre” contagiante acompanhada de desequilíbrio emocional e desinformação?
            Por que razão ninguém mais fala sobre o assunto hoje? Não seria aplicável, neste caso, o parecer de Gamaliel?  (At. 5:35-38)
            O que aconteceu foi semelhante ao que ocorre em um estádio de futebol: “se todo mundo está fazendo a ôla, eu também devo fazer. Se todo mundo gesticula e grita, eu também devo agir assim”. Isso está errado. Os servos de Deus não podem seguir modismos, devem seguir a Palavra de Deus. E, só para pensar: Qual era a base bíblica daqueles que ensinavam com tanta convicção sobre “o dente de ouro”? Qual era a finalidade de tudo aquilo?
            Assim, o movimento passou logo;  mas a Igreja, que tantas vezes foi criticada por entusiastas do movimento, continua firme em seu objetivo.

II - A Ascensão Pela Crítica
            Alguns tele-evangelistas se projetaram muito no Brasil e no mundo. Seus programas tiveram grande influência na Igreja. E, em contrapartida, ficaram milionários com as contribuições que receberam dos crentes. Seus programas se caracterizaram pelo ataque aberto à Igreja tradicional e à sua liderança.
            Quantos crentes deixaram de ir à Escola Dominical porque achavam que assistir aos programas evangelísticos desses “missionários” era suficiente. Quantas famílias deixaram de entregar o dízimo à Igreja e passaram a patrocinar esses obreiros. Mas como a mentira não fica encoberta para sempre, escândalos morais e financeiros desses “obreiros” se tornaram públicos, e foi grande o prejuízo que trouxeram para a Igreja.
            Porque razão ninguém mais fala sobre esses tele-evangelistas hoje? Onde estão seus defensores e mantenedores?  Ninguém fala deles por causa da vergonha que trouxeram para o nome do Evangelho.
            Assim, esses homens e seus movimentos passaram; mas a Igreja, que foi tão vilipendiada por eles, continua firme em seu objetivo.
            Contudo, nem todos aprenderam a lição. Há  hoje uma mulher que foi missionária na África  e que, após ter sido excluída do corpo de obreiros da Igreja Batista, passou a  desenvolver o seu ministério na televisão. Qual é a sua característica? Em seus programas, a Igreja e sua liderança são abertamente criticadas. Aos seus olhos, só ela está certa.
            Há ainda o caso de um obreiro leigo que há algum tempo foi ordenado para o ministério. Ele escreveu um livro denegrindo a imagem da Igreja organizada, dos pastores em geral e dos seminários.  Muitos crentes foram influenciados por esse “pastor”, deixaram suas Igrejas e rejeitaram seus líderes. Igrejas se dividiram por causa de seus ensinos e a confusão foi lançada.
            Como é fácil criticar e apontar erros! A Igreja é composta de homens e, como diz o adágio popular “onde há o ferro há a   ferrugem e onde há o homem há o pecado”. Mas, sem dúvida, o nosso papel não é o de criar  grupos dentro das Igrejas, e nem tão pouco o de criticar pela crítica; pois quando criticamos a Igreja estamos criticando a nós mesmos, a nossa casa. Nosso papel é o de solucionar os problemas existentes, de corrigir os erros; e isso, sempre pelos canais competentes,  sempre de modo respeitoso e bíblico.

III - Os Grupos  Para-eclesiásticos
            Alguns crentes, insatisfeitos com os problemas e o marasmo das Igrejas, têm buscado se reunir fora da estrutura denominacional. Essas pessoas, geralmente, são muito bem intencionadas e se reúnem para fazer algo que a Igreja deveria fazer: às vezes evangelizar, às vezes se aprofundar no estudo bíblico; ou algo semelhante. Seus propósitos são bons, mas o erro está em querer assumir isso fora da estrutura da Igreja. O que deveriam fazer é convencer a liderança da Igreja a assumir essas obras, e eles mesmos se envolverem com o trabalho.
            Há algum tempo chegou ao Brasil um movimento em prol da evangelização. Eles falavam de evangelizar cidades inteiras em um processo que chamaram de “saturação”. Como estavam envolvidos em uma boa obra, e como tinham altos e nobres ideais, muitos crentes sinceros se uniram a eles. Contudo, esses crentes, aos poucos, foram assumindo a identidade do grupo e se afastando da Igreja. Diziam sempre que estavam fazendo o que a Igreja não fazia. Em certo período, em todas as Igrejas, só se ouvia falar nesse movimento. Foi impressionante a sua expansão!
            Hoje, porém, alguns anos após o tão grande fenômeno, pouco ou quase nada se ouve sobre eles. A grande maioria dos crentes que estavam envolvidos nesse movimento, hoje não está mais em nossas igrejas.
            Mas a Igreja, que foi tão criticada por esse grupo, continua firme;  apesar das perdas que sofreu. Os movimentos passam, mas a Igreja tem permanecido e permanecerá até a vinda de Cristo.
            Centenas de movimentos têm o seu registro na História da Igreja, através dos séculos, mas todos passaram, só a Igreja permaneceu.
            Portanto, melhor que se unir a um grupo para-ecelsiástico, é procurar corrigir os erros das Igrejas, através dos canais competentes, e trabalhar nela. Lembre-se: Deus colocou a Igreja como agente do reino; e não qualquer movimento paralelo, ainda que seja bem  intencionado.

IV - Os Institutos Bíblicos Indenominacionais
            Os crentes dedicados, aqueles que querem progredir no estudo da Palavra de Deus e desejam trabalhar na Igreja, às vezes procuram um Instituto Bíblico onde possam atingir seus ideais. E, como nem sempre têm uma boa orientação da parte de seus pastores, vão para escolas indenominacionais. Nessas escolas, convivem com pessoas de todos  os matizes doutrinárias e de práticas litúrgicas  as mais diversas. E posto que raízes denominacionais não têm qualquer valor para esses institutos bíblicos -  Haja vista que se tivesse valor a própria escola estaria ligada a uma denominação - em pouco tempo aquele bem intencionado aluno estará se voltando contra a sua Igreja e o seu pastor. É isso que tem acontecido.
            Mas essas escolas também passam, e a Igreja continua.
            No que me concerne, assim como não dou meus filhos para outros pais  educarem,  também quero ter o direito de ensinar os filhos espirituais que Deus me der. Não os entregaria nas mãos daqueles que não possuem qualquer vínculo com algo tão importante como a Igreja; e que, portanto, não possuem autoridade sobre si;  não tendo Igreja que os discipline ou a quem eles devam prestar obediência.
            O que existe em comum em tudo isso, é um modismo doutrinário e litúrgico com fortes tendências para o misticismo.   Essa tendência pode ser vista no número cada vez maior de pessoas que acreditam em uma revelação especial fora da Bíblia, que buscam nortear-se por sonhos e visões e não pela Palavra de Deus.
            Com a perda  crescente dessa norma objetiva como regra de fé e prática a tendência é buscar o subjetivismo e emocionalismo. Cada um passa a crer naquilo que os grupos têm experimentado, e por isso o testemunho de experiências sensacionais vai cada vez mais substituindo o lugar da pregação da Palavra de Deus no culto. A Igreja passa horas cantando, o que chamam de louvor, mas acha cansativo trinta minutos de pregação; e até mesmo a própria pregação passa a ser um “compartilhar de experiências”.

           
            Com isso, esses grupos tendem a diminuir a importância da igreja organizada e estabelecida, para centralizar-se em torno de um líder. Esse líder, como não poderia deixar de ser, é aquele que se posiciona contra o sistema e o critica abertamente.
            A grande ênfase deixa de ser o temor e a obediência a Deus para ser as experiências espetaculares. Os  dons ordinários do Espírito Santo perdem o valor e reuniões e mais reuniões são feitas em busca dos  dons extraordinários.
            Mas esses movimentos passam e a Igreja fica.
            Enfim, é preciso ressaltar o fato de que embora a Igreja tenha falhado em várias áreas, isso não justifica a formação de grupos para-eclesiásticos. Esses movimentos paralelos podem trazer um progresso momentâneo e aparente, mas eles  não perduram, porque não são  os agentes do reino de Deus. Eles não podem substituir a Igreja.
            Se me fosse dado escolher entre um movimento bem sucedido, e uma Igreja pequena e cheia de problemas; sem dúvida eu escolheria a Igreja.            A história é a melhor prova de que essa é a escolha acertada para os crentes.
            Assim, rejeitamos  aqueles que querem se projetar por meio das críticas, pisando nos outros; rejeitamos os movimentos sensacionalistas; rejeitamos os grupos para-eclesiásticos; rejeitamos os  que denigrem a imagem da Igreja e a sua liderança; e rejeitamos os  institutos bíblicos indenominacionais.
            A Palavra de Deus é a nossa única regra de fé e prática;  e  a Igreja, que foi instituída por Deus, é  o agente do Seu reino na terra. 

Sebastião M. Arruda

                                                                                                         



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