Demônios
Examinemos
primeiro o sentido do termo “demônio”.
Segundo o uso
clássico, refere-se a deuses e semi-deuses. Homero chamou-os de deuses, mas
precisamos lembrar que os deuses de Homero eram meramente homens sobrenaturais.
Algumas vezes o termo era aplicado a uma espécie de divindade intermediária e
inferior. Diz Platão: “A divindade não tem intercâmbio com o homem; mas todo
intercâmbio e conversação que haja entre os deuses e os homens é efetuado
através da mediação de demônios: .
“Se
perguntarmos de onde vem esses demônios, dir-nos-ão que são os espíritos dos
homens da idade áurea que agora servem como divindades protetoras – heróis
canonizados, semelhantes, tanto em sua origem como em suas funções, aos santos
romanistas”. Pember
Quando
examinam as Escrituras, algumas pessoas ficam em dúvida se os demônios devem
ser classificados juntamente com os anjos ou não; mas não há dúvida de que, na
Bíblia, há ensino positivo concernente a cada um dos dois grupos.
Ainda
que algumas pessoas falem em "diabos” 1 como se houvesse muitos de sua
espécie, tal expressão é incorreta. Há muitos "demônios", mas existe
um único "diabo”. "Diabo" é transliteração do vocábulo grego
"diábolos", nome sempre usado no singular, que significa
"acusador" e é aplicado nas Escrituras exclusivamente a Satanás.
"Demônio" é transliteração de "daimon” ou "daimonion",
o plural é “daimonia".
1. Sua existência
1 . Reconhecida por
Jesus.
Mt 12.27,28 - E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por
quem os expulsam vossos filhos? Por isso eles mesmos serão os vossos juizes.
Se, porém eu expulso os demônios, pelo
Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós.
V. A. - Mt
8.28-32.
V. T. - Mt
10.8; Mc 16,17.
Jesus Cristo reconheceu a existência dos demônios falando a
respeito deles e para eles.
2. Reconhecida pelos setenta.
Lc 10.17 - Então regressaram os setenta, possuídos de
alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome!
Os setenta, aos quais Jesus nomeou e enviou de dois em dois,
tiveram de enfrentar os demônios, e retornaram com o relatório que os demônios
se lhes tornavam sujeitos através do nome de Cristo.
3. Reconhecida pelos apóstolos.
(1) Por Paulo.
1 Co 10.20,21 - Antes digo que as causas que eles
sacrificam, é a demônios que as
sacrificam, e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos
demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios: não
podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios.
V,A,- I Tm 4.1.
V. T.. - At 16.14-18.
O Apóstolo Paulo reconheceu a realidade da existência dos
demônios em seus dias, e fez advertência a respeito deles.
(2) Por Tiago.
Tg 2.19 - Crês, tu,
que Deus é um só? Fazes bem Até os demônios crêem, e tremem.
Tiago reconheceu a existência dos demônios, revelando que
eles, por crerem na existência de Deus, estremecem,D. D. - A existência dos
demônios é claramente estabelecida pelo testemunho combinado de Jesus Cristo e
de Seus discípulos.
2. Sua Natureza.
1. Natureza.
essencial.
(1) Inteligências
pessoais.
Mt 8. 29,31 - E eis que gritaram: Que temos nós contigo, ó
Filho de Deus! Vieste aqui atormentar-nos antes de tempo?... Então os demônios
lhe rogavam: Se nos expeles, manda-nos para a manada dos porcos.
V. A. - La
4.35,41; Tg 2.19; Mc 1.23,24; At 19.13,15.
Características e ações pessoais são atribuídas aos
demônios, o que demonstra que possuem personalidade e também inteligência.
(2) Seres
espirituais.
Lc 9.38,39,42 - E eis que, dentre a multidão, surgiu um
homem, dizendo em alta voz: Mestre, suplico-te que vejas meu filho, porque é o
único; um espírito se apodera dele e, de repente, grita e o atira por terra,
convulsiona-o até espumar, e dificilmente o deixa, depois de o ter
quebrantado... Quando se ia aproximando, o demônio o atirou no chão e o
convulsionou; mas Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o
entregou a seu pai.
V A. - Mc 5. 2,7-9,12,13,15.
Os demônios são seres espirituais; são reputados idêntico
aos espíritos imundos, no Novo Testamento.
(3) Ao que parece,
espíritos destituídos de seus corpos.
Mt 12.43,44- Quando o espírito imundo sai do homem, anda por
lugares áridos procurando repouso, porém não encontra. Por isso diz: Voltarei
para minha casa donde saí. E, tendo voltado, a encontra vazia, varrida e
ornamentada.
V.A. - Mc 5.10-13.
A origem dos
demônios não é revelada nas Escrituras. Alguns, contudo, tem conjeturado que
sejam espíritos desencarnados, talvez de alguma raça ou ordem de seres
pré-adamicos; ou, quem sabe, da própria raça adâmica. Se forem realmente
espíritos desencarnados, isso explicaria o fato que procuram encarnar-se, pois,
ao que parece, quando desencarnado são incapazes de operar na plena forca de
sua maldade. Não será que esses demônios são os espíritos daqueles que
palmilharam esta terra na carne, antes da ruína descrita no segundo versículo
do Gênesis, e que, por ocasião daquele grande cataclismo, foram desencarnados
por Deus, e deixados ainda sob o poder de seu líder, de cuja sorte terão de
compartilhar afinal? Há um fato freqüentemente registrado que, não há dúvida,
parece confirmar tal Hipótese: pois lemos que os demônios estão continuamente
procurando apossar-se dos corpos dos homens, a fim do empregá-los para seus
próprios fins, e não é igualmente possível que essa propensão indique uma
incômoda falta de sossego, pelo que vivem a vaguear, o que se origina do senso de serem
incompletos; indique o intenso desejo de escaparem de uma condição intolerável
- de estarem desencarnados - condição
para a qual não foram criados? e indique um anseio tão intenso que, se não
puderem satisfazê-lo doutro modo, se
dispõem até mesmo a entrar nos imundos corpos dos porcos?
Não encontramos tal propensão da parte de Satanás e de seus
anjos. Eles, sem dúvida, ainda retêm seus corpos etéreos, pois, de outro modo,
como poderiam manter o seu conflito com os anjos de Deus? Provavelmente considerariam
com grande desdém o grosseiro e desajeitado tabernáculo que é o corpo do homem.
Os anjos, pode ser que entrem nos corpos físicos dos homens: Isso, porém, não
por inclinação, mas tão somente porque isso se torna absolutamente necessário
para a consecução de alguma grande conspiração do mal. Que os anjos não são
meros espíritos desencarnados, parece claro pelas palavras de nosso Senhor, em
Lucas 20.34-36: "Então lhes acrescentou Jesus: Os filhos deste mundo
casam-se e dão-se em casamento; mas os que são havidos por dignos de alcançar a
era vindoura e a ressurreição dentre os mortos, não casam nem se dão em
casamento. Pois não podem mais morrer,
porque são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da
ressurreição".
Isso parece dar a entender que os anjos são revestidos de
corpos espirituais, como os que nos são prometidos. Portanto, talvez se possa
entender que, apesar de os anjos serem espíritos, possuindo corpos espirituais,
nem todos os espíritos são anjos. Parece que os judeus faziam essa distinção,
pelo menos de conformidade com Atos 23.9: "Não achamos neste homem mal
algum; e será que algum espírito ou anjo lhe tenha falado?" Essa pergunta
foi levantada pelos fariseus, a respeito do apóstolo Paulo, quando o
aprisionaram em Jerusalém. No versículo anterior lemos a respeito dos oponentes
dos fariseus, os saduceus, que negavam a existência de anjos ou espíritos.
Por conseguinte, os demônios são uma ordem de seres
espirituais; que parecem ser distintos e separados dos anjos: pelo que fica
subentendido por algumas pas-sagens, parecem estar em estado de desencarnação,
tendo existido em algum período anterior, quando possuíam forma corpórea.
(4) Muitos em número.
Mc 5.9 - E perguntou-lhe: Qual é o teu nome?
Respondeu ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos.
"Uma Legião, no exército romano, totalizava, quando
completa, seis mil soldados; mas aqui essa palavra é usada a respeito de um
número indefinido e elevado – suficientemente elevado, contudo, para, assim que
tiveram licença, ocupar os corpos do dois mil porcos e destruí-los". -
Jamieson, Fausset, Brown.
Ver Lc 8.30.
Ver Mt 12.26,27.
Os demônios são de tal modo numerosos que tornam Satanás
praticamente ubíquo por meio desses seus representantes.
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