O Temor do Senhor e a autoridade
Um outro aspecto que devemos considerar no temor ao Senhor é o
respeito às autoridades instituídas por Ele, principalmente as espirituais. A
Bíblia mostra o exemplo da falta de temor por parte de Miriã e Arão contra
Moisés, servo de Deus. Diz o texto sagrado que “Falaram Miriã e Arão contra Moisés…” (Nm.12.1). Essa fala contra
Moisés tinha a intenção mesquinha de denegrir a imagem da sua liderança. Por
ser profetisa certamente Miriã quisesse assumir a liderança dos filhos de
Israel, e na falha do irmão ela viu uma boa oportunidade para por em prática o
seu objetivo. Mas o que chama mesmo atenção é que o texto sagrado fala da ira
de Deus contra Miriã e Arão, especialmente contra Miriã, haja vista, que foi
ela a única punida com a lepra. É provável que Arão tivesse sido contaminado
por ela. A verdade é que ao falarem contra Moisés, eles estavam se
insurgindo contra a autoridade constituída por Deus. O que a maioria dos
cristãos ignora é que quando o Espírito Santo escolhe alguém e o unge com
autoridade, esse alguém passa a ser um dos representantes de Deus aqui nesse
mundo. E quando alguém se rebela contra essa autoridade, na realidade está se
rebelando contra Àquele que lhe outorgou a autoridade. Foi isso o que aconteceu
naquela ocasião! Tanto é que quando Deus chamou os três diante da tenda da
Congregação, disse para Miriã e Arão: “Ouvi
agora as minhas palavras; se entre vós há profeta, Eu, o Senhor, em visão a ele
me faço conhecer, ou falo com ele em sonhos. Não é assim com o meu servo
Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente,
e não por enigmas; pois ele vê a forma do Senhor; como, pois, não temestes
falar contra o meu servo, contra Moisés?” (Nm.12.6-8). Veja que Miriã e Arão não temeram a Deus quando falaram contra
Moisés! Por outro lado, a Bíblia não ensina que a doença vem em razão do
pecado. Mas no caso de Miriã sim. Ela contraiu a lepra em razão de sua
rebelião. Na igreja de nosso Senhor tem muita gente com a lepra espiritual;
pessoas que movidas pelo espírito de intriga, de contenda, de dissensão, de
crítica, enfim, de fofoca em geral, que por não terem temor no coração falam
contra as autoridades espirituais constituídas por Deus. E o que é pior, elas
tecem comentários contra aqueles que o Espírito de Deus chamou para cuidar de
suas almas.
O temor a Deus leva o servo calar-se mesmo diante das falhas do
ungido do Senhor. Pois ele respeita a palavra de Deus que diz: “Não toqueis nos meus ungidos, nem
maltrateis os meus profetas.” (ICr.16.22; Sl.105.15). É o próprio Deus que
tem responsabilidade de velar pela Sua obra e não permitir que maus servos se
mantenham diante do Seu povo. A obra de Deus é santa, pois dela vai depender a
vida ou a morte eterna de seres humanos. Razão pela qual o Senhor Jesus enviou
o Seu Espírito para substitui-Lo na direção dela. Portanto, é infantilidade
pensar que Deus vai omitir a má conduta daqueles que um dia foram ungidos. Não!
Como está escrito: “Não vos enganeis: de
Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também colherá.”
(Gl.6.7).
Durante trinta e cinco anos de serviço ao meu Senhor Jesus eu nunca
vi um justo desamparado nem muito menos os culpados inocentados. Já vi muitos
servos que outrora foram verdadeiros expoentes nas mãos de Deus e depois caíram
para não se levantarem mais. Deus é um Deus justo e jamais permitirá que os
culpados, sejam ou não servos, vivam como se nada tivesse acontecido.
Todos nós estamos sujeitos a falhas e erros tendo em vista o fato
de que somos tão somente seres humanos. E uma das diferenças entre os que temem
a Deus dos que não O temem é justamente essa: os filhos de Deus têm bons olhos
e portanto vêem o lado bom dos seus irmãos; mas os filhos das trevas não. Estes
chegam até procurar defeitos nos outros.
Mediante a lei Moisés realmente estava errado quando tomou para si
uma mulher estrangeira. Mas isso não dava o direito de ninguém julgá-lo e
condená-lo, muito menos seus próprios irmãos! Já que ele tinha sido escolhido
por Deus para conduzir o Seu povo à Canaã, o juízo de sua conduta moral era
responsabilidade exclusiva dAquele que o havia chamado. Veja, por exemplo, que
algum tempo mais tarde, por ocasião da falta d’água no deserto e
consequentemente da contenda do povo contra Moisés e Arão, Deus mandou que Moisés
ordenasse à rocha que desse água. E eles duvidaram quando feriram a rocha duas
vezes. Essa incredulidade lhes custou a própria vida. Apesar da unção deles e
importância diante de três milhões de pessoas, Deus não os poupou da punição, e
punição de morte quando eles pecaram.
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