sábado, 1 de fevereiro de 2014

A EDIFICAÇÃO DA IGREJA - PARTE 2


                      


QUEBRANDO AS BARREIRAS DA RELIGIOSIDADE

             A Palavra:

            A Igreja se edifica pelo amor; segundo, pela oração; terceiro, pelo exemplo, e finalmente chegamos onde queríamos chegar: a Palavra.

           Mas se há palavra e não há amor, oração, exemplo; estamos desperdiçando a palavra. Então, o que é importante é o que dissemos até aqui: o amor que nasce de um coração puro, a oração e o exemplo. Agora prossigamos para a Palavra.

            Paulo, vez após vez, fala aqui da santa doutrina. E no capítulo 4 diz: “Se você transmitir essas instruções aos irmãos, será um bom ministro de Cristo Jesus, nutrido com as verdades da fé e da boa doutrina que tem seguido. Rejeite, porém, as fábulas profanas e tolas, e exercite-se na piedade...esta é uma palavra fiel e digna de plena aceitação...ordene e ensine estas coisas... dedique-se à leitura pública da Escritura, à exortação e ao ensino. 

Não negligencie o dom que lhe foi dado por mensagem profética com imposição de mãos dos presbíteros...atente bem para a sua própria vida e para a doutrina, perseverando nesses deveres, pois, agindo assim, você salvará tanto a si mesmo quanto aos que o ouvem”.

            A Palavra de Deus chega a nós de duas maneiras: Jesus pregava e ensinava. Também curava os enfermos, mas quanto à palavra, é dito várias vezes: Jesus pregava e ensinava”.  As duas coisas são necessárias. Vou explicar assim: a palavra de Deus chega a nós de dois modos diferentes: como verdade e como mandamento. Por exemplo, se eu digo Cristo morreu por nossos pecados”. O que é isso? Verdade ou mandamento? Verdade! Se eu digo Ama a teu próximo como a ti mesmo”, é um mandamento.
           
            A verdade é, que revela a pessoa de Cristo e a obra de Cristo. A verdade afirma, o tom é afirmativo. O mandamento por sua vez tem tom imperativo, dá ordens, revelando a vontade de Deus. Portanto, a verdade proclama e revela a Cristo, sua pessoa e sua obra, o mandamento revela a vontade de Deus para nós.

            Para sua edificação a Igreja necessita destas duas coisas. A verdade revelando a Cristo, e o mandamento revelando a vontade de Cristo para nós. Quando alguém proclama a verdade exige fé. O mandamento exige obediência.

            A verdade é simples, é clara, direta. Todos a entendem. Toca todas as áreas da vida: família, trabalho, sexo, dinheiro, adoração, serviço, relacionamento com as pessoas, relacionamento com Deus.
             O mandamento equivale à parte moral da lei, é equivalente aos Dez Mandamentos, porém mais aprofundados. O objetivo da verdade é fazermos como Cristo; por isso sempre diz: como Cristo”, ou “como eu amei a vós”, “maridos, amem suas esposas... como Cristo amou a Igreja”.

            Tanto verdade como mandamento são palavra de Deus e revelam a vontade de Deus para todos nós. Seu conteúdo não se impõe pela lógica ou raciocínio, mas pela autoridade de Jesus. Se teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer”, é um mandamento. Obedecemos. Ele é o Senhor.

            Necessitamos conhecer a verdade e encarná-la em nossas vidas, vive-la, e divulga-la. E, irmãos, o mais maravilhoso é que a verdade é eterna. A verdade é sabedoria, disciplina e prudencia. Em Mateus 5, 6 e 7, três capítulos, está a verdade de Jesus.

E se quisermos completá-la um pouco mais, podemos agregar Efésios 4, 5 e 6. Temos assim, 80% de toda verdade do Novo Testamento. É uma coisa simples, mas profunda, que comunica a vontade de Deus! E se quisermos completar um pouco mais e chegar a 90% da verdade, podemos agregar Romanos 12, 13, 13, 15 e 16. Temos então dez capítulos do Novo Testamento e quase toda a verdade está contida aí, mandamentos que revelam a vontade de Deus.

            Mas não podemos somente dar a verdade, temos que dar o mandamento. Não podemos dar somente o mandamento, temos que dar também a verdade. Estas duas coisas têm que caminhar juntas para edificar a Igreja. Só com o mandamento, nos inflamamos, nos entusiasmamos. Somos abençoados no momento, mas fica tudo ali, na glória do momento, na inspiração do mandamento.

         Mas temos que descer do mandamento para a verdade, para a vida prática. No mandamento há dinamismo, há poder de Deus para nós. Na verdade está a vontade de Deus para nossa vida prática e cotidiana. Assim se edifica a Igreja

            Para dar um exemplo, muitas vezes comparamos o mandamento com a locomotiva de um trem, e a verdade com os vagões. É muito difícil puxar os vagões sem uma locomotiva. Mas, para que serve a locomotiva, se não para levar os vagões? O importante é que os vagões cheguem ao destino. E assim, as verdades de Deus sem a locomotiva que é o mandamento podem ficar muito pesados, muito incômodos, difíceis e impossíveis de cumprir. Mas Deus mandou seu Filho. Bendito seja o Senhor! “É Cristo és vós... já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em  mim”.

            A verdade diz que você tem que abençoar os que lhe maldizem, perdoar os que lhe ofendem. Essa é a verdade. O mandamento diz: “já não sou eu quem vive, mas cristo vive em mim”. Então, como vou obedecer o mandamento? Através de Cristo que vive em mim. A verdade sem o mandamento seria uma coisa muito pesado, difícil de cumprir; mas só o mandamento, sem a verdade, ficaríamos só no entusiasmo, sem concretizar na vida prática. Por isso, Paulo põe este equilíbrio, e mostra a Timóteo o que realmente ele tem que fazer.

A Autoridade de Deus

                  A quinta coisa que encontro nesta carta é a autoridade, a autoridade de Deus. Quero explicar. Paulo tem uma clara visão do Reino de Deus. Ele proclama nesta carta uma vez após outra Jesus Cristo como o Senhor. O Senhor significa a autoridade absoluta, o dono. Ele proclama no versículo 1:17, em uma doxologia muito linda: Portanto, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único e sábio Deus, seja a honra e a glória pelos séculos dos séculos. Amém”.

                 Ele é o Rei. A autoridade do Rei. E no capítulo 6 há outra doxologia tremenda. Diz: a qual Deus fará se cumprir no seu devido tempo. Ele é o bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único que é imortal e habita em luz inacessível, a quem ninguém viu nem pode ver. A ele sejam honra e poder para sempre. Amém”. No Império Romano, todos os imperadores morriam, mas Paulo estava falando de Um que é imortal, é invisível,

            Os imperadores romanos eram visíveis, mas todos eles eram mortais e se foram. Mas há um só que é soberano, Rei dos reis, e Senhor dos senhores, o único que é imortal e habita em luz inacessível! Ai qual seja a honra e o domínio para sempre”. Que quer dizer para sempre? Por toda a eternidade. Assim, ao escrever isto, Paulo tinha uma visão muito clara do Reino de Deus, a autoridade de Deus e o Senhorio de Jesus Cristo.

            Pois Deus, que é a suprema autoridade, deu toda a autoridade a seu Filho, o Senhor, o Senhor. E Cristo deu autoridade aos apóstolos. Assim, Paulo, que é apostolo, é autoridade delegada por Deus, é pai espiritual de Timóteo. E Timóteo é seu filho espiritual. 

Aqui há autoridade. E lhe diz: Te mandei a Éfeso, te roguei que fosses a Éfeso”. E o tom que fala, ainda que amável e amoroso, é de autoridade, e lhe instrui o que tem que fazer e o que não tem que fazer. Este mandamento, filho Timóteo, te encarrego, rejeita isso, evita aquilo”. Está lhe dando, com autoridade do Senhor, tudo o que ele tem que fazer e não fazer.

            A Igreja se edifica pela autoridade de Deus. Essa autoridade vem de Deus a Cristo, de Cristo aos apóstolos e dos apóstolos, neste caso, a Timóteo, um filho espiritual, a quem envia a Éfeso. Paulo o envia e Timóteo obedece. Alguns dizem: Não, não, não; eu obedeço a Deus”. Não só a Deus. Tem que obedecer a Deus e aos pais, aos apóstolos, aos pastores. Há autoridade na casa de Deus.

                A Igreja se edifica por autoridade. Hebreus 13:17 diz: Obedecei a vossos pastores porque eles velam por vossas almas. Veja em 1Tm5:20  outra exortação: Aos que persistem em pecar repreende-os diante de todos para que os demais também temam”. Repreende diante de todos? Sim. A quem? Não ao que peca uma vez ou ao que peca duas vezes. Este pode admoestar pessoalmente. Mas ao que persiste em pecar, que quer seguir pecando, repreende-o diante de todos.

            Agora, no exercício da autoridade não pode haver prejuízos. Como diz: Eu o exorto solenemente, diante de Deus, de Cristo Jesus e dos anjos eleitos, a que procure observar essas instruções sem parcialidade; e não faça nada por favoritismo. Não se precipite em impor as mãos sobre ninguém e não participe dos pecados dos outros. Conserve-se puro.”.
          
           No uso da autoridade não pode haver abuso, nem prejulgamento, nem parcialidade.Tem que ser algo puro como o senhor realmente quer. Se não há autoridade, o ensino se perde. Se não sabe, ensina-o. Se sabe e pratica, anima-o, alegra-te com ele. Se não pratica, admoesta-o e relembra-o. Se peca, na primeira vez admoesta-o, na segunda repreende-o. E assim, com tudo que o senhor nos instrui. Se não há autoridade o ensino se perde.

            Quando há autoridade, os irmãos aprendem que tem que obedecer. Assim é a Igreja. È a casa de Deus e em toda Casa, e em toda família, em toda empresa há autoridade.

Instrução pessoal
            
                      E finalmente, o sexto ponto nesta epístola que é importante para a edificação da Igreja é a instrução pessoal ou o discipulado. Vou explicar. No capítulo 5 especialmente vê-se claramente isso. Nem todas as situações são iguais.

                   Paulo diz a Timóteo: Não repreendas ao ancião, antes exorta-o como a um pai; aos mais jovens, como a irmão; às idosas, como a mães; às jovens, como a irmãs, com toda pureza. Honra as verdadeiras viúvas. Mas se alguma viúva tem filhos, ou netos, aprendam estes primeiro a ser piedosos com sua própria família...”.

            O que está dizendo? Não se pode tratar igualmente todas as pessoas. Cada um é cada um. Não se pode tratar um ancião como a um jovem; não se pode tratar um jovem como uma moça. É necessário um trato personalizado e adequado a cada um, segundo a graça, segundo a necessidade, segundo a pessoa, segundo a situação de cada um.


            Em seguida fala das viúvas, e você pode observar ao estudar o capítulo 5 que há viúvas e viúvas. Há viúvas jovens, a quem ele recomenda que se casem de novo; há viúvas mais velhas que tem um testemunho excelente, que deve-se coloca-las na lista das irmãs que servem a igreja e precisam ser sustentadas economicamente; há outras que não. Então, não são todos iguais. Do púlpito não se pode conhecer a todos, desde uma grande reunião não se pode chegar a adequadamente a todos.

            Por exemplo, um dia prego sobre a verdade que é necessário trabalhar, trabalhar materialmente, ganhar seu sustento de cada dia, e todos escutam a mesma palavra. Mas ali há um irmão que trabalha demais, e eu estou enfatizando que tem que trabalhar. Ele está trabalhando 14 horas por dia, e se sente confirmado em seu trabalho material. E há outro que é folgado para o trabalho, e esse recebe a palavra superficialmente.

              Não se pode alcançar a todos adequadamente em sua edificação. Aquele que está trabalhando demais, já está sacrificando sua família, está descuidando da obra, quem sabe está trabalhando demais não porque necessite mas por ambição. Este se sentirá confirmado em seu erro. O que está faltando? A instrução pessoal.

                Precisa conhece-lo, tem que ser pai espiritual, tem que se aproximar desse irmão com amor, com oração, com graça, mas com firmeza e dizer: “Irmão, você está trabalhando demais; não precisa trabalhar tanto”. A um você precisa dizer Descansa!”, e a outro precisa dizer Trabalhe mais!”.

            Mas quando pregamos, a palavra é geral; faz falta a instrução pessoal. A Igreja se edifica com instrução pessoal. Cada irmão precisa ser conhecido por alguém de forma mais próxima, para instruí-lo e orienta-lo mais especificamente.

            Um dia prego que o homem é o cabeça da casa e que tem que assumir a autoridade e a responsabilidade, porque Deus o colocou como cabeça. Mas acontece que tem um irmão que é um tirano em sua casa, um déspota com sua esposa, e depois de me ouvir pregar diz: Viu o que o pastor disse? Aqui eu sou a autoridade”. E minha palavra que era palavra de Deus, a verdade, em vez de ajuda-lo, confirmou sua tirania e seu erro. Sem a instrução pessoal não se pode edificar.

            Precisa conhecer, aproximar-se e dizer: Irmão, a Bíblia diz que seja cabeça, mas você é um cabeção. Não exagere, vá mais devagar. Deus lhe deu uma esposa, escute a sua esposa as vezes. Ele lhe deu uma ajudadora idônea. Você a está anulando, a está afastando. Não é assim irmão, não é assim”. Precisa uma instrução pessoal.

            Outro precisa ser fortalecido. Para uma irmã eu tive que dizer: “Irmã, não afrouxe, enfrente seu marido”, porque fazia falta dizer-lhe isso. Mas não posso ensinar isso como doutrina, era uma instrução muito particular, muito pessoal. E no capítulo 5 há muita instrução particular, pessoal, e sobre tudo o que disse a Timóteo.

            Por isso, irmãos, precisamos da instrução pessoal para saber em cada situação escutar, aconselhar, exortar. Alguns necessitam ânimo, outros necessitam oração, outros apenas ser ouvidos, compreendidos, amados. As vezes não sabemos o que dizer a pessoa, damos-lhe um abraço, e choramos com o que chora, e já se vai consolando.

            Assim, é indispensável para a edificação da Igreja a instrução pessoal. Cada pessoa é valiosa, cada pessoa é amada por Deus, e Ele quer chegar a cada um com sua graça, com seu amor, com sua medida justa do que cada um precisa. 

                  (Jorge Himitian)

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