A TRINDADE 1. Definição da doutrina Antes de tudo é preciso definir o que é a doutrina da Trindade, pois até mesmo muitos cristãos se perdem nesse quesito. Por "Trindade" não queremos dizer que acreditamos em três deuses, pois para nós há somente um Deus (Isaías 43:10). Ao invés disso, queremos dizer que na Divindade há três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Pode parecer um paradoxo, mas Deus é três e um simultaneamente. Precisamos fazer distinção entre o termo "pessoa" e "natureza". As pessoas em Deus são três, mas uma só é a natureza, que consiste na onipotência, onisciência, onipresença etc. Vários exemplos foram apresentados para exemplificar esse caso; porém, o triângulo equilátero é o que mais se aproxima desse conceito. Acompanhe: O triângulo é indivisível, assim como Deus (simbolizado por toda a figura). Todavia, cada lado é distinto do outro e, contudo, formam a mesma figura, que só existe com os três lados iguais; assim, tomando a analogia, o Pai não é o Filho, o Filho não é o Espírito Santo e vice e versa; porém, eles constituem o mesmo Deus. A individualidade pessoal é mantida, bem como a unidade. Assim, Deus não é somente o Pai, nem somente o Filho, e nem tampouco somente o Espírito Santo. Deus é o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Analisando algumas objeções Negam a doutrina da Trindade, alegando que é de origem pagã e que tal palavra não aparece na Bíblia. Somente Jeová é o Deus verdadeiro. Ele não é onipresente, ou seja, não pode estar em vários lugares ao mesmo tempo, pois sendo uma pessoa, possui um corpo de forma específica, que precisa de um lugar para morar. Assim, ele está confinado no céu. Para exercer seu comando sobre o universo, ele usa seu poder, seu Espírito Santo", que é sua "força ativa". Sua onisciência é seletiva, ou seja, Jeová não sabe o futuro de todas as coisas, a menos que ele queira. Explicam isso da seguinte forma: Um rádio pode captar qualquer onda, porém, é preciso sintonizá-lo na estação certa. Assim, se Jeová quiser saber se alguém será fiel a ele ou não, deverá "sintonizar" na "estação" dessa pessoa. a) A palavra "Trindade" não aparece na Bíblia — A doutrina da Trindade está fortemente enraizada nas Escrituras. A palavra "trindade" é um termo extrabíblico utilizado para designar aquilo que é revelado nas Escrituras; embora a palavra não apareça, a idéia está explícita na Bíblia. Outro fator que torna sem fundamento a objeção das TJ é o fato de que utilizam termos como "corpo governante" e "teocracia", embora tais palavras também não apareçam na Bíblia. Das duas, uma: ou aceitam o uso do termo "trindade" ou deixam de usar as terminologias "corpo governante" e "teocracia". b) A Trindade e o paganismo — A objeção de que a doutrina da Trindade é de origem pagã, uma vez que os pagãos cultuavam suas tríades de deuses, também não faz sentido, pois a concepção dos pagãos em nada se assemelha à doutrina trinitariana. Enquanto os pagãos são politeístas, ou seja, crêem na existência de vários deuses, sendo sua trindade mais um conjunto de deuses em seu panteão, nós, cristãos, somos essencialmente monoteístas, pois cremos que há um só Deus (Isaías 43:10), que subsiste em três "pessoas": Pai, Filho e Espírito Santo. Não são três deuses, posto que só há um Deus. Assim, o Pai, o Filho e o Espírito Santo são ao mesmo tempo três pessoas distintas e um só Deus. O termo "triunidade" resume melhor essa concepção bíblica de Deus. É bom também lembrar que a Bíblia não é o único livro que fala de um dilúvio universal. A literatura pagã também contém relatos sobre um dilúvio. Isso, evidentemente, não faz do dilúvio uma concepção pagã; tampouco a doutrina da Trindade deveria ser vista da mesma forma. c) A Trindade e a razão humana — A acusação de que a doutrina da Trindade não se conforma com a lógica ou a razão também é descabida, pois a mente humana não pode apreender tudo sobre Deus. É impossível que o relativo entenda com precisão o Ser Absoluto, que o finito atinja o Infinito, que a criatura desvende todos os mistérios e segredos do Criador. Isso é pedir demais. (Leia Romanos 11:33; 1ª Coríntios 2:11; Jó 11:7; Isaías 40:28). No livro Raciocínios à base das Escrituras (publicado pelas TJ), página 123, há a seguinte pergunta: "Será que Deus teve começo?" Daí, citam o Salmo 90:2, que diz que Deus é Deus de "eternidade a eternidade", ou seja, ele é incriado, sempre foi, é e será eternamente. Diante desse mistério, o livro lança o desafio: "Há lógica nisso? Nossa mente não pode compreender isso plenamente. Mas não é uma razão sólida para o rejeitar". Aplicando o mesmo princípio à doutrina da Trindade, podemos perguntar: "Será que Deus é uma Trindade? Há lógica nisso? Nossa mente não pode compreender isso plenamente. Mas não é razão sólida para o rejeitar". d) A Trindade e a Matemática — Outra objeção argumenta que a Trindade contraria a Matemática, pois se 1 + 1 + 1 = 3; então, Deus Pai + Deus Filho + Deus Espírito Santo não podem ser um, mas três deuses. Ora, outro argumento desprovido de bom senso, pois Deus não pode ser medido pelas Ciências Exatas. No campo da Matemática, ele não pode ser somado, diminuído, dividido ou multiplicado. Mas, se é matemática o que querem, a pergunta é oportuna: Na Matemática, três podem ser um? Dependendo da operação que se escolher, sim. Veja: 1 X 1 X 1 = 1. A Trindade no Antigo Testamento a) Gênesis 1:26, 27 — Chegando o momento de criar o homem, Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme nossa semelhança". O verbo "fazer", nesse caso, aponta para um ato criativo, e somente Deus pode criar. Assim, ao ser criado, o homem não poderia ter a imagem de um anjo ou de qualquer outra criatura, mas a imagem de Deus, a imagem de seu Criador. No versículo 27, lemos: "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou". O interessante, porém, é que a Bíblia diz que Jesus Cristo também criou todas as coisas, as visíveis e invisíveis (João 1:1, 3; Colossenses 1:16, 17; Hebreus 1:10), o que inclui necessariamente o homem. Desse modo, concluímos, à luz da Bíblia, que o homem tem a Jesus como seu Criador, logo, o homem carrega Sua imagem, pois Jesus é Deus, uma vez que "à imagem de Deus" o homem foi criado. Já em Jó 33:4, Eliú declara: "O Espírito de Deus me fez". Afinal de contas, quem fez o homem? A Bíblia diz: "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou". E quem é esse Deus? Resposta: Pai, Filho e Espírito Santo. É digno de nota que há outros textos em que Deus fala no plural: Gênesis 3:22; 11:7-9; Isaías 6:8. Alguns dizem tratar-se de plural de majestade, ou seja, é uma forma de expressão onde o indivíduo fala do plural que não revela necessariamente uma pluralidade participativa. Todavia, isso não funciona em Gênesis 1:26, 27, pois outros textos bíblicos deixam claro que o Pai, o Filho e o Espírito Santo criaram o homem; logo, não está em jogo nenhum plural de majestade, mas um ato criativo de Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. Os demais textos, portanto, devem ser interpretados seguindo-se essa mesma linha de raciocínio. b) Deuteronômio 6:4 — "Escuta, ó Israel: Jeová, nosso Deus, é um só Jeová" (TNM). Esse texto é usado para desacreditar a doutrina da Trindade, mas, ao contrário disso, é o texto que prova que na unidade de Deus existe uma pluralidade, dando abertura para a concepção trinitariana. Como assim? Na língua hebraica, existem duas palavras para expressar unidade, a saber, ’ehadh e yehidh. A primeira designa uma unidade composta ou plural. Exemplo: Gênesis 2:24 diz que o homem e a mulher seriam uma (’ehadh) só carne, ou seja, dois em um. A segunda palavra é usada para expressar unidade absoluta, ou seja, aquela que não permite pluralidade. Exemplo: Juízes 11:34 diz que Jefté tinha uma única (yehidh) filha. Qual dessas palavras é empregada em Deuteronômio 6:4? A palavra ’ehadh, o que indica que na unidade da Divindade há uma pluralidade. A Trindade no Novo Testamento A revelação da Triunidade de Deus no Antigo Testamento não é tão clara quanto no Novo. Os textos bíblicos abaixo alistados (respeitando-se os devidos contextos) mostram sempre juntos o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Levando-se em conta que Deus é único (Isaías 43:10) e que ele não partilha sua glória com ninguém (Isaías 42:8; 48:11), é interessante notar como o Pai, o Filho e o Espírito Santo são postos em pé de igualdade, coisa que nenhuma criatura, por melhor que fosse, poderia atingir, nem muito menos uma "força ativa" (agente passivo). a) Mateus 28:19 — A ordem de Jesus é para batizar em "nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo". Ora, se Jesus fosse uma criatura e o Espírito Santo uma "força ativa", seria estranho que as pessoas fossem batizadas em nome do Criador (que não divide sua glória com ninguém), em nome de um anjo, e de uma "força ativa"; aliás, que necessidade há em batizar alguém em nome de uma "força"? Tudo isso só faz sentido se Jesus e o Espírito Santo forem Deus, assim como o Pai. b) Lucas 3:22 — No batismo do Filho, lá estão o Espírito Santo e o Pai; como sempre, inseparáveis. Essa é uma das razões pelas quais o batismo cristão deve ser ministrado em nome das três pessoas. c) João 14:26 — Jesus fala do Espírito Santo, que será enviado pelo Pai, em seu próprio nome, isto é, de Cristo. d) 2ª Coríntios 13:13 — Outra fórmula trinitária, onde aparece o Filho, em primeiro lugar, com sua graça ou benignidade imerecida; depois, o Pai, com seu amor; e finalmente, o Espírito Santo, com a comunhão ou participação que dele procede. e) 1ª Pedro 1:1, 2 — Pedro fala aos escolhidos, que foram eleitos segundo a presciência do Pai, santificados pelo Espírito e aspergidos com o sangue de Jesus Cristo. f) Outros versículos — Romanos 8:14-17; 15:16, 30; 1ª Coríntios 2:10-16; 6:1-20; 12:4-6; 2ª Coríntios 1:21, 22; Efésios 1:3-14; 4:4-6; 2ª Tessalonicenses 2:13, 14; Tito 3:4-6; Judas 20, 21; Apocalipse 1:4, 5 (compare com 4:5) etc. É digno de nota que se o Filho fosse uma criatura e o Espírito Santo uma "força ativa", os dois não poderiam assumir o primeiro lugar em algumas das passagens bíblicas acima citadas. Aliás, o que uma "força ativa" estaria fazendo no meio de duas pessoas? As TJ objetam dizendo que mencionar as três Pessoas juntas, não indica que sejam a mesma coisa, pois Abraão, Isaque e Jacó (Mateus 22:32), bem como Pedro, Tiago e João (Mateus 17:1) sempre são citados juntos; contudo, isso não os torna um. O que as TJ não perceberam foi o seguinte: Abraão, Isaque e Jacó tinham algo em comum: o patriarcado. Já Pedro, Tiago e João tinham em comum o apostolado. E o que o Pai, o Filho e o Espírito Santo têm em comum? Resposta: a natureza divina, ou simplesmente, a divindade. Jesus Cristo É o Primogênito de Jeová (sua primeira criação). É seu Unigênito (o único criado diretamente por ele). Sendo "Filho de Deus" é submisso e inferior ao Pai. Recebeu o nome de Miguel e o título de Arcanjo (= anjo principal). É "um deus", assim como Satanás, no sentido de ser poderoso. É "Deus Poderoso", mas nunca "Deus Todo-Poderoso", como Jeová. Morreu numa "estaca" (não numa cruz). Ressuscitou em espírito (não fisicamente). "Voltou" invisivelmente em 1914. Somente as TJ o viram com os "olhos do entendimento". Através do Corpo Governante, ele exerce sua chefia sobre a organização. Avaliação bíblica A cristologia das TJ é uma ressurreição do arianismo, que surgiu com Ário (256-336), um sacerdote do século IV, da cidade de Alexandria, no Egito. Ário afirmou que Jesus Cristo era uma criatura, baseando principalmente em Provérbios 8:22 e 1ª Coríntios 1:24. O primeiro é uma poesia, onde a sabedoria diz ter sido "criada" por Deus. O segundo diz que Jesus Cristo é a sabedoria de Deus. Assim, concluiu Ário, se Jesus é a sabedoria de Deus, então ele foi criado. O problema de Ário foi o seguinte: ele utilizava uma tradução do que hoje conhecemos como Antigo Testamento, escrito originalmente em hebraico, para o idioma grego. O texto hebraico traz em Provérbios 8:22 o verbo qanáni (possuir); contudo, o texto grego adotado por Ário verteu qanáni por bará, que significa "criar". Quando S. Jerônimo fez a Vulgata, tradução do hebraico para o latim, traduziu corretamente qanáni por possédit me (possuiu-me). A pergunta que se levanta é: qual é o termo correto – criar ou possuir? A resposta é óbvia: possuir. Basta um pouco de raciocínio para perceber isso. Veja: Deus é eterno, de eternidade a eternidade. Como ele é imutável, o que ele é hoje, sempre foi e sempre será. Assim, não há variação em Deus. Então, se Deus é poderoso, ele é poderoso de eternidade a eternidade. Nunca houve um momento em ele não tenha possuído poder. Ele não poderia ter criado seu poder, pois isso significaria que um dia ele não o teve. Ora, o mesmo se dá com a sabedoria de Deus. Se dissermos que Deus criou sua sabedoria, chegaremos à conclusão que um dia Deus não teve sabedoria. Daí, vem a pergunta: com que grau de inteligência Deus percebeu que não tinha sabedoria e que precisaria criá-la? Assim, diante dessa conclusão ilógica, afirmamos à luz da Bíblia: Deus é sábio de eternidade a eternidade. Seus atributos são tão eternos quanto ele, pois Deus é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Diante disso, a leitura correta do Provérbios 8:22 deve ser: "O SENHOR me possuía no início de sua obra, antes de suas obras mais antigas". Para concluir, é preciso dizer que não se pode afirmar categoricamente que o texto de Provérbio 8:22 faça referência a Jesus Cristo. O texto simplesmente apresenta a sabedoria de Deus num estilo poético e, em poesia, tudo pode acontecer: a sabedoria grita, ama, trabalha etc. Seja como for, Provérbios 8:22 não pode ser usado para afirmar que Jesus é uma criatura. Ao contrário, a Bíblia o apresenta como Criador de todas as coisas (João 1:3; Colossenses 1:16,17; Hebreus 1:10 com 3:4). Jesus não é o Arcanjo Miguel Jesus e Miguel não são a mesma pessoa por duas razões: · Enquanto que em Daniel 10:13 Miguel é chamado de "um dos mais destacados príncipes" (TNM), o que nos leva a concluir que ele não é o principal, o primaz, em Colossenses 1:18 se diz que Jesus tem a primazia. · Mateus 4:10, 11 e Marcos 1:25-27 apresentam Jesus Cristo repreendendo Satanás; mas em Judas 9 está escrito que Miguel não se atreveu a censurá-lo, ao invés, entregou para Deus tal responsabilidade. Jesus tem, portanto, diferente de Miguel, a autoridade absoluta sobre Satã. |
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