O TANQUE DE BETESDA
O Tanque de Betesda era um reservatório de água em Jerusalém. O Tanque de Betesda ficou conhecido na Bíblia por ter sido o lugar onde um paralítico foi curado por Jesus.
O Evangelho de João diz que o homem doente aguardava ali alguém que pudesse ajudá-lo a entrar no tanque (João 5).
Segundo o texto bíblico, o Tanque de Betesda era um local visitado por muitas pessoas enfermas e inválidas.
Essas pessoas se reuniam naquele local com a esperança de serem curadas quando as águas do tanque fossem agitadas (João 5:3).
Vejamos neste estudo bíblico tudo o que se sabe sobre o Tanque de Betesda.
O que significa o nome Betesda?
O nome Betesda é a transliteração de Bethesda, que é a forma grega do termo aramaico bet hasda’, que significa “casa de misericórdia”.
Entretanto, variantes textuais lançam certa dificuldade na exata determinação do termo que dá nome ao tanque.
Na verdade, o nome Betzata que vem de Bethzatha, possui maior comprovação textual. Isso porque o Códice Sinaiticus (um importante manuscrito do Novo Testamento), Eusébio e um outro manuscrito grego mais posterior, trazem o nome Betzata ao invés de Betesda.
Vale também ressaltar que esse nome foi incluído em recentes edições dos textos gregos.
Betzata, segundo o historiador Flávio Josefo, era o nome do bairro norte de Jerusalém. Em aramaico, Betzada significa algo como “casa da oliveira”.
Alguns comentaristas sugerem que, de fato, o nome do lugar seria Betzata; porém, popularmente, o tanque era conhecido como Betesda, talvez em referência à tradição acerca das curas que envolvia o local.
Onde ficava o Tanque de Betesda?
Ao longo do tempo, muitas suposições foram feitas acerca da localização do Tanque de Betesda.
Em 1888 escavações a nordeste de Jerusalém revelaram um tanque que satisfaz as possíveis características do Tanque de Betesda.
O tanque descoberto trata-se de um grande tanque duplo; ou seja, dois tanques retangulares exatamente iguais, com uma divisão em pedra de aproximadamente 6 metros de espessura.
Segundo as escavações, a área total dos tanques alcançava cerca de 50 por 100 metros. Além disso, tal como no texto bíblico, havia também cinco pórticos nesse tanque.
Esses pórticos eram colunas cobertas onde os enfermos ficavam enquanto esperavam.
O que mais chama atenção nesse tanque descoberto em 1888, é uma pintura desbotada na parede que mostra um anjo agitando a água. Talvez isso seja um indicativo de que os primeiros cristãos já consideravam esse tanque como sendo o Tanque de Betesda.
O texto bíblico também ressalta que o Tanque de Betesda ficava próximo à Porta das Ovelhas. Provavelmente naquele local havia um comércio de ovelhas; ou aquele local reunia as ovelhas que eram conduzidas para o sacrifício no átrio do templo.
O paralítico do Tanque de Betesda
O Evangelho de João narra um dos milagres de Jesus mais conhecidos. No Tanque de Betesda Jesus curou um homem enfermo que já estava naquela situação há 38 anos.
Esse homem estava entre a grande multidão de doentes e inválidos que se aglomerava nos alpendres do Tanque de Betesda. Todas aquelas pessoas estavam ali em busca de cura.
Apesar de ele ser um personagem bíblico muito citado em diversos sermões, nada mais se sabe sobre sua identidade e biografia. O homem anônimo curado por Jesus ficou conhecido simplesmente como “o paralítico do Tanque de Betesda”.
Mas curiosamente a enfermidade daquele homem também não aparece de forma explicita e clara no texto bíblico. Contudo, é amplamente aceito que ele era um paralítico, pois Jesus ordenou a ele que se levantasse, tomasse seu leito e andasse.
Outro ponto que parece indicar a condição de paralítico daquele homem era a sua dependência de alguém que o colocasse nas águas do tanque.
Embora fosse inválido já há 38 anos, isso não significa que o homem estivera no Tanque de Betesda por todo esse tempo.
Um anjo descia no Tanque de Betesda?
Os estudiosos discutem se realmente um anjo descia no Tanque de Betesda. De fato essa é uma questão muito difícil e que realmente não oferece uma posição definitivamente conclusiva.
Ao contrário do que algumas pessoas pensam, discutir se um anjo descia ou não no Tanque de Betesda não é um ataque à inerrância da Bíblia; é apenas uma discussão sobre o verdadeiro propósito do texto bíblico que possui essa informação.
O texto do Evangelho de João claramente diz que de vez em quanto descia um anjo e agitava as águas do Tanque de Betesda. Então o primeiro doente que entrava no tanque, depois que as águas tivessem sido agitadas, era curado de qualquer enfermidade (João 5:4).
No entanto, em nenhum dos melhores e mais antigos manuscritos do Evangelho de João possuem essa informação. Isso significa que as palavras do versículo 4 do capítulo 5 de João não aparecem nas fontes mais confiáveis.
Por causa disso, as revisões mais recentes das traduções bíblicas colocam esse versículo com algum tipo de sinalização, como por exemplo, o colchetes [].
Já por outro lado, Tertuliano, um autor das primeiras fases do Cristianismo, já falava que um anjo descia no Tanque de Betesda. Isso indica que muito provavelmente ele conhecia exatamente esse texto de João 5:4.
Escrevendo sobre o batismo, Tertuliano declarou que “um anjo, com sua intervenção, agitava a piscina em Betesda. As pessoas que estavam enfermas esperavam por ele; pois, o primeiro a descer às águas, depois de se banhar, deixava de se queixar” (Sobre o Batismo, V).
Portanto, parece óbvio que antigas tradições cristãs já tinham a informação de que as pessoas se reuniam no Tanque de Betesda esperando pelo movimento sobrenatural das águas. Então como resolver essa questão? Um anjo descia ou não no Tanque de Betesda?
O que acontecia no Tanque de Betesda?
Basicamente existem duas possibilidades para entender o que acontecia no Tanque de Betesda.
A primeira seria considerar que realmente um anjo descia no tanque, agitava as águas e curava os doentes. Nesse caso, o texto de João 5:4 deve ser interpretado de forma afirmativa.
A outra possibilidade seria considerar que simplesmente eram as pessoas que acreditavam que um anjo descia no tanque de Betesda.
Nesse caso, João 5:4 deve ser interpretado como sendo uma nota explicativa marginal acerca do próprio texto que é apresentado. Isso porque os versículos 3 e 7 fazem menção do movimento das águas; mas sem a nota explicativa do versículo 4, seria impossível entender do que se tratava esse movimento das águas.
Então se os versículo 3 e 7 informam que as pessoas esperavam que as águas do Tanque de Betesda fossem agitadas, o versículo 4 apenas acrescenta detalhes sobre esse evento.
As pessoas esperavam o movimento das águas do Tanque de Betesda porque acreditam que um anjo era o responsável por isso.
Comentaristas apontam para uma possível crença popular judaico-romana da época que via o Tanque de Betesda como um ponto místico de peregrinação.
Alguns sugerem até que poderia haver nas águas do Tanque de Betesda alguma propriedade medicinal que acabou resultando naquela crença popular.
Segundo essa ideia de que tudo não passava de uma crendice popular, a agitação das águas do Tanque de Betesda poderia ser explicada pela ação de uma nascente de água que alimentava o tanque.
Essa interpretação também relembra que o costume de considerar fontes de água como dotadas do poder da cura é algo comum desde a antiguidade.
A cena de doentes ao redor de fontes de água mineral sempre foi frequente e persiste até os dias atuais.
O que é importante no estudo sobre o Tanque de Betesda?
Realmente é difícil saber o que acontecia no Tanque de Betesda. Os elementos textuais não nos permitem afirmar e nem negar definitivamente que um anjo descia e agitava as águas do tanque. Além disso, nenhum outro Evangelho cita esse episódio.
Também não é possível afirmar conclusivamente que o versículo 4 foi escrito pelo próprio João ou por um copista posterior que apenas acrescentou informação ao texto. No Antigo Testamento, por exemplo, isso é algo comum.
Mas mesmo que o versículo 4 seja considerado uma nota original do próprio autor do quarto Evangelho, ainda assim o problema não é solucionado. Isso porque a descrição do que ocorria no Tanque de Betesda não é apresentada no texto como sendo, necessariamente, a opinião e crença do autor.
Talvez o escritor bíblico apenas esteja informando a opinião do homem doente. O versículo 7, por exemplo, deixa claro que o paralítico realmente tinha essa opinião; de fato ele acreditava que as águas do Tanque de Betesda eram movimentadas sobrenaturalmente.
Veja o que ele diz: “Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me ponha no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim” (João 5:7).
Mas mais importante do que toda essa discussão é a percepção da mensagem principal do texto. O Tanque de Betesda e o que supostamente acontecia ali servem apenas como pano de fundo para o que realmente importa nessa passagem.
O paralítico não foi curado por um anjo ou pelas águas movimentadas do Tanque de Betesda. Ele foi curado pelo poder de Jesus Cristo!
Se milagres aconteciam ou não no Tanque de Betesda isso não é importante para nós. O que importa é que o amor de Jesus alcançou aquele homem.
Não pelas águas do Tanque de Betesda, mas por Jesus, aquele homem ficou livre de um sofrimento que já durava 38 anos.
Escrito por Daniel Conegero
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