O APARECIMENTO DOS FALSOS MESTRES
Judas afirma que entravam furtivamente, como espiões, falsos mestres na
Igreja e que é preciso identificá-los para que a fé não seja corrompida.
I - O APARECIMENTO DOS FALSOS MESTRES
Os falsos
mestres ou doutores não são uma peculiaridade da Igreja. Já
existiam falsos profetas no meio do povo de Israel, como fizera questão de
deixar advertido Moisés - Dt.13:1-5; 18:20-22 (é interessante notar que a
advertência sobre os falsos profetas vem logo em seguida à promessa
messiânica, ou seja, o propósito do adversário ao implantar este tipo de
gente no meio do povo escolhido é, exatamente, o de desviar a atenção do
Messias, do Cristo).
OBS:
"...Os profetas representaram papel memorável no drama da vida nacional
judaica de sua época. Para o leitor moderno, só pode existir uma avaliação
dos profetas: eram professores e pregadores inspirados(...) Verberavam os
agravos e os sofrimentos do povo numa sociedade semelhante às que
prevaleciam por todo o mundo antigo(...) na qual uma pequena classe
dominante, corrompida pelo luxo e pelo poder, explorava os pobres e os
fracos e tudo fazia para negar as tradições democráticas e as práticas
éticas que Moisés havia instituído. Como reformadores religiosos, os
profetas desprezavam o formalismo oco do culto religioso que predominava
naquela época. Investiam contra a classe sacerdotal e contra o submisso
círculo 'oficial' de profetas sicofantas. Ambos esses grupos, acusavam eles,
tinham interesse pessoal na preservação do despotismo monárquico e,
portanto, decidiam ignorar ou ficar indiferentes à fome espiritual do povo e
às circunstâncias desesperadas de suas vidas..." (Enciclopédia Judaica,
v.5,
p.95).
- A distinção entre o falso e o verdadeiro mestre não é algo fácil e que se
perceba de imediato, porquanto o falso mestre é alguém engendrado pelo
adversário e que, como ele, é dissimulador. Sempre que a Bíblia se refere
aos falsos mestres, fala de ardil, de engano, de fraude, de dissimulação -
Ef.4:14; At. 20:28-30; I Tm.4:1,2; II Tm.3:1-5; Cl.2:18; Gl.6:12; Mt.7:15;
24:24.
- Por isso, Judas alerta para a circunstância de que os mestres se
introduzem no meio do povo de Deus, é algo insidioso, sutil e dissimulado.
Paulo já alertara para este fato quando se despediu dos irmãos de Éfeso
(At.20:28-30).
OBS: " ... no Antigo Testamento (...)a resposta ao problema do
discernimento
com que se deve distinguir o profeta falso: esse teste é teológico, a
revelação de Deus por ocasião do Êxodo. A essência do profeta falso é que
ele convida o povo 'a ir após outros deuses, que não conheceste' (Dt.13:2),
dessa maneira pregando 'rebeldia contra o Senhor vosso Deus, que vos tirou
da terra do Egito' (Dt.13:5,10). Aqui encontramos a característica final,
evidente em Moisés, do profeta normativo; Moisés também fixou a norma
teológica mediante a qual todo ensino subseqüente poderia ser julgado. Um
profeta poderia alegar estar falando em nome de Yahweh; porém, se não
reconhecesse a autoridade de Moisés nem subscrevesse as doutrinas do Êxodo,
era um profeta falso..." (Novo Dicionário da Bíblica, edição em um volume,
p.1324).
II - IDENTIFICANDO OS FALSOS MESTRES
Entretanto,
como o próprio Jesus nos mostrou que "pelos seus frutos os
conheceremos" (cf. Mt.7:16-18), é possível identificar o falso mestre pela
sua conduta, pois, todos eles têm as seguintes características, conforme se
vê em II Pe.2, texto, que, como já visto na lição anterior, é
interdependente da epístola de Judas:
OBS:
"...Os sinais dos falsos mestres. 1) um temporário e aparente
conhecimento do Senhor ( II Pe.2:1,20,21). 2) uma interpretação particular e
deturpada da Bíblia ( II Pe.1:20; 3:16); 3) uma atitude e conduta
antinomianas sem escrúpulos ( II Pe.2:2,10,13,14); 4) orgulho e avareza ( II
Pe.2:3-10); 5) um abandono do caminho ( II Pe.2:15,21,22)." (Bíblia Vida
Nova, 11.ed., nota a II Pe. 1:20-2:22, p.282).
a)
fraudulentos - como já dissemos supra, a principal
característica do falso mestre é o engano, como não poderia ser diferente para
quem é agente
do diabo, o pai da mentira (cf. Jo.8:44). Há, sempre, um hiato entre as
palavras e a conduta do falso mestre, entre sua aparência pública e sua vida
privada. - Mt.23:3-4; Ap.2:2
OBS: "...
Os métodos de ensino dos gnósticos eram subversivos. Nunca
entravam em uma comunidade declarando em que criam. Mostravam-se astutos,
procurando firmar o pé, antes de dizerem suas posição. O termo grego
'pareisago' indica 'trazer secretamente', ' trazer maliciosamente'. A
metáfora tencionada é a de um 'espião' ou 'traidor', cujo propósito é o de
prejudicar ou destruir, que oculta o seu verdadeiro intento. Comparar com
Jd.4...." (R.N. CHAMPLIN, NTI, v.6, p.191)
b)
dissolutos - a palavra grega original
("asalgeia") significa "deboche
total, indecência desavergonhada, desejo desenfreado, depravação irrestrita.
A pessoa com essa característica tem uma oposição insolente à opinião
pública, pecando à luz do dia com arrogância e desdém" (cf. Bíblia de
Estudo
Plenitude, palavra-chave, p.1312). Os falsos mestres são pessoas que,
normalmente, se deixam levar pela lascívia, pelo desregramento moral e
sexual, buscando os prazeres deste mundo, ainda que ostentem uma aparência
de piedade, servindo, apenas, de escândalo que prejudica a imagem do
Evangelho ante os gentios - II Tm.3:4-7; Jd.4,18,19; Mt.18:7; Ap.2:20-22.
OBS: "...Os crentes são constantemente assediados pelos valores
distorcidos
deste mundo. Assim como as pessoas da época de Isaías, a nossa sociedade
também chama o mal de bem e o bem de mal. Mas não podemos permitir que essas
'virtudes' ímpias influenciem nossa maneira de viver...." (O Mestre,
Professor, Editora Vida, v.14, p.156)
c)
"...assim como o homem jamais saberá quem ele
próprio é sem conhecer a causa explícita da razão de sua existência. Quando
descobre, renuncia tudo que é fútil, material e, por conseqüência mortal, em
favor do que é espiritual e,
por conseqüência, imortal." (Ailton Muniz de CARVALHO, Deus e a história
bíblica dos seis períodos da criação, 4. ed., p.26).
"
Dissolução significa orgia sexual sem refreio. Judas condena aqueles que
ensinam que a salvação pela graça permite que crentes professos vivam na
prática de pecados graves sem sofrerem juízo divino. Talvez ensinassem que,
seja como for, Deus perdoará aqueles que continuamente entregam-se às
concupiscências carnais, ou, que os que agora vivem na imoralidade sexual
estão eternamente seguros se, no passado, eles creram em Cristo ( cf. Rm.
5:20; 6:1). Pregavam o perdão do pecado, mas não o imperativo da
santidade."
(Bíblia de Estudo Pentecostal, nota a Jd.4, p.1975).
d)
avarentos - os falsos mestres têm amor ao dinheiro e
trocam a glória
celeste e a vida eterna pelas riquezas desta vida, pelo vil metal. A igreja
passa a ser meio de lucro e de enriquecimento; as almas passam a ser
mercadorias. São os legítimos sucessores de Balaão, o "profeta
mercenário" -
I Tm.6:5,10; Jd.11; At.8:18-24; 20:33,34; Jo.10:12,13; Ap.2:14
(lamentavelmente, já chegamos a observar certos "obreiros" que se
gabam de
serem "bons obreiros" pelo fato de estar havendo maior contribuição
financeira nas igreja que dirigem e de haver medição de "competência"
exclusivamente sob este prisma. São, realmente, os últimos dias os que
estamos vivendo...)
OBS:
"...Os falsos mestres comercializarão o evangelho, sendo peritos na
avareza e em conseguir dinheiro dos crentes, a fim de promover ainda mais
seus ministérios e seus modos luxuosos de vida. (1) Os crentes devem estar a
par de que um dos métodos principais dos falsos ministros é usar 'palavras
fingidas', ou seja, contar histórias impressionantes, mas inverídicas, ou
publicar estatísticas exageradas a fim de motivar o povo de Deus a
contribuir com dinheiro. Glorificam a si mesmos e promovem seu próprio
ministério com esses relatos inventados (cf. II Co.2:17). Deste modo, o
crente sincero, mas desinformado, torna-se um objeto de exploração; (2) Pelo
fato de esses obreiros profanarem a verdade de Deus e fraudarem o seu povo
com sua cobiça e engano estão destinados à perdição e à destruição." (
Bíblia de Estudo Pentecostal, nota a II Pe.2:3, p.1949-50)
"...Os
falsos mestres abandonam o juízo correto e o senso espiritual, em
troca da 'obtenção' do erro de Balaão, tornando-se lisonjeadores, a fim de
obterem vantagens financeiras. Os falsos mestres se utilizam da 'religião'
para obterem vantagens pecuniárias. Aproveitam-se dos sentimentos religiosos
de outros a fim de promoverem seu próprio enriquecimento (...) É triste a
situação quando homens supostamente espirituais se tornam 'comerciantes', e
não profetas..." (R.N. CHAMPLIN, NTI, v.6., p.192).
"...
existem: 1. O caminho de Balaão (II Pe.2:15); 2. O erro de Balaão
(Jd.11); 3. A doutrina de Balaão (Ap.2:14). C.I. Scofield diz acerca dessas
três coisas próprias de Balaão: ' o erro de Balaão era que, raciocinando
segundo a moralidade natural, e assim vendo erro em Israel, ele supôs que um
Deus justo teria de amaldiçoá-los. Era cego para com a moralidade superior
da cruz, mediante a qual Deus mantém e reforça a autoridade e as tremendas
sanções de sua lei, de tal modo que vem a ser o justo e o justificador do
pecador crente. A 'recompensa' de Judas poderia não ser dinheiro, mas
popularidade e aplauso. No tocante ao 'caminho de Balaão', diz o mesmo
autor: ' Balaão foi o típico profeta alugado, ansioso apenas por mercadejar
o seu dom. Este é o caminho de Balaão. E, no tocante à doutrina de Balaão,
diz Scofield: 'A doutrina de Balaão era o seu ensino a Balaque a corromper o
povo (israelita), p qual não podia ser maldito, tentando-os a se casarem com
mulheres moabitas, contaminando assim seu estado de separação e abandonando
o seu caráter de peregrinos. É tal união entre a igreja e o mundo que se
torna a falta de castidade espiritual. (Isto Scofield diz comentando Ap.
2:15)..." (R.N. CHAMPLIN, NTI, v.6, p.200).
" Na
acirrada disputa por novos seguidores, muitas religiões, em sua atual
expressão em nosso país, estão deixando de ser fontes de valores éticos e se
transformando em pontos de ofertas de serviço de cunho mágico- místico(...)
Quanto maior a liberalização do mercado religioso, esse outro nome
sociológico da liberdade religiosa, tanto mais dinamizada fica a
concorrência entre as agências da salvação. Isso força as empresas de bens
religiosos a produzirem (depressa) resultados palpáveis, seja para os
clientes, seja para si mesmas. Para os clientes, os resultados buscados
devem aparecer no mínimo sob a forma de experiências religiosas
imediatamente satisfatórias _ o êxtase, o transe, o júbilo, o choro, o
alívio, enfim, a emoção_ ou terapeuticamente eficazes e, no máximo, sob a
forma de prosperidade econômica real; para as empresas religiosas (igrejas e
cultos), os resultados visados se põem em termos de crescimento e
faturamento da organização, expansão da clientela, fixação mercadológica de
suas marcas diferenciais e popularidade das lideranças- ícone..." (Antônio
Flávio PIERUCCI. Religião. www.uol.com.br/fsp/mais/fs3112200019.htm). Este
comentário de um especialista da sociologia das religiões de nosso país é
forte mas, lamentavelmente, retrata com fidelidade a realidade atual do
mundo religioso brasileiro...
e)
atrevidos, obstinados, blasfemos - Sob estes adjetivos,
Pedro demonstra a
rebeldia dos falsos mestres em relação à sã doutrina. Para satisfazer seus
desejos desenfreados e sua avareza, os falsos mestres se rebelam contra a
Palavra de Deus, distorcendo-a para que sejam atingidos os seus interesses.
Não hesitam, portanto, em contrariar ou negar o que a Bíblia está a ensinar,
alterando deliberadamente a doutrina para que possam ganhar adeptos e
cumprir a sua finalidade. Apontam outro evangelho, outro Cristo, outra
salvação - Mt.24:26; II Tm.4:3,4; Gl.1:6-9; I Tm.6:3-5.
OBS:
"...Quando o homem perde a sabedoria, é imediatamente dominado pela
vaidade, que é irracional. (...) Nesse momento de insanidade, o homem pode
destruir a si próprio e, sem que haja uma intervenção exterior, é certa a
sua destruição..." (Ailton Muniz de CARVALHO, Deus e a história bíblica
dos
seis períodos da criação, 4. ed., p.171).
f)
agradáveis - Os falsos mestres, como têm de arrebanhar
adeptos após si
para poderem enriquecer e satisfazer seus prazeres, buscam a popularidade a
qualquer custo. Têm, sempre, mensagens agradáveis e populares ao povo. Dizem
o que o povo quer ouvir, a fim de que possam explorá-lo a seu bel-prazer. -
Gl.1:10; Rm.8:8; 15:1-3.
OBS:
"...Infelizmente, em nossos dias, muitos têm perdido o equilíbrio. Uns
por falta de conhecimento da Palavra de Deus, põem-se a ensinar costumes e
modos humanos, que nada tem a ver com a salvação ou santificação; são
doutrinas dos homens, que perecem com o tempo (Cl. 2:22). Outros preferem
ignorar totalmente qualquer ensino de santificação e consagração, preferindo
transformar suas igrejas em verdadeiras sociedades entre irmãos, mas
voltados para o lazer e a satisfação da carne. Tais "pastores" e
"mestres"
são considerados biblicamente falsos, pois, ao invés de levarem o povo a
Cristo, procuram trazer as almas em torno de si mesmos, procurando
explorá-los e seduzi-los ao sectarismo religioso...." (Osmar José da
SILVA.
Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.6, p.137)
"...Há ainda um fenômeno que começa a ser captado pelas pesquisas e está
chamando a atenção dos estudiosos do assunto no Brasil e no exterior. Boa
parte dos fiéis está olhando para a religião como se estivesse diante de uma
prateleira de supermercado. Empurrando seu carrinho, a pessoa escolhe os
itens que mais lhe agradam entre os oferecidos. (...) Nas pesquisas, esse
grupo dos sem religião definida é um dos que mais crescem no Brasil, ao lado
daquele dos pentecostais e do movimento de Renovação Carismática da Igreja
Católica..." ( Jaime KLINTOWITZ. Um povo que acredita, Veja, nº 1731, ano
34, nº 50, 19/12/2001, p.126). Não temos aqui o cumprimento de II Tm. 4:3,
que é o texto áureo desta lição ?
III - A
MENSAGEM DOS FALSOS MESTRES
A mensagem é
fingida, porquanto é resultado de uma hipocrisia, eis que,
aparentemente, é divina, mas esconde um propósito de prazer e enriquecimento
do falso mestre que, para tanto, dissimula e distorce a Bíblia. Aliás, assim
agiu o adversário ao tentar Jesus (cf. Mt.4:6,7).
OBS: "
...para eles, a salvação está no conhecimento ou 'gnose', que não tem
ligação nenhuma com a vida prática. O autor os compara a Balaão, apresentado
como modelo do profeta venal e corrupto: o que eles anunciam é uma falsa
liberdade, escravidão e degeneração..." (Bíblia Sagrada, Edição Pastoral,
nota a II Pe.2:1-22, p.1575).
"...Quando
o mestre e a lição se harmonizam a ponto de ser difícil a
distinção entre ambos, então o aluno é impressionado pelo ensino e também
pelo mestre. É então que a veracidade do todo, de maneira um pouco
inconsciente porém muito positiva, penetra no seu ser(...) Esta harmonia
entre a vida e a mensagem (...)era tão evidente na Pessoa de Cristo..."
(D.V. HURST, E Ele concedeu uns para mestres, p.74)
A mensagem, via
de regra, procura fugir do "cristocentrismo bíblico", ou
seja, procura desviar-se do âmago do Evangelho, que é a salvação do homem
por intermédio de Cristo Jesus e de Seu exemplo. A mensagem dos falsos
mestres sempre busca diminuir o valor do sacrifício vicário de Jesus para a
salvação do homem, bem como menospreza a santificação e a esperança da vinda
de Cristo. - Gl.1:9; Dt.13:1-5; Mt.24:24-26; I Jo.2:22; 4:1-3; 5:5; II Jo.7;II
Pe.3:3-.
A mensagem
busca, dentro desta hipocrisia, pouco a pouco desviar os fiéis
dos caminhos do Senhor, de forma sub-reptícia, paulatina e ardilosa - II
Pe.2:13, 18, 19 (primeiro, banqueteiam com os fiéis, depois os engodam,
prometendo-lhes liberdade). Não sejamos como Gedalias (Jr.40:13-41:3).
- A mensagem confunde liberdade com libertinagem, defendendo a prática do
pecado e menosprezando a santificação. É a velha prática do "não faz
mal"
(cf. Ml.1:7,8). Não nos iludamos: a palavra do crente deve ser "sim, sim,
não, não", o mais é de procedência maligna (cf. Mt.5:37) e, sem a
santificação, ninguém verá o Senhor (cf. Hb.12:14) - Ap.22:11.
OBS: Neste sentido, apesar de ser o pensamento do atual líder da Igreja
Romana, por ser absolutamente coerente com o ensinamento bíblico, cabe aqui
reproduzi-lo (cfe. I Ts.5:21) : "...Criar o Reino de Deus quer dizer
colocar-se do lado de Cristo. Criar a unidade que ele deve constituir em nós
e entre nós que dizer precisamente: recolher (ajuntar!) com Ele. Eis o
programa fundamental do Reino de Deus , que Cristo na Sua pregação contrapõe
à atividade do espírito maligno em nós e entre nós. Essa atividade realiza o
seu programa em uma liberdade aparentemente ilimitada. Seduz o homem com uma
liberdade que não lhe é própria. Seduz ambientes inteiros, sociedades,
gerações. Seduz para manifestar no final das contas que esta liberdade não é
outra coisa senão adaptar-se a uma múltipla pressão...Pode ele dizer
claramente a si mesmo que esta "liberdade ilimitada" se torna afinal
uma
escravidão ?...Ser livre quer dizer produzir os frutos da verdade, agir na
verdade. Ser livre quer dizer também render-se à verdade, submeter-se à
verdade e não submeter a verdade a si mesmo, aos próprios caprichos, aos
próprios interesses e às próprias conjunturas..."( João Paulo II,
Meditações
e orações, p.152-3).
"...
Liberdade total o homem nunca teve. Entre todos os seres viventes é o
único ser que vive procurando resolver seu problema de aprisionamento, uma
vez que sempre esteve preso pelo seu egoísmo.(...) Entretanto, o homem não
tem conseguido libertar a si mesmo das agarras psíquicas e espirituais que o
aprisionam desde que aceitou a proposta do tentador, de ter conhecimento do
bem e do mal.(...) Toda a liberdade que foge dos padrões da ética universal
acaba por prejudicar o indivíduo. Portanto, exceder em liberdade pode levar
alguém ao desequilíbrio e conseqüentemente a prejuízos desastrosos.(...)
Tenhamos cuidado com a liberdade exagerada; esta poderá se tornar uma arma
psicológica contra a moral e os bons costumes...." (Osmar José da SILVA,
Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.2, p.52,570
A mensagem não
tem consistência nem firmeza. Os falsos mestres são
comparados a fontes sem água, pois só Jesus é a fonte de água viva
(Jo.4:10,14), bem como com névoa levada pelo vento, que, embora embarace a
visão, notadamente durante a noite, aos primeiros raios do Sol da justiça(
Ml.4:2), é dissipada (Jo.3:18,19; I Jo.1:5,7).
IV - A MENSAGEM
DOS FALSOS MESTRES DEVE SER COMBATIDA
- Para refutar a mensagem dos falsos mestres, é mister que o cristão sincero
e verdadeiro conheça a Palavra de Deus, nela meditando de dia e de noite
(Sl.1:1,2; Os.4:6); que pregue a Cristo e este, crucificado (I Co.2:1,2;
At.8:5; 9:20; 10:36-38); que se santifique até o dia da vinda do Senhor
(Ap.22:11; I Ts.5:23; Hb.12:14).
OBS:
"...Seguem-se os passos para testar falsos mestres ou falsos profetas:
(1) discernir o caráter da pessoa. Ela tem uma vida de oração perseverante e
manifesta uma devoção sincera e pura de Deus ? Manifesta o fruto do Espírito
(Gl.5:22,23), ama os pecadores (Jo.3:16), detesta o mal e ama a justiça
(Hb.1:9) e fala contra o pecado (Mt.23; Lc.3:18-20) ?; (2) discernir os
motivos da pessoa. O líder cristão verdadeiro procurará fazer quatro coisas:
(a) honrar a Cristo (II Co.8:23; Fp.1:20); (b) conduzir a igreja à
santificação (At.26:18; I Co.6:18; II Co.6:16-18); (c) salvar os perdidos
( I Co.9:19-22); (d) proclamar e defender o evangelho de Cristo e dos seus
apóstolos (Fp.1:16; Jd.3); (3) observar os frutos da vida e da mensagem da
pessoa. Os frutos dos falsos pregadores comumente consistem em seguidores
que não obedecem a toda a Palavra de Deus (Mt.7:16); (4) discernir até que
ponto a pessoa se baseia nas Escrituras. Este é um ponto fundamental. Ela
crê e ensina que os escritos originais do Ate e do NT são plenamente
inspirados por Deus e que devemos observar todos os seus ensinos ( II
Jo.9-11) ? Caso contrário, podemos estar certos de que tal pessoa e sua
mensagem não provêm de Deus; (5) finalmente, verifique a integridade da
pessoa quanto ao dinheiro do Senhor. Ela recusa grandes somas para si mesma,
administra todos os assuntos financeiros com integridade e responsabilidade,
e procura realizar a obra de Deus conforme os padrões do NT para obreiros
cristãos ? ( I Tm.3:3; 6:9,10). Apesar de tudo que o crente fiel venha a
fazer para avaliar a vida e o trabalho de tais pessoas, não deixará de haver
falsos mestres nas igrejas, os quais, com a ajuda de Satanás, ocultam-se até
que Deus os desmascare e revele aquilo que realmente são. (Mt.10:26 -
referência nossa) ( Bíblia de Estudo Pentecostal, estudo Os Falsos Mestres,
p.1488-9).
" ...Vencemos a tentação de comprometer os valores bíblicos mediante um
estudo diário da Palavra de Deus. Quando sabemos quais são as virtudes do
Senhor, facilmente reconhecemos os valores pervertidos da época atual. Se o
estudo da Bíblia é indiferente para você, comece hoje mesmo a renovar sua
mente mediante a meditação da Palavra de Deus. O Espírito Santo também o
ajudará a reconhecer as 'virtudes' que se opõem a santidade de Deus. O
Espírito lhe dará a força necessária que voc6e precisa para rejeitar a
tentação de comprometer os valores bíblicos. Ele lhe dirigirá na verdade que
o Senhor lhe concedeu mediante Sua Palavra...." ( O Mestre, Professor,
Editora Vida, v.14, p.156).
V - O DESTINO
DOS FALSOS MESTRES
-
Os falsos mestres, embora aparentem ter sucesso e
êxito, terão um trágico
fim em suas vidas - Mt.23:33; 25:51; Gl.6:7,8; Ml.4:14-18; Ap.18:5,6;
Rm.2:5.
- O mesmo fim está reservado para aqueles que os seguirem ou que consentirem
com seu trabalho - Rm.1:32; Hb.6:4-8.
OBS: "...A
advertência dirigida a eles é severa. O autor quer, sobretudo,
advertir os fiéis a se manterem firmes numa fé comprometida, a fim de serem
preservados no dia do julgamento, como aconteceu com Noé e Ló." ( Bíblia
Sagrada, Edição Pastoral, nota a II Pe. 2:1-22, p.1575).
O texto da
Epístola de Judas 4 traz alguma dificuldade quando afirma que
"já antes estavam escritos para este mesmo juízo", pois há quem
procure ver
aqui a idéia de uma predestinação para a perdição destes falsos mestres. O
entendimento correto do texto, entretanto, é aquele segundo o qual os falsos
mestres se endurecem devido à sua própria perversidade, o que faz com que
Deus os deixe neste estado, o que os leva à perdição, cf. ensino de Paulo em
Rm.1:22-25. Não se deve, porém, deixar de perceber que, quem assim age, não
raro acaba cometendo o pecado imperdoável (cf. Hb.6:4-8; 10:26-31;
Mt.12:31,32).
ESCLARECIMENTOS COMPLEMENTARES SOBRE O TEXTO DO COMENTÁRIO DA LIÇÃO
-
Marcião ou Márcion - Mestre cristão que,
posteriormente, apostatou da fé,
passando a ser um dos principais ensinadores do gnosticismo. Foi excluído da
igreja em 144 d.C. Sua doutrina rejeitava o Antigo Testamento, dizendo-o
impróprio para os tempos e usos cristãos, dizia que Cristo somente
aparentemente teria vindo em carne e que o Deus do Novo Testamento era
distinto do Antigo. Aceitava apenas o apostolado de Paulo e dizia que a
Igreja havia se desvirtuado e que se fez necessário um "movimento
restaurador", que era a sua missão. Os marcionitas proliferaram em várias
partes do mundo de então e perduraram até por volta do século III no
Ocidente e no século IV no Oriente.
-
Policarpo - Discípulo pessoal do apóstolo João, homem
muito consagrado,
foi o 'principal pastor' da igreja de Esmirna. Ficou bem conhecida a
história de seu martírio, que é contada por Eusébio de Cesaréia em sua
História Eclesiástica (livro editado recentemente pela CPAD, p.134-40). De
todas as suas obras, apenas chegou a nós uma epístola que escreveu aos
filipenses, muito importante para os estudiosos da Bíblia pois é uma das
provas de que os textos das epístolas paulinas eram considerados inspirados
pela igreja primitiva.
-
Teologia da prosperidade e da confissão positiva -
falsos ensinamentos que
têm surgido no meio dos evangélicos, que ensinam que a salvação em Cristo
inclui uma vida não só de prosperidade espiritual, mas também de
prosperidade material, porquanto o perdão dos pecados não teria apenas um
aspecto negativo, ou seja, de libertação do pecado, mas um aspecto positivo,
o de concessão de poder ao servo de Deus, a chamada "fé de Deus".
Segundo
estes falsos ensinos, o crente não pode sofrer nem adoecer e se isto
acontece é porque há falta de fé, em outras palavras, há pecado. Igualmente,
tratam a Deus como um verdadeiro empregado e serviçal pronto a satisfazer os
caprichos dos crentes. Trata-se de um ensino totalmente divorciado da
realidade da Palavra de Deus e que tem servido única e exclusivamente para a
"mercadorização" da fé.
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