Lutando Com a Palavra
Alguns anos atrás, fui atingido por uma
verdade evidente, mas que para mim foi uma descoberta surpreendente: vi que o
modo mais eficaz de se batalhar no Espírito e orar é usar as Escrituras. Depois
disso quase não consegui mais participar de reuniões normais de oração, onde
geralmente se canta alguns hinos ou cânticos, ouve-se uma palavra, e quase não
se pratica a oração.
Gosto de reuniões
de oração onde algo prático acontece, onde o diabo é desafiado, ou onde algo novo
no plano construtivo de Deus é apreendido. A reunião existe para este
propósito, e é através de oração que Paulo diz que deseja conquistar aquilo
para o qual foi conquistado (Fp 3.12).
Abandone todas as
teorias sobre inspiração; não perca seu tempo argumentando ou discutindo em
círculos. Reconheça este fato: se você abrir o Livro de Deus na sua presença, e
começar a ler, uma palavra, uma frase, um pensamento vai chamar sua atenção.
Você deve fazer uma pausa naquele ponto e meditar. Na maioria das vezes, Deus
está reivindicando algo especial na sua vida; ou se é algo que já entregou ou
obedeceu, agora ele quer transmitir a mesma mensagem através de você,
numa aplicação muito mais ampla.
Pegue a Espada de Deus
Pegue aquela
palavra. É Deus lhe entregando sua Espada. Portanto, não a perca. Não deixe o
diabo roubá-lo desta arma, que poderá ser usada para derrotá-lo, e para
executar o plano de Deus.
Quando você não puder se derramar
ou se expressar em oração, mesmo assim é possível colocar sua mão sobre uma palavra,
uma frase, ou um versículo, e segurá-lo diante de Deus, desafiando todo
o inferno a impedir seu cumprimento. Isto é fazer guerra. Isto é tomar e usar a
Espada do Espírito. E até o cristão menos preparado tem direito de o fazer.
Ressurge na minha mente de
repente a história de uma senhora que posteriormente foi missionária. Certa vez
ela estava com um amigo que discutia furiosamente a respeito das Escrituras,
praticamente negando sua autoridade. Quando a encontrei pouco depois, ela
estava em lágrimas, profundamente perturbada no seu interior. “Será que é
realmente a Palavra de Deus? Foi inspirada por Deus? Como posso ter certeza?”
Falei com ela:
“Pegue sua Bíblia; levante-a, e – se realmente acreditar nisto – diga o
seguinte: ‘Eu declaro que esta é a Palavra de Deus. É sua Palavra. Deus
realmente fez com que homens santos fossem conduzidos pelo Espírito Santo a
escrever o que ele queria. E aqui está, e eu creio em Deus, no seu Filho, e no
seu Espírito Santo; qualquer coisa ao contrário é uma mentira que eu rejeito’”.
Em poucos minutos, ela suspirou profundamente e sentiu liberação no seu
espírito. Porém, nem ela e nem eu pudemos esquecer facilmente do efeito daquela
confissão.
Isto pode parecer
infantil, mas posso lhe assegurar que é algo que o diabo detesta. Se depender
dele, você nunca se posicionará na Palavra de Deus desta forma. Mas produz
resultados tremendos e definidos, como milhares de pessoas podem testificar.
Então pense neste
assunto de colocar as Escrituras diante de Deus. Determine que vai realmente se
dedicar à oração. Coloque tudo o mais de lado, talvez até a alimentação,
durante toda uma manhã, ou uma noite, e se entregue totalmente ao assunto da
oração. Ore com a atitude que achar melhor – com palavras, com suspiros, com
mãos levantadas, ou com seu dedo no Livro aberto, talvez escrevendo o que pôde
ver no Espírito, colocando sua assinatura embaixo, e com um fervoroso “Amém”
para tudo que Deus prometeu.
Oh, estas
promessas, estes manuscritos de Deus, com suas espantosas revelações, e as
implicações correspondentes! Que biblioteca! Que tesouro! Que vida! “As
palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida” (Jo 6.63).
Amado, as
revelações da Palavra devem se tornar objetos de fé para nós. São para usar.
São para implementar. Tenha a ousadia!
Tenho descoberto
que é bom fazer duas coisas: levantar diante de Deus a sua Palavra, e também
colocar uma pessoa, ou pessoas, ou lugar, diante dele. E em todo tempo dizer
Amém à sua vontade.
Mãos Levantadas
Na primeira carta
de Paulo a Timóteo, há uma exortação para fazer “...súplicas, orações,
intercessões, ações de graça, em favor de todos os homens”, e depois como
espécie de clímax, ele diz: “Quero, portanto, que os varões orem em todo lugar,
levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade” (1 Tm 2.1,8).
Por que devemos levantar as mãos ao orar? Pode ser que uma
incapacidade física tenha levado Paulo a descobrir um modo muito eficaz de
focalizar e expressar aquilo que nem sempre pode ser exprimido em palavras.
Ainda muito jovem adquiri este hábito, e posso recordar de
alguns incidentes extraordinários onde vi o diabo ser derrotado e Deus intervir
como resultado desta estratégia de ser agressivo na batalha, até ver o final
vitorioso. Por um tempo depois abandonei a prática, mas depois voltei por meio
de emergências com uma consciência renovada do seu valor. Paulo devia estar com
tanta convicção da sua eficácia como método, que fez uma observação especial
sobre isso a Timóteo, com as palavras significativas “sem ira e sem
animosidade”, indicando que ambas seriam perigosas.
Não há espaço para vingança ou incredulidade na esfera da
oração, mas além disso, o que as mãos levantadas de uma alma transparente e
disposta a lutar podem significar? Toda uma situação pode ser colocada diante
de Deus no silêncio da sua soberania, enquanto forças invisíveis são dirigidas
para cumprir sua vontade e desfazer as obras do diabo.
Paulo não está defendendo uma atitude mental, que
poderia ser meramente focalizar alguma perigosa força psíquica sobre os outros,
o que seria uma falsificação diabólica da verdadeira oração da fé. Mas isto não
nos deve impedir daquilo que é genuíno, em que todas as forças redimidas, em
cooperação com Deus, são arregimentadas para trazer mudanças em assuntos
pessoais e questões do mundo, de modo que sejam conformadas à suprema vontade
de Deus. Leia toda a passagem de 1 Timóteo 2 e procure orar desta forma. Creio
que terá uma surpresa agradável, assim como terá também quando começar a orar
por todos os homens, ao invés de orar por apenas alguns.
A Onipotência Rompe Barreiras Através da Fé
Quando se começa
a perceberalguns dos espantosos enredos que envolvem as nações em facções
nacionais e internacionais, com ciúmes, ódio, agressões, pilhagens, e assim por
diante, não há outra alternativa senão concluir que todas estas situações
resultam da manipulação das forças invisíveis descritas em Efésios 6.10-12, e
Colossenses 2.15, forças que foram completamente derrotadas por Cristo na cruz.
E a única solução para estas situações aterrorizantes e desconcertantes é a
intervenção do Poder Supremo de Deus, para impedir o diabo do seu objetivo de
arruinar completamente a raça humana.
É aqui que o
homem de oração, por quem Deus está sempre procurando, entra com a vitória da
Cruz de Cristo, e como Arão de antigamente, faz “cessar a praga”, vira a
batalha, e “com os poderosos reparte o despojo”. A onipotência de Deus entra em
cena por meio da fé do povo de Deus, e não sei de nenhum método que para mim
melhor expressa tudo que sinto, que penso, e que desejo, do que reivindicar com
mãos levantadas que a vontade de Deus seja feita de fato.
Portanto, orando
desta forma, levanto a igreja diante do Senhor, ou seja “oro por todos os
santos” (Ef 618). É um refrigério e fonte de vida poder tocar em todos, ou em
qualquer um em particular, através do Senhor, acrescentar o meu “Amém” ao
deles, e o deles ao meu no Espírito. É algo tremendo esta união com outros em
Cristo, e é algo muito real – a unidade do Espírito. Tenha a coragem de
mantê-la!
Levo nações,
parlamentos, e líderes e suas políticas diante de Deus; às vezes
especificamente, às vezes como um todo; às vezes mencionando nomes, às vezes
como grupos. Não é algo casual, mas posso fazê-lo até quando envolvido em
outros trabalhos. É “orar sempre... no espírito”. Este exercício espiritual é
que toma posse de você, não é você que toma posse dele.
Algumas passagens
bíblicas me vêm à mente. “...todas as coisas estão descobertas e patentes aos
olhos daquele a quem temos de prestar contas”(Hb 4.13). Eu me agarro a esta afirmação.
“Eis que as nações são consideradas por ele como um pingo que cai dum balde, e
como um grão de pó na balança” (Is 40.15). Eu coloco ali meus pés e procuro
obter uma visão maior de Deus. Experimente ler Isaías 40, quando sente que não
tem mais forças, ou está no fim de tudo. Depois levante-o diante de Deus com um
Amém constante no coração.
Oração é uma Tarefa
É impossível dar
aqui mais do que apenas uma idéia geral dos diferentes tipos de atividade em
oração. O Espírito Santo ensinará a todos que quiserem aprender. Mas oração é
uma tarefa importante. Não se preocupe com métodos, tradições ou convenções.
Procure alcançar um objetivo. Busque resultados. Confie que Deus fará tudo que
prometeu. Algumas coisas receberá agora, como primícias ou amostras. Outras
virão necessariamente no futuro, embora você esteja no eterno agora de
Deus e chame “à existência as coisas que não existem” (Rm 4.17). Tal fé se
torna um escudo invencível.
Persevere. Não
foi assim que Paulo exortou: orando, suplicando, vigiando e perseverando (Ef
6.18)? Mas por quê? Se você se dispuser a enfrentar problemas em oração, com
certeza encontrará a necessidade de praticar tudo isso, pois não há uma esfera
tão repleta de estrategistas bem treinados como nesta esfera do invisível. Mas
pela cruz, através de Cristo, Deus pode implementar sua vontade e derrotar o
diabo cada vez.
F. J. Perryman
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