sexta-feira, 2 de outubro de 2020

AS DUAS ÁGUIAS E OS TRÊS RAMOS

 

As duas águias e os três ramos – Ezequiel  17

Depois das figuras de uma videira (Ez 15) e de um casamento (Ez 16), o profeta Ezequiel passou a falar de uma grande árvore, duas águias e três ramos.

Esse texto é chamado de “parábola” ou “enigma”, o que significa que se trata de uma história com um significado mais profundo, uma alegoria na qual os diversos objetos apresentados referem-se a pessoas e suas ações.

O povo judeu gostava de discutir ditados sábios dos antigos e estava sempre procurando descobrir significados mais profundos (Sl. 78.1-3). Com isso Ezequiel esperava que essa alegoria despertasse seus ouvintes e lhes desse algo para pensar.

A alegoria fala de três reis (“ramos”), pois o cedro representa a dinastia real de Davi. A dinastia de Davi era extremamente importante, pois Deus havia prometido que por meio dela enviaria um Salvador para seu povo e para o mundo (2 Sm 7.16; Lc. 1.32,33).

Naquela época, Judá era um reino vassalo da Babilônia, e o rei Nabucodonosor era seu governante. Ele é a primeira “grande águia” (Ez 17.3). A segunda águia (Ez 17.7) é o rei do Egito, provavelmente o Faraó Hofra, que ajudou Judá em sua primeira luta contra os babilônicos (Ez. 17.17).

Consideremos agora os três reis representados pelos três ramos:

O rei Joaquim (vv. 3,4,11,12) –

Quando o rei Nabucodonosor atacou Judá em 597 a.C, depôs o rei Joaquim e levou-o para a Babilônia juntamente com sua família e seus acessores. Também tomou os tesouros do templo e deportou dez mil oficiais, artesãos e soldados (2 Rs 24.8-17). Isso cumpriu a profecia que Isaías havia dado ao rei Ezequias depois que o rei mostrara suas riquezas aos visitantes babilônicos (2 Rs 20.17; Is 39)

Joaquim era o ramo mais alto da árvore genealógica de Davi e foi “plantado” na Babilônia depois de reinar apenas três meses e dez dias (2 Cr 36.9). Em Ezequiel 19.5-9, Joaquim é comparado a um leão que seria pego e levado para a Babilônia . Durante os três meses e dez dias que ocupou o trono, em vez de conduzir o povo de volta à fé em Deus, Joaquim fez o que era mau aos olhos do Senhor e morreu na Babilônia.

O rei Zedequias (vv. 5-10, 13-21) –

Tendo deposto Joaquim, Nabucodonosor escolheu o tio de Joaquim, Matanias, como novo rei e chamou-o de Zedequias. Ele era o filho caçula do piedoso rei Josias, e Nabucodonosor “plantou-o” em Judá, onde ele “cresceu” durante onze anos. Contudo, em vez de produzir uma árvore, o rei Zedequias produziu uma humilde videira.

Nabucodonosor usou de bondade para com Zedequias, e o rei fez um juramento de lhe obedecer e servir. Se tivesse sido fiel a esse tratado, Zedequias teria salvado a cidade e o templo. Contudo, escolheu romper a aliança e pedir socorro ao Egito.

A segunda águia representa Faraó, que tentou salvar o rei de Judá, mas falhou. Como resultado dessa decisão insensata de Zedequias, a videira foi arrancada e secou, esse foi o fim do reino de Judá.

Contudo, Ezequiel deixou claro que Zedequias não havia transgredido apenas a aliança com Nabucodonosor, mas também a aliança com Deus, e foi o Senhor quem o castigou por intermédio de Nabucodonosor. Zedequias havia feito seu juramento em nome do Senhor (2 Cr. 36.11-14), portanto era obrigação cumpri-lo. Ao pedir ajuda do Egito, Zedequias desconsiderou as advertências de Jeremias (Jr 38) e também de Isaías, que havia pregado a mesma mensagem quase um século antes (Is 31.1; 36.9).

Messias, o Rei (vv. 22-24) –

 

Zedequias havia reinado durante onze anos e foi o vigésimo e último rei de Judá. Sua deposição e morte na Babilônia pareciam marcar o fim da linhagem davídica e, portanto, o fracasso da aliança de Deus com o rei Davi, mas não foi isso que aconteceu. O profeta Oséias predisse que os filhos de Israel ficariam “sem rei, sem príncipe” (Os. 3.4), mas que a linhagem messiânica não morreria.

Depois que a Babilônia foi conquistada pelos medos e persas, Ciro permitiu que os judeus voltassem a sua terra, e um dos líderes daqueles que regressaram foi Zorobabel, tataraneto do rei Josias (1 Cr 3.17-19) e antepassado do Senhor Jesus Cristo (Mt 1.11-16; Lc 3.27). Mais uma vez, um remanescente piedoso perm

aneceu fiel ao Senhor, e o Messias prometido nasceu. O nome “Zorobabel” significa “renovo de Babilônia”, mas ele ajudou a tornar possível o nascimento do “renovo de Davi”, Jesus Cristo, o Salvador do mundo.

Parecia que tudo estava perdido. Joaquim havia sido um ramo cortado do alto cedro e levado para Babilônia, e seus descendentes foram rejeitados (Jr 22.28-30). Zedequias, o ramo “plantado” em Judá, da mesma forma, fracassou. Havia alguma esperança para o povo de Deus? Sim! O Eterno havia prometido tomar um rebento, “a ponta de um cedro” (Ez 17.22), e plantá-lo na terra de Israel, onde cresceria e se tornaria um grande reino. Esse rebento é o Messias, Jesus Cristo, que veio ao mundo do tronco de Jessé, e um dia estabelecerá seu reino glorioso na terra (Is. 11.1-10; Jr 23.5; 33.15-17; Zc 6.12).

O “renovo mais tenro” crescerá e se transformará numa árvore forte e servirá de refúgio (ver Dn 4.17,32-37). Contudo, a fim de que esse “renovo” seja plantado, crie raízes e cresça, será preciso remover as outras árvores (“reinos”). Algumas delas serão cortadas e outras simplesmente secarão. O Messias veio como uma “raiz de uma terra seca” (Is 53.1,2), um rebento insignificante da árvore genealógica de Davi, mas um dia seu reino encherá toda a Terra (Is 11.9). O tenro “renovo” de Davi será o poderoso soberano, o Rei dos Reis e Senhor dos senhores! Amém.

 

 escrito por Marcelo de Oliveira

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