Salvos
do Inferno ou Vivendo Para a Glória de Deus?
Estamos
vivendo numa época singular, em um tempo confuso. Vivemos em dias em que é
quase impossível distinguir a igreja verdadeira daquela que apenas professa ser
cristã. Creio que nunca houve uma época no passado em que houvesse, como hoje,
literalmente milhões de pessoas que podem dizer o dia e a hora quando aceitaram
Cristo e, no entanto, vivem para si mesmos e para Satanás.
Há
multidões de pessoas hoje que honestamente acreditam que são cristãos porque
foram batizadas – algumas porque foram batizadas como bebês, outras porque
foram batizadas quando adultos. Estão confiando em regeneração por batismo.
Depois existe um número inacreditável de pessoas que se agarram a uma decisão
que tomaram e que foram erroneamente informadas por seus líderes que isto os
tornou filhos de Deus. Estão pendurando toda sua segurança eterna em regeneração
por decisão.
A
Bíblia, porém, descreve a regeneração pelo Espírito Santo (Jo 3.5-8).
Aqueles que realmente são filhos de Deus nasceram do Espírito e existe uma
diferença infinita entre regeneração pelo Espírito e regeneração por batismo ou
por decisão.
Cada
vez que acrescentamos mais uma pessoa, que desconhece totalmente a obra
regeneradora do Espírito Santo, às fileiras dos membros de igrejas ou dos
cristãos professos, estamos aumentando a confusão e contribuindo para o
declínio moral e espiritual que já existe.
Para Que Jesus Veio?
Deixe-me fazer a seguinte
pergunta: Jesus Cristo salva do inferno? Foi para isto que ele veio,
para salvar do inferno? Você se lembra do que o anjo disse para José? “E lhe
porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt
1.21).
Quem
sabe, você também é culpado de ensinar aos outros que podem ser salvos do inferno
sem jamais serem salvos do pecado. Encontro freqüentemente com
pessoas, em números cada vez maiores, que, se falassem com toda honestidade do
coração, diriam abertamente: “Eu nem quero ser salvo do pecado. Pretendo
continuar vivendo no pecado, mas estou tão feliz por ser salvo do inferno.”
Você
já imaginou como injuriamos o Deus Altíssimo quando o consideramos tão
extremamente absurdo que teria a capacidade de salvar as pessoas do inferno mas
não do pecado? Por que o inferno existe? Sem dúvida, o inferno existe por causa
daqueles que não querem se arrepender e crer. Partir, porém, para a suposição
de que Deus, com seu infinito coração de amor e compaixão, salvaria as pessoas
da penalidade e, ao mesmo tempo, as deixaria com o problema, é uma afronta
inaceitável contra nosso Deus.
Jesus
Cristo veio para salvar as pessoas dos seus pecados. Precisamos fazer uma
distinção muito clara, nas nossas mentes e, certamente, na nossa apresentação
da verdade aos outros, entre o pecado como uma passagem garantida para o
inferno e o pecado como ladrão da glória de Deus.
A Mente Substituída
Há uma
afirmação comum na igreja que diz que arrepender-se é mudar de pensamento.
Nunca fiquei totalmente satisfeito com este conceito. Aos poucos tenho
entendido algo muito relevante sobre este assunto. Verdadeiro arrependimento
significa uma mente substituída. Os incontritos possuem a mentalidade do
mundo. Porém, os arrependidos recebem a mentalidade do Espírito.
Quando
chegamos a Jesus Cristo, nascidos pelo Espírito de Deus em arrependimento,
recebemos uma nova mente. Não estamos mais interessados em tentar passar com o
máximo de erros sem ser notado. Não queremos mais andar o mais próximo possível
ao precipício, esperando que não caiamos. Temos a mentalidade do Espírito.
É
muito diferente pensar do pecado como algo que nos leva ao inferno e pensar
nele como aquilo que rouba a glória de Deus. Deus não criou o homem para
salvá-lo do inferno. Criou-o para glorificar a Deus e depois para desfrutar da
sua vida e comunhão para sempre. Não dá para separar estes dois propósitos.
Achar que se pode desfrutar de Deus eternamente e ao mesmo tempo recusar ou
falhar em trazer glória para ele nesta vida é absolutamente absurdo.
Com
esta base lançada nas nossas mentes, queremos examinar 1 Pedro capítulo 4.
Vivendo Para a Glória de Deus
Nos
primeiros dois versículos, temos uma definição do propósito do sofrimento. “Ora,
tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento; pois
aquele que sofreu na carne deixou o pecado, para que, no tempo que vos resta na
carne, já não vivais de acordo com as paixões dos homens, mas segundo a vontade
de Deus.”
Por
que Deus permite que seus próprios filhos sofram? Lemos no versículo 1 que Jesus
Cristo também sofreu na carne. Assim é perfeitamente compreensível e razoável
que nós também soframos. É minha tarefa “armar-me” com este mesmo propósito,
reconhecer que Deus está trabalhando e tem um plano para seu povo.
Somos
informados nesta passagem que aquele que sofreu na carne deixou ou cessou do
pecado. Pode ser que não compreendamos bem o que esta frase, ou outras nesta
passagem, significam. Uma coisa, contudo, deve estar clara: que há um propósito
no sofrimento e que pelo menos uma parte deste propósito é nos levar a um lugar
onde o pecado não seja mais o fator governante nas nossas vidas, onde uma
mudança radical de foco tenha ocorrido, ao ponto de não mais nos preocuparmos
com o inferno.
Nosso
problema não é ir ou não ir para o inferno. Se pudéssemos ir para o inferno
para a glória de Deus, iríamos com prazer. O que nos importa é a glória de
Deus. Se o sofrimento, de alguma forma, vai trazer a glória de Deus, estou a
favor dele.
Leia
agora o versículo 3: “Porque basta o tempo decorrido para terdes executado a
vontade dos gentios, tendo andado em dissoluções, concupiscências,
borracheiras, orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias.”
Você
já perdeu tempo suficiente da sua vida. O tempo está curto demais para o
continuar desperdiçando. Foi mais que suficiente o tempo que gastou cumprindo o
desejo dos gentios, seguindo o curso de sensualidade, lascívia, bebedeiras,
excessos, festas libertinas e idolatrias abomináveis. Você não tem mais um
segundo para perder nesta direção. Quaisquer dias que ainda tiver, sejam poucos
ou muitos, devem ser dedicados à alta vocação de Deus que você tem em Cristo
Jesus. Você não pode permitir que algum terrível desapontamento o lance em mais
um ciclo de declínio moral e espiritual. Todo o tempo que ainda tiver deve ser
resgatado para a glória de Deus. Foi por isto que foi criado. Você já perdeu
incontáveis oportunidades de trazer glória para ele. Não perca mais uma sequer.
Versículos
4 e 5: “Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao
mesmo excesso de devassidão, os quais hão de prestar contas àquele que é
competente para julgar vivos e mortos...”
Alguém
se surpreendeu por você não andar junto com sua turma? Alguém o difamou? Você
não se encaixa. Não faz parte. A tristeza da situação atual da igreja,
entretanto, é que a maioria dos cristãos se encaixa maravilhosamente bem no
mundo. Ninguém se perturba com sua presença, nem com sua conduta, ou
testemunho. Nossas vidas transformadas deveriam encabular os outros e, quando
isto não acontece, temos motivo de estar de rosto em terra diante de Deus,
buscando aquele arrependimento que resulta na mente substituída.
Prestando Contas ao Juiz
Em
seguida, o apóstolo fala que teremos de prestar contas àquele que julgará vivos
e mortos (v. 5), pois “o fim de todas as coisas está próximo” (v.7). Há
uma lista de fatores que devem estar na nossa vida se quisermos glorificar a
Jesus:
1. “Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns
para com os outros” (v.8).
2. “Sede, mutuamente, hospitaleiros, sem
murmuração” (v.9). Devemos amar uns
aos outros, mas como colocar isto em prática? Sendo hospitaleiros de coração,
recebendo e tratando uns aos outros com o máximo de bondade e preferência.
3. “Servi uns aos outros, cada um conforme o
dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”
(v.10). Muitos pensam que ser bom despenseiro, ou mordomo, refere-se a
dinheiro. Sem dúvida, se você fizesse uma lista do que tem recebido por causa
da multiforme graça de Deus, o dinheiro estaria lá; entretanto, ocuparia um
lugar insignificante em relação a todos os outros itens. O dinheiro é algo que
podemos chamar de graça comum; existem muitas outras coisas que Deus nos
concede na sua multiforme graça, que são graças especiais, dons sobrenaturais e
capacidades espirituais – todos os quais requerem boa mordomia. Não temos o
direito de enterrar nosso talento, nem de desprezar o que Deus nos deu.
4. “Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus”
(v.11). Aquele que tem a responsabilidade de falar com o povo de Deus deve
falar como representando o próprio Deus. Será que os ouvintes sentem que é
apenas o homem falando, ou que é a voz de Deus? Às vezes, o povo critica o
pregador e não dá ouvidos às palavras pregadas. Aprenda a falar de acordo com
os oráculos de Deus e muita gente que hoje tem coragem de rejeitar sua palavra
começará a sentir temor. Toda aquele que fala à igreja deve falar sentindo o
temor de Deus sobre sua própria vida e sobre seus ouvintes. Sua função não é
entreter as pessoas, nem demonstrar eloqüência ou conhecimento de fatos atuais;
é transmitir o que Deus deseja falar com aquele povo.
5. Finalmente: “Se alguém serve, faça-o na força que Deus supre” (v.11). E tudo isto “para que, em todas as
coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a
glória e o domínio pelos séculos dos séculos” (v.11).
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