O Estandarte –
Parte 1
Um
Modelo de Liderança
Henry Blackaby
Meu
texto nesta mensagem é Isaías 59, mas gostaria de lembrar o contexto desta
passagem, especialmente o capítulo 53, que contém o centro de toda revelação: o
próprio Messias crucificado por nós. Meu objetivo é mostrar nossa posição e
lugar no Senhor, como amigos de Deus, chamados à intercessão. Creio que este é
o fruto que deve ser produzido por esta seqüência de capítulos.
Não conheço nenhum outro livro no
mundo que tenha a capacidade de conduzir uma pessoa do abismo do inferno até a
glória em poucas frases. Esta passagem de Isaías é um “elevador a jato”,
leva-nos da posição de separação de Deus, e do pecado, à união e glória de uma
nova criação. Só Deus pode fazer isto.
Inimigos Por Dentro e Por Fora
O ponto central deste capítulo é
o versículo 16, onde diz que o Senhor viu que não havia ninguém, e
maravilhou-se de que não houvesse intercessor. Por isto seu próprio braço lhe
trouxe a salvação. Depois, no versículo 19, quando o inimigo entrou como
corrente de águas, o Espírito do Senhor arvorou contra ele sua bandeira (Edição
João Ferreira Revista e Corrigida).
Esta bandeira, eu creio, não era
uma bandeira pequena. Era um estandarte enorme, surpreendente, uma contracorrente
de graça, misericórdia e salvação, que não só impediu a corrente maligna, mas
completamente a absorveu. É a descrição do que Cristo fez no Calvário. Este é o
centro de toda a obra de Deus. O Espírito do Senhor trouxe Yeshua e o levou à
cruz a fim de levantar este estandarte. Este estandarte é a cruz, e é a fonte
de vida para nós: é uma corrente enorme e poderosa. E sabemos que é a cruz que
ganha a batalha – pois já vimos o final da história!
Há
dois aspectos nesta passagem de Isaías que são muito importantes, e que na
verdade estão intimamente interligados. O primeiro é sobre os inimigos de
Israel. Nos versículos 17 e 18, Deus se levanta contra eles: “... e tomou
vestidos de vingança por vestidura, e cobriu-se de zelo, como de um manto...
furor aos seus adversários, e recompensa aos seus inimigos”. Isto claramente se
refere ao mundo, e ao ajuntamento de nações que converge para Israel com uma
intenção maligna.
Mas há
um segundo aspecto aqui, que inclui o pecado, a idolatria e a enorme corrente
do mal que está dentro do próprio povo de Deus, que se afastou dele. A maldade
do povo de Israel é o contexto imediato destes versículos.
A
solução nos dois casos é a mesma: Deus levanta, ele mesmo, um estandarte no
meio desta correnteza do mal, e traz a vitória. É uma grande vitória que atende
às necessidades de Israel e do mundo inteiro. Pelo que posso entender, uma
profunda revelação do Messias trata com os dois aspectos do problema, incluindo
tanto uma visão da cruz de dois mil anos atrás, como da pessoa dele agora no
final dos tempos. Só Deus poderia nos mostrar nestes poucos versículos uma
visão do mundo e de toda a história, e ao mesmo tempo dar-nos a solução e a
instrução do que devemos fazer. Como é tremendo o nosso Deus! Ele usa tão
poucas palavras, enquanto nós gastamos quantidades tão imensas!
Josafá, o Líder Que Não Sabia o Que Fazer
Vou fazer referência a uma
história bíblica que ilustra como Deus pode subitamente levantar um estandarte
no meio de uma guerra ou de qualquer outra espécie de crise. Em 2 Crônicas 20,
o rei Josafá enfrentava um enorme exército de amonitas e moabitas. Josafá era
um rei temente a Deus, como fora também seu pai, Asa. Judá não estava nesta
época empobrecido nem enfraquecido. Tinha riquezas, poder, e um bom exército.
Entretanto, o rei fez algo que é
muito admirável e difícil para um líder fazer. Diante de todo o povo, ele
disse: “Escutem, não sei o que devo fazer!”
Imagine se o primeiro-ministro de
Israel, Ariel Sharon, aparecesse na televisão e dissesse: “Olhe, eu realmente
não sei o que fazer – alguém tem um conselho?” Pode parecer um absurdo, mas foi
isto que aconteceu aqui. Vieram diante de Deus, diante do templo. A Bíblia diz
que Josafá temeu, e que se dispôs a buscar ao Senhor. Ele proclamou um jejum
por todo o Judá, e o povo se reuniu para pedir ajuda do Senhor.
“Porque em nós não há força
perante esta grande multidão que vem contra nós”, Josafá orou. “E não sabemos
nós o que faremos; porém os nossos olhos estão postos em ti.” Segue-se, então,
a descrição desta cena comovente: “E todo o Judá estava em pé perante o Senhor,
como também as suas crianças, as suas mulheres, e os seus filhos” (2 Cr 20.12,
13).
Creio que estamos chegando mais
uma vez a este tipo de situação. Há vários anos agora, tenho a clara sensação
de que o inimigo está edificando, fortalecendo-se, preparando-se. Estamos
chegando a um lugar onde não haverá retorno neste conflito. Israel tem um bom
exército, e espero que o mantenha. Não quero vê-lo enfraquecido. O exército é
bom, mas não é suficiente. Temos uma boa economia, mas também não é capaz de
nos sustentar na crise. Somos um povo brilhante, bem dotado intelectualmente,
mas isto também não dará para nos proteger.
Estamos nos aproximando de um
tempo pavoroso, mas não precisamos deixar que nos pegue de surpresa. Posso
sentir, é como se uma grande multidão estivesse se levantando, se munindo e se
fortificando. O Irã poderá ter a bomba atômica em dois anos, e já disseram que
estão dispostos a usá-la assim que a tiverem. É simples assim. As nações à nossa
volta, sem contar com os palestinos, já têm suficientes armas químicas,
biológicas e outras para demolir Israel completamente. Será que temos respostas
para tudo isto? Não temos, realmente não temos!
Você sabe que Josafá poderia ter
cedido à tentação de agir independente de Deus. Você já agiu sozinho, sem a
direção de Deus? E como foram os resultados? Josafá, como rei, com uma palavra
poderia ter colocado em ordem seu exército inteiro, e tomado a iniciativa para
entrar na batalha. Ele poderia ter feito muitas coisas sem perguntar para Deus.
Eu creio que estamos chegando ao dia em que definitivamente não saberemos o que
fazer, se Deus não nos mostrar a saída. Se o próprio Deus não agir, não
conseguiremos prosseguir. Isto não significa desespero, significa esperança,
pois Deus é o único que sabe onde está a saída. Mas precisamos chegar a este
lugar.
Quem sabe, havia conselheiros
naquele dia que disseram: “Josafá, você está esperando o quê? Por que está
parado aí? Você pretende ficar orando o dia inteiro? Pretende proclamar um
jejum, para nos deixar mais enfraquecidos? Não se lembra como Saul jejuou e
deixou o exército desfalecido?”
Os generais costumam falar assim
– pois são práticos e sempre têm um plano. Aqui em Israel, sempre achamos que
os líderes terão um plano para toda e qualquer situação. Fico feliz pela forma
como Deus usou estes planos até aqui. Mas chega um momento quando a resposta
terá de vir do Capitão do Exército celestial. Do contrário não haverá solução.
Depois da Espera, uma Voz
Às vezes eu queria ser
transportado para um determinado momento da história, para poder ver e sentir
pessoalmente o drama e a emoção daquela ocasião. Este seria um dos momentos que
eu gostaria de visitar: a cena de total desespero, a incerteza e o
desconhecimento, e o povo todo em jejum. Posso imaginar a confusão; milhares de
pessoas, sem instalações sanitárias, sem água, ou outras provisões. Era
inconveniente, e assustador. Certamente, havia tensão no ar, enquanto os
generais, o rei, os sacerdotes, e todo o povo esperavam diante do Senhor.
De repente, no meio desse
desespero, uma Voz. Deus levantou um profeta, e uma voz veio pelo Espírito
Santo, dizendo-lhes o que fazer. Ó bendita voz de Deus, a palavra do Deus vivo!
Vale a pena esperar a palavra do Senhor? Vale a pena ficar frustrado, às vezes?
Mas nossa tendência é dizer:
“Deus, posso lhe dar até às três horas da tarde, e se o Senhor não vier, vou
procurar outra solução!”
Não falamos exatamente isto, mas
é assim que agimos. Temos alternativas! E os judeus são peritos nestas
alternativas. Não queremos ficar sem recursos. Queremos sempre ter uma carta na
manga, caso Deus não apareça. Mas vamos chegar a um lugar onde será Deus ou
nada! Não teremos outro recurso.
Josafá esperou. Creio que sua
maior grandeza como líder foi neste momento de espera. Você pode imaginar o que
é ser líder e não fazer nada? Lembre o que aconteceu com Saul. Ele tinha ordem
de Samuel para esperar, mas não agüentou. Finalmente foi em frente, e ofereceu
o sacrifício, contra as ordens de Samuel. Fez um ato religioso. Podemos fazer
uma porção de atos religiosos, mas onde acharemos um homem ou uma mulher que
tenha a coragem de dizer: “Quer saber? Sinto muito, mas Deus ainda não me
falou. Não vou fazer nada agora. Vejo vocês depois.”
Josafá, como líder, tinha o temor
de Deus, o quebrantamento, e a humildade para não fazer nada diante de todo
aquele povo, e ficar firme até Deus falar. E o resultado foi glorioso. Por quê?
Porque Deus lhes disse: “Escutem, esta batalha é por minha conta. Vocês não
terão de levantar o braço para lutar.”
Correspondendo à Voz de Deus
Mas ainda tiveram de sair para a
batalha. Entraram numa esfera de fé. Foi como Josafá orou: “Nossos olhos estão
postos em ti”. Viram o Senhor e ficaram em suas posições pela fé. Estamos
chegando a um dia quando somente a fé nos levará a ficar firmes. Não fé em nós,
mas fé em nosso Deus, e no nosso amado Messias.
A Palavra diz que levantaram cedo
(2 Cr 20.20). Eu gosto disto. Agora não hesitaram mais. Depois de ouvir de
Deus, a espera acabou. Tinham certeza. Embora antes tivessem esperado bastante,
agora saíram apressados de manhã, e fizeram exatamente como o Senhor lhes
ordenara. E seu grito de guerra foi fundamental também. A única coisa que
teriam de fazer era gritar: “Rendei graças ao Senhor, porque a sua misericórdia
dura para sempre” (v. 21). Esta fé e confiança, não em suas obras, poder, ou
sabedoria, foi que liberou a ação de Deus.
Creio que estamos vivendo neste
tipo de situação. Quando acordo, não digo: “Aleluia! Quem quiser me enfrentar,
venha que estou preparado!” Estou tremendo, e sinto mais do que nunca a
necessidade de orar e interceder. Não ande por aí com arrogância e
superioridade, dando como certo que Deus está presente. É tempo de humildade, e
de humilhar a nós mesmos através de jejum e oração – não para nos tornarmos
alguma coisa, mas para que Deus tenha misericórdia de nós.
Creio que as igrejas em toda
parte deveriam estar cheias de gente orando nesta época crucial. Fiquei atônito
depois do dia 11 de setembro, quando observei os cristãos continuarem como se
tudo fosse normal. O povo neste texto estava despertado. E estar despertado é
uma condição essencial para a batalha.
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