AS CONDIÇÕES PARA SER UM DISCíPULO
Cristianismo verdadeiro é um compromisso sem reservas ao Senhor Jesus Cristo.
O Salvador não está procurando pessoas que Lhe dêem o tempo que Ihes sobra. Procura, porém, aquelas que Lhe dêem o primeiro lugar em suas vidas.
"Ele procura hoje, como sempre, não as multidões andando vagamente no Seu caminho, mas indivíduos cuja dedicação e fidelidade terão início logo após terem reconhecido que Jesus Cristo está à procura daqueles que estão preparados para andar num caminho de renúncia de si próprios, o qual ele também trilhou" (H. A. Evan Hopkins).
Nada menos que urna rendição incondicional deve ser a resposta adequada ao Seu sacrifício na cruz do Calvário.
Amor tão sublime, tão divino, nunca poderia satisfazer-se com menos do que nossas vidas, nossas almas, tudo quanto temos.
O Senhor Jesus deu ordens bem rigorosas àqueles que seriam Seus discípulos - ordens que quase não se observam nesta época d'e vida suntuosa. Com muita frequência consideramos o cristianismo - como um escape do inferno e uma garantia para alcançar o céu. Além disso, achamos que temos todo o direito de gozar o melhor que esta vida tem para oferecer. Sabemos que há, na Bíblia, aquêles versículos claros sôbre o discipulado, mas temos dificuldade em concilíá-los com as nossas idéias sôbre como o cristianismo deveria ser.
Podemos aceitar o fato de que soldados dêem as suas vidas por razões patrióticas. Não achamos esquisito que comunistas dêem as suas vidas por motivos políticos. Mas, que "sangue, suor e lágrimas" devam caracterizar a vida de um seguidor de Cristo, por uma razão qualquer, parece remoto e difícil de entendermos.
E, ainda assim, as palavras do Senhor Jesus são suficientemente claras. Não há lugar para enganos se as aceitarmos com o seu próprio valor. Eis aqui as condições para que se possa ser um discípulo, como elas foram dadas pelo Salvador do Mundo:
1) UM AMOR SUPREMO POR JESUS CRISTO
"Se alguém vem a Mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser Meu discípulo" (Lucas 14:26). Isso não quer dizer que devemos guardar animosidade ou hostilidade em nossos corações contra nossos parentes; quer dizer que nosso amor para com Cristo deve ser tão grande que todos os outros amores sejam ódio quando comparados com o amor que Lhe devotamos.
A frase mais difícil nêsse trecho é "e ainda a sua própria vida". O amor próprio é um dos maiores obstáculos para ser um discípulo. Somente quando estivermos prontos a sacrificar até mesmo as nossas próprias vidas por Cristo é que estaremos no lugar onde Ele nos quer.
2) UMA NEGAÇÃO DE SI PRÓPRIO
"Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue ... " (Mateus 16:24). Negação de si mesmo não é o ato de abster-se de certos alimentos, prazeres ou possessões, mas, uma submissão tão completa ao domínio de Cristo, que a vontade própria não tenha qualquer autoridade ou direito. Significa que o "ego" abdica ao trono. Isso é expresso nas palavras de Henry Martyn:
"Senhor, não permitas que eu tenha vontade própria ou que considere a minha verdadeira felicidade como dependente, mesmo no menor grau, de qualquer coisa que possa acontecer externamente, mas que ela consista em fazer totalmente a Tua vontade".
"Prírrcipe divino, glorioso Vencedor, Toma nas Tuas estas mãos submissas, Servas felizes do trono do Salvador; Minha vontade é só a Tua". (H. G. C. Moule)
3) UMA ESCÓLHA INTENCIONAL DA CRUZ
"Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, torne a SUa cruz ... " (Mateus 16:24). A cruz não é uma enfermidade física, nem uma angústia mental; essas coisas são comuns a todos os homens. O caminho da cruz é um caminho escolhido intencionalmente.
''É um caminho que, aos olhos do mundo, torna-se desonroso e cheio de afrontas" (C. A. Coates).
A cruz simboliza a vergonha, a perseguição e o abuso do mundo para com o Filho de Deus e que se manifestará a todos aqueles que ficarem firmes contra a correnteza.
Qualquer crente pode evitar a cruz, conformando-se com o mundo e seus prazeres.
4) UMA VIDA GASTA EM SEGUIR A CRISTO
"Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-Me" (Mateus 16:24). Para entenfermos isto, é necessário tão somente perguntarmo-nos: "O que caracterizou a vida do Senhor Jesus?". Foi uma vida de obediência à vontade de Deus. Foi uma vida vivida no poder do Espírito Santo. Foi uma vida de altruismo. Foi uma vida de paciência e longanirnidade, mesmo enfrentando as maiores injustiças. Foi uma vida de zêlo, de entrega, de domínio próprio, de mansidão, de bondade, de fidelidade, de devoção (Gálatas 5:22,23).
Para sermos Seus discípulos; temos que andar como Ele andou. Temos que demonstrar os mesmos frutos que Ele demonstrou (João 15:8).
5) UM AMOR FERVOROSO A TODOS OS QUE PERTENCEM A CRISTO
"Nisto conhecerão todos que sais Meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros" (João 13: 35 ). Este é o amor que estima os outros mais do que a si próprio. É o amor que cobre uma multidão de pecados. Esse é o amor que é paciente e benigno; que não se ufana, trem se ensoberbece; que não se conduz inconvenientemente, não procura seus próprios interêsses, não se ressente do mal, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (I Coríntios 13:4-7). Sem êsse amor o discipulado seria um frio ascetismo legalista.
6) UMA CONTINUAÇÃO CONSTANTE NA SUA PALAVRA
"Se vós permanecerdes na Minha Palavra. sois verdadeiramente Meus discípulos" (João 8:31). Para um discipulado verdadeiro há necessidade de haver continuação. É fácil começar bem, com entusiasmo e disposição; mas a prova real do discipulado é a permanência até o fim. Ninguém que, tendo pôsto a mão no arado, olha para trás, é apto para o reino de Deus (Lucas 9:62). Obediência esporádica às Escrituras não serve. Cristo quer que pessoas O sigam em constante e incondicional obediência.
"Não permitas que eu volte.
Os cabos de meu arado estão molhados de lágrimas,
As rêlhas se estragam com ferrugem, mas, mesmo assim
Meu Deus, não permitas que eu volte!"
7) UMA RENÚNCIA DE TUDO PARA SEGUÍ-LO
"Assim. pois, todo aquêle que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser Meu discípulo" (Lucas 14: 33). Talvez seja esta a condição menos popular em tôda a Bíblia. Teólogos espertos podem dar mil razões pelas quais êste versículo não quererá dizer o que realmente diz; porém, discípulos simples o tomam zelosamente, certos de que o Senhor Jesus sabia o que estava dizendo.
Que quer dizer renunciar a tudo? Quer dizer um abandono de tôdas as possessões materiais que não são inteiramente necessárias e que podem ser úteis na expansão do Evangelho, O homem que renuncia a tudo não se torna um vadio desamparado, mas trabalha para suprir as necessidades presentes' de sua família e de si mesmo. Desde que a paixão de sua vida é o engrandecimento da causa de Cristo, êle investe tudo o que esteja além das necessidades presentes na obra do Senhor e deixa o futuro nas mãos de Deus.
Buscando primeiro o reino de Deus e Sua justiça, êle acredita que nunca lhe faltará nem alimento nem roupa. Êle não pode, conscienciosamente, guardar reservas monetárias em excesso, enquanto almas perecem por falta do Evangelho. Êle não quer gastar a sua vida acumulando riquezas na terra. Renunciando a tudo, êle oferece o que não pode guardar de jeito nenhum, e o que já deixou de amar.
Estas são as sete condições para o discipulado cristão.
São claras e inequívocas. O autor reconhece que, no ato de apresentá-Ias, êle se condena como um servo inútil. Será, entretanto, suprimida para sempre a verdade de Deus por causa do fracasso de Seu povo? Não é verdade que a mensagem é sempre maior que o mensageiro? Não é correto que seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso? Deveríamos dizer como um velho e ilustre senhor:
"A Tua vontade seja feita, mesmo na minha própria queda".
Confessando nossos próprios fracassos, reconheçamos corajosamente os direitos de Cristo sôbre nós e procuremos ser, daqui por diante, discípulos verdadeiros do nosso Mestre glorioso.
"Meu Mestre, guia-me à Tua porta: Fura esta orelha mais uma vez, Teus laços são liberdade; permite' que eu fique
Contigo a trabalhar, suportar e obedecer".
(Leia-se Êxodo 21: 1-6). H. C. G. Moule
Leia mais: http://www.palavrasdoevangelho.com/discipulos-verdadeiros/
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