quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

A FÉ QUE OPERA EM DIAS DE TREVAS

 A FÉ QUE OPERA EM DIAS DE TREVAS

 “Ah, Senhor Jeová ...
não há nada demasiadamente difícil para Ti”.
Jeremias 32: 17 

Esta declaração foi feita em circunstâncias de extrema dificuldade. Veja qual era a situação.

Jeremias estava sozinho na prisão, talvez numa masmorra. Seu ministério, após 40 anos, estava interrompido, talvez pessoalmente acabado. Jerusalém estava sitiada pelos Caldeus, e a ponto de ser tomada, e a terra conquistada e destruída. O povo estava prestes a ir para o cativeiro, e Jeremias sabia que seria por 70 anos.

Naquela situação de aparente desesperança, o Senhor falou a Jeremias que o seu primo Hanamel iria vir a ele, como o mais próximo parente que tinha o direito de resgate, a fim de lhe pedir que comprasse – redimisse – a terra da família, o campo em Anatote. Poderia ter sido um ótimo negócio para Hanamel, pois Jeremias provavelmente seria morto e o campo estaria perdido, se não fosse redimido. 

Talvez Hanamel não estivesse acreditando nas profecias fantasiosas de Jeremias e ainda acreditasse que a nação seria salva. Contudo, para Jeremias a realidade era outra; ele sabia que as suas profecias estavam para se cumprir. 

Comprar o campo seria uma insensatez, ou uma questão de fé. Ele prosseguiu com fé, e efetuou a transação meticulosamente, não deixando nenhuma dúvida sobre o direito de propriedade sobre a terra. Assim fez Hanamel, e o Contrato da Compra foi assinado, selado e firmado. Jeremias, por direito de resgate, era o proprietário de um campo que, por longos anos, ficaria sob o domínio de estrangeiros. 

Ele próprio sabia que nunca iria ocupar a terra. Estaria ele – talvez – encenando uma parábola que tinha um contexto muito mais amplo? Estaria o Espírito de Deus dando a Jeremias uma profecia? Haveria um outro Redentor em sua linhagem por trás desta transação de Jeremias, Um que iria redimir seu direito de herança, mas que teria que esperar por longos anos, enquanto o inimigo – o príncipe deste mundo – governasse sobre a terra? Estaria Jeremias apenas cedendo à pressão das circunstâncias?

Não, duas coisas conduziram sua ação. A primeira, Deus tinha falado a ele para comprar o campo, e o seu sonho e visão a respeito de Hanamel veio a acontecer. Segundo, suas profecias continham um intervalo no distante horizonte, 70 anos adiante, e aquilo era um raio de esperança na escuridão atual. Sua fé agiu em direção aquele raio de luz, e, não pensando em si próprio, ele agiu pela posteridade.

REAÇÃO

Jeremias foi provado. Ele parece ter saído vivo das implicações que tinha feito, e uma batalha ocorreu. Ele teve que pedir ajuda ao Onipotente Deus. “Ah, Senhor, Jeová, eis que Tu criastes os céus e a terra com o Teu grande poder, e com o Teu braço estendido; não há nada demasiadamente difícil para Ti.” Jeremias 32.17. Isto, seguramente, é um prenúncio da “fé no Filho de Deus.” 

Agora, há algumas lições valiosas para nós neste incidente:

Há tempos nos quais estamos tão seguros de que o Senhor têm nos conduzido por um certo caminho, para fazer algo, ou para um certo propósito. Isto vem a nós de forma muito viva e segura. Quando isso acontece, parece haver uma certeza real de que tudo vem do Senhor. Até mesmo aparecem os nossos Hanameis nessas horas. Fazemos o nosso compromisso, respondemos à chamada, e a fé segue conosco. Então, somos invadidos por forças contrárias, somos presos. Parece que os exércitos Caldeus nos cercam.

A tentação nos leva a pensar se por acaso não cometemos um engano. Uma batalha nas trevas é travada e toda a questão sobre a fidelidade de Deus é levantada. Quão verdadeiro para a história é o fato de que o povo do Senhor, e seus servos em particular, jamais podem tomar uma posição com Ele sem – mais cedo ou mais tarde serem provados severamente. A atitude de Jeremias deve estar em nossa mente. Ele agiu sem que qualquer interesse pessoal estivesse influenciando-o. Ele se anulou em sua ação, pois sabia que poderia não estar vivo para ver a redenção da terra. Sua fé não foi egoísta, mas olhou para muito além do seu período de vida. Isto foi um verdadeiro teste de que aquela fé era genuína. As dúvidas jamais enfraqueceram sua ação.

Talvez as muitas reações da dúvida sejam até permitidas, afim de provar a qualidade da fé. Uma masmorra e um exército inimigo são suficientes para provar a veracidade da visão. “Enquanto olhamos, não para as coisas que são vistas, mas para as que não são vistas”.

Jeremias tinha uma quantidade esmagadora de impossibilidades, o “demasiadamente difícil” é a sua situação aparente. Teria sido muito fácil, a qualquer momento, render-nos às condiões existentes. Cada servo de Deus, a quem tem sido dada a “visão celestial”, e que tem conhecido os “propósitos eternos”, tem, após um período de compromisso, e algumas corroborações encorajadouras, chegado a um tempo em que é severamente provado pelas circunstâncias, as quais os levam a muitos questionamentos. As condições mostram que a fé é vã; a vida irá passar por um desapontamento.

Pense sobre a visão de Pedro, João, Paulo, e então considere o estado das igrejas. Eles devem ter tido alguma visão que ofuscaram e transcenderam “as coisas que eram vistas”. Paulo disse: “...olhamos para as coisas que não são vistas.” “Coisas”, não imaginações, fazem a fé, mas coisas não vistas. Coisas “eternas”, e, como Jeremias, o horizonte de realização está além da presente hora. 

Quão fácil- para o nosso tempo presente – seria dizer que a Igreja está em ruínas irreparáveis; trabalhamos em vão , lançando nossas vidas por um ideal. Bem, os santos da antiguidade, os profetas, os apóstolos, e acima de tudo, nosso Senhor Jesus em sua humilhação, nos replicam. “A fé é o título de propriedade das coisas que não se vêem”. Jeremias com o Contrato de compra de Anatote obteve o seu direito. Jeremias ligou toda esta questão com o trono de Deus. Este é o refúgio daquele cuja fé está sendo provada. “Não há nada demasiadamente difícil para Ti”.

Devemos pedir ao Senhor que primeiramente purifique os nossos corações de qualquer interesse pessoal e motivações mundanas; e também que crucifique as ambições de nossas almas, e então nos capacitar a “comprar o campo” com toda confiança.


Por Theodore Austin-Sparks

AÇÃO E REAÇÃO

 AÇÃO E REAÇÃO 


Não É O Que As Outras Pessoas Nos Fazem 
Que Nos Prejudica:

É A Nossa Própria Reação


Os tesouros que nos custam mais caros são os que mais nos enriquecem. As maiores bênçãos do mundo foram frutos de seus maiores sofrimentos. O poeta, Goethe, disse o seguinte: “Eu nunca tive uma aflição que não se transformasse em um poema.”
As melhores qualidades do caráter cristão são fruto do sofrimento. Muitos cristãos que antes de passar por uma determinada provação, eram frios, materialistas e carnais, no final da mesma já tinham um espírito quebrantado, amadurecido e enriquecido.
As aflições usadas por Deus quebrantam a aspereza e a rispidez da vida. Elas consomem a impureza do egoísmo e do mundanismo. Humilham o orgulho. Temperam as ambições humanas. Sufocam o fogo das paixões.
Mostram-nos o mal do nosso próprio coração, revelando nossas fraquezas, faltas, e defeitos, e nos tornam conscientes do perigo espiritual. Disciplinam o espírito teimoso.
Em nenhuma outra escola é possível aprender as lições de paciência e tolerância, exceto na escola do sofrimento.
Um dos métodos que Deus usa para aperfeiçoar o caráter cristão é permitir que soframos injustamente. A maioria de nós acha que sofrer já é suficiente e que sofrer injustamente é, certamente, demais.
Mas Pedro, falando sobre sofrer injustamente diz: “...Se, entretanto, quando praticais o bem sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é aceitável a Deus. Porquanto para isto mesmo fostes chamados” (I Pedro 2:20-21).

Chamado Para Sofrer Injustamente

Sofrer injustamente é um instrumento muito afiado para usar na lapidação da alma humana, mas você sabe, quando o torneador tem um trabalho muito fino para fazer, ele usa uma ferramenta bem afiada.
Quando Deus quer esculpir um desenho muito bonito em um cristão, Ele usa o instrumento afiado do sofrimento injusto. É difícil receber ofensa dos outros e sempre retribuir com bondade, mas Deus não nos larga enquanto não tenha trabalhado esta obra artística profundamente na própria essência de nossas almas.
Nós não podemos evitar de sofrer nas mãos de outras pessoas. É certo que isto nos acontecerá. Mas em última análise, ninguém pode nos prejudicar a não ser nós mesmos.
Todos os erros que os homens nos infligem não podem nos prejudicar a menos que nos levem a ficar ressentidos e indispostos a perdoar. Algo só pode nos prejudicar se dermos lugar à amargura e à ira.
Entregue Sua “Ferida” Para Deus

Mas talvez você diga: “Como posso evitar de ficar amargurado? Como posso evitar de ficar ferido?”
Há uma história sobre uma criança indígena que foi até um velho chefe com um pássaro machucado na sua mão. O índio olhou para o pássaro e disse: “Leve-o de volta e coloque-o no lugar onde você o encontrou. Se você ficar com ele, ele morrerá. Se você o colocar de volta nas mãos de Deus, Ele o curará e o pássaro viverá.”
Aqui está uma lição de como devemos agir quando somos magoados pelo sofrimento. Nenhuma mão humana pode curar um coração ferido. Tem de ser entregue a Deus (Lc 4:18; Mt 11:18-30).
Mas talvez você tenha tentado esquecer-se da sua mágoa e não tenha conseguido. Você tem resistido à tentação de ficar amargurado e se sente incapaz. Você quer amar mas o seu coração não consegue reagir por causa da dor e você sente que não está sendo vitorioso.

O Amor É Um Princípio
O Amor Pode Ser Rigoroso

Aqui precisamos tomar a posição de fé. Muitas pessoas confundem o amor com sentimento ou emoção. O amor é mais do que uma emoção. O amor é um princípio. Se você realmente deseja o melhor para alguém que o prejudicou, isto é amor, mesmo quando todas as emoções parecem estar dormentes.
O amor é mais do que sentimentos fracos. O amor pode ser rigoroso. O amor não age em interesse próprio, mas sempre busca o melhor para a pessoa amada.
O amor não age baseado em emoção mas em princípios. Emoções são instáveis. A questão não é que tipo de sentimentos você tem, mas o que você faz com eles. O homem autêntico é avaliado pela sua vontade e não pela sua emoção.
Muitas vezes o meu coração deseja expressar afeto por um dos meus filhos quando sei que, para o seu próprio bem, tenho que castigá-lo. Neste caso, vou agir sobre um princípio e não na minha emoção.
“Considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus” (Rm 6:11).

Você É Tentado A Ser Amargurado?

A amargura não será sua enquanto você se recusar a aceitá-la e enquanto você agir no interesse daquele que lhe prejudicou. Se você está em Cristo e Cristo em você, o Seu amor pelas pessoas que não são amáveis é seu mesmo quando não sente qualquer tipo de afeição por elas.
Neste ponto é onde precisamos "considerar". Paulo diz que depois que morremos com Cristo a nossa morte se torna real na nossa vida quando consideramos, isto é, quando tomamos uma posição de fé e passamos a considerar realizado algo que não sentimos que está realizado (Rm 6:1-14).
“Todas as coisas são vossas...e vós de Cristo, e Cristo de Deus” (I Co 3:21-23).
Se você sente amargura em seu coração, recuse-se a aceitá-la como sua e considere o amor de Cristo como seu. Este lhe pertence se Cristo está em você. Aceite a injúria como algo que veio de Deus com o propósito de ser uma bênção para você. Veja Deus por trás da pessoa que lhe prejudicou.
Considere que o amor de Cristo está em você e quando tomar esta atitude de fé, isto se tornará realidade. Abra mão da mágoa e coloque seu coração quebrado nas mãos de Deus.

Despojando-se de Si Mesmo
e Revestindo-se com Cristo

Se você não sente um espírito de perdão em seu coração, tome uma posição de fé e diga para Deus: “Como o Teu amor perdoador é meu, eu perdoo a todos por tudo.”
À media que permanecer firme nesta atitude de fé, recusando-se a ceder para a amargura ou ressentimento, Deus operará o espírito de perdão na sua vida e você será liberto até mesmo da tentação da amargura.
Em última análise, ninguém pode realmente nos magoar a não ser nós mesmos. Outros podem nos tratar injustamente. Podem nos acusar falsamente e dessa forma prejudicar a nossa reputação.
Podem até nos ferir fisicamente mas nenhuma dessas coisas poderá nos prejudicar realmente a menos que permitamos que elas nos incitem à amargura e ao ressentimento e inclusive à tentativa de vingança.
Não é o que os outros nos fazem que nos prejudica, é a nossa reação; não é nem mesmo o nosso sentimento em relação a elas, é o que fazemos com estes sentimentos. Se os nossos sentimentos acabarem por se transformar em ressentimento ou resultam em tentativas de revidar, então, sim, ficamos prejudicados. 
Se entregarmos a nossa mágoa a Deus, nos recusarmos a nutrir o ressentimento e tomarmos uma atitude positiva de desejar o melhor que Deus tem para aqueles que nos prejudicaram e a orar por isso, e se permanecermos nessa posição até que toda a amargura e ressentimento sejam absorvidos por um espírito de perdão, então teremos realmente lucrado desta tentativa de nos ofender. Veja Mateus 5:43-48.
“Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Romanos 8:28).

Fé no Governo Moral de Deus

Uma das razões para o ressentimento e falta de perdão é que nós, na verdade, não temos fé na justiça e no governo moral de Deus. Em Romanos Deus diz: “A mim me pertence a vingança; eu retribuirei, diz o Senhor” (Rm 12:19).
Se  realmente acreditássemos nisto não tentaríamos consertar as injustiças por nós mesmos. Foi por causa da confiança total que Jesus tinha no amor e na absoluta justiça de Seu Pai que “quando ultrajado, não revidava com ultraje, quando maltratado não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga corretamente” (I Pe 2:23).
Quando Deus diz que não devemos nos vingar a nós mesmos, Ele quer dizer que é Ele que fará a vingança. E a pedra angular do governo moral de Deus é Sua justiça absoluta. A lei moral é inexorável como o é qualquer lei física. “Aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7), é tão impossível quebrar quanto o seria quebrar a lei da gravidade.
O homem que pratica a maldade ou que faz injustiça é quem perde, e não aquele que ele prejudicou - se este permanecer inalterado, sem nenhum espírito de antagonismo ou vingança em seu coração.
Se realmente tivermos certeza da justiça de Deus, não seremos tentados a fazer as coisas por nossas próprias mãos. Ao invés disso, oraremos pela pessoa desafortunada que nos prejudicou.
E se continuarmos amáveis e perdoarmos, descobriremos que ficamos mais fortes através da nossa vitória sobre o ressentimento. E quando os nossos dias de treinamento acabarem, poderemos ver com nossos próprios olhos o quanto essas batalhas significaram para nós. “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (I Ts 5:18).
Aqui e somente aqui
Te é dado sofrer por amor a Deus;
Em outros mundos nós O serviremos mais perfeitamente,
O amaremos, O louvaremos e
trabalharemos para Ele,
Ficaremos cada vez mais perto Dele
com todo o prazer.
Mas então, não seremos mais convidados
Para sofrer, que é a nossa tarefa aqui.
Não podes tu sofrer, então,
uma hora ou duas?
Se Ele te chamar
da tua cruz hoje
Dizendo: Está consumado,
Aquela tua dura cruz,
Sobre a qual tu oraste por libertação,
Tu não achas que um sentimento de remorso
Tomaria conta de ti?
Tu não dirias: “Assim, tão de repente?
Deixa-me voltar e sofrer mais um pouco,
Mais pacientemente:
Eu ainda não louvei a Deus.”



Paul E. Billheimer

MATERIALISMO

 MATERIALISMO 

Materialismo: O Amor ao Mundo e ao Que no Mundo Há


O apego aos bens materiais é uma maldição na vida de muitos cristãos.
Estou convencido que a maioria dos cristãos tem um conceito errado a respeito de Satanás. Eles o vêem no mesmo contexto como as pessoas nos tempos medievais - uma criatura horrenda com patas, chifres e que passa o tempo inteiro lançando carvão na fornalhas do inferno. Essa imagem mental, porém, não é coerente com o que a Bíblia diz sobre Satanás. Na verdade, o apóstolo Paulo diz que Satanás e seus ministros se transformam em anjos de luz e ministros da justiça:

"E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras."

Há um velho adágio que diz: "Você pode pegar mais moscas com mel do que com vinagre". A principal tática de Satanás é instigar as pessoas, não aterrorizá-las. Ele agiu assim no Jardim do Éden, quando manipulou Eva e a levou a violar uma das proibições de Deus. Ele apelou aos sentidos dela e a convenceu que comer do fruto proibido seria a coisa lógica a fazer! Sim, o papel principal de Satanás é de um tentador e vemos isso vividamente demonstrado em sua interação com o Senhor Jesus Cristo durante a experiência no deserto.
"Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; e, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus. Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. Então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos, e o serviam." [Mateus 4:1-11]
A palavra grega traduzida como "tentar", "tentado", ou "tentador" é peirazo, item 3985 na Concordância de Strong, que deriva do item 3984 (peira); testar (objeto); isto é, instigar, disciplinar, examinar, provar, testar, etc.
Acredito que a diferença entre "teste" e "tentação" é determinada pela vontade soberana de Deus. Tiago 1:13 diz que Deus não tenta ninguém e não é tentado pelo mal, mas certamente permite que seus filhos sejam tentados por Satanás, como um teste. O próprio Jesus, o filho amado de Deus, foi tentado por Satanás no deserto. O Senhor estava em jejum há quarenta dias e quarenta noites, de modo que seu estado físico estava muito debilitado. Sua fome era intensa e a tentação para provar que ele era o Messias de Israel operando um milagre e transformando as pedras em pães para se alimentar era nada menos que diabólica. Mas o Senhor enfrentou a tentação citando as Escrituras e passou no teste. O Diabo, porém, não se deixa dissuadir facilmente e atacou novamente de outro modo, tentando o Senhor a provar suas credenciais operando outro milagre - lançando-se de um lugar muito alto e pedindo o socorro dos anjos. Novamente, a tentação foi respondida com as Escrituras e ele passou no teste. Então, em desespero, Satanás fez sua melhor oferta e tentou o Senhor a evitar a morte na cruz oferecendo-lhe os "reinos do mundo e a glória deles". Veja, essa não foi uma vanglória da parte de Satanás.
A Bíblia nos diz que Satanás é o "deus deste século" [2 Coríntios 4:4] e recebeu a permissão de ter um certo controle sobre ele. No entanto, o Senhor também passou nessa prova final citando as Escrituras e depois ordenou que o diabo se retirasse. Em seguida, os anjos vieram e o serviram em suas necessidades. A tentação foi legítima? Certamente que sim, por causa da humanidade do Senhor! Sua deidade não poderia ser tentada a pecar, mas em sua humanidade "... como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado." [Hebreus 4:15]. Assim, sempre que formos confrontados por uma tentação, precisamos responder tomando refúgio na Palavra de Deus e recusar ceder a ela.
Quando a maioria de nós separa tempo para considerar o assunto da tentação, em geral nossa mente enfoca imediatamente os aspectos mais negativos. A imagem que vem à mente é geralmente a de Satanás sussurrando de forma sedutora em nossos ouvidos para nos convencer a cometer algum pecado grave, como mentir, trair, roubar, praticar imoralidade sexual, etc., ou até assassinato, mas a maioria dos cristãos maduros tem pouca dificuldade em resistir a essas coisas. Assim, quais táticas, ou "astutas ciladas" [Efésios 6:11] o Diabo usa contra aqueles que estão revestidos com a armadura de Deus [Efésios 6:13]? Para responder a essa questão, permita-me fazer outra. Você considera a idolatria um pecado "grave" - adorar algo ou alguém mais do que o Senhor Jesus Cristo? Acho que a maioria de nós concorda rapidamente que esse pecado em particular é bem grave! No entanto, quantos entre nós percebem que freqüentemente incorremos nesse pecado? Destaquei o verbo "adorar" por que estou convencido que, a julgar por suas ações, muitos cristãos não compreendem completamente o significado dele. Adorar é reconhecer ativamente o valor supremo do objeto da adoração. Quando permitimos que algo ocupe uma posição mais elevada de valor em nossas vidas do que Jesus Cristo, imediatamente nos tornamos culpados do pecado da idolatria. Preciso lembrá-lo que sob a Lei do Antigo Testamento, esse pecado era passível de morte?
Quanto tempo essa transferência de total fidelidade precisa durar para se tornar pecado? O mesmo tempo que levou para Eva morrer espiritualmente após comer do fruto proibido! Ocorre de forma instantânea. "Mas, e se eu não perceber que aconteceu?" Ah! Essa é a área do engano em que o Diabo mais se sobressai. Veja, nossa natureza caída e depravada gosta do pecado tanto quanto os meninos gostam de brincar com o barro e tudo o que Satanás precisa fazer é nos manter "satisfeitos, sentindo bem". Somos criaturas que buscam a gratificação constantemente e, se você duvida disso, na próxima vez que estiver com muita fome pergunte a si mesmo: "Quero algo apenas para matar minha fome, ou algo que seja realmente gostoso?" Um sanduíche duplo e um copo de suco seriam suficientes, mas uma suculenta costela de boi assada seria muito melhor. Certo? Amados, para alguns de nós, essa costela de boi assada freqüentemente se torna um ídolo! Muitos de nós colocam a comida na frente de Cristo nas manhãs de domingo quando não vemos a hora que o pregador termine e diga "Amém", para que possamos ir para casa, tirar os sapatos dos pés e sentar comodamente em uma poltrona para assistir o jogo de futebol pela televisão. Se alguém que professasse adoração o tratasse dessa maneira, como você se sentiria?
O objetivo de um "serviço de adoração" é, e sempre foi, honrar a Deus e expressar nossa gratidão e devoção, reconhecendo que ele é infinitamente digno. A adoração deve ser um tempo de foco total no nosso Criador e Salvador - uma entrega a ele do nosso tempo, dos nossos talentos e da nossa fazenda. Deve ser um tempo de lembrança com oração e louvor. Em outras palavras, o propósito da adoração é dirigir nossos pensamentos espirituais e energias a Deus, sem colocar a ênfase em nós mesmos. No entanto, muitos vão à igreja com essa atitude? Parece que muitos estão em busca do entretenimento - querem receber algo em compensação pelo sacrifício de tempo que estão fazendo. Se o pregador não despertar suas emoções com uma boa oratória do púlpito, eles saem como se tivessem sido enganados. Logicamente, o pastor deve fazer todos os esforços para nutrir as ovelhas de Deus com a Palavra de Deus, mas muitas vezes a boa comida requer bons dentes! Ela precisaria ser bem mastigada e digerida para então oferecer seu valor nutricional. Freqüentemente, esse é um prato que não está entre nossos favoritos, mas é bom para nós e precisamos ingerir uma quantidade apropriada dele para permanecermos saudáveis. Os cristãos maduros compreendem isso, mas até mesmo eles são culpados de "pôr o carro na frente dos bois", deixando de adorar de verdade, pois conscientemente ou não, estão esperando receber, e não dar. Essa mudança de ênfase - normalmente muito sutil e não facilmente perceptível - coloca o velho homem na frente de Cristo e torna-se um ídolo para nós. Nosso Deus é ciumento [Êxodo 20:5,34; Deuteronômio 4:24, 5:9; 6:15; Josué 24:19] e exige 100% de nosso amor e devoção. Isso significa que o velho homem e Cristo são mutuamente exclusivos, pois ambos não podem coexistir ao mesmo tempo. Assim, quando o diabo tenta espertamente manipular a adoração colocando a ênfase na nossa carne - nossos desejos, nossas necessidades, nossas emoções - provavelmente sairemos com um senso de satisfação espiritual e talvez até alegria - mas o ponto real é que estivemos adorando ao ídolo do eu, e não a Cristo! Isso é demonstrado por um número incontável de cristãos que são culpados da idolatria no que se refere ao seu pastor. Eles gostam tanto do seu pastor que ninguém mais serviria para pregar para eles, e eles nem mesmo vão à igreja se souberem que o pastor está doente, em férias, ou se viajou para pregar em uma conferência evangelística em outra igreja. Para quem, afinal, eles estão oferecendo sua adoração?
A música e o canto vocal no serviço de adoração é outro caso em vista. Nos últimos cem anos houve um contínuo declínio na qualidade - tanto que a música usada na vasta maioria dos serviços de "adoração e louvor" é virtualmente indistinguível da música qua agrada às massas mundanas. Música de discoteca continua sendo música de discoteca, mesmo se tiver uma letra "espiritual" insípida adicionada a ela. Você acha realmente que Deus se sente honrado quando lhe oferecemos esse lixo? Se você não consegue distinguir a diferença entre um "Castelo Forte É Nosso Deus" e a última melodia com arranjos eletrônicos que o diretor do coro coloca para tocar, então as coisas estão realmente ruins! Lembre-se que o objetivo da música deve ser uma oferta a Deus e qualquer coisa que não seja o melhor não é aceitável. Não faz diferença se você ficou extasiado e sentiu-se arrebatado pelo apelo da música, o melhor que pode ser dito a respeito de grande parte dessa música é que ela meramente satisfaz a carne. "Considera o que digo, porque o Senhor te dará entendimento em tudo" [2 Timóteo 2:7]
Sim, Satanás (a serpente) é mais astuto que "qualquer alimária do campo que o SENHOR Deus tinha feito" [Gênesis 3:1] e a facilidade com que consegue nos desviar do rumo correto é fenomenal, para dizer o mínimo. Nossa natureza caída faz com que sejamos um alvo perfeito, de modo que precisamos manter uma vigilância constante. Ganhar dinheiro e comprar as coisas necessárias é um fato universal da vida, mas nunca devemos permitir que essas "coisas" se transformem no foco da nossa existência. O materialismo tornou-se um ídolo para um número muito grande de pessoas que professam a Cristo e uma passagem soberba das Escrituras em 1 João fala sobre esse problema:
"Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.[1 João 2:15; ênfase adicionada]
Nesse contexto, "mundo" significa o sistema mundial organizado do planeta Terra - os governos, filosofias, estilos de vida, etc. - formando assim o termo bíblico "mundanismo", o oposto espiritual da piedade. Para um cristão genuíno, ser mundano é estar terrivelmente desviado e praticando idolatria espiritual! O indivíduo que verdadeiramente ama o mundo - independente se professa ou não fé em Cristo - manifesta por esse amor ilícito que está vazio do Espírito Santo de Deus. "O amor do Pai não está nele." À medida que este mundo sai fora de controle e o hedonismo se torna cada vez mais a filosofia das massas incrédulas, exortamos o povo de Deus que desperte e "saia do meio deles" [2 Coríntios 6:17]
Exatamente como um bebê pode ser levado a buscar os brinquedos reluzentes e os doces, Satanás está empregando todos os truques em seu arsenal para capturar e manter a atenção dos homens. Levá-los à imoralidade ou até mesmo aos pecados menores da carne não é realmente necessário. Para atender seu objetivo, basta mantê-los tão preocupados com a vida que negligenciem Jesus Cristo. Nossa sociedade tornou-se tão frenética que freqüentemente nos encontramos vivendo em um ritmo alucinante. Apresse-se, corra, vamos, faça isto, faça aquilo, até que ficamos totalmente exaustos e não temos tempo para descansar, meditar na Palavra de Deus e orar. A nova casa, o carro, o barco, o aparelho de televisão com tela grande, a piscina, os apetrechos para a pesca, para o jogo de tênis, etc., não são baratos e precisam ser comprados para que sejamos "bem-sucedidos" aos olhos dos nossos pares. Aqueles que vão à igreja estão geralmente tão cansados que mal conseguem ficar acordados durante o serviço e acabam se distraindo e aproveitam pouco da mensagem. Se você perguntar, provavelmente eles negarão qualquer motivo pecaminoso da sua parte - mas são tão culpados da idolatria como se tivessem se prostrado diante de uma deidade pagã. "As coisas" obtiveram de forma lenta e segura um lugar maior do que deveria em suas vidas e tudo o mais está congestionado. Isto de alguma forma descreve também sua vida? Em caso afirmativo, arrependa-se, peça o perdão do Senhor e faça um esforço consciente de manter sua atenção focada nele. Somente ele é digno da nossa adoração e não podemos permitir que o Diabo nos distraia.